A varinha do príncipe



Capítulo V
A varinha do príncipe

Os dias passaram de forma diferente para cada um dos integrantes do castelo.
Vega passou o tempo evitando as irmãs e lançando seu mau–humor sobre todos que tentavam alguma aproximação.
Betel, que não estava nem ai para isso, se prendia a suas atividades cotidianas (azarar elfos, cavalgar, e rir da cara dos anormais – de longe, já que não era polido fazê-lo na frente deles).
Stella tentava fingir que as agressões de Vega não lhe incomodavam, e fazia isso muito bem. Mas lá no fundo sentia falta da pequena carinhosa que a garota era quando mais nova.
Persephone se empenhava em arrumar defeitos para todos os novos pretendentes que sua irmã tentava arrumar para Lynx. Essa por sua vez estava aproveitando a solterisse, fazendo tudo que não lhe fora permitido na casa do ex-marido.
Jack e Richard mantinham suas atividades de proteção ao príncipe Eric, além de ajudá-lo nos estudos sobre o mundo mágico, para se familiarizar. O grupo costumava sentar-se na biblioteca do castelo e trocar informações sobre as “esquisitices” encontradas nos livros que liam.
Por fim, Sirius estava tendo dificuldades de convencer o filho a ajudá-lo na educação do príncipe.
-Eu preciso que você o ensine a usar uma varinha, Cygnus!
-Já disse que não vou ensinar nada a esse anormal!
-É príncipe herdeiro Anormal, para você! Ou será que devo lembrá-lo de quem o rapaz é, heim?! Preciso que acompanhe os ensinamentos práticos dele, Cygnus, eu não terei tempo para fazer isso eu mesmo e não vou deixar para qualquer um fazê-lo... – o pai arfou e, como se tivesse muita dificuldade de prosseguir, disse – Eu preciso de você.
Naquele mesmo momento, Eric estava na biblioteca da mansão Black juntamente com Jack e Noah enquanto estudavam magia. Tinha certeza de que o filho de Sirius Black poderia lhe ensinar o que precisasse aprender e, embora achasse que Sirius havia mandando ele fazer isso, não se preocupava. Bom, não mais.
Jack havia se mostrado um bom professor.
Parecia conhecer mais sobre o mundo em que ele entrara do que o cavaleiro transparecia.
Conheciam-se desde meninos, era verdade, mas havia algo, um segredo, no passado de Lancaster que o príncipe não sabia.
Na hora certa tinha certeza de que o amigo lhe contaria, mas agora pensava que esse segredo tinha alguma relação com o mundo bruxo.
-Eu acho que aqui está escrito escamas de dragão, Noah e não escamas de peixe - Jack falava enquanto ria da cara do amigo.
-E quem lhe disse que dragões existem, Jack? - Noah tinha um sorrisinho meio irônico na cara como se tivesse certeza do que falava.
-Se existem bruxos, por que não dragões?
Antes da discussão continuar, porém, um barulho foi ouvido e os dois cavaleiros se levantaram de imediato.
Lancaster e Richards se encaminharam sem fazer barulho para as estantes atrás da mesa em que em estavam mais antes que pudesse virar e ver o que havia acontecido uma voz foi ouvida.
-Pelo visto vocês resolveram fazer uma visita surpresa, não é Lyra?
A segunda filha dos Black estava lá. Eric a reconheceu como Stella. Um bonito nome para uma dona tão bonita quanto ele, o príncipe não pode deixar de pensar.
Stella tinha nas mãos um livro, o que provava que ela se encontrava na biblioteca lendo. Por esta ser muito grande, o príncipe e os cavaleiros não a viram.
-Desculpe se lhe assustei, Sté. Mas...
Uma garotinha saíra da estante e passou pr Noah e Jack sem olhá-los. Não se parecia com uma Black.
Os cabelos eram ruivos e, apesar de lisos, lhe desciam até a cintura. Tinha olhos verdes e a pele muito branca. Não devia ter mais que doze anos.
-...Quem são eles?
A menina perguntou enquanto apontava com o dedo para os três rapazes. Stella suspirou pesadamente antes de responder.
-São o príncipe Eric, de Camelot e seus cavaleiros Richards e Lancaster - a compreensão se espalhou pelo rosto da menina enquanto os fitava - Senhores, Vossa Alteza... Apresento-lhes minha prima caçula: Lyra Black Potter.
Os rapazes fizeram as reverências masculinas, convenientes à situação e a jovem ruiva, a feminina.
Quando ela abria a boca para perguntar ao príncipe o que eles faziam ali, Cygnus adentrou o recinto, com cara de pouquíssimos amigos.
-Sua Alteza... – resmungou – Meu pai me pediu para iniciar sua educação com a varinha ainda hoje.
-Isso é muito bom. – disse o rapaz realmente feliz com a possibilidade de fazer as coisas que havia pesquisado naqueles dias – Começaremos agora, então?
-Primeiro precisa de uma varinha, senhor... – disse Sté.
-E como se consegue isso? – perguntou Noah.
-O fabricante de varinhas do reino já está aqui com todos os modelos possíveis para descobrimos uma varinha a sua altura, sua Alteza. – disse Cygnus – Queira me acompanhar, por favor.
Apesar de ter sido ensinado para controlar suas emoções constantemente, Eric não conseguia conter um ar ansioso enquanto seguia Cygnus a passadas largas e imponentes pelos longos corredores do castelo.
Noah e Jack seguiam à espreita, sendo que o segundo deixava transparecer o ar desconfiado pela sobrancelha levantada que conservou durante todo o trajeto.
Stella, meio a contragosto - bem, talvez nem tanto assim -, deixava-se ser levada pela mão por uma agitada Lyra, que falava sem parar, mas, aparentemente, a pequena não estava obtendo muito sucesso em chamar a atenção da prima, já que a mesma tinha os olhos fixados sem nenhum disfarce no rapaz que agora caminhava ao lado do seu irmão.
-Chegamos, Alteza. – Cygnus murmurou calmamente, enquanto abria a porta, dando espaço para o rapaz passar.
Eric o encarou com certa curiosidade, franzindo o cenho de leve.
-Entre, por favor. – o rapaz completou num tom ligeiramente formal.
Vendo que não tinha escolha, o rapaz dera de ombros e adentrara calmamente o recinto. O gesto seria logo seguido por Noah e Jack, mas foram automaticamente impedidos pelo braço de Cygnus.
-Céus, parem de seguir o príncipe como se fossem sombras. – resmungou, aborrecido. – Como vocês querem que ele cresça se vocês só vivem atrás dele? Deixe-o agir sozinho uma vez na vida.
Ambos os cavaleiros lançaram um olhar fuzilador para Cygnus, mas o mesmo não se sentia intimidado; logo depois, eles lançaram um olhar significativo para o príncipe, que havia parado de andar e se voltado para a porta.
O rapaz assentiu calmamente e, dando-se por vencidos – apesar de um tanto quando contrariados - ambos se afastaram, arrancando um sorriso satisfeito de Cygnus.
-Assim está melhor. - ele comentou calmamente.
Noah e Jack se recostaram na parede em frente, enquanto a porta se fechava sozinha. Stella, que apenas observava a cena atentamente, lançou um olhar significativo para o irmão, contendo arduamente a pergunta que ela gostaria de ter uma resposta.
E o brilho no olhar do irmão em nada lhe fazia pensar que ele não tinha aprontado alguma. Ela também notou que não gostava nada, nada disso...
No meio da ampla sala, um senhor de idade, corcunda, e com aparência de poucos amigos aguardava os dois, em meio a umas três pilhas de pequenas caixas.
-Vossa Alteza, esse é o Sr. Olivaras. Fabricante de varinha.
Eric acenou para o velho, esse por sua vez caminhou com passos demorados até ele, avaliando-o de cima a baixo.
-Interessante... – resmungou o velho a certa altura, quase cuspindo no rapaz, enquanto ajeitava os grossos óculos que carregava – Acho que tenho algo que lhe sirva, meu senhor. – com um movimento de mão uma das caixas se abriu, e um pequeno pedaço de madeira voou para as mãos enrugada, Sr. Olivaras esticou a varinha para Eric – 34 cm, mogno, corda de coração de Dragão. Vamos tente.
Eric segurou a madeira com desconfiança.
-O que tenho que fazer?
-Tente usá-la. – disse Cygnus sentando-se em um dos sofás.
Eric balançou a varinha, sem jeito. Nada aconteceu.
-Hummm... – resmungou o velho já com outra varinha na mão esticando para ele e pegando a anterior de volta – Tente essa, bétula, 28 cm, pena de cauda de fênix.
Mas uma vez nada aconteceu.
-Certo, certo... Essa aqui então. – dessa vez, assim que o príncipe tocou a madeira, um feixe de luz saiu de sua ponta ricocheteando por todo o recinto – Ah!!!!!! Eu sabia... Fio de cauda de unicórnio macho seria o melhor para Vossa Alteza. É uma varinha muito, muito boa, mesmo... 28cm, feita de Salgueiro.
Eric ainda parecia perplexo com o ocorrido e olhava boquiaberto o objeto em sua mão. Nem percebeu quando Cygnus levantou-se, agradeceu o homem, pagou-o pela varinha e o encaminhou para fora da sala, juntamente com as caixas que flutuavam as suas costas.
Só saiu do transe quando o jovem Black voltou-se para ele e falou:
-Muito bem Vossa Alteza, agora que já possui uma varinha poderemos começar as aulas práticas.
Ele piscou algumas vezes antes de encarar o outro.
-Sim, claro...
-Bom Vossa Alteza...
-Me chame de Eric. – disse sério – Por favor, esse título me irrita.
-Como quiser, Eric... – disse Cygnus, sem autorizar o príncipe a tratá-lo pelo primeiro nome, porém – Como eu ia dizendo, hoje começaremos suas aulas práticas, mais precisamente agora. Está preparado?
-Acredito que sim. – sorriu o jovem – Vai ser bom começar a entender um pouco de tudo isso.

88888888888

-Porque essa cara, Sté?
Lyra perguntou enquanto encarava a prima.
Já fazia algum tempo desde que o príncipe e Cygnus entraram na sala sozinhos e durante todo esse tempo a Black ficara encarando a porta enquanto os outros dois cavaleiros cujo nome a pequena havia esquecido cruzaram os braços enquanto se encostaram à parede.
-Porque Cygnus está lá há muito tempo com o príncipe.
Diante da cara de Lyra ela continuou.
-Não é a toa que Cygnus e Vega se dão muito bem, sabe?
-Mas o Cygnus e a Vega se dão tão bem quanto você e a Betel ou você e a Lynce.
Agora, era Sté que encarava a pequena indagadamente.
-Você e a Betel vivem andando juntas, mas são muito diferentes. A Betel adora azarar os elfos já você os defende. Agora, você e a Lynce são parecidas - Lyra continuou sustentando o olhar firma da prima - Assim como a Vega e o Cygnus. Quero dizer, vocês têm idéias muito parecidas... - parou pra tomar fôlego e continuou - A Lynce fugiu do casamento com o gordo do Slughorn, não?
Sté balançou a cabeça afirmativamente enquanto tentava se segurar pra não rir do atrevimento da prima caçula.
-E a idéia da fuga foi sua, não foi?
A mais velha não pode impedir de conter um sorriso.
-Desde quando você se tornou tão inteligente, ruivinha?
A menina se empertigou fazendo pose.
-Sou uma Potter. Isso só já basta.
-Ei! Essa fala é minha! - Sté exclamou enquanto abraçava a menina e bagunçava o seu cabelo.
-Eu sei. Mais eu tenho todo o direito de tomá-la de você, pois além de Potter também sou uma Black!
As duas garotas riam juntas enquanto os cavaleiros as observavam um pouco longe do lugar em que elas se encontravam.
Era claro que as duas se adoravam.
Jack se perguntou da onde conhecia a pequena ruivinha que agora gargalhava já que a mais velha lhe fazia cócegas.
Noah imediatamente associou Stella a irmã mais velha que conhecera durante o baile. Lembrou-se de onde conhecia o andar e o jeito de falar algumas vezes de Stella. Eram iguais aos da garota vestida de homem.
Ao ver que seu amigo não sorria, mas sim tinha as sobrancelhas franzidas e aparentava estar pensativo, perguntou.
-Jack, o que ouve?
Ao ouvir a voz de Noah, Jack automaticamente formou um meio sorriso no rosto e virou-se para o amigo, desviando o olhar da garotinha que ainda ria das cócegas que a prima lhe aplicava.
-O que disse? – questionou casualmente. Noah bufou de raiva.
-Que feição de enterro foi essa? – resmungou de leve. Jack riu em resposta.
-Nossa, para quê tanto mau-humor? – o rapaz perguntou, desviando sutilmente o rumo da conversa.
Noah suspirou pesadamente e deu de ombros de leve.
-Você não acha que esses dois estão demorando demais aí dentro para uma simples escolha de varinha?
-As coisas não são assim tão fáceis, Noah. – Jack comentou calmamente. – Às vezes a escolha de uma varinha dura horas. – o loiro o questionou com o olhar, ao que ele prosseguiu. – “Acasos do mundo bruxo”, não sei qual página. Houve um caso no qual um bruxo cujo nome eu não me lembro levou quase um dia inteiro para conseguir a varinha perfeita. – ele sorriu meio de lado ao ver a nítida confusão na face do amigo.
-A varinha escolhe o bruxo; é isso? – questionou, meio incerto. – É; acho que você mencionou algo assim...
Jack apenas assentiu com um breve rir.
-Você anda meio distraído ultimamente, não, Noah? – Lancaster comentou maldosamente, ao que o outro se sentiu ligeiramente desconcertado. – Aconteceu alguma coisa?
Noah viu-se imediatamente formulando a pergunta que tanto gostaria de exteriorizar, mas se conteve. Afinal, por que ele estava tão incomodado com o fato da primogênita dos Black não comparecer às refeições desde que chegaram? Seus pais haviam trancado-a no quarto?
Ele ouvia rumores de um ou outro pretendente que a matriarca queria lhe arranjar, ou até mesmo podia ouvir os sussurros da sua voz ecoar pelos corredores, soando num tom que ele sabia ser de falsa inocência. Mas nunca mais a viu desde aquele dia... Será que essa sensação estranha que sentia era a curiosidade que seu instinto masculino tinha de vê-la de vestido? Talvez...
Seus pensamentos foram interrompidos por um riso de Jack e ele, automaticamente, lhe lançou um olhar carrancudo.
-Eu estava certo, então... – ele comentou num tom baixo. – É alguma das Black, não é?
-Como? – ele se fez de desentendido.
-Você está se sentindo atraído por uma das Black.
Noah abriu a boca para protestar, mas antes mesmo que falasse qualquer coisa, um grande estrondo foi ouvido e todos voltaram o olhar para porta a ponto de vê-la se destroçar consideravelmente e um moreno voar na direção em que os dois cavaleiros estavam.
Noah e Jack, por instinto, se afastaram ainda em tempo e o rapaz se chocou contra a parede, deixando escapar um gemido de dor.
Lyra e Stella também voltaram o olhar para o vulto estendido no chão. A sombra de um sorriso podia ser vista nos lábios de Sté, ao passo que a prima sufocava um riso.
Jack e Noah esboçavam uma feição ligeiramente esquisita, mas ainda conseguiam manter a compostura, optando por voltar o olhar para a porta quebrada.
Um Eric com alguns ferimentos leves e ligeiramente ofegante e manco se aproximou de Cygnus com um meio sorriso e estendeu a mão, ao mesmo tempo em que guardava a varinha calmamente no bolso. Sorriu.
-Espero que não me subestime tanto da próxima vez, Black.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.