Taças de Vinho
Gina revirou os olhos. Ela estava sentada em uma mesa para quatro pessoas, embora fosse a única ocupante. Dino estava um pouco ocupado demais com Norah e suas famílias e tudo o mais, deixando Gina bastante irritada. Ela sabia, desde que havia descido as escadas da sua casa, que seria um erro vir a esse lugar. Um sorriso brincou em seus lábios ao lembrar-se como ela havia sido observada... por Harry. Mas era uma grande besteira pensar que ele estivera olhando-a de uma maneira diferente. Isso nunca iria mudar, e era por isso que Gina havia resolvido ainda em seu terceiro ano continuar a sua vida e tentar esquecê-lo.
Ela não podia dizer que seu desejo havia se realizado por completo, ou que seu trabalho para não pensar nele havia sido efetuado com sucesso. Gina ainda sentia um frio na barriga por causa de Harry, porém havia treinado por muito tempo para não demonstrar isso com tanta clareza como antigamente. Aquela era uma Gina que havia sido deixada para trás e ela não fazia questão de resgatá-la tão brevemente.
Sem perceber, Gina pegou uma taça de vinho em uma bandeja flutuante. Ela não estava contando quantas dessas já havia bebido, mas esperava que não fossem muitas. Quer dizer, ela não estava se sentindo tonta ou bêbada ou nada do tipo. Estava perfeitamente normal e sóbria. Pelo menos era isso o que pensava.
- Olá, Weasley.
Ela pousou a taça na mesa antes de levar seus olhos até o garoto que estava a sua frente. Gina afastou uma mecha desobediente que havia se desprendido do coque, afastando-a para trás de sua orelha. Ele estava exatamente como há meses atrás, quando ele contara para ela sobre o relacionamento passado de Dino e Norah e relatando que Norah detestava-a tanto quanto Gina apreciava sua presença. Continuava com os mesmos cabelos platinados caindo nos olhos acinzentados e com o queixo altivo. Ela reconheceria Draco Malfoy em qualquer lugar.
- Olá.
O garoto sorriu um sorriso torto. A música havia acabado há poucos minutos e agora a orquestra bruxa iniciava outra melodia. Ele fez uma reverência exagerada na direção dela, estendendo a mão para Gina num convite que ela achava bastante imprevisível.
- Me concede esta dança?
Gina tomou um outro gole de vinho antes de responder. Por cima do ombro de Draco ela viu o olhar chamuscante de Dino nas costas dele. Ela deixou a taça na mesa, cobriu a mão dele com a sua e levantou-se, sorrindo também. Ela não sabia o que estava fazendo. Era Draco quem estava guiando-a, com a mesma arrogância sonserina que ela recordava-se desde sempre, com a mesma elegância que impressionava-a. Ela lembrava-se também de quando eles haviam ‘conversado’ sobre Norah. Gina mal sabia da relação passada entre Norah e Dino, mas Draco – provavelmente para atingi-la, feri-la e maltratá-la – havia sublinhado o romance de ambos de forma que suas palavras ficaram guardadas na cabeça de Gina por um bom tempo. Ele havia zombado dela, inclinando-se para o fato de que talvez Dino já tivesse traído-a, porém Gina não deu ouvidos. Ela não ouviria Malfoy. Mais tarde, entretanto, ela não se conteve e perguntou a Dino o que realmente havia entre ele e Norah, e Dino viu-se na obrigação de falar sobre o que tinha acontecido anteriormente.
Draco girou-a calmamente na pista, analisando a aparência dela antes de enlaçar sua cintura para que começassem a dançar. Gina previa o que viria a seguir.
- Como conseguiu arranjar um vestido decente para essa festa, Weasley?
- Como conseguiu arranjar cara-de-pau suficiente para me tirar para dançar, Malfoy?
Eles estavam dançando graciosamente na pista, sob os olhares incrédulos de algumas pessoas próximas. Mas nada disso era surpresa para Gina. Ela sabia que Draco, mesmo sendo parente distante de Norah, estaria lá; sabia que ele viria importuná-la; sabia que ele gracejaria sobre ela. Só não sabia que precisaria estar tão próximo dele.
- Andou aprendendo a returcar, huh?
Ele meramente abaixou o rosto, ficando próximo do ouvido de Gina. Quando Draco falou novamente, ela sentiu um gelo descer pela sua coluna vertebral.
- Bom saber que a garotinha Weasley mudou.
Gina poderia dizer com precisão que onde quer que Dino estivesse, ele estava vendo-a e não estava gostando do que seus olhos estavam captando. Ela também tinha a impressão que ele estava às suas costas e que Draco estava encarando-o, mas com as inúmeras voltas que eles tinham dado, Gina havia perdido a noção de quem-estava-onde. Ela engoliu.
- Você, pelo que me parece, não mudou nada.
Ela notou que Draco estava sorrindo enviesadamente outra vez. E ela simplesmente odiava esse sorriso dele.
- É porque você ainda não viu as mudanças.
Gina levantou os olhos, mas Draco não retribuiu. Perguntou-se se ele estava flertando com ela. Se estava, ela pensou, perderia seu tempo, pois ela não iria se deixar levar.
- E não quero ver.
Draco ficou em silêncio por poucos segundos antes de responder, olhando para algum ponto acima do rosto de Gina. Ela sentiu-se incomodada, embora tentasse não demonstrar nada novo em sua expressão. A hipótese de que Draco estivesse fazendo todo esse clima apenas para deixá-la sem graça e sem ação passou pela mente de Gina, e ela não descartou-a. Ele olhou para o ombro dela, falando em sua voz monótona:
- Em pouco tempo você mudará sua opinião.
A música já havia acabado e outra melodia estava se iniciando. Draco parou e Gina também, por conseqüência. Ele deu a ela seu terceiro sorriso, desta vez enigmático e misterioso, e então ele fez outra pequena reverência e girou nos calcanhares, deixando-a sozinha no meio da pista. Gina estava com os olhos arregalados, querendo saber o que dera nele para agir desse jeito com ela, de uma hora para outra. Era uma grande besteira, afinal. Draco provavelmente iria encontrar alguém que estivera observando-os nesse instante e falaria alguma coisa do tipo “Viu como eu consigo galantear qualquer garota estúpida?”. Então ela não precisava se preocupar. Ela não precisava e nem podia levar Draco Malfoy a sério.
~*~
Hermione abriu os olhos. Ela não queria dormir. Ela não conseguia dormir. O quarto estava silencioso e num estado propício ao sono, mas não era exatamente o que ela planejava fazer para passar o tempo. Hermione levou seus olhos para fora da janela, analisando o manto negro e pouco estrelado que era a noite de hoje. Ela podia ver as árvores mais próximas se balançando de um modo ritmado que trouxe a ela nada mais que tontura. E uma vozinha incômoda brotou em sua cabeça, junto com o mal-estar repentino que apossara-a.
Você anda muito diferente...
Uma curta frase que repercutira de forma grandiosa dentro dela. Não que Hermione não tivesse notado o próprio modo esquisito como viera agindo com seus amigos. Ela sabia que mais cedo ou mais tarde alguém perceberia. Sabia que Harry ou Rony – e talvez Harry fosse o primeiro a fazê-lo, uma vez que Rony não observava-a tão constantemente – viriam a falar com ela sobre seu estranho comportamento nos últimos dias. Contraditoriamente, Hermione não saberia responder a nenhum questionamento do tipo, exatamente como acontecera anteriormente, na sala. Ela estava sem um álibe, embora soubesse a origem de tudo isso. Era culpa de apenas uma pessoa.
- Hermione?
Hermione quase pulou de susto. Ela encarou a figura que estava encostada em um dos batentes da porta e que fizera-a despertar de seus devaneios. Era uma grande coincidência que Rony estivesse presente no quarto justo no momento em que estava pensando nele. Era quase como se ele soubesse disso e fosse até lá de propósito. Hermione piscou.
- Sim?
Ela tentou parecer espontânea, ajustando-se entre os travesseiros e ajeitando as madeixas onduladas em um penteado improvisado. Rony abriu mais a porta, adentrando o quarto com algum tipo de medo, como se uma das pilhas de livros de Hermione pudesse pular e agarrar-se ao seu pescoço até matá-lo asfixiado.
- Você está... bem?
Hermione engoliu, sabendo que essa não era uma simples pergunta comum. Havia mais escondido naquelas três palavras e Hermione sabia o que era – uma preocupação desnecessária com ela, que provinha de algum comentário distraído de Harry. Pronto, era tudo o que Hermione precisava; mais perguntas, nenhuma resposta.
Como ela deixara as coisas chegarem a esse ponto? Aquilo era uma bola de neve, que começara de uma forma aparentemente inocente, numa carta de uma certa colega de quarto que pedira a ela algo absurdo. Mas o que realmente acontecera para que Hermione passasse a evitar a companhia de Rony? Por que ela se sentia tão perturbada e balançada toda vez que seu amigo estava por perto? Seria um remorso por estar escondendo de Rony que Parvati estava interessada nele?
- E-estou. Por quê? Harry falou alguma coisa para você, não foi?
Rony fechou a porta com um clique suave e depois voltou-se para Hermione. Ele encarou-a por meros dois segundos antes de responder, mas um zilhão de coisas havia acontecido nesse curto espaço de tempo. Hermione foi quem quebrou o contato visual, pelo fato de não poder suportar um exame tão profundo que podia ser feito apenas por ele e Harry com tanta naturalidade. Ela tinha a impressão que ele descobriria tudo o que estava passando-se se dedicasse um pouco da sua atenção às feições da garota.
- Ele tinha algo para me contar? Porque eu só achei que... não sei, talvez você estivesse precisando de alguma coisa. – ele deu de ombros, sentando com hesitação na ponta da cama de Hermione – Sabe, eu percebi que desde que aquela carta chegou, outro dia, você tem andando meio estranha.
A audição de Hermione falhou e ela teve a impressão de que por um instante seu coração havia perdido o compasso. Ela tentou respirar normal e calmamente, concentrada no que Rony ainda tinha para falar.
- Alguma coisa aconteceu ou...?
- Não foi nada. – apressou-se para afirmar, antes que as palavras e a coragem lhe fugissem – Não precisa se preocupar, eram só alguns problemas que eu já resolvi.
Rony pareceu duvidar por um rápido instante, antes que sua expressão se transformasse para uma de aceitação, como se isso já fosse esperado de alguém como Hermione. Ela, ao contrário, não podia acreditar em si mesma. Perguntava-se porque não contava logo sobre Parvati e tudo o mais; perguntava-se porque dizer a ele a verdade lhe parecia tão errado. Havia um sentimento não-identificado que a impedia de Ter esse tipo de conversa com ele e que a impedia de ser ela mesma nos últimos dias.
- Certo. Se você diz, então ---
- Rony.
Ela não se conteve. Quando o ruivo fez menção de levantar-se, encerrando a conversa, a mão de Hermione viajou até o antebraço dele, não deixando-o seguir. Ela olhou para seus dedos, que estavam pressionando-o levemente, e posteriormente fitou Rony, que resolveu sentar-se novamente.
- Eu... Eu... – Rony deu a ela um olhar encorajador, esperando que a frase fosse terminada – Eu queria lhe dar os parabéns pela nomeação de McGonagall. Capitão do time de Quadribol. É uma grande responsabilidade.
Rony abriu um grande sorriso divertido, parecendo aliviado por não ouvir o sermão que esperaria. Hermione, um tanto satisfeita consigo mesma por conseguir preencher a conversa, esticou-se para frente, a fim de abraçar o ruivo. Em outro momento ela provavelmente titubearia antes de encontrá-lo para um abraço, mas agora tudo o que Hermione precisava era de um ombro para se apoiar e esquecer o aparente cansaço que estivera rodeando-a por esses dias. E, por algum motivo, o ombro perfeito para que ela pudesse descansar sua consciência era o de Ron.
*
- O que foi aquilo?
O tom raivoso viera de algum lugar acima do ombro de Gina. Ela levantou o olhar preguisoçamente, somente para enxergar um Dino um tanto irritado vir em sua direção, dessa vez sem a companhia da intragável Norah Springsteen, que agora dava suas voltas pelo salão sozinha. Ele puxou uma cadeira próxima e sentou-se pesadamente, encarando a namorada com muito mais do que aborrecimento. Gina desviou o rosto dele, estudando os outros convidados que estavam espalhados pelo lugar, tentando parecer displicente à presença de Dino.
- Aquilo o quê, Dino?
Na verdade, Gina também estava com muita raiva de Dino. Onde ele estivera quando Malfoy surgira para tirá-la para dançar? Por que ele não havia estragado o teatrinho do sonserino ao invés de apenas ficar como platéia, assistindo cada movimento dos dois na pista de dança? A resposta, no entanto, era bastante clara. Norah provavelmente ocupara Dino de propósito – e pela primeira vez Gina viu que talvez tudo isso fosse algum planinho de Norah e Draco, o que fazia bastante o feitio dos dois.
- Você sabe do que eu estou falando. Você e – o tom dele adquiriu uma nota de desprezo – Malfoy.
Os olhos de Gina passearam por entre as pessoas e acidentalmente ela viu Draco por entre a multidão de jovens. Ele retribuiu o olhar de uma maneira exageradamente charmosa, que não causou nada além de uma náusea na ruiva. Ela desviou suas orbes, fitando outros adolescentes que lhe pareciam bastante familiares.
- Eu não podia ser grosseira e recusar uma oferta de dança. – disse Gina, vendo uma garota conhecida se aproximar do grupo de garotos – Se meu namorado estivesse aqui, eu não precisaria dançar com Malfoy.
Ela sorriu interiormente. As palavras havia saído sem um segundo pensamento, mas agradeceu ao cérebro por fazê-la pronunciar uma frase de efeito como essa. Dino pigarreou, no mesmo instante em que Gina reconheceu a garota de curtos cabelos negros que conversava com Norah como sendo Pansy Parkinson. Lendo a expressão de Pansy, dava para notar que ela não estava apreciando a conversa ou talvez o assunto em questão.
- Não foi minha culpa, eu ---
- Eu sei. – cortou Gina, de um modo gelado – Você tinha que fazer sala para os convidados da sua... – “Namorada” era a palavra que Gina poria para completar a frase, porém ela pensou melhor. Lembrou-se do que Hermione havia dito mais cedo e resolveu dizer – Norah.
Gina suspirou demoradamente, resolvendo fitar o chão ou acabaria se descontrolando e demonstrando toda sua ira por ter resolvido vir à essa festa inconveniente. Dino ficou alguns segundos em silêncio, seus dedos tateando a mão de Gina levemente. Ela levantou-se com brusquidão e, ao olhar arrependido de Dino, falou:
- Eu... preciso ir ao banheiro.
Ele meneou e Gina quase bufou. Nada estava saindo como imaginado e agora ela e Dino estavam não-oficialmente brigados. Ela seguiu pelo primeiro corredor à esquerda, tendo uma sensação de que precisava voltar para sua casa o mais rápido possível ou Norah estragaria sua noite de vez.
- Weasley!
Ela virou-se imediatamente, quase esperando que fosse algum amigo que a salvaria de tudo aquilo. Gina soltou um discreto bufo de decepção ao deparar-se com Pansy, que parecia bastante amigável a julgar pela sua expressão.
- Weasley... – ofegou Pansy, ajeitando seu vestido azul-cobalto de tecido fino – Eu preciso conversar com você. – Gina levantou uma sobrancelha para ela, e Pansy adicionou – Dois segundinhos.
Gina abriu a boca para dizer que estava sem tempo para ouvir a ladainha da sonserina. Ela provavelmente viera reclamar sobre a dança com Malfoy, que era meio que namorado de Pansy, embora nenhum dos dois assumissem tal compromisso. Antes que pudesse fazê-lo, no entanto, Pansy puxou Gina para um canto do bar mais próximo.
- Olha aqui, Parkinson ---
A garota foi levantou a mão, interrompendo Gina. Ela notou que Pansy não parecia estar com raiva ou nada do tipo.
- Grifinória, eu não vim aqui para discutir. Muito pelo contrário. – Pansy pegou um coquetel numa bandeja flutuante de modo dramático e tomou um pouco da bebida antes de continuar – Eu percebi que você tem um tipo de, como eu posso dizer, aversão por Springsteen e eu confesso que também não sou muito fã daquela insuportável.
Gina encarou Pansy, como que apressando-a. Ela quase interrompeu a morena também, mas conteve-se ao notar que sua curiosidade era maior que o desejo de pará-la. Depois de outro gole, Pansy completou, aproximando-se de Gina:
- Sabe, Norah é bastante... Erm, apegada a Draco, se é que você me entende. – um sorriso maroto surgiu no rosto de Parkinson – Ela não ficou nada feliz com o que viu na pista. Particularmente, eu acho que você pode usar isso a seu favor. Pense bem, Weasley. Você pode colocar Norah no seu devido lugar. Você deve Ter ficado com muita raiva quando soube do namoro passado entre ela e Thomas... Qual o problema de fazer ela sentir o mesmo?
Gina enrugou a testa.
- O que você ganha com isso, Parkinson? O que eu ganho com isso? Nada. Eu não vou trair meu namorado a troco de nada. Eu gosto de Dino. Ele gosta de mim. Ponto final.
Sem dar mais atenção a Pansy, Gina virou-se, pronta para deixá-la sozinha e para seguir seu plano original, de apenas ir ao toalete. Gina precisava ouvir cada coisa... Como se essa idéia proposta por Pansy fizesse algum sentido! Era algo totalmente sem pé nem cabeça.
- Será que ele gosta mesmo de você?
Gina sentiu uma mão em seu cotovelo e então no segundo seguinte ela havia sido girada nos próprios calcanhares, contra sua vontade. Ela fitou Pansy raivosamente e antes que pudesse realizar os pensamentos que passaram por sua cabeça – e que envolviam um grande escândalo com direito a um belo tapa naquela cara de buldogue dela – Gina viu que Norah havia sentado-se no lugar onde ela estivera anteriormente, com Dino. Um segundo depois que ela encontrou os dois na multidão, Norah avançou na direção de Dino, beijando-o calorosamente. Gina estendeu os olhos, sua mão afrouxando o aperto de Pansy, que retirou seu braço rapidamente e distanciando-se da garota enquanto assistia sua reação.
A ruivinha sentiu sua visão ficar turva de lágrimas que insistiam em encher seus olhos. Mas ela não iria chorar ali, na frente daquela sonserina estúpida que estudava-a como se ela fosse um animal em exposição num zoo. Ela virou-se novamente, querendo encontrar o banheiro mais próximo.
~*~
Rony olhou o relógio.
- Está um pouco tarde, não acham?
Hermione não saberia dizer se ele estava falando aquilo porque Gina ainda não havia chegado ou se era porque ele já pensava em dormir. Os gêmeos fizeram meros barulhos de confirmação, muitíssimo concentrados em suas próprias cartas. Ambos e Rony e Hermione estavam na sala, Hermione observando os três jogarem a terceira e última rodada de pôquer. Harry estava provavelmente no quarto, respondendo a carta de Remus que havia recebido mais cedo e que dava a ele algumas – poucas – informações sobre o que estava acontecendo na Ordem. Hermione ajeitou-se no sofá, olhando rapidamente as cartas de Rony, que estava sentado no chão, próximo à mesa de centro, bem como Fred e Jorge.
- Isso é balela do Sr Ronald Weasley porque ele sabe que vai perder para mim. – falou Fred, depois de arrumar suas cartas.
Rony fez um ruído de desaprovação, lembrando a Jorge que era sua vez. Por um momento, Hermione voltou ao seu livro até alguém dizer que Rony já podia jogar. Os olhos de Hermione voaram para a expressão dele e para pequenos detalhes de seu comportamento quando ele jogava. Ela gostava de observar como Rony respirava e como ele se mexia quando ia blefar. Pôquer era um jogo interessante justamente por isso, por mostrar como as pessoas comportam-se em situações onde precisam mentir e fazer os outros acreditarem em você. E pôquer era, principalmente, um jogo para vencedores. Para aqueles que tinham habilidade e sorte, juntamente.
Rony estava trocando uma de suas cartas quando Harry adentrou a sala, parecendo um tanto cansado. Hermione teve certeza de que as notícias de Remus sobre a Ordem da Fênix não eram exatamente boas e a expressão de Harry era apenas uma conseqüência disso.
- O que foi? – perguntou ela, agora preocupada.
Hermione sentou-se de um modo que sua coluna ficasse mais ereta. Ela notou, pelo canto do olho, que Rony fitava Harry também. O garoto balançou a cabeça.
- Nada importante. – disse, num suspiro – Remus está bem e os outros idem. Ele e Nymphadora estão indo para uma missão na França, seguir algumas pistas novas e procurar por uma mulher que tinha contato com os Black e principalmente com Bellatriz.
Harry não esboçou nenhum sentimento de rancor ou raiva, embora Rony e Hermione soubessem que ele estava lá. Ninguém perguntou mais nada; os garotos iam voltar à sua rodada, mas Rony acabou por interromper tudo ao dizer que Harry iria jogar com eles. Hermione sorriu ao pensar que isso era uma desculpa, posto que ele estava em desvantagem em relação a Jorge, que havia virado o jogo desde a terceira rodada. Ela meio que deitou-se no sofá, podendo enxergar todos os garotos de onde estava agora. Ela pousou o livro no seu colo, mas à medida que o tempo passava as palavras tornavam-se menos legíveis, efeito da sonolência que ia tomando-a pouco a pouco. Hermione fechou seus olhos brevemente, porém deixou-os assim por tempo demais, dormindo logo em seguida.
- Mione?
Ela abriu os olhos de repente, tentando despertar enquanto sentava-se outra vez.
- O quê?
Fred abriu um grande sorriso maroto.
- Você ronca! Que coisa bela!
Hermione enrugou a testa, contestando-o.
- Não ronco, não!
- Ronca, sim.
- Ela não estava roncando. – disse Rony, rolando os olhos, embora Hermione não pudesse ver. Ele virou-se para ela – Você estava falando alguma coisa.
A expressão de Hermione tornou-se uma de confusão. O que ela teria falado? Hermione conhecia algumas pessoas que, dormindo, relatavam coisas importantes a quem quisesse ouvir. Geralmente essas pessoas não sabiam guardar segredos. E ela, que estava escondendo algo do seu amigo, poderia Ter falado alguma coisa. Não poderia?
- O que eu disse?
Foi Harry, que estava próximo dela, quem respondeu.
- Na verdade, nós não entendemos. Você estava meio que balbuciando as palavras.
- Hermione, – disse Joge calmamente – você precisa articular as palavras, sabe. Assim nós nunca vamos descobrir nada sobre você!
Hermione levantou-se, sorrindo e querendo voltar para a sua cama. Ela queria dormir e já podia descansar. Não havia mais nada que pudesse preocupá-la. E também não haviam segredos para serem descobertos.
- Boa noite.
Os garotos desejaram-lhe ‘boa noite’ e Hermione rumou para o quarto, perguntando-se onde achara coragem para subir as escadas nesse estado de torpor. Ela precisava muito das suas fronhas e dos travesseiros. Hermione estava deitando-se na cama quando ouviu um pequeno ruído que viera da janela –
Um grande suspiro. Aquela coruja... Hermione conhecia bem a dona. Ela virou-se para o outro lado, a fim de não poder mais ver a carta que a coruja trazia consigo. Mas a coruja, insistente, voou para a ponta da cama de onde Hermione podia notar sua presença. Dando-se por vencida, afinal já estava mais acordada do que queria, ela sentou-se, tirando a correspondência da patinha do animal, que logo foi embora, voando pelo bonito céu pouco estrelado.
Hermione encarou a letra de Parvati. O ‘Para Hermione Granger’ estava escrito de uma forma caprichada e bonita. Hermione levantou-se, pensando se abria ou não a carta. Ela deu passos lentos até a escrivaninha, olhando da vela que estava acesa para o papel que estava em suas mãos. Não, ela não faria isso. O que estava acontecendo com ela? Por que ela precisava fazer isso? Ela baixou os olhos, abrindo a segunda gaveta da escrivaninha, pondo a carta lá dentro e fechando-a. Pronto. Ela não havia recebido nada.
Hermione voltou para a cama, fitando a gaveta de vez em quando. Ela precisava dormir e esquecer disso. No dia seguinte ela iria embarcar no Expresso e voltar para Hogwarts.
~*~
Gina suspirou, passando a mão por baixo de seus olhos. Olhando-se no espelho, ela retocou sua maquiagem após obrigar-se a parar de chorar. O toalete do Rutherfield Saloon era extremamente elegante com suas paredes vermelhas e brancas e com os espelhos compridos e largos, que às vezes mostravam reflexos distorcidos, para as garotas acharem que estavam mais bonitas ou mais feias. No momento, apenas duas pessoas estavam presente, além de Gina. Uma das garotas estava sentada numa pequena poltrona quadrada, com as mãos enterradas no cabelo, escondendo o rosto. Ela estava nessa posição desde que Gina havia chegado. A outra, que parecia ser a amiga da garota, estava murmurando algumas coisas, tentando reanimar a menina. Pelo menos ela tinha alguém consigo. Gina estava ali, deslocada e sozinha, querendo logo voltar para a sua casa, de onde não deveria ter saído.
Gina empurrou a porta do toalete, passando pelo corredor estreito onde muitos namorados se agarravam e indo na direção do bar, pensando em como retornaria a Toca, posto que ela não pediria para Dino fazê-lo, como era no plano original. O Rutherfield Saloon não era exatamente longe de Ottery St. Catchpole. Ela demoraria um pouco por ir andando, mas estaria em casa antes do meio da madrugada.
- Hey, peguei você.
O rosto de Gina encheu-se de raiva antes de ela encarar o garoto. Sem notar, apertou a bolsa de tal forma que as pontas dos seus dedos ficaram brancas.
- O que você quer?
O garoto afastou os fios platinados da frente do rosto, podendo fitar a ruiva com seus olhos acinzentados que pareciam perfurá-la a cada segundo que se passava.
- Weasley... – a mão dele foi até a maçã do rosto dela, com a intenção de limpar a umidade que uma lágrima deixara. Gina desviou a face duramente – Chorando por aquele panaca do Thomas?
Gina bufou, passando por ele para ir embora.
- Com licença.
Ela revirou os olhos. Não iria aturar Malfoy quando podia afastar-se dele como sempre fizera. Passou por alguns sonserinos que reconhecera mais cedo, inclusive por Pansy, e todos ele riram. Não para ela e sim dela. Sua ira apenas aumentou.
- Garota – Draco estava ao lado dela e Gina apertou o passo, Malfoy seguindo seu ritmo –, é falta de educação ignorar certas pessoas, sabia?
- Não quando elas são asquerosas que nem você.
Draco segurou o ombro dela, fazendo-a parar e Gina logo imaginou que ele estava irritado. Não que ela não tivesse atiçado. Era esse o seu intuito. Mas a mão dele tocou-a com gentileza e quando ela olhou-o viu que não havia aborrecimento em sua expressão.
- Weasley, aonde você vai?
- Para casa. Não que isso seja da sua conta.
O loiro fez algum barulho que lembrava um bufo. Ou uma risada presa.
- Vamos, eu levo você.
Gina enrugou as sobrancelhas. Ela precisava imediatamente tirar Malfoy do seu caminho para poder ir para casa. Ela estava muito fatigada.
- Não. Eu posso ir sozinha.
Ela sabia que não podia, e sabia também que esse convite de Draco era absurdo. Ele estava provavelmente brincando com ela e Gina estava sem paciência para discutir com o sonserino.
- Não seja tola. Você não pode ir sozinha e você sabe disso tanto quanto eu. – Gina encarou-o, tentando encontrar divertimento nos olhos dele. Havia, porém, apenas seriedade. – Eu estou falando sério, Weasley. – completou, sem pestanejar ou dar sinais de que estava mentindo.
- Você é um ótimo ator, Malfoy, mas eu recuso sua proposta tentadora.
Gina estava quase indo embora e deixando Draco ali, quando uma voz aproximou-se, parecendo afoita.
- Deixe a minha namorada em paz, Malfoy.
Ambos viraram-se para avistar um Dino raivoso. Seus passos eram duros e suas feições firmes. Ele aproximou-se de Gina, que deu um passo para o lado instantaneamente, afastando-se dele e ficando perto de Draco. Deus, pensou, ela estava mesmo desesperada para ir.
- Eu não sou sua namorada, Thomas. – disse ela, friamente.
Dino olhou-a e depois fitou Draco, que tinha uma sobrancelha levantada para ele.
- É isso, então? Você corre para o primeiro idiota que aparece por causa de um beijo forçado que eu dei?
- Eu vi como você estava sofrendo... dentro da boca de Norah. Vá embora, Thomas. Não é Malfoy, é você quem tem que me deixar em paz!
Dino deu um pequeno passo na direção de Gina, mas ela enlaçou seu braço ao de Draco. Ela apenas precisava fazer o ex ir embora e então tiraria-o de lá. Era somente por causa de Dino que Gina estava fazendo isso.
- Vamos, Gina, eu prometi que levaria você... Eu prometo que não tentarei nada, eu só quero cumprir com a minha palavra e deixar você ---
- Não precisa. Malfoy vai fazer isso. – ela sabia que agora Draco estava encarando-a mas Gina não retribuiu – Quanto à sua palavra... Você deixou de cumprir com ela há muito tempo.
Ela forçou Draco a virar-se, mostrando que ambos estavam deixando o Rutherfield Saloon juntos. Algumas pessoas olharam boquiabertas e incrédulas para os braços unidos deles, e Gina não deixou de reparar que Pansy era uma dessas pessoas. A voz de Dino soou atrás dos dois.
- Você também é uma traidora, Gina! Está traindo a mim e a toda sua família com este cretino!
Gina parou e Draco também. Ela não virou o rosto completamente, mas soube que Dino a escutaria da mesma forma.
- Eu não me importo mais com você. E não importa a ninguém se eu estou ou não com – ela respirou e para parecer mais convincente deu uma entonação diferente ao – Draco.
Ela percebeu que Draco estava sorrindo, enquanto Gina estava enjoada. Não acreditava que havia dito aquilo. Agora as pessoas pensariam coisas sobre eles. Gina – já arrependida – estava quase xingando a si mesma quando viu a expressão de Norah para os dois. Isso fê-la gratificar mentalmente Pansy Parkinson.
Assim que deixou o salão, encontrando o ar puro da noite nos jardins bem cuidados do Rutherfield, Gina soltou o braço de Draco, seguindo seu caminho sem dar a ele satisfações.
- Weasley.... Eu não sabia que você tinha aceitado a minha ‘proposta tentadora’.
- Eu não aceitei.
Ela ia – novamente, e já havia perdido a conta de quantas vezes tentara – deixá-lo sozinho e andar até a Toca, mas o barulho que ouviu atrás de si deu-a a certeza de que Malfoy estava seguindo-a.
- Muito bem, as coisas não funcionam assim. Eu disse que poderia levar você até sua casa, você disse que eu ia levá-la até a sua casa e, enfim, eu vou levar você até sua casa.
Gina retorceu sua boca, não parando de andar.
- Lembra-se que eu também falei que eu poderia ir sozinha?
- Lembra-se que eu disse que havia mudado? Não está na hora d'eu mostrar isso para você?
- Eu não quero que você me mostre coisa alguma! Eu nem sei porque você está tão obstinado para que eu veja isso ou aquilo!
Draco não respondeu por um instante. Ele aproximou-se dela, e pegando-a pelo cotovelo com delicadeza, conduziu-a até o outro lado dos jardins, onde um veículo bruxo estava parado perto de portões duplo de ferro do Rutherfield Saloon.
- Você saberá a resposta, Weasley.
Ele abriu a porta do automóvel preto para ela. Gina olhou-o. Olhou para o interior do carro. Deus sabia o quão cansada – e alcoolizada – ela estava. Ela entrou, com um tanto de medo, prometendo a si mesma que ao primeiro sinal de aproximação estranha de Malfoy mostraria a ele o que havia aprendido com seus irmãos. Os anos de fuga de seis irmãos deram a ela bastante experiência para saber como imobilizar uma pessoa, mesmo com todos os empecilhos possíveis.
~*~
Harry desceu as escadas lentamente, indo para a escura sala e sentando-se no sofá, quase no mesmo lugar onde ele estivera anteriormente. Ele não estava conseguindo dormir e isso era um grande problema. Ele iria embarcar no Expresso dentro de algumas horas e ainda não havia descansado o suficiente para manter-se acordado durante a viagem. Todavia, como ele poderia deitar-se pensando em tudo o que estava acontecendo lá fora? Por mais que Lupin ou Dumbledore tentassem não lhe dar as notícias mais importantes sobre a Ordem e tudo o mais, Harry sabia, em parte, o que estava se passando.
A viagem de Lupin e Nymphadora não era por acaso, claro. Eles não iriam atrás de alguém com ligação forte com os Black a troco de nada. Havia muito mais nessa família do que era sabido. Mas pensar nos Black só trazia as lembranças do único membro que era importante e relevante para Harry. Sirius não estava morto, e era esse pensamento que Harry queria conservar em sua mente. Ele vira o padrinho escorregar para dentro do arco, no Departamento de Mistérios, mas de alguma maneira Harry sabia que Sirius ainda estava... presente em sua vida. Ele fechou os olhos, porque doía imaginar como tudo – completamente tudo – seria diferente se não ouvesse Voldemort. Tantas pessoas haviam sido manipuladas e usadas. E tantas pessoas haviam sido perdidas ---
- Okay, todos estão dormindo. Ótimo.
Harry abriu os olhos de imediato. A porta rangera um pouco e então um pouco da luz de fora acompanhara o vulto que era com certeza Gina. A voz, mesmo sussurrada, era inconfundível. Harry perguntou-se se devia mostrar a ela que ele estava ali.
- Na verdade, nem todos.
Estava escuro, mas Harry teve certeza que Gina havia tomado um belo susto. Repentinamente as luzes do local estavam acesas por mágica e Harry precisou estreitar os olhos para acostumar sua própria visão a luminosidade. Gina andou timidamente até o outro sofá, apertando sua bolsa. Ela continuava deslumbrante no bonito vestido branco; apenas seus cabelos pareciam um tanto desorganizados em relação às horas passadas, quando ela saíra da Toca acompanhada por Dino.
- Eu... – ela suspirou – Por que você ainda está acordado?
Ela resolveu sentar-se, jogando sua bolsa para um lado e sentando-se pesadamente no canto oposto. Gina olhou Harry cansadamente, retirando os sapatos apenas friccionando um pé no outro.
- Eu estava sem sono. – disse rapidamente. Apressou-se para perguntar – E a festa? Como foi?
Sinceramente falando, Harry não queria saber. Ela provavelmente falaria sobre Dino, e isso seria a última coisa que quereria ouvir. Entretanto, Gina pareceu um tanto ressentida por ser lembrada de alguma coisa que não deveria Ter sido trazida à tona.
- Terrível. – ela olhou para os pés, que estavam sobre a mesa de centro – Eu e Dino terminamos, sabe.
Harry pareceu surpreso, porém havia mais que surpreendimento dentro dele. Era alguma coisa que ele não saberia e nem queria denominar, mas lá estava. Ela e Dino haviam saído da Toca parecendo os namorados mais felizes do mundo e então, quando Gina retorna, o relacionamento deles já havia levado um fim. Ele achou indelicado perguntar sobre o que acontecera, e resolveu questionar:
- Gina, se eu posso perguntar, como você chegou aqui?
Por um segundo, a sombra de um sorriso passou pelo rosto de Gina, mas quando ela respondeu, estava séria novamente.
- Foi, hum, Malfoy quem me trouxe.
Silêncio.
- Você está falando sério?
Harry olhou-a, estupefato e Gina sorriu.
- Estou.
Harry estava sem palavras. Gina estava somente determinada demais para quem estava brincando. Quer dizer, que motivos ela teria para fazer essa brincadeira? Quando Harry se deu conta, Gina já estava de pé, carregando sua bolsa em uma mão e seus sapatos na outra.
- Boa noite, Harry.
Ela passou por ele sem outras palavras e Harry desejou o mesmo antes que ela estivesse longe demais para não ouvi-lo. Ainda perguntava-se se Gina estivera falando a verdade quanto a sua pergunta anterior, mas de algum modo ele não gostou nada de aceitar o fato e imaginou isso como um tipo de cuidado fraternal. Os Weasley apenas odiavam os Malfoy e saber que Gina chegara em casa justamente com Draco era um tanto... diferente.
Harry levantou-se, tentando tirar qualquer coisa que tivesse ligação com Gina da cabeça. Isso só o impediria de dormir.
~*~
N/A: Enfim! Nossa, minhas sinceras desculpas pela demora, mas é que eu tenho muitas fics para cuidar, sabem... E eu preciso acabar pelo menos um capítulo de uma fic para partir para outra. Por favor, continuem comentando para que eu saiba como eu estou indo. E, se vocês notaram que eu mudei meu nick, não liguem. O outro nick era um pseudônimo e agora é um tipo de... apelido.
Próximo Capítulo: Draco persegue Gina por todos os corredores e ela pode não resistir; Harry começa a enraivecer-se mais com Malfoy; Ron conversa com Parvati, mas isso só piora as coisas – triângulos e complicações amorosas afloram enquanto o ano letivo se inicia em Hogwarts.
Comentários (1)
Atualiza logo por favor tá bem legal até aqui a fic Mas por favor não faz a Mione sofrer muito ok! Já estou cansada de ver ela sofrendo!Bjs
2012-02-25