Admirador secreto
- Virgínia Weasley, pare! – disse escandalosamente Lenina Crowne vendo Gina se aproximar da mesa da Grifinória.
Ainda anestesiada pelo recente beijo de despedida de Draco (Gina achava que seu namorado caprichava nas despedidas) ela não entendeu o que a amiga queria com tanto alarde.
- Gina como você pode nos esconder uma coisa dessas! – disse Hermione, que estava sentada distante de Lenina, mas pode ouvi-la graças aos seus gritinhos histéricos.
As meninas riam e faziam montes de perguntas, mas Gina só entendeu quando viu o olhar mortal que Rony mantinha sobre ela. Ela quase desmaiou quando se viu em pé, em frente a seus colegas de casa, segurando uma grande e espalhafatosa caixa vermelha – Ela tinha esquecido de diminuí-la. "Como uma pessoa só pode ser tão desligada?!", enquanto uma rodinha de meninas risinhos se formava ao redor dela.
- Você esta namorando Gina?! – Harry disse num misto de satisfação e surpresa. Era a primeira palavra que ele lhe dirigia em semanas (não que ela se importasse, pra falar a verdade).
- Eu? Er...bem, eu...Não! Quer dizer...
Gina se atrapalhou completamente, e todos julgaram que sua paixão por Harry tivesse renascido. Quem poderia culpa-los? Afinal, ver Gina gaguejando em frente a Harry Potter era uma cena a qual todos estavam acostumados. A mente produtiva de Rony formulou uma teoria meio maluca: Gina tinha de "auto presenteado" para chamar a atenção de Harry. Ele cochichou sua conclusão "brilhante" a Mione que não fez cerimônia pra dizer que era uma grande besteira. "Gina não é disso!", ela protestou. Mas ele insistiu tanto que a garota não resistiu a curiosidade e resolveu tirar a prova...
- Gina, conta quem é ele! – disse uma garota de cabelos curtos e aparelhos nos dentes. "Filha de trouxas, claro.", Gina observou naturalmente, sem notar que antes de se envolver com Draco, nunca faria uma "observação" como aquela.
- Não é ninguém!....Ah meninas! – Gina já tinha se sentado e apertava a caixa em seu colo como se temesse que alguém a levasse. Não era uma precaução totalmente errada, já que, na sua histeria Lenina poderia chegar facilmente a aquele ponto.
Hermione se aproximou do grupinho de meninas do sexto ano, e sentou-se atrás da menina de aparelho. As garotas riram ao vê-la se aproximar.
- Até a Monitora Chefe veio saber das fofocas!
- O que você ganhou do seu namorado misterioso, Gina? – perguntou Hermione.
Sem que Gina tivesse tempo de formular uma frase, as outras garotas repetiram a pergunta, pressionando Gina a mostrar o conteúdo da caixa. Vendo o rosto da jovem Weasley perder a cor gradativamente, Hermione teve certeza de que a teoria de Rony estava certa. "Provavelmente aí não tem nada...", ponderou a monitora, "Ou tem algo que já é dela, ou...". Os pensamentos ferviam na cabeça de Hermione.
Sem escolha, Gina abriu vagarosamente a caixa. E puxou o vestido para fora com um grande esforço, como se ele pesasse mais do que ela mesma. Só se ouviram suspiros e frases de espanto – as garotas não estavam esperando algo tão fino.
- Seda da Malásia... – sussurrou Hermione estendendo os dedos para tocar o tecido. Ela tinha uma expressão compenetrada, como se estivesse fazendo resolvendo cálculos.
Desesperada para tira-la dessa perigosa reflexão Gina quase gritou:
- O que disse?
- É seda da Malásia... – ela ergueu os olhos e sorriu – Parece que seu namorado não conteve despesas.
- Isso é caro, Hermione? – interessou-se Lenina.
Ela assentiu discretamente com a cabeça. A teoria de Rony estava absolutamente descartada. Mione lembrou-se de ter lido num livro, que a seda da Malásia, tecida pelos Atenios (um tipo mágico de bicho da seda), era o tecido mais caro do mundo mágico, além de ser raríssimo. Não era o tipo de coisa que um Weasley poderia comprar.
- Gina, quem te deu isso? – Mione disse, com uma postura descaradamente desconfiada, quase agressiva.
- Eu... eu não sei! – Gina sentiu como se uma luz tivesse se aberto em sua mente. – Eu recebi via coruja... É anônimo!
Que lindo! Um admirador secreto! – todas as garotas suspiravam, menos Hermione.
Draco observava a tudo de longe, desejando que seu animago fosse uma mosquinha para que ele pudesse saber o que todas aquelas meninas faziam em volta de Gina.
PLAFT! Uma carta caia barulhenta sobre a mesa, desviando a atenção Draco do grupo de amigas da namorada. O garoto suspirou ao ver que era uma carta de casa. Não demorou muito, ele se levantou e foi para o dormitório aborrecido.
***
- Gina, precisamos conversar.
Hermione tinha perseguido Gina pelos corredores, não importando o que ela fizesse para despista-la. Quando ela finalmente desistiu e resolveu encarar as perguntas da amiga, elas estavam na sala comunal da Grifinória. Gina sentou numa poltrona e Hermione fez o mesmo.
- Você não sabe mesmo quem te deu esse presente?
- Não, eu não sei... – Gina suspirou – Chegou pelo correio coruja, e não tinha nenhum cartão.
Alguns minutos de silencio entre as duas amigas fizeram Gina ter vontade de sair correndo. Detestava ver Hermione tão pensativa, porque tinha certeza que ela ia acabar descobrindo alguma coisa. "Ai! Porque eu não encolhi a porcaria da caixa?!", ela pensou apreensiva.
- Eu acho que sei quem foi! – a garota deu um pulo no sofá.
- Quem?! – assustada, Gina levou as mãos ao coração e pediu a todas as divindades que conhecia para que a amiga não tivesse descoberto nada.
- Malfoy. – ela disse pausadamente e, para Gina, foi como se ela estivesse dando sua sentença de morte.
A ruiva sentiu-se enjoar. "Pronto, é meu fim... Meu pai vai me matar, minha mãe nunca mais vai parar de chorar, meus irmãos vão TODOS querer um pedaço do Draco.", ela imaginava todas as cenas, "Porque eu não podia ter me apaixonado pelo Colin ou pelo Justino? Ah, pelos deuses! Até se tivesse sido o Snape eu não estaria numa situação tão ruim...". A simples idéia de fazer com o professor de Poções o que ela fazia com Draco a fez se sentir mais enjoada. "Ok, eu estou enlouquecendo!".
- Me dê aqui o vestido. – a monitora ordenou.
- Pra que?! – Gina disse num fio de voz.
- Pra eu ver se esta enfeitiçado ora bolas! – ela disse apanhando o vestido das mãos de Gina.
- Enfeitiçado?
Hermione olhou para Gina sem entender a pergunta, e sacou sua varinha.
- Claro. O que mais Draco poderia querer te mandando um vestido? – ela deu de ombros – Acho que depois que vocês tiveram que estudar juntos.. Foi isso mesmo?
- Er... Foi sim.
- Pois bem... – ela prosseguiu – Depois que vocês tiveram que passar algum tempo juntos, ele pode ter querido te pregar uma peça... Ou pior! Você se lembra do ultimo "presentinho" que ganhou dos Malfoy, não é? – e dizendo isso, Mione se pôs a analisar o vestido.
- Me pregar uma peça... – Gina dizia para sí mesma enquanto via de rabo de olho Hermione vasculhar o vestido em busca de algum sinal de magia negra. – Então ela não acha que eu e o ...
- Disse alguma coisa, Gina?
- Não, não! Não disse nada! Você tem razão! Pode ser um feitiço do Malfoy... – a ruiva tinha um enorme sorriso de alívio no rosto.
Poucos segundos depois, Hermione sentenciou:
- Nada de magia... – ela parecia desapontada. – Nadinha.
- Então certamente não foi o Malfoy que me deu, não é? – Gina apressou-se em dizer.
- Não, a não ser que ele esteja interessando em você. – gracejou.
- Isso seria inusitado, não é? – Gina deu a risada mais amarela da sua vida, mas sua colega não notou.
- Estou intrigada! Além do Malfoy quem teria dinheiro suficiente para bancar um presente desses?
- Eu acho...
Gina até ia falar alguma coisa, mas Hermione tinha feito a pergunta para sí mesma, e continuou falando.
- Tem o Erick Masters, mas ele é da Sonserina, e além disso esta namorando... Hum...Todos os caras da sonserina estão excluídos, não é? – Gina fez que sim com a cabeça – Quem te daria um presente como esse?
- Isso não importa, Mione. Eu não estou interessada em ninguém, então... – ela queria terminar logo com aquela maluquice da amiga.
- Tirando os riquinhos da Sonserina não sobra muita gente! Bem, o garoto mais rico que eu conheço, depois do Malfoy, é o ...
"Ah. Não!", pensou Gina adivinhando os pensamentos da amiga.
- ... o HARRY! – Hermione fez esforço para não gritar. – Claro! Agora que ele está sem namorada...
- Está? – disso Gina não sabia.
Hermione lhe lançou um olhar curioso.
- Está, ele e a Patil terminaram a quase um mês.
- Ainda sim eu acho essa idéia um absurdo total! – Gina protestou vendo que a amiga estava mesmo convicta de que Harry Potter havia lhe mandado um presente.
- E porque não? É perfeitamente possível... – de novo, ela pareceu perigosamente desconfiada – A não ser que você saiba quem te mandou e esta escondendo o jogo.
- Ora essa! – Gina se fez de ofendida – Eu não estou escondendo nada! Bem, seja lá quem for que mandou, eu não estou interessada!
- Você quem sabe... – disse ainda com aquele ar de desconfiança. E completou depois que Gina foi embora – Mas que isso é esquisito, isso é!
***
"É porcaria de sexta carta essa semana!", Draco entrava pisando duro no dormitório do sétimo ano. Ele amassou e queimou a carta como tinha feito com todas as outras. Quando era menor teria feito qualquer coisa por tantas cartas de casa, mas isso já era demais! Sem contar que as cartas não traziam exatamente notícias da família, se tratava apenas de Lúcio projetando seu ego no filho, como sempre. "Porque meu pai tem que ficar repetindo essas coisas na minha cabeça como se eu não soubesse delas?", ele pensou irritado enquanto tirava seus sapatos e se esticava na cama.
Draco já sabia dos planos do pai para o seu futuro desde sempre, e nunca tinha visto nenhum problema neles... até agora. "Ah, as coisas são como são Draco", ele dizia para sí mesmo tentando afastar aquela sombra de dúvida que vinha o atormentando há meses. Ele não sabia bem porque começara a questionar se desejava mesmo seguir aquele destino planejado desde seu nascimento. Talvez tenha sido um processo natural, talvez tenha sido a repetição constante de Lúcio, talvez tenha sido sua vida ter virado de ponta cabeça depois de Gina... Ou tudo isso junto. Ele não sabia. Só sabia que, a cada dia, se aproximava mais e mais do momento crucial da sua vida. E ele não sabia o que fazer... "Eu sei muito bem o que eu tenho que fazer! Sei disso desde que nasci! Ora! Qual a dúvida?", ele tentava se convencer de que nada nele tinha mudado. Cansado de se fazer perguntas, Draco pulou da cama, calçou novamente seus sapatos e decidiu dar uma volta de vassoura. Ele estava seguro de que um pouco de vento no rosto o faria esquecer essas idéias "impróprias para um Malfoy".
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