A Festa de Formatura
A mesa que Hermione apontou era, de longe, a mais chamativa do baile, por incontáveis motivos. Um deles era que todos tinham brilhantes cabeleiras vermelhas, a exceção de Harry, Hermione e seus pais. Isso, por sí só, já era bem chamativo... Mas também havia o fator sonoro: os Weasley sem dúvida falavam muito alto. Gina pensava nisso achando muita graça, quando um rapaz ruivo e cabeludo levantou de sua cadeira, abriu os braços e disse:
- Princesinha! - era Gui, fazendo-se ouvvir.
Gina ergueu alguns centímetros do vestido e correu para abraçar o irmão. Fazia quase dois anos que eles não se viam.
- Que saudade! - ela disse dando um beijjo estalado na bochecha dele. - Eu não acredito que você vai se casar! - eles se soltaram um do outro - Aonde está ela? Ela é francesa mesmo? É uma veela? Rony disse que é...
Ele riu da pressa com que as palavras saiam da boca da irmã.
- Calma, Princesinha. Ela não veio, é sóó para parentes, lembra? - Gina deu um tapinha na cabeça e sorriu. Tinha esquecido totalmente. - Sim ela é francesa. E não ela não é veela, mas a avó dela era. Ufa! - ele suspirou como se tivesse cansado e voltou a se sentar.
Ela ia perguntar mais coisas, mas outro ruivo, mais corpulento e baixo tomou a palavra.
- Você tem outros irmãos sabia?
- Carlinhos! - ela deu a volta na mesa ppara cumprimenta-lo. - Eu não sabia que você viria, achei que estava ocupado na Romênia!
Rapidamente ela explicou que estava mesmo muito ocupado com um novo dragão roxo da Austrália, mas que nada o impediria de ver a formatura do último dos irmãos Weasley.
- E eu não sou uma Weasley? - ela pergunntou indignada.
- Mas você não é um irmão, é uma irmã. -- ele riu - Não se preocupe, quando for a sua vez eu vou vir também, Neném!
Princesinha, Neném, Gininha, Bebê... Cada um dos irmãos tinha uma forma diminutiva e meiga de substituir o nome de Gina. Mas aquilo não a incomodava agora, pelo contrário, era tudo que ela queria: ser paparicada. Ela já tinha dado um beijo em todos na mesa (um mais demorado em seu pai e sua mãe, de quem sempre sentia muita falta), quando Rony comentou mal humorado:
- Vale lembrar que quem se forma aqui soou EU!
Os rapazes deram risada, fizeram um círculo me vota dele e começaram a apertar suas bochechas, dar-lhe balinhas na boca e dar tapas nas suas costas.
- Parem com isso seus malucos! - Rony teentava se livrar dos irmãos, enquanto seus pais, sua namorada, seu melhor amigo e sua irmã quase morriam de tanto rir.
Percy revirou os olhos e disse em seu habitual tom de voz sóbrio e reprovador.
- Vocês não podem se comportar como pesssoas da sua idade? - e dirigindo-se ao irmão mais velho disse - Muito me admira você, Guilherme, estando prestes a se casar fique agindo como um meninote!
Gui trocou um olhar maroto com os gêmeos, que fizeram o mesmo com Carlinhos, que fez o mesmo com Rony. Em um segundo estavam todos repetindo a cena, só que em vez de Rony, a vítima era Percy. Gina e Hermione estavam quase perdendo o ar de tanto rir.
- Meninos! - Molly tentou repreende-los uma vez ou duas, mas logo desistiu. Ela sabia melhor do que ninguém que era impossível conter os rapazes Weasley quando estavam juntos.
Gina ria, falava e se divertia tanto que parecia não ser aquela menina de minutos antes, que estava emburrada sem querer sair do quarto. Ela agia como uma perfeita Weasley barulhenta agora. A família realmente tinha um efeito positivo poderoso sobre ela.
- Gigi - disse Fred quando a seqüência dde músicas animadas começou - O que você acha de dançar com seu irmão preferido?
Carlinhos ergueu as sobrancelhas.
- Comigo?
- Não seja metido! Todo mundo sabe que EEU sou o favorito. - disse Jorge - Não só Gigi, mas da mamãe também, né mãe?
Molly apenas fez um sinal com a cabeça e um olhar que parecia dizer "Eles nunca vão crescer?". Sr. Weasley não ouviu porque estava muito ocupado falando sobre rádios a pilha com os pais de Hermione. Gina levantou-se e fez cara de mistério.
- Parem com isso! Todo mundo sabe que meeu favorito é o Percy! - dizendo isso ela deu um beijo no proeminente nariz do irmão. Todos deram risada da mancha de brilho labial que se formou.
- Virgínia! - ele bradou limpando o nariiz com um guardanapo - Até você? Francamente...
Gina mandou um beijo para o ar na direção dele, deu o braço a Fred e foi animadamente para a pista de dança, que já estava começando a ficar animada.
A mesa mais elegante de todo o salão, não havia nenhuma família mais bem vestida e nem mais bonita (na opinião pessoal dos seus ocupantes, é claro). E também a mesa mais isolada e austera. Não que muito Sr. e Sras., pais de alunos da Sonserina (e eventualmente da Corvinal) não tivessem ido até lá dizer "Boa noite Sr. E Sra. Malfoy. Parabéns pelo seu filho." Mas Lúcio havia educadamente agradecido e dispensado a todos eles. Se, por um lado, havia necessidade de ser polido com aqueles parasitas, por outro, ele não seria mais do que isso. Draco concordava totalmente, não seria nada agradável passar a noite com aquelas pessoas.
- Mãe, vamos dar uma volta? Eu não agüennto mais ficar aqui sentado... - Draco disse quando seu pai pediu licença para ir ter com os professores, como todos os pais de sonserinos estavam fazendo. "Espero não cuspir no rosto daquele traidor", ele tinha dito sobre Snape antes de se levantar. "Espero que cuspa", Draco pensou divertindo-se com a idéia de ver Snape e seu pai duelando em plena festa de formatura.
- Ótima idéia. - ela levantou-se prontammente e ironizou - Eu morreria de tédio se mais alguém viesse bajular seu pai.
Eles conversavam animadamente sobre como o salão estava bonito e Narcisa falava sobre como alguns jovens eram idênticos a seus pais e outros eram tão diferentes. Quando ela viu o modelito de Pansy comentou algo como "Por Merlin, essa Parkinson está cada dia mais vulgar. Assim como a mãe dela." e Draco concordou, dando risada. Ninguém fazia comentários maldosos tão perfeitamente quanto sua mãe, ele pensava alegremente enquanto apanhava um copo de suco de abóbora de uma mesa qualquer.
Gina dançara praticamente o tempo todo, com todos os seus irmãos (até com Percy, que teve de ser arrastado para a pista de dança). Estava exausta e dando graças a deus por ter passado aquela loção que impedia que ela suasse em demasia. Estava conversando com Hermione sobre o quão simpáticos era os pais de Lenina, quando Dumbledore pediu silêncio. Era hora de uma tradição das formaturas de Hogwarts, a "valsa dos pais", quando os formandos dançavam com suas mães, e as formandas com seus pais.
Molly estava às lágrimas, quando Rony a tirou para dançar, assim como o pai de Hermione que parecia mesmo ser um homem muito emotivo. Os olhos de Gina vagavam tranqüilamente pelo salão, passaram por Neville e sua avó, Padma e Parvati fazendo uma espécie de revezamento de pai, Justino girando sua mãe pelo salão como se dançasse polka e não valsa... Tudo parecia alegria. Se não fosse pelo garoto de cabelos bagunçados que seus olhos encontraram no fim do passeio. Ele observava o salão distante, como se não fizesse parte de tudo aquilo.
Harry... Tinha esquecido dele. Olhou para seus irmãos e viu que eles também estavam sentidos pelo garoto. Era mesmo triste, ele não tinha mãe para dançar com ele. Ao ver que ela estava olhando, Gui comentou:
- Se eu fosse uma garota, dançaria com eele...
Gina entendeu que não era um simples comentário, era uma sugestão. E lhe pareceu muito boa, ela levantou imediatamente, pôs se na frente de Harry, sorriu seu mais amistoso sorriso.
- Vamos dançar, Harry?
Ele olhou-a e deu um sorriso vago, como se estivesse esperando o convite.
- Claro.
- Morram de inveja, porque eu vou dançarr com a mulher mais bonita que já entrou nesse salão! - Draco falava enquanto conduzia sua mãe para "uma boa localização", o que queria dizer no centro das atenções.
- Poderoso Merlin - ela riu e jogou a caabeça para trás - Você está falando igual ao seu pai!
Draco e sua mãe não falaram durante a dança, porque se havia uma coisa que Narcisa havia lhe ensinado era que não era fino ficar tagarelando enquanto se dança. Ele mordia a língua todas as vezes que via algum aluno filho de trouxas com seus pais "patéticos", ou algum parvo da Lufa-Lufa pisando nos pés do seu parceiro. Ele se saiu bem, foi Narcisa quem quebrou o silêncio formal.
- Vejo que você seguiu a minha sugestão....
- Que sugestão? - ele disse prestando maais atenção nos movimentos desengonçados de Neville e sua vovó.
- Sobre o vestido. - a espinha de Draco congelou - Você escolheu um belíssimo vestido...
"Eu mostrei o modelo pra ela?", ele tentava desesperadamente se convencer que sim, mas sabia que não. Tinha escolhido sozinho, em uma das saídas para Hogsmeade.
- Como a senhora sabe? - ele disse sorriindo, tentando não aparentar nervosismo.
- Sei porque estou vendo. - ela disse trranqüilamente.
Draco virou ao contrário, para ficar no lugar que a mãe ocupava, para poder ver o que ela via. Ele viu. Narcisa repreendeu-o sobre o movimento exagerado, mas ele não ouviu. "Potter?", ele cerrou os dentes, "QUE GRACINHA! A Weasley dançando com o Potter. Que romântico!", ele sentiu o sangue subindo para seu rosto. "Eles não tem senso de ridículo?". Então Gina olhou para ele. Ah! Ele queria dizer-lhe uns bons desaforos, mas estava limitado ao campo do olhar e nele fez o melhor que podia. Ela parou de respirar por um instante muito breve, corou violentamente, mas logo voltou a conversar com Harry, como se nada tivesse acontecido. A raiva de Draco era tamanha que ele sentia seu estômago doer e seu coração bater mais depressa do que jamais havia batido.
Por alguns momentos ele até esqueceu que devia se preocupar justamente com quem havia lhe mostrado aquela cena. Novamente, Narcisa falou no seu tom contido e levemente irônico.
- O cobre foi uma escolha sábia. Ficou mmuito bem com a cor de cabelos dos Weasley. - ela disse enfatizando o sobrenome - É uma pena que essa jovem não tenha um parceiro de dança tão bom quanto o meu.
- Potter dança pior que um saco de batattas. - ele disse raivoso e logo se arrependeu. Tinha assinado sua confissão, e não adiantava tentar consertar, já que ela tinha declarado que sabia de que família se tratava.
Narcisa sorriu para o filho quando a valsa terminou. Ele tentou decifrar aquele sorriso, mas ela tinha o dom dos Malfoy de dissimular sua expressão. Antes que ele tivesse outra idéia do que fazer, Lúcio se aproximou deles sorrindo orgulhosamente.
- Perfeitos! - ele felicitou - Mas vocêss estavam falando! Possa saber qual o assunto era tão bom para fazer sua mãe falar durante uma dança, Draco?
Quadribol, notas, sangues ruins, balas de coco, bombas de bosta... Nenhum dos assuntos que passaram pela mente de Draco naquele segundo seriam convincentes.
- Eu apenas perguntava sobre a namorada de Draco. - ela explicou naturalmente.
- Mesmo? - ele passou os olhos pelo salãão - A moça do vestido? E quem é ela?
- Você contou sobre o vestido, mãe? - elle não pode se conter.
- Eu não, querido. - ela olhou de forma reprovadora para o marido - Seu pai e essa péssima mania de ler a minha correspondência.
- Eu tenho que me cuidar, afinal, não é fácil ser casado com a mulher mais bonita do mundo mágico. - ele disse beijando a mão da esposa.
Draco DETESTAVA essas cenas. ABOMINAVA para ser mais exato. Eram seuspais, não deviam ficar fazendo essas coisas em público. Sua face estava rosada.
- Ei! - ele chamou a atenção como uma crriança birrenta - Isso é constrangedor sabiam?
Ambos riram, e logo Lúcio voltou a perguntar quem era a jovem felizarda e porque ele não a trazia para apresentar a família. Draco preferia que eles voltassem a flertar, porque ainda não tinha conseguido achar uma saída para aquela pergunta. Em outra situação já teria despistado seu pai, mas como ia mentir com sua mãe ali, sabendo de tudo? Se ele mentisse e depois ela desmentisse, seria muito pior.
- Quando a valsa acabou ele estava justaamente me dizendo que eles terminaram... - Narcisa disse com tom de pesar. - E quue a moça é do sexto ano, não está aqui. É uma pena, não?
Gina chorou em seu travesseiro a noite toda. Aquele olhar gelado de Draco... Ela se perguntava por quanto tempo ele teria o poder de lhe causar aqueles sentimentos. E com tanta intensidade... Só dormiu quando lembrou-se de que suas malas estavam feitas aos pés da cama, e que amanhã ela estaria de volta em casa.
Draco não chorou, mas não dormiu. Passou a noite toda olhando para o teto, agradecendo aos céus porque sua mãe não tinha feito daquilo um escândalo, que podia ter terminado muito mal... Ele também aproveitou a noite para remoer sua raiva por Harry. Mas pela primeira vez ele sabia que não era Potter o problema. Era ela. E, puxa, ela tinha ficado mesmo linda naquele vestido. Perfeita! E o que importava? A garota mais linda da festa dançando com Harry Potter. "Mas o que você esperava? Que ela se jogasse nos seus pés na frente de todo mundo dizendo 'Oh, não me abandone!'?" sugeriu uma voz sarcástica em sua mente. Draco riu imaginando essa cena. Mas não... não era mesmo do feitio de Gina se ajoelhar. Se fosse, ele não ia gostar tanto dela. Quando os primeiros raios de Sol entraram pelas janelas altas, ele pulou da cama com pressa de ir embora.
- Está acabado, Draco. - ele disse para sí mesmo enquanto via o movimento rápido pela janela do trem - Hogwarts, Harry Potter, Sonserina, Quadribol... - ele pensou nela, mas não disse seu nome - ... Está acabado.
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