O Fim (ou "O começo"?! )

O Fim (ou "O começo"?! )



Gina estava aninhada em seus cobertores, encolhida, quentinha e confortável. Ela ainda ouvia de longe os poucos barulhos vindos do jardim mas os pensamentos iam ficando esparsos e lentos. Estava naquele estado limite entre o sono e a vigília, quando ouviu algo batendo no vidro da janela. Ela não abriu os olhos, mas seu sono já estava comprometido. Como o barulho não se repetiu, ela presumiu que tivesse sido sua imaginação, e tentou retomar da onde tinha parado...

O som se repetiu. Três vezes seguidas. "Deve ser chuva de granizo...", ela pensou preguiçosa, se enfiando debaixo das cobertas. BAM! BAM! BAM! "Chuva de granizo nessa época do ano?", ela pensou sentando na cama com o coração descompassado. O barulho voltou a se repetir mais rápido e mais intensamente. Por isso, e pela silhueta humana que Gina viu através da cortina, era fácil chegar a conclusão de que alguém lá fora queria ser ouvido. Gelada de medo ela levantou da cama e apanhou sua varinha no criado-mudo. "Se isso for uma brincadeira dos gêmeos eu juro que lanço uma maldição neles!’, ela jurou em falso, porque obviamente, não sabia lançar uma maldição".

Trêmula e com a varinha em punho, Gina afastou a cortina e abriu a janela muito depressa, sem ter tempo de ver quem estava lá. Só quando ela deu dois passos para trás, e olhou furiosamente para a janela ela pode ver quem era seu visitante. A primeira pessoa que ela quereria ver, mas a menos provável. Ela estava embasbacada.

- Não me convida pra entrar? – Draco arriscou sentado de lado em sua vassoura, com um dos pés apoiado no peitoral da janela.

- Fique bem aí! – ela ameaçou com a varinha quando ele fez menção de entrar. – O que você está fazendo aqui?

Surpreso com a reação de Gina ele recuou seu movimento e encarou-a por um momento. Ele sentiu-se um imbecil ao achá-la tão incrivelmente linda com os cabelos presos numa trança bagunçada e apontando-lhe ameaçadoramente uma varinha.

- Eu não vou ficar aqui fora a noite toda! – ele disse com impaciência – Se eu fosse te matar ou algo assim eu teria feito daqui mesmo. Aliás, - ele sorriu maldoso - , seria até melhor porque facilitaria a minha fuga.

Ela ainda o encarava com desconfiança, sem dizer nenhuma palavra, fez um sinal pra que ele entrasse. Quando ele o fez ela fechou a janela e as cortinas novamente, e voltou a encara-lo. Não parecia tão agressiva agora, apenas muito confusa. Não era preciso que ela voltasse a perguntar o que ele estava fazendo ali, a pergunta era óbvia, estava no ar, pedindo uma resposta. Mas Draco não sabia por onde deveria começar. Sabia que queria começar pela boca de Gina, num beijo que recuperasse aquele tempo todo... "Melhor não, ela ainda está com a varinha".

- Gina, abaixe essa varinha. – havia aquele inconfundível sarcasmo na voz dele – Você pode furar os olhos de alguém com isso...

Ela recolocou a varinha no criado-mudo, sem tirar os olhos dele por nenhum segundo. Ao vê-lo, com o cabelo levemente desalinhado pelo vento, as roupas impecáveis, aquele sorriso de canto de boca, só então ela notou o quanto seria inútil tentar fazer algum outro rapaz ocupar seu lugar. Que outro podia faze-la abrir a janela de seu quarto no meio da noite? Que outro podia causar aquela ebulição dentro dela?

- Você já... – ela juntou toda a sua coragem – Você já é... – ela notou que não era tanta coragem assim - Você já é um... um Comensal?

Draco sentiu um arrepio. A voz de Gina fazendo aquela pergunta antes de qualquer outra... Eles estavam a meses separados e a primeira coisa que ela queria saber era aquilo... Ele se envergonhou ao ver que não havia medo nos olhos castanhos que o encaravam, apenas um profundo pesar, como se ela já tivesse antecipado a resposta. "Eu definitivamente não mereço essa garota...", ele conteve um suspiro.

A ruiva estava quase entrando em colapso nervoso quando Draco tirou o casaco de maga comprida que usava. Ele a segurou e olhou para os lados, então dirigiu-se a Gina:

- Onde eu ponho?

"Onde eu ponho?!", ela rangeu os dentes.

- Pelo-amor-de-todos-os-deuses, Draco! Põe em qualquer lugar!

Ele deu de ombros de jogou o casaco no chão. Gina teve vontade de rir por um milésimo de segundo, mas foi tão rápido como se nem tivesse acontecido. Ela fechou os olhos suavemente quando Draco estendeu os braços para ela, como um prisioneiro que vai ser algemado. Ela tornou a abri-los e não assimilou bem o que viu. Olhava do rosto para os braços dele, querendo certificar-se de que não havia nenhum truque. Não havia. Aquele era Draco Malfoy, aqueles eram os braços dele e lá não havia nenhuma Marca Negra. Ela o olhou interrogativa e balbuciou alguma coisa que nem ela mesma sabia o que era.

- O que foi? – ele ironizou cruzando os braços – Está decepcionada?

- Você não...?

Ele comprimiu os lábios num sorriso infantil.

- Não.

Não era possível. Ponto final. Ou aquilo era um sonho, ou uma alucinação ou tinha algo de errado. Mas Gina desejava não dar atenção para aquelas desconfianças.

- Ora... – ela olhou-o inquiridora – A Marca pode estar em outro lugar!

- Pense, Weasley! – ele zombou - A casa tem proteção, qualquer Comensal a 100km de distância e sua casa faria mais barulho que uma final de Quadribol.

Como ele sabia do feitiço de proteção? Alias, como ele sabia aonde ela morava? Ah, provavelmente a casa de Arthur Weasley estava em alguma lista negra... Não importava. Ele tinha razão, o sistema de alarme, desenvolvido com a ajuda de Snape, identificava o tipo de magia contida na Marca e ativava o sinal sonoro. Seria impossível... Ainda assim ela o encarava, boquiaberta e paralisada.

- Ainda tem dúvida? Se você quiser fazer alguma averiguação... – ele fez menção de tirar a blusa.

- NÃO! – ela "despertou" imediatamente e corou até a ponta das orelhas, fazendo Draco gargalhar – Então você não fez mesmo aquilo? – ela sorriu.

Ele confirmou novamente, ela deu um enorme sorriso e as idéias sobre beija-la voltaram intensamente a mente de Draco. Mas a expressão de Gina mudou subitamente, ela avançou para cima dele e começou a lhe dar tapas barulhentos. Ali estava uma coisa para qual ele não estava preparado: fogo Weasley.

- Seu desgraçado! – tapa, tapa, tapa – Nunca mais me deixe nesse estado! – tapa, tapa – Como você pôde? Eu nem durmo direito a noite, seu idiota! Cretino! – tapa, tapa – Porque você não me disse isso logo que chegou aqui?! – ela parecia ter finalmente cansado, respirava com dificuldade.

- E perder toda a emoção? – ele disse começando a rir freneticamente do que acabara de acontecer, do rosto vermelho e irritado de Gina, dos seus cabelos definitivamente se soltando da trança, das suas mãos apertadas na cintura... Ele não pode não notar como ela estava vestida.

- Camisola legal... – ele parou de rir e mirou-a de alto a baixo.

Gina olhou para sí mesma e ficou muito desconcertada. Usava uma camisola de alcinhas, rosa bebê, cheia de pequenos corações vermelhos.

- Não seja palhaço... – ela disse desviando o olhar envergonhada – É velha, eu devo ter desde dos 13 anos...

- Isso explica o fato de ela ser tão curta. – ele disse com falsa naturalidade, observando satisfeito a garota ficar cada vez mais púrpura.

Totalmente sem jeito, ela sentou-se com cuidado em sua cama, e cobriu as pernas com o lençol. Olhou para Draco com um sorriso de vitória, e convidou-o a se sentar. Ele o fez, com uma expressão muito contrariada. "Se eu soubesse manter a minha boca fechada...", ele lamentou-se.

- E então... – ela começou trazendo Draco de volta a realidade – Como tudo aconteceu? Ou melhor, como não aconteceu?

Ele a mirou como se ela tivesse feito a pergunta mais boba do mundo.

- E decidi que ser usado como bucha de canhão não é uma atitude muito inteligente – ele disse com firmeza – E eu sou muito inteligente, sabe?

"Que incrível mentiroso você é!", berrou sua consciência, "E as batalhas mentais? E a dúvida? E aquele drama todo que você fez?! Tsc, tsc, tsc...". Draco não queria perder o pouco tempo que tinha com ela falando daquelas coisas e não queria parecer fraco. Mas ele se sentia mal por estar fazendo parecer que tudo fora fácil... Ela pegou nas mãos dele, e olhou de um modo muito doce, fazendo Draco compreender que ela, no fundo, já sabia de todas aquelas coisas.

- E seu pai? – ela disse preocupada – Como ele reagiu?

- Não sei. – ele sorriu, mas uma sombra passou pelos seus olhos – Espero estar bem longe quando ele reagir. Mas se você quer saber, ele vai quebrar algumas coisas caras, vai dar muitos gritos... – ele fez um gesto de continuidade com a mão.

- Não entendo...

Draco contou sobre a festa, contou que se tivesse ficado, teria se tornado um Comensal na noite seguinte. Falou que tinha tomado a decisão, arrumando as malas e saído de casa naquela mesma noite. O único lugar que lhe ocorreu ir foi a Toca.

- Você fugiu. – Gina usou duas palavras para resumir o que Draco tinha dito em quase quinze minutos.

- É – ele assentiu – Eu fugi de casa! – ele viu um humor súbito naquela frase e começou a rir nervosamente.

Gina ergueu uma das mãos e de forma muito carinhosa, quase maternal, acariciou o rosto de Draco. "Ela estava me batendo, agora está me fazendo carinho. Maluca, totalmente maluca.", ele pensou divertindo-se.

- Deixar tanta coisa pra trás deve ter sido tão difícil! - ela aproximou-se dele e falou muito baixo - Você foi tão corajoso...

Gentilmente ele a envolveu e puxou-a para mais perto olhando dentro de seus olhos castanhos. Seus olhos permanentemente inocentes, seus cabelos bagunçados roçando em seus rosto, seu leve perfume doce, suas palavras que o super estimavam... Draco não queria perder nada daquele momento. Quando ela fechou os olhos Draco uniu seus lábios aos dela no beijo do qual tinha sentido tanta falta. Gina afundou os dedos nos cabelos dele e manteve a outra mão acariciando sua face. "Ele é tão gelado!", ela pensou revivendo a sensação do primeiro beijo com Draco. Ele tinha uma das mãos na nuca de Gina e a outra parcialmente dentro de sua camisola, acariciando suas costas. Foi ela quem tomou a iniciativa de interromper o beijo, havia algo que ela precisava perguntar. Uma preocupação que surgiu na mente de Gina de repente.

- O que você vai fazer agora?

Uma pergunta muito pertinente a ser feita para um garoto de 18 anos, recém fugido de casa.

- Não tenho certeza... – ele suspirou – Provavelmente por um ano não vou poder ficar muito tempo no mesmo lugar. As coisas vão ficar feias quando derem pela minha falta...

Estavam juntos a tão pouco tempo e logo teriam que se separar... Gina não desejava falar disso agora. Nem Draco. Num impulso ela agarrou-o pelo pescoço e deu-lhe um beijo tórrido. Foi muito rápido, Draco com os lábios vermelhos pela pressão do beijo (aquilo foi um pouco violento) e Gina sorrindo abertamente, os braços em volta do pescoço do rapaz.

- Isso tem alguma explicação?! – ele sorriu sem disfarçar o susto que ela tinha lhe dado.

- Diga, você fez tudo isso por mim?

Draco parou de sorrir. Que tipo de pergunta estranha era aquela? Como assim? Fazer por ela? Será que ela estava falando de...?

- Não. – eles disseram juntos. Draco falara com o rosto muito tenso, e Gina sorrindo alegremente.

- Eu... Eu fiz por mim mesmo... – ele estava bem constrangido - Bem, você certamente estava em alguma parte do plano, mas eu não poderia ter feito por você. Quer dizer...

Draco tinha dificuldades sérias em explicar como ele tinha tomado aquela decisão por total egoísmo e mesmo assim que gostava dela e que ela tinha sido importante naquilo tudo.

- Ei... – ela chamou-lhe a atenção – Eu sei. Estava só brincando...

Só havia sinceridade no olhar de Gina, mas mesmo assim Draco não ficou tranqüilo.

- Eu não sou exatamente um herói. – ele meneou a cabeça - Eu não tinha nenhum plano de entrar para a Ordem da Fênix ou coisa assim. E na verdade continuo não tendo. – ele lhe lançou um olhar cheio de gravidade. De repente, ele teve medo de que ela criasse de novo uma expectativa a qual ele não poderia atender.

- E quem precisa de um herói? – ela perguntou divertida – Eu fico muito satisfeita com um homem que saiba preservar a própria vida.

- Isso eu posso fazer... – ele sorriu aliviado.

Ele se aproximou para dar-lhe outro beijo, mas ela pareceu lembrar de alguma coisa e se levantou da cama.

- O que foi?

- Espere um segundo... – ela disse abrindo a porta de seu guarda roupa e começando a procurar algo lá dentro.

Draco achou muito engraçado quando reparou que ela segurava a barra da camisola, para que esta não subisse enquanto ela se abaixava para olhar nas gavetas. Ele reparou outras coisas que não eram exatamente engraçadas... Mas, bem, não era hora de pensar nisso de qualquer modo...

- Toma... – ela colocou uma bolsinha pesada, de couro, nas mãos dele.

- O que é isso?! – ele notou o barulho metálico – Dinheiro? – ele disse sem convicção.

- É. – ela disse voltando a se sentar e se cobrir – Não tem muita coisa aí, só o que os gêmeos e o Gui me mandam de vez em quando... Mas acho que já ajuda.

- Dinheiro?! – ele repetiu como se nunca tivesse dito aquela palavra antes – Você esta me dando dinheiro, Virginia?! E porque?!

Ela revirou os olhos nas órbitas.

- Para o que você precisar ora bolas!

Draco apertou os olhos, deixando claro que ainda não tinha entendido.

- E o que isso tem a ver com você me dar dinheiro? – ele estendeu a bolsa – Gina! É seu, eu não quero... Que maluquice é essa?

- Quer parar de ser tão orgulhoso e aceitar a droga do dinheiro? – ela comprimiu os lábios, muito enfezada.

Draco pousou a bolsinha de couro no chão e permaneceu olhando para a ruiva muito intrigado. Ele arqueou as sobrancelhas, entreabriu a boca numa expressão de entendimento.

- Você esta me dando dinheiro porque acha que eu...? – ele sorriu – Ow... Você acha que... Ah! Você pensou que eu ia...?

Logo o sorriso se transformou numa risada alta, depois numa gargalhada... Draco levou a mão ao estômago e deixou-se cair para trás na cama, ficando com a cabeça para fora. Agora Gina é que não entendia porque ele estava rindo até ficar sem ar.

- O que há de tão engraçado?

- Gina! Ah... – ele levantou e respirou fundo, agora apenas sorrindo – Eu já disse que amo você? Você é uma gracinha!

- Bem, eu amo você também. – vermelha, como um pimentão – Mas ainda não entendi qual é a graça!

Olhando para ela como quem olha um bebê, Draco tirou do bolso interno do casaco (aquele que estava no chão) três baús do tamanho de caixas de fósforos. Ela deduziu corretamente que fossem as bagagens diminuídas de Draco. Ele devolveu-as ao tamanho normal. Três baús bem grandes e antigos. Ela o olhou interrogativamente querendo saber o que as malas de Draco tinham a ver com ele não querer aceitar seu dinheiro.

Com um sorriso esperto ele apontou a varinha para os baús, disse a palavra certa e eles se abriram ao mesmo tempo. No primeiro estavam as roupas, montes delas, tudo muito escuro, feito nos melhores modistas do mundo mágico ou comprado nas melhores lojas. Até aí tudo bem... Foi o conteúdo dos dois outros baús que fez Gina quase cair pra trás: Galeões, muitos, muitos, muitos, muitos galeões. Uns poucos sicles também, mas eles ficavam ofuscados pelo brilho do ouro. Gina duvidava de ter visto tanto dinheiro junto, tão de perto.

- Entende agora?

- Da onde você tirou esse dinheiro?! – perguntou Gina com dificuldades em parar de olhar para os reluzentes baús.

- Da minha casa oras! – ele disse como quem diz a coisa mais óbvia. E, quando Gina parou para pensar, realmente o era.

Ela precisou de um segundo para organizar os pensamentos.

- Você ROUBOU a sua própria casa?! – o tom era acusador

- Você disse bem: MINHA casa. Metade de tudo que tem lá é meu... Não me olhe assim! – ele piscou inocentemente – Eu fui um bom menino e peguei menos que a metade...

- Mas seus pais guardam dinheiro em casa?

- Não todo, mas uma boa parte. Papai não confia nos duendes de Gringotes.

- Mas no filho dele ele confia, não é? – ela disse com ar reprovador.

Ele encolheu os baús e os recolocou no bolso do casaco.

- Não seja tão dramática! Eles nem vão sentir falta! Além disso, você não esperava que eu simplesmente saísse de casa sem nada não é?

Gina cruzou os braços e olhou o de rabo de olho.

- Hum... Acho que esperava.– ela resmungou – Muito obrigada por me fazer sentir boba!

Ele a abraçou e lhe deu um selinho.

- Você não é boba! – outro beijo rápido – Você é perfeita e eu te amo!

Gina quis manter-se séria, mas um sorriso tolo tomou seu rosto sem que ela pudesse impedir.

- Hoje deve ser meu dia de sorte... Duas vezes você já disse que me ama!

- Disse? Bem, deve ser porque é verdade, eu amo você mesmo... – ele pensou em voz alta.

- De novo! – ela divertiu-se – Olha que eu posso me acostumar...

- É melhor esperar um pouco pra se acostumar. – ele sorriu tristemente – Vamos passar um bom tempo sem nos ver...

Gina encostou a cabeça no peito dele, permitindo passivamente que ele brincasse com as mechas soltas do seu cabelo.

- Eu não quero que você vá... – ela choramingou

- Mas eu preciso. – seu olhar se perdeu na direção da janela - E, na verdade, acho que já é hora.

- Mas é cedo ainda! – ela se assemelhava a uma criança mimada.

Draco levantou, mas Gina conteve seu movimento segurando sua mão.

- Se eu ficar mais, - ele brincou -, vou acabar ficando a noite toda.

- Porque não? – ela sorriu

- Não me dê idéias... – ele gracejou. "Eu realmente gostaria que você estivesse falando sério...", ele conteve essas palavras, "Isso seria definitivamente muito bom."

Num movimento tímido e muito rápido, Gina fez uma leve pressão em seu braço, fazendo com que ele voltasse a se sentar, então ele se beijaram. Ela realmente queria ser levada a sério. "Um ano distante dele!" Já começava a sentir saudades... Quanto mais pensava nisso, mais intenso ficava o beijo. Draco debruçou-se gentilmente sobre ela, uma das mãos apoiando sua cabeça, a outra subindo rapidamente da altura do seu joelho, até o quadril, terminando no final das costas. Quando ele desviou-se de seus lábios, ela sentiu a boca gelada de Draco em seu pescoço, seu ombro, seu colo... Um arrepio percorreu sue corpo, partindo do seu baixo ventre, percorrendo a espinha e culminando num suspiro baixo. Com uma ousadia que ela desconhecia, desabotoou os quatro primeiros botões da camisa dele. Inesperadamente ele se ergueu, desabotoou o resto dos botões e livrou-se da camisa. Foi como se ela tivesse despertado de um delírio. Quando viu a sí mesma ofegante, com uma alça da camisola abaixada, com um rapaz sem camisa a sua frente, observando-a, ela corou como nunca antes. Estava tensa, claro que sabia o que estava acontecendo e como aquilo ia terminar. E estava muito nervosa agora que tinha parado pra pensar.

- O foi? – ele perguntou percebendo que a ruiva não estava lá muito a vontade – Algo errado?

- Ah, não! Bem, não propriamente errado... – "Ótimo, gagueje bastante e ele nem vai notar que você esta em pânico!", ela se repreendeu – Eu só estou meio nervosa. Eu... você sabe, eu nunca... Bem..

Ele deu um sorriso que Gina achou ter sido o mais bonito que ele já tinha dado. Na verdade, no ângulo de visão que ela tinha agora, ele parecia mais bonito do que nunca. Ele voltou a inclinar-se sobre ela, deu-lhe um beijo suave e olhou-a nos olhos.

- Se você acha que não está preparada... – ela não notou, mas ele também não estava muito articulado – Eu não vou fazer nada que você não queria. – "Ah sim! Agora eu esqueci como se fala... Muito apropriado...", ele se irritou com seu próprio nervosismo - Se você não quiser...

Estar preparada? Não, não estava. Quem podia estar preparado para aquele turbilhão de sensações e sentimentos explosivos acontecendo todos ao mesmo tempo? Se fosse esperar estar preparada , não estaria nunca. Se ela queria? Ah! Não podia se lembrar de algo que quisesse mais e com tanta urgência. Esse era o problema que a deixara tão assustada...

- Eu quero... – ela passou a mão gentilmente pelo cabelo dele, deixou-se beijar novamente, e simplesmente se entregou.

***

A luz cinzenta nas pálpebras fechadas informava a Gina que o dia havia chegado. Preguiçosamente ela abriu os olhos para ver um dia recém nascido e nublado pela janela. Estava deitada em seu travesseiro, a cabeça apoiada no ombro de Draco.

- Bom dia... – ela o ouviu dizer.

- Você já está acordado! – ela sorriu e ergueu a cabeça para olha-lo, o queixo em seu ombro – Bom dia...

Um silencio breve e ouviu-se o rangido de uma porta abrindo. Fim do corredor, Gina sabia, estava habituada a aquele som. Ela estava quase anestesiada pela situação, que demorou alguns segundos a mais para perceber o que aquilo significava.

- Minha mãe!

- Ah? – agora ele precisava de tempo para voltar a realidade. – Sua mãe?

Ela apontou debilmente para a porta.

- Ela acordou! Ela acorda cedo... Pra preparar o café da manhã!

A face de Draco se cobriu de assombro. "Nossa! É de manhã e eu AINDA estou aqui".

- Eu preciso ir!

- Eu sei! – ela se levantou enrolada no lençol, apanhou sua varinha e bradou apontando para a janela - Alorromora!

Draco se vestiu com uma rapidez sobrenatural, enquanto Gina se dividia entre botar o ouvido na porta e olhar pela janela. Seu medo era que seus irmãos resolvessem acordar e ir jogar uma partida de Quadribol no quintal. Todos os seus irmãos.

- Hora de levantar, Neném! – dizia uma voz jovial do lado de fora.

Draco arregalou os olhos e perguntou apenas movendo os lábios quem era.

- Carlinhos! – ela disse dando um sorriso amarelo e gesticulando para Draco que não saísse ainda. – Eu já estou acordada. Estou... me vestido!

- Então anda logo! – Jorge. "Céus, será que todos estão aí fora?" – Vamos tomar café todos juntos!

"Todos?!", Draco achou que aquele "todos" devia significar muita gente, pelo barulho que ele ouvia.

- Eu já vou! Esperem um pouquinho só! – ela aproximou-se de Draco e sussurrou – Meus irmãos! Estão todos aqui! E o Harry e a Hermione também!

- Como cabe tanta gente aqui?! – ele imitou-lhe o tom de voz.

- Não importa! Agora você tem que ir! – ela abriu a janela – Antes que eles terminem o café e vão jogar Quadribol! Acredite você não ia querer encontrar o Carlinhos...

"Carlinhos? Com esse apelidinho ridículo não pode ser grande coisa.", ele pensou presunçosamente.

- O gênio do Rony, o ciúme do Rony e treina dragões na Romênia! – ela disse lendo-lhe os pensamentos.

- Nossa... – ele fez uma careta, imaginando que estaria em maus lençóis se fosse apanhado. – Então eu já vou... – ele montou na vassoura enquanto Gina abria a janela. – Tchau...

Um beijo afobado.

- Tchau... você me escreve?

- Assim que eu chegar em... Bem, assim que eu chegar em algum lugar eu escrevo.

Outro beijo rápido, o barulho os meninos reclamando da demora do lado de fora.

- Eu te amo..

- Eu sei... – ele sorriu

E dizendo isso ele usou toda a velocidade que podia para arrancar, quanto mais rápido cruzasse o "espaço aéreo" da Toca, menores eram as chances de ser visto. Funcionou. Nem mesmo Gina pode vê-lo por muito tempo antes que ele desaparecesse no horizonte. "Um ano inteiro!", ela lamentou debruçada na janela, sonhadora.

- Gigi, nós estamos com fome, sabia? – Fred bateu novamente na porta.

Ela vestiu a camisola e um robe por cima.

Eu já estou indo!



Autora:Ufa!!Até qe enfim o final, e vcs gostrem me mandem um e-mail, se não gostarm tambem mandem!!=p Quem sabe pode ter uma versõ 2.0 dessa fic!!Bjaum Carol Mione!!

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