Nunca me escutaste



-SSSSSSSSIIIIIIIIIIIIIRRRRRRRRIIIIIIIUUUUUUUUUSSSSSS!!!!!!!!!!

Os quatro que se dirigiam para as masmorras olharam para trás e deram de caras com uma garota morena e com um ar desesperado. Ainda mal tinham acabado de digerir o pequeno almoço e já haviam sarilhos.

-Caraca Padfoot! Agora meteu água.

-Eu…eu não conheço esta maluca de lado nenhum – Apressou-se a dizer acelerando o passo.

-NEM UMA CARTA! NEM UMA CORUJA! NEM SEQUER UM BILHETINHO!!!

-Pois mas ela parece conhece-te muito bem – Acrescentou Remus olhando para a morena muito bonita se não fosse aquele ar de vulcão prestes a entrar em erupção.

-Er…-Sirius afastou-se dos amigos baixando a voz. Os olhos curiosos dos alunos que estavam nos corredores àquela hora, pousaram no garoto moreno que agarrara a causadora de toda aquela gritaria por um braço – O que é que queres agora??

-O QUE É QUE EU QUERO??!! O QUE É QUE EU QUERO??!! PRIMEIRO COME…. – Ele tapa-lhe a boca abafando os berros da garota histérica.

James e Remus pararam de tentar conter o riso e desataram a rir desmazeladamente, só o pequeno Peter é que os ficou olhando, tentando somar um mais um e descobrir qual era o mal de comer.

-O que é que pensas que estás a fazer???

-Eu vou-te ser bem clara…-A garota fixou os grandes olhos castanhos nos dele – Eu não sou uma boneca que usas e deitas fora ENTENDESTE????

-Carly, Carly, Carly!...Eu juro que posso explicar, sabes como é…

-Eu não preciso das tuas explicações! Agora já não!

-Mas Carly eu queria escrever-te mas sabes que a minha mãe!...

-E aquela garota com quem eu te vi no ultimo dia de aulas?!

-Quem a Maureen??!! – Sirius soltou uma gargalhada seca à qual Carly não achou piada nenhuma, cruzou os braços e olhou ainda mais penetrantemente para o rapaz que parou de rir repentinamente e olhou para os amigos pedindo em surdina socorro, eles encolheram os ombros divertidos.

-Ah! A Coln, pois até já lhe chamas Maureen…

-Olha Carly – Começou no seu tom galanteador, a morena teve que fazer um esforço enorme para manter o seu olhar firme e não o derretido como as suas entranhas ao ver aquele pedaço de homem. – Ela é bonitinha e isso tudo, mas é muito, sei lá…muito desesperada e carente, ao ponto de se declarar a mim…-Reflectiu um pouco – Bem…eu sei que é muito difícil resistir-me mas declarar-se…nã!!

-Vai-te foder Black! – E virou costas quase lhe acertando com o cabelo preso num rabo-de-cavalo.

Ele ficou a olhar para as costas da morena com cara de parvo. James não tardou a chegar dando-lhe umas palmadinhas no ombro, como quem consola, mas perdeu a credibilidade ao desmanchar-se mais uma vez de riso. Sirius apenas o olhou de rabo de olho, mas logo botou um sorrindo triunfante.

-Não sou eu que perco…Ela que não pense que é a única mulher no mundo! – Acrescentou mais para a morena do que para o amigo.

-Pois, aqui o Mr.George Clooney ao cubo, ou lá o que é, nunca dá um ponto sem nó…-Gozou James

Faltavam cinco minutos para a primeira aula do segundo dia, os gémeos Smith já davam provas de existência nos corredores do castelo em direcção às masmorras, eram ambos loiros, só que o rapaz era de um loiro mais vivo do que a garota que tinha o cabelo loiro torrado e olhos avelã esverdeados.

-Eu já te disse que devias descer essa saia Alana! – Resmungava William para uma Alana completamente impaciente e que já mordia o lábio para se conter.

-Eu já te disse que todas as garotas do castelo estão a usar a saia no mesmo sítio! Quer o quê? Que eu a ponha nos joelhos é?

-Mas as outras garotas não são minhas irmãs!

-Eu quero assim!!

-Mas está parecendo aquelas patricinhas do sétimo ano! – Acrescentou o irmão começando a descer as escadas que davam para as masmorras.

-Não estou nada!

-Está sim!

-Não não estou!

-Estás sim!

-Nâ nâ!

-hã hã

-OH CALA-TE PARVO!!

-Óptimo!

-Óptimo! – Alana olhou para o lado confusa e cruzou o olhar com irmão! – De que é que estávamos a falar mesmo?

William revirou os olhos ao mesmo tempo que o professor abriu a porta e os alunos puderam entrar para a sala de aulas.

-Aquela Alana sabe dar-lhe! – Observou Sirius para James olhando para a loira que se sentara o lado de Regina.

-Hei! Vai com calma, uma de cada vez mano!

-Eu não disse nada, apenas a acho uma garota interessante.

-Garotas, garotas, garotas…Não pensas em outra coisa.

-Eu não disse nada, apenas acho a Alana interessante e bem gostosa.

-Mr. Black! – Chamou o professor

-Sim Alana…digo professor! – Emendou sentindo o amigo rebentar de riso ao seu lado.

-O que é que me chamou?

- Lana, chamei-lhe lana…-Pensou um pouco, este de lana não tinha sido lá muito boa ideia – Lana quer dizer professor numa língua qualquer, eu sabia qual era a língua mas escapou-me.

William olhou ameaçadoramente para Black, enquanto Alana o olhava curiosa.

-Essa língua não será “Siarês”? – Perguntou Remus da carteira de trás ao lado de Peter.

-Ou Padfootês! – Acrescentou James afundando-se novamente em risos abafados.

-ah ah ah ah! Vocês têm uma piada!

-Bem! Nesta aula vamos aprender a…Sim senhor Snape?

-A aprender a lavar o cabelo em condições? – Gozou Sirius em surdina para James.

-Eu só queria por uma questão.

-Faça favor

-É este trimestre que vamos aprender a fazer a poção felix felicis?

-Porquê Snivellus? – Começou James esquecendo-se que estava numa aula, ainda para mais numa aula do chefe dos Slytherin’s. – Queres arranjar um encontro com alguém? Precisavas mais depressa de uma poção anti-ranho do que uma felix felicis…

-Uma vez que nem isso resultava – Completou Sirius.

-Muito bem… -Começou o professor -15 pontos a menos ao Gryffindor, espero que estejam contentes!

-Muito obrigada! Volte sempre! – Respondeu James cruzando os braços

-20 pontos! Chega Mr. Potter? – Por muito que lhe apetece-se dizer que não chegava estaria a prejudicar a sua casa, o seu orgulho teria que ficar em segundo plano, ao menos ele conseguia fazer isso, ao contrário de outras pessoas. Olhou para Lilian Evans.

O resto da aula decorreu normalmente, Lily ganhava os pontos que os dois perdiam, o costume.

-Que seca! – Queixou-se James ao sair da aula. – Hei que se passa Moony?

-Que dia à hoje?

-3 de Setembro?

-Pois…

-Não percebi.

-É lua cheia. – Acrescentou entre dentes, James não tirou a expressão confusa e aparvalhada.

-Aaaaaaaahhh! Lua cheia!

-Fala mais alto pouca gente te ouviu.

-Desculpa!

-Bolas hoje não me apetecia nada!! – Interrompeu Peter – Assim amanhã eu vou acordar com cara de rato.

-Como se isso fosse difícil. – Disse Sirius distraído olhando para a saída das masmorras com esperança de encontrar a gémea Smith. Peter baixou o olhar.

-Vamos! – Sugeriu Remus, James acenou com a cabeça positivamente, só Sirius é que não estava com muita vontade.

-Oupa! – James agarrou os amigos pelo casaco para que ele fosse com eles.

-Desmancha prazeres! – A sua voz já se ouvia ao longe. Alana saiu acompanhada de Regina Grey, uma garota de cabelo escuro e curto e olhos castanhos, cusca e capaz de acabar com a vida social de qualquer um.

-Aquele Black não tem emenda, só pensa em garotas. – Ia dizendo Regina ao mesmo tempo que subia as escadas das masmorras.

-Mas é bem giro…

-Eu não digo que não…

-Vocês sabem a melhor dele? – Interrompeu uma outra Slytherin.

-uhuuu escândalo logo pela manhã! Legal! – Começou Regina apressando-se a chegar-se para o lado da menina, Alana ia passar mas o irmão deu-lhe um encontrou de propósito para mostrar o seu mau humor.

- Parece que uma ex. namorada dele o acusou de a usar e que passou o ultimo dia de aulas com a Maureen Coln. – Regina soltou um “aaaaaaahhhhhhhhh” típico das alcoviteiras metidas sem nada mais interessante para fazer se não meter-se na vida dos outros.

-O que foi Regina? Não ouvi. – Perguntou Alana aproximando-se da amiga que a puxou para o corredor com um ar muito entusiasmado.

-A totó da Carly Bynes acusou o Black de gostar daquela corvinalense sem graça. – Coincidência ou não Maureen, Ashley e Mary passavam naquele preciso momento pelas sonserinas – Parece que aquele deus grego do Black gosta da Coln.

-Oh!! Eu pensava…-Começou Alana desanimada mas deparou-se com uma Maureen de queixo no chão.

-O BLACK O QUÊ??!!!

Regina olhou para a bela garota da ravenclaw com um ar extremamente ofendido.

-Alguém falou com a menina?

-Estás a falar a sério?? – Insistiu Maureen.

-Maureen! Estamos a falar do mulherengo mais mulherengo… -Começou Ashley mas Maureen parecia estar a leste. – ESTÁS ME A OUVIR??

-Ah pois! – Maureen aterrou de novo na terra e lembrou-se que estavam a falar daquele canalha que lhe dera uma tampa, que não esquecerá tão facilmente – Não é que eu me importe, mas é sempre bom saber que alguém gosta de nós….

-Maurina – Encetou Regina com uma expressão muito fofa.

-É Maureen – A corrigiu Alana

-É a mesma coisa. Admirei totalmente a tua coragem de há dois anos atrás quando ousaste a humilhação daquela maneira ao declarastes ao Black. Quero que saibas que agora estamos completamente do teu lado quando levares a segunda tampa. – E gargalhando saiu afastou-se seguida de Alana.

-Deixa lá Maureen. – Apoiou Mary sorrindo docemente.

-Pois é! Mas ao menos fizeste melhor em não trocar os miolos por arrogância! – Bradou Ashley mais para a garota de cabelo escuro que acompanhava a bela loira do que para Maureen.

Estava um ventinho muito agradável, ainda não era totalmente frio, mas também não era aquele calor abrasador que deixara aquela parte do planeta em Setembro. Lily lia um livro, ou melhor, folheava-o e com uma certa pressa. Finalmente aqueles risos irritantes começaram a tornar-se cada vez mais audíveis.

-Potter! – Chamou virando-se bruscamente.

-Que é?! – Com a surpresa as suas palavras saíram-lhe tremidas.

-Calma, não sou assim tão feia – Ele olhou-a arqueando as sobrancelhas. – Esquece, era só para dizer que esta noite posso ir à biblioteca, é pegar ou largar, se é que queres ajuda no trabalho de história da magia.

Ele fez umas quantas expressões estranhas e trocou olhares com os amigos.

-Esta noite?

-Sim.

-Não pode ser na próxima?

-Porquê?

-Porque…

-PORQUÊ??!!

-Hei calma, e depois os rapazes é que são mentes perversas! – Lily sentiu as suas bochechas corar.

-Oh! Deixa pra lá! Queres queres, não queres paciência!

-Não! É que eu estou muito cansado mesmo e esta noite não posso.

Lily encolheu os ombros e recolheu o livro.

-Azar!

-Amanhã não dá?

-Só posso de manhã.

-Er…oh pode ser que interessa. Desde que me ajudes…

-Então até amanhã.

Já era noite, Madame Pomfrey mandou uma coruja a Remus avisando que ele teria que estar no hall de entrada dentro de cinco minutos.

-Bom, vocês vão lá ter, ainda falta meia hora.

-Pois. A gente vê-se daqui…uns dez minutos.

No hall de entrada a Madame Pomfrey esperava-o ansiosa, todos os meses se cumpria o mesmo culto, Remus ia até ao hall e era acompanhada até ao Salgueiro Zurzidor, onde passaria por momentos horríveis e dolorosos, para dizer a verdade, aquele mês não se sentia preparado para tal dor, mesmo que os amigos o estivessem a acompanhar. A senhora deixou-o no salgueiro e voltou para trás com um ar preocupado. Remus olhou em volta na esperança de não ter que entrar sozinho.

-Pssiu! – Virou-se bruscamente e deu com os amigos que apareciam debaixo do manto. – Espera pela gente!

-Claro que espero. Peter fazes as honras. – O rapazito como era o mais baixo deslizava sem dificuldades por entres os ramos enfurecidos da planta. Faltava mais um bocadinho para alcançar o nó e…

-Já está! – Avisou no momento em que o Salgueiro Zurzidor ficou imóvel.

-Bom trabalho Peter! - Felicitou Potter avançando para dentro do túnel, seguidos dos restantes Marotos.

-Eu continuo a pensar que quando construíam este túnel deviam por umas luzinhas ou assim, esta treta fica n de escura à noite…sim porque eles não deviam estar a pensar que tu vinhas para aqui de dia…-Disse Peter olhando em volta enquanto descia o túnel.

-Cala a boca Wormtail, eles terem construído isto por mim já foi muito bom…

-Ok mas podiam dar-te mais condições…-Reparou na expressão dos amigos -Tá bom eu calo-me, a minha boca é um túmulo, morri.

-É, então deixa-te estar assim não ressuscites pelo menos até à lua passar a quarto minguante. – Acrescentou James entrando na cabana dos gritos de rompante.

Aquela noite não foi uma noite normal de lua cheia para os quatro amigos. James transformou-se num cervo, Sirius num cão preto, Peter num rato e como não podia deixar de ser Remus foi separado do mundo dos humanos transformando-se num lobisomem. Não saíram da cabana dos gritos, por algum motivo os três conscientes não acharam seguro, a besta estava inquieta, mordia-se e arranhava-se repetidamente. A floresta negra explodia num som de resposta ao seu tormento, e a lua parecia nunca mais querer passar a quarto minguante. os seus pressentimentos estavam certos – aquela não era a melhor noite para uma transformação.

-Acorda James. – Este virou-se na cama – Acorda, não tinhas qualquer coisa marcada com a Evans?

-Ah! É verdade…-Retorquiu na sua voz arrastada e ensonada levando a mão à cabeça enquanto afastava os lençóis com os pés. – Nota: nunca mais combinar nada para manhãs a seguir a lua cheias. – Ia dizendo à medida que se ia levantando da cama com dificuldade.

-Ao menos não temos aulas de manhã! Aleluia! – Agradeceu Sirius levantando-se mas deixando-se cair na cama de novo. – O Remus ainda está a dormir…

-Deixa estar! – Disse Peter baixo – Ontem até a mim me custou vê-lo transformar-se, é melhor não acorda-lo já.

-Eu adorava ficar aqui a falar convosco mas tenho um trabalho para fazer. Desejem-me sorte! – E saiu do dormitório acabando de dar o nó na gravata da Gryffindor de qualquer jeito.

Lilian estava na biblioteca andando às voltas pelas estantes, enquanto aquele danado não chegava podia entreter-se com a leitura. Tirou um livro: “Filhos do orgulho…uma história de amor eterno”. Lily praguejou algo baixinho e colocou o livro no sitio. Tirou outro: “Deixa-me dizer-te um segredo: Amo-te.” – Devem estar a gozar comigo. -“O diário de Miley” Lily suspirou e levou o livro até à secretária, virou-o ao contrário para ler o resumo, apenas para confirmar se a história não a faria lembrar de uma certa pessoa nojenta. – Este livro em forma de diário retrata a vida de uma jovem bruxa que se apaixonou por um rapaz mas no entanto não ao admite… F-o-d-a-s-s-e!! – Soletrou em surdina e fechou o livro com raiva. No entanto a sua raiva cresceu ao ver uma figura alta morena e de óculos com a mania, certa, que quase todas as garotas lhe caiem aos pés.

-Então Lily?

A garota sorriu sarcasticamente, e olhou-o com mais atenção.

-Andaste a rebolar nos campos antes de vires para aqui?

-Claro que não!

-Pelo menos parece.

-Porquê?

-Olha… – Olhou-o ainda melhor quando ele se sentou ao lado dela -… tu estás todo arranhado. – Passou inconscientemente a mão pela face do rapaz, ao perceber a besteira que estava a fazer. Tirou a mão quase automaticamente virando-se para o livro sentindo-se como um tomate. – Não é que eu me importe com o teu estado…

-Sei…

-O que é que tu queres que eu te explique? – Desviou a conversa.

-Como é que é possível estar tão perto de uma pessoa sem admitir que a ama?

-Vai para o inferno Potter! – Disse em surdina tentando não olhar directamente para o rapaz.

-Eu gosto de ti Lilian!...

-Para ti é Evans! – Cortou a ruivinha fazendo um esforço enorme para se controlar e não dar uns tapas na cara daquele ordinário.

-Mas eu não estou a brincar.

-A sério?! Para a próxima evita esse risinho estúpido ao dizeres que não estás a brincar.

-Eu amo-te…

-Pro o inferno com o teu amor!...olha tu pediste ajuda para eu te ajudar ou para me torrares o saco?

James encostou-se à parte de trás da cadeira com uma expressão derrotada e cansada. Olhou-a pacientemente, continuou a olhar e ela estava a estressar com ele que não desgrudava o olhar.

-Vais parar com isso?

-Explica o resumo da matéria. – Disse aproximando-se muito da ruiva que lhe arrancou o livro e começou a ler para si.

-Tu és mesmo burro! Não percebes isto?

-História da Magia não é para mim, eu sou um homem do futuro, quero lá saber do passado!

-O que é que tu não percebeste?

-Tudo.

-Oh vá lá! Tens que perceber alguma coisa…

-Ficas tão bonitinha quando te zangas…

-Eu não ouvi isso por isso não estou com vontade de te arrebentar o nariz.

James voltou a rir tristemente passando levemente a mão pelas feridas consequentes de uma transformação e algumas brigas com um lobisomem.

-Diz lá então essa treta das bruxas mortas…

-Por causa da inquisição os trouxas perseguiam as bruxas por serem acusadas…Que foi??

-Gosto de te ouvir.

-Eu gosto de não te ouvir, se fosse possível. – Respirou fundo e continuou analisando o texto sobre o olhar atento do jovem que já se ia tornando irritante.

*Nos corredores *

A garota morena e com uns encantadores olhos azuis céu, sozinha, encostada a uma parede lia um livro intitulado: “Dez dicas para não enlouquecer” Tinha o cabelo preso numa trança mas deixava escapar umas madeixas para a frente dos olhos. De repente umas garotas do quarto ano, pareciam, passaram correndo em frente à morena. Esta franziu o sobrolho e virou-se para onde as garotinhas estavam correndo.

-Rápido Hannah já está afixada a data e hora. – Maureen fechou o livro e foi até ao pergaminho causador daquele histerismo.

Caros educandos de Hogwarts,

Anunciamos para os alunos com mais de 14 anos, que o baile de Halloween que se realizará no dia 31 de Outubro, terá lugar no salão comunal a partir das 20:00h.

Atenciosamente, direcção.


-Não é óptimo?! – Continuavam as garotas ignorando a Maureen absorvida no pergaminho relendo o acontecimento pela centésima vez. – Com quem vais Susan?

-Não sei...talvez com o Dave.

-Ah, ele é feio.

-Pois...

-E o Brian? Quem dera que ele me convidasse! Ele sim é giro.

-Mas é como uma porta.

-Inteligência ou beleza?

-QUEREM PARAR COM ISSO? TOU A TENTAR PENSAR! – Bradou Maureen já começando a achar aquela conversa demais para o seu cérebro que ultimamente teimava em só tratar uma informação de cada vez. As garotinhas olharam-na surpreendidas e a sexto anista virou costas. Naquele momento seria mau esbarrar com quem quer que fosse, mesmo com o Tom Cruise, mas com ele?? Merlim a odiava…-Sirius…que surpresa.

-Então? …- Cumprimentou distraído trazendo na mão um copo de café, bem à maneira norte-americana. Nem sequer olhando a morena, que ficou com uma expressão desanimada vendo que ele não lhe ligara nenhum, quando era suposto ele gostar dela!

-Sirius…espera, precisamos falar. – Ele olhou, finalmente, para ela e colocou o sorriso maroto.

-Ainda não somos namorados para o clássico: “precisamos de falar” – Maureen ergueu as sobrancelhas. Reparou no “ainda não somos namorados??? ” Maureen tomou isto como uma esperança, ou seria à dois anos atrás quando ainda fazia aquele sorriso parvo cada vez que sentia o seu perfume a dois quilómetros.

-Eu não me devo ter expressado bem…essa não! – Acrescentou entre dentes ao ver duas figuras femininas com um: “Sonserinas capazes de destruir sua vida social!” estampado na testa (um suponhamos). Alana Smith acenou perigosa e provocadoramente a Sirius que sorriu. Ela estava fazendo aquilo de propósito! – Filha de uma…-Interrompeu-se a tempo porque notara que o seu tom subia de sílaba para sílaba.

-O que estavas a dizer?...-Ainda observando a gémea “desfilar” pelo corredor ao lado da amiga, ao mesmo tempo que bebia.

Maureen só não deitou o café, inclusive o recipiente, todo pela boca abaixo daquele ordinário porque o seu anjinho da consciência devia ter sequestrado o diabinho e metê-lo num saco de maneira a este não aconselhar a garota. – Quer saber…dane-se!

-Maureen! – Agarrou-a pelo braço e apertou-a contra si.

-Você está louco?! Olhe o café! Se você sujar a minha blusa vai limpá-la com a língua!!...comigo fora dela claro! – Acrescentou vermelha para aquele futuro cadáver, sim porque Maureen estava tentando se controlar ao máximo para não fazer estragos.

-Calma, eu só quero deixar uma coisa bem clara. – Maureen cerrou o olhar mostrando-se a indiferença que não tinha ao estar praticamente roçando os lábios do rapaz. – Tu és uma conhecida para mim, não te odeio, não te amo – Essa doeu em Maureen.

-Odiar-te é um sentimento demasiado forte para se sentir por alguém tão reles como tu. – Ele apertou mais o braço da morena e sorriu, ela podia sentir o seu hálito de menta e ver as suas feridas faciais com horas.

-Ainda bem que percebeste. – E largou-a bruscamente fazendo com que ela quase fosse projectada contra a parede. E afastou-se a passadas curtas e lentas. A garota ainda estava atónita e recompunha-se.

-Só não percebo porque veio à baila esta conversa. – Disse sem querer. Ele parou e olhou para trás com aquela sorriso canalha, o mais parecido com ele que tinha. Pensou Maureen.

-Nada…-pareceu meditar – lembrei-me. – E deu um gole na chávena ao mesmo tempo que a olhava tentadoramente.

-Já sei… – Continuavam a metros de distância, Maureen prestes a rebentar em lágrimas sem saber porquê, talvez por ter acreditado durante um dia que Black pudesse realmente gostar dela. – Decidiste finalmente dar-me completamente para trás porque achas que não precisas mais de mim! – Ele ergueu as sobrancelhas. – Na verdade tu nunca gostaste de mim…

-Se tu o dizes…

-Lembras-te daquela tarde no lago? Eu fui ter contigo, tinha a conversa mais que treinada e ensaiada, para fazer boa figura à tua frente, mas tu não me ligaste nenhuma, respondeste com um: “ah ta bom a gente se vê ao jantar”. Como é que achas que eu me senti? Semanas depois é que resolveste lembrar-te que existia uma garota da Ravenclaw chamada Maureen Coln que por acaso gostava de ti. Abraçaste…

-Para fazer ciúmes a uma garota, pronto admito. – Maureen sentiu o queixo cair, e ao mesmo tempo uma lágrima seguir a mesma trajectória.

-Como é que podes? Como eu fui burra!

-Maureen…

-CALA A BOCA! Já não te posso ouvir mais…passei dois anos a ouvir-te sem puder dizer nada. Nunca me escutaste. O que aconteceu agora hein? A Alana é mais bonita ou mais burra e manobrável? És patético

-E tu és muito inteligente. – Piscou-lhe o olho debochado e virou-se completamente desaparecendo ao fundo do corredor.

Uma lágrima começou caindo pelo olho direito da Coln desfeita, para disfarçar tapou a cara soluçando alto. “Como eu sou parva! Fui cair na rede daquele grosseiro ordinário canalha!” Os seus pressentimentos estavam certos, Sirius não gostava dela nunca gostou, apenas a usara para aumentar a sua auto-estima, usufruíra de Maureen durante todos aqueles dois anos porque sabia que ela faria tudo o que ele quisesse, porque ela era demente por ele, ele sabia-o e também conhecia a batalha interior da garota cada vez que lhe fazia uma proposta, não lhe conseguia dizer não. Mas Coln começava a cansar, e não tardava a encosta-lo contra a parede todo aquele sermão fora uma amostra do que se poderia vir a complicar.

-Por tua causa já não posso por os pés na biblioteca nos próximos dois meses! Estás contente Potter?? – Lily parecia um vulcão, cuspia cada palavra, James é que parecia não estar minimamente interessado com o facto de ter sido expulso da biblioteca por excesso de barulho. Era novidade para alguém James Potter, um Maroto mais que baptizado, ser expulso da biblioteca com quinze pontos a menos?

Lily ia falar, ou melhor, praguejar, novamente para Potter quando este a agarrou novamente pela mão, esta cena começava a ser irritantemente repetitiva.

-O que é que você vai fazer agora? – Começou Lily num tom de tudo menos surpresa. – Vejamos, tentar beijar-me, falar-me de quando é que eu vou admitir que te amo, o que eu estou a pensar fazer sei lá…-pareceu meditar – NUNCA!

-Afasta-te. – James largou-lhe o pulso e foi de encontro ao pergaminho referente ao baile de Halloween que estava afixado na parede. Lily ficou com uma expressão tremendamente ofendida.

-Desculpa?! – Ele sorriu.

-Afinal parece que querias uma dessas opções. – Lily encolheu-se de raiva mas ao mesmo tempo de vergonha: “DESGRAÇADOOOOOO!” Como ele a tirava do sério! Mas o seu olhar desviou-se para uma garota caída no chão encostada à parede escondendo a cara nos joelhos com uma respiração profundo, parecia estar a chorar. Aproximou-se e puxando James pela parte de trás da camisa obrigando-o a seguir o seu caminho.

-Maureen? Estás bem? O que tens?

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