A mensagem
Quando abriu os olhos a primeira coisa que Harry pôde ver, depois de um momento de escuridão, foi Hermione Deitada sobre sua mão de modo que a mesma estava dormente com o peso da garota. Porém ele não fez nada. Estava até gostando de sentir a garota dormindo ali. Mas ela não demorou a acordar, e o fez extremamente assustada, num sobressalto como se estivesse tendo um pesadelo.
- O que foi? – ele disse numa voz um pouco mais rouca do que desejava.
- Harry! – ela percebeu que ele estava acordado e pulou em cima dele.
- Ei... Eu estou bem... Não vou ficar se você me sufocar, no entanto.
- Me desculpe. – ela se levantou e voltou a se assentar na cadeira ao lado da cama.
- Mas o que foi? Você acordou assustada.
- Não foi nada. – ele sabia que ela estava mentindo, mas não achou que seria certo pressiona-la a dizer. – Só um sonho ruim, além do mais... Você naquele estado estranho... O que houve com você?
- Bem... – ele piscou algumas vezes, sabia que havia acontecido algo importante, porém não se lembrava. – Eu não sei... Na verdade parece que eu estive dormindo e acabei de acordar...
- Bem, você não estava simplesmente dormindo... Você está aqui há um dia... E na maior parte do tempo você não estava respirando.
- Não seja boba... Se eu não estivesse respirando, eu estaria morto... – ele levantou uma sobrancelha.
- Você não estava respirando. – ela o olhou severamente. – Não estava.
- Sério? – O garoto arregalou os olhos.
- Harry, você não... – a garota foi interrompida por Madame Pomfrey que entrou na enfermaria, a expulsando logo de lá. – Eu volto mais tarde, Harry. – ela disse inconformada e saiu.
- Então... Vamos ver como você está garoto... – a enfermeira disse puxando a cortina em volta da cama dele e se aproximando.
***
Hermione saiu bastante contrariada da enfermaria, queria entender o que havia acontecido com Harry, e sabia que ele sabia o que era, mesmo que ele dissesse não se lembrar.
Ela andava tão pensativa, que nem reparou quando esbarrou em alguém. Só se deu conta quando ouviu esse alguém cair pesadamente no chão.
- O que... – ela se virou pra ver o que era e o que viu a fez ficar congelada no lugar sem saber o que fazer.
A única coisa que ela pôde fazer foi gritar.
***
Harry estava deixando a enfermeira examinar seu pulso, tirar sua pressão e outros procedimentos que ele achou trouxa demais para a enfermeira.
De repente um grito o fez olhar assustado para a enfermeira.
- É a Hermione... – ele disse. – Alguma coisa aconteceu...
- Eu vou lá ver. – A enfermeira se afastou e o garoto fez que iria segui-la. – O senhor fique aqui, senhor Potter.
E ela saiu deixando sozinho um Harry extremamente preocupado. Foi quando com um zunido sua cabeça começou a doer e sua visão a rodar. A voz de Sirius veio de algum lugar.
“Na verdade é um recado de sua mãe... ela quer que você seja mais responsável...”
- Senhor Potter... O senhor está bem? – a professora McGonaggal estava parada ao seu lado.
- Eu... O que houve? A Mione gritou... O que era?
- Bem... – a mulher olhou para trás e Harry olhou também. O Professor Dumbledore estava cochichando alguma coisa com madame Pomfrey. – O senhor iria descobrir de qualquer maneira... Tivemos dois alunos atacados...
- Voldemort?
- Não sabemos... – a professora havia hesitado ao responder, o que só poderia significar que era Voldemort o responsável.
- Dentro de Hogwarts? – Harry se assentou muito rápido o que fez sua cabeça zunir levemente, mas ele ignorou isso. – Como ele...
- É melhor se acalmar senhor Potter. – professora o forçou a se deitar novamente.
- Eu posso pelo menos saber quem foi atacado?
- Susana Bones e... – a professora hesitou novamente. – Neville Longbottom.
- Neville? – Harry se assentou novamente. – O que eles têm professora?
- Não sabemos muito bem... Mas parece que estão sob algum feitiço de sono.
- Eles vão ficar bem?
- Nós vamos ver. Agora é melhor o senhor descansar. – A professora se afastou e madame Pomfrey se aproximou.
- O senhor anda desmaiando muito senhor Potter. Vou te manter aqui essa noite, mas acho que amanhã já poderá sair.
Harry não disse nada, apenas concordou com a cabeça e se pôs a pensar. Ele tinha que se lembrar do que havia acontecido enquanto ele dormia.
****
Gina estava voltando para o salão comunal da Grifinória, saindo da passagem secreta em que deixara Draco terminando de ler o livro sobre animagia que ela deixara com ele.
Ela teria ido direto para o salão se não tivesse ouvido uma voz que não ouvia há muito tempo. Estava dentro de sua cabeça ela sabia, mas parecia não falar com ela.
A garota o ouvia falar algo sobre o salão principal e ela mudou a direção de sua caminhada para lá. Ela sabia que não deveria seguir o que ele falasse, mas não podia deixar de seguir ele. Apesar de não o ouvir a bastante tempo havia alguma coisa de diferente na voz de Tom.
Ela chegou ao salão principal, não havia ninguém lá.
“Na mesa da Corvinal...” ele disse.
- O que é que eu estou fazendo... – ela murmurou enquanto seguia para a mesa da Corvinal. – Não tem nada aqui... – ela reclamou.
“Embaixo da mesa...”.
Ela suspirou e se abaixou. Havia alguma coisa lá e apoiou uma das mãos no chão para pegar a varinha das vestes, mas sentiu que a mão estava no que parecia ser uma poça de água. Se sentindo já um pouco enjoada por imaginar o que era ela pegou a varinha.
- Lumos.
Ela levantou a mão do chão, o líquido vermelho e meio viscoso estava por todo o lugar. Gina olhou para a mão cheia de sangue e sentiu um cheiro ruim. Olhou para o lado para se deparar com um par de olhos azuis esbugalhados.
Gina se levantou e saiu correndo. A imagem de Padma Patil decapitada ainda pregada em sua retina, a cor do sangue em suas mãos e o cheiro de vômito em suas narinas. Era demais para ela.
Trombou em alguém ao sair já tonta do salão comunal. Era Draco.
- Gina o quê... – Ela segurou a gola da blusa dele, em parte pela ansiedade em parte para se manter de pé.
- A mesa... Corvinal... Morta... Eu... – Ela arfava.
- Gina, isso é sangue? – Ele olhou para a suja de sangue, que agora sujava sua gola.
- Eu... – e com isso sua visão ficou preta e ela sentiu perder a força das pernas.
***
Draco não sabia o que pensar. Gina falara algumas coisas desconexas antes de desmaiar e estava com a mão e um lado de uma das pernas cheio de sangue. Claramente ela havia dito alguma coisa sobre a mesa da corvinal e sobre alguém estar morta.
Isso o levava a conclusão que talvez ela houvesse matado alguém. Não. Não ela. Ele sabia muito bem que ela não era capaz de fazer uma coisa dessas, nem mesmo para se defender.
Mas ela já havia feito coisas como esta antes. “Mas estava possuída pelo Riddle”. Ele pensou. Talvez ele pudesse ter voltado. O feitiço do diário talvez não houvesse sido totalmente retirado quando Potter a salvara há quatro anos. Ele olhou para a garota em seus braços, pensando no que seria melhor fazer, e só via uma solução. O diretor.
Não que Dumbledore fosse a pessoa favorita de Draco para conversas do gênero ‘Minha namorada, que ninguém sabe que é minha namorada, pode estar sendo possuída por um fantasma e ter saído por aí matando gente’ mas nesse momento ele precisava pensar nela e por mais que fosse contra seus princípios era melhor conversar com o Diretor, que saberia o que fazer, que deixar ela ser acusada de alguma coisa, ou ele mesmo ser acusado de ter feito algo com ela.
Então ele a pegou no colo e foi andando vagarosamente para a enfermaria. Depois de deixá-la lá ele iria dar um jeito de falar com o diretor.
Mas para sua sorte ele avistou o diretor saindo da enfermaria e seguindo para o lado oposto ao seu pelo corredor.
- Diretor! – ele gritou com alguma dificuldade, pessoas desmaiadas eram mais pesadas ou era impressão dele. – Diretor! – E essa agora, só faltava o velho ser surdo.
Mas quando ele iria gritar de novo o diretor se virou e veio calmamente em sua direção. “Ele podia ser um pouco mais rápido, eu vou acabar a deixando cair.”
- Senhor Malfoy. O que houve? É a senhorita Weasley? – “Quem mais é assim tão ruiva nessa escola?” Draco pensou mas respondeu civilizadamente ao diretor.
- Sim...
- Ela está bem? Não me diga que mais um ataque...
Ataque? Essa era nova...
- Não... Ela... Hm... Desmaiou...
- E o senhor a achou caída por aí coberta de sangue? – O diretor levantou uma sobrancelha. Ótimo, até o sempre benevolente Dumbledore desconfiava dele.
- Não. Ela veio até mim e desmaiou nos meus braços. – Isso dito assim, em voz alta, parecia que ele estava ironizando. – E é verdade... – Pronto, agora ele se justificava com o diretor. – Eu estava indo para o salão comunal da Sonserina, e ela saiu do salão principal, parecia meio doente... Ela se agarrou na minha gola e disse umas palavras desconexas... Depois desmaiou... Não deve nem ter visto que era eu... – “Será que agora daria para tirar ela daqui? Deus, como pesa...”.
- Bem, é melhor não acordar ela agora, vamos entrar. – O diretor abriu a porta e os dois entraram. “Graças a Deus...”.
- O que é isso? O que houve com ela? Isso é sangue? – A enfermeira veio já vestida em seu robe, verificar quem entrava na enfermaria àquela hora.
- O sangue não é dela. – Malfoy disse calmamente.
- É seu então? – a enfermeira se aproximou para examiná-lo, mas ele se afastou.
- Não é meu também... Foi o que ela disse: mesa, corvinal, morta. Foi o que eu ouvi.
- Você acha que a senhorita Weasley achou um corpo no salão principal? – O diretor perguntou.
- É o que eu quero pensar. Por que a outra opção inclui a Gina... A Weasley, - ele esperou que ninguém reparasse nesse escorregão. – matando alguém...
***
Harry fora acordado pela voz arrastada de Malfoy falando algo sobre sangue. “Oh, que bela maneira de acordar...”. Mas logo o assunto chamou sua atenção.
- Você acha que a senhorita Weasley achou um corpo no salão principal? – a voz de Dumbledore respondeu.
Mais, vítimas? E por que diabos o Malfoy estava ali falando que achava que a Gina tinha descoberto.
- É o que eu quero pensar. – Malfoy respondeu. – Por que a outra opção inclui a Gina... – Ele acabara de dizer Gina? Desde quando? – A Weasley, matando alguém...
Aquilo havia sido demais, Malfoy estava falando alguma coisa para o diretor, provavelmente dedurando ter visto Gina nos corredores, e ainda por cima a acusando de matar alguém?
- Nesse caso eu suponho que ela também tenha visto as outras duas vítimas, não Malfoy? – Antes que eles percebessem Harry estava de pé em frente a eles.
Os dois se viraram para ele, Malfoy com uma expressão de ódio no rosto, e Dumbledore estranhamente sereno.
- Cale a boca Potter. – Malfoy sibilou.
- Me desculpe se eu acho suspeito, Malfoy, termos dois, ou melhor, três ataques na mesma noite pelo que você disse, e depois você vir aqui falar de uma aluna que provavelmente está dormindo na torre da Grifinória. – Para a surpresa de Harry, Malfoy começou a gargalhar.
- De cinco afirmações que eu consegui tirar dessa sentença, você só acertou duas. Quarenta por cento é uma média muito baixa... Sim, pelo que você disse foram três ataques, não eu não vim falar de nenhuma aluna dormindo na torre da Grifinória, mesmo por que ela na verdade está desmaiada na cama aqui, - ele apontou para onde madame Pomfrey parecia analisar uma cama. – E sim, é suspeito, mas por mais incrível que te pareça eu não tenho nada a ver com isso.
- E você espera que eu acredite nisso?
- Senhor Malfoy, é melhor irmos conversar no meu escritório...
- Senhor Potter, o senhor deveria se deitar. A senhorita Weasley vai ficar bem, só está em choque. – Madame Pomfrey o empurrou de volta para a cama.
- Mais uma coisa Malfoy? Desde quando ela é Gina pra você?
- Pergunta pra ela quando ela acordar, a explicação dela vai ser melhor que a minha. Mas quando uma pessoa desmaia nos seus braços você sente certa conexão, não? – E com essas palavras Malfoy saiu da enfermaria, seguindo Dumbledore.
Harry voltou a se deitar, mas agora ele tinha que se preocupar em esperar Gina acordar, e ter uma boa conversinha com ela.
***
O escritório de Dumbledore era no mínimo interessante, um monte de coisas estranhas, como engenhocas que Draco vira uma vez num salão proibido da Mansão Malfoy. O chapéu seletor. Uma bela espada encravada com rubis. Quadros de todos os diretores de Hogwarts. Draco pôde reconhecer um, havia um desse no quarto de costuras de sua mãe. Era Fineus Nigellus, seu tataravô, ou algo do gênero.
Os quadros pareciam estar dormindo, e o diretor se assentou em sua cadeira, fazendo um gesto para que Draco se assentasse em frente a ele. O diretor pegou um objeto redondo de platina, com algumas runas inscritas e chamou todos os professores de Hogwarts.
Uma a uma os símbolos rúnicos foram se acendendo à medida que a voz de um professor era ouvida.
- Mais um. Minerva, Snape e Flitwick, vão para o salão principal, procurem perto da mesa da Corvinal. Hagrid, você e Lupin procurem nos arredores do castelo, qualquer coisa é suspeita, tragam direto para mim. Os outros comecem a preparam os alunos das casas, quero contar todos para não haverem mais surpresas como esta.
Alguns ruídos de confirmação e logo os símbolos se apagaram. O diretor voltou sua atenção para o garoto.
- Agora senhor Malfoy eu quero que o senhor me conte tudo, desde o seu primeiro encontro com a senhorita Weasley.
Como era possível que o diretor soubesse, mas ele tinha que contar, depois de acharem o que quer que houvesse no salão principal, Gina seria a primeira suspeita, e ele sabia que ela não havia feito nada. Ela não poderia.
Então ele começou a explicar tudo para o diretor, que ele e Gina se viam às escondidas, que passaram a noite toda conversando, e que quando ele voltava para a torre da Sonserina, a garota veio até ele visivelmente abalada.
- Eu sei que ela não fez nada. Ela passou o tempo quase todo comigo, e ela não seria capaz de matar. Depois da história do diário ela...
- Sim, eu sei senhor Malfoy, mas são só perguntas de praxe. E pode ficar tranqüilo que seu segredo está... – Mas nesse instante Snape, Flitwick, McGonaggal, Hagrid e Lupin entraram todos de uma vez na sala.
- Achamos dois corpos diretor. Padma Patil, da Corvinal e Blaise Zabini da Sonserina. Mas isso não explica por que Longbottom e Bones não morreram.
- Todos os atacados são do sexto ano? – Draco se intrometeu.
- É melhor o senhor voltar à torre senhor Malfoy... – Dumbledore disse.
- Mas... Bem, só uma coisa. Esse ataque não é apenas uma afronta ao senhor diretor, mas ele manda uma mensagem...
- E eu suponho que o senhor saiba essa mensagem, senhor Malfoy... – A professora McGonaggal disse, quase como que o desafiando.
- Criado aonde eu fui, sim, eu sei. Quer dizer “Meus inimigos devem sofrer, meus traidores, morrer.”. – E com isso ele observou encantado, os professores se entreolharem admirados.
- E como o senhor sabe?
- A mensagem é para mim. E pro Potter... – ele disse revoltado.
***
A manhã chegou rapidamente para Harry, que mal dormiu. Quando ele acordou foi se assentar ao lado da cama de Gina, que ainda dormia.
A garota demorou um pouco para acordar assustada.
- Nãoooooo... – ela gemeu antes de assentar arfando.
“Ótimo, agora podemos conversar...”
***
Gina havia visto e revisto o corpo decapitado de Padma Patil em seus sonhos, e acordou assustada dando de cara com Harry.
- Harry, o que você... – “está fazendo aqui?” ela ia perguntar, mas parou ao ver o olhar inquisidor do amigo. – O que foi?
- O que você estava fazendo com o Malfoy? – Como diabos Harry sabia?
- O quê? – ela disse sinceramente surpresa.
- Responde o Harry, Gina. Eu também quero saber... Disseram que ele veio te carregando pra cá ontem à noite. – Rony estava parado no batente da porta, pelo qual uma Hermione meio cansada passou para se juntar ao namorado.
Gina tinha que pensar rápido em alguma coisa, se ela ao menos se lembrasse do que houvera depois de ver o vômito no chão...
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