Agosto
A tarde de julho estava quente mas mesmo assim ela continuava enfurnada no quarto, rodeada de livros e pergaminhos, adiantando as tarefas de verão. Não era nenhuma novidade que Hermione Granger fizesse algo do tipo. Ela estava acostumada com isso e não podia mudar. Os estudos viriam sempre em primeiro lugar, e o resto... Bom, o resto viria depois.
Não muito surpresa, Hermione levantou-se para receber a corujinha parda que batia seu bico insistentemente no vidro da janela. Seria, com certeza, alguma carta de Rony. Ela desatou a carta da pata da corujinha estabanada e leu-a, a letra familiar de Rony enchendo suas vistas. Não havia novidades, eles estavam apenas convidando-a para passar os últimos dias de férias n’A Toca. Ela iria, de bom grado. Sua casa vazia não tinha atrativos e, afinal de contas, era de praxe que ela visitasse os Weasley no verão.
Ela estava feliz que eles não tivessem que retornar ao Largo Grimmauld, apesar de imaginar que a Sra e o Sr Weasley, assim como os outros componentes da família, estariam bastante ocupados com a Ordem.
O que mais a preocupava era a receptividade de Harry. Ele precisava aprender a conviver com a morte de Sirius e ela queria estar ao lado dele nesse processo. A lembrança do padrinho ainda estava fresca na memória dela, e talvez na de Harry estivesse ainda mais.
Rony,
Já conversei com meus pais e eles autorizaram minha ida. Seria uma grande surpresa se eu não fosse, não? Bom, não há novidades, Harry continua do mesmo jeito. Achei que uns dias sozinhos fariam-no bem quanto a Sirius, mas devemos Ter cautela quanto a isso. Deve ser bastante difícil, o que ele está passando. Estarei aí assim que possível.
Abraços,
Hermione
~*~
Ele continuava tendo a constante sensação que estava sendo seguido e observado. Além da Sra Figg, Harry tinha a impressão que mesmo qualquer estranho que passava pela rua olhava-o. Continuava a não receber notícias de Dumbledore, porém ele sabia que seria assim.
Ficar sozinho durante os últimos tempos não estava fazendo-o bem. Harry precisava ocupar a cabeça para tentar esquecer tudo o que ainda atormentava-o. As madrugadas não estavam sendo bem dormidas porque ele ainda temia ser usado em alguma armadilha. Harry não podia se dar ao luxo de perder mais alguém por sua culpa. Além de tudo, ele sonhava constantemente com todas as pessoas que havia perdido, todos aqueles que haviam morrido e isso era deveras aflitivo.
Rony estava novamente o chamando para ir à Toca e Harry estava realmente querendo ir, apenas para deixar esse lugar ao qual ele não pertencia. Na Toca ele teria mais acesso à informações da Ordem, apesar de saber que seria privado da maior parte das notícias influentes.
- Eu não me importo. Eu só quero sair daqui. – disse ele a Hermione, que o ligara certa vez.
- Harry... – começou ela, parecendo escolher as palavras – Não vá fazer nada impensado.
Harry revirou os olhos exasperadamente, mesmo que ela não pudesse ver.
- Eu não sou uma criança, sabe. Eu sei o que eu devo ou não fazer.
Estava soando como tal, decerto, mas não haviam outras palavras que pudessem mostrar o estado em que ele se encontrava. Seu tom também não ajudava a parecer calmo, entretanto ele não queria nem iria enganar a ninguém. Estava cansado de fingimentos.
- Tudo bem, mas... – Hermione suspirou – Tá bom.
Harry desligou e subiu para seu quarto para respondeu a Rony:
Rony,
Estarei aí em breve.
Harry
Era lacônico, ele sabia, mas não conseguia imaginar nada mais para escrever. Simplesmente não havia o que relatar.
~*~
A agitação na casa dos Weasley estava maior que o normal, naqueles dias. Gui e Carlinhos aparatando e desaparatando, a Sra Weasley correndo do Largo Grimmauld para a Toca e vice-versa, Fred e Jorge se revezando e aparecendo de tempos em tempos para ver se Rony e Gina não tinham tacado fogo na casa enquanto estavam sozinhos.
- Eu não preciso de babá, Fred. – resmungou Gina, subindo as escadas.
Ela correu até seu quarto e gritou, antes de fechar a porta com uma pancada: - Eu não preciso de babá!
- Mas o que raios deu nessa garota? – perguntou Fred, jogando-se no sofá defronte a Rony e olhando para o andar de cima interrogativamente, como se o teto fosse lhe responder.
- TPM. – falou distraidamente, terminando uma tarefa qualquer.
- E o que deu em você? Fazendo dever?
Rony olhou raivosamente para Fred, notando seu nada sutil sarcasmo. Fred riu.
- Hermione está colocando as rédeas em vocês, ahn?
Rony ia responder, quando um barulho na lareira denunciava a chegada de alguém. Hermione tossiu.
- O que tem eu? – indagou ela, retirando a fuligem da roupa e dos cabelos.
- Você está passando sua doença para Roniquinho, Hermione. – falou Fred, levantando-se e aparatando com um *pop*.
Hermione olhou surpresa para Rony.
- Não enche. – disse ele imediatamente.
Ela riu abertamente.
- Eu não ia encher. Eu só queria que você tirasse meu malão daqui. Harry vai vir daqui a... – ela olhou o relógio – dois minutos.
Rony bufou, mas levou o malão de Hermione até o quarto onde ela ficaria.
- O que você estava fazendo? – perguntou ela, retirando algumas coisas do malão e reorganizando-as.
- Dever de Transfigur---
- Hermione!
Gina esbarrou em Rony sem nenhuma delicadeza a fim de atravessar o quarto, em direção a Hermione. Rony rolou os olhos. Elas iriam expulsá-lo e começar a fofocar, certamente.
- Oi, Gina.
Gina olhou deliberadamente para Rony, que levantou as mãos para o alto, rendido.
- Ok, ok. Eu já ‘tô saindo.
Enquanto voltava para a sala, onde havia deixado seus livros de Transfiguração, outro ruído na lareira mostrava que Harry havia acabado de chegar à Toca.
- Alô?
- Hey, Harry. – Rony foi até ele, que já retirava seu malão da passagem.
- Oi.
Rony hesitou em falar, porque não sabia como começar um diálogo. No entanto, Harry parecia esperar por isso.
- Não precisa ficar desse jeito. – disse Harry, de forma franca – Eu não vou gritar com ninguém, dessa vez.
Ao longo do dia, Harry não pareceu triste ou aborrecido com algo. Voltara a sorrir algumas vezes, principalmente quando Fred ou Jorge vinham à casa e faziam suas usuais piadinhas infames. O que incomodava-o verdadeiramente eram as conversas sussurradas do outros membros da família, que faziam parte da Ordem, todavia ele tentou ao máximo não mostrar-se com raiva num lugar onde ele era tão bem recebido.
~*~
- Hermione? – chamou Gina, deitada na cama da garota, com a cabeça quase encostada no chão, os cabelos formando um pequeno tapete vermelho.
- Hum? – fez Hermione, distraída, enquanto olhava suas notas de N.O.M.’s que haviam chegado à pouco.
- Eu acho... Eu não sei, mas eu acho... Eu acho que Dino não quer mais nada comigo...
Hermione abaixou o pergaminho, olhando Gina em seguida. Ela estivera quase alienada à conversa, mas agora prestaria atenção.
- Por quê?
Gina sentou-se, ajeitando os cabelos num coque trouxa.
- Porque... Sei lá, eu sinto. Da última vez que nos encontramos ele parecia... diferente com algo. Quer dizer, eu não quero que ele seja meloso ou algo do tipo, mas ele estava realmente estranho.
Hermione respirou. Esse não era um assunto em que ela opinar. Nessa área ela realmente não tinha experiência, porém também não se importava com os comentários ridículos de Lilá e Parvati sobre ela nunca Ter namorado, apesar de não poder negar que se sentia curiosa sobre como seria Ter um relacionamento do tipo.
- E você?
Gina suspirou:
- Eu também não estou com vontade de continuar com isso. Sei lá, eu---
- Você ainda gosta de Harry? – perguntou Hermione, tentativamente.
Hermione poderia jurar que um rápido sorriso passou pelo rosto de Gina.
- Falando sério? – Hermione assentiu – Eu não sei. Mesmo. Às cezes eu penso que só quero ser amiga dele, então... Então ele chega e muda tudo. Grr, como eu tenho vontade de matá-lo! – infantilmente Gina enterrou o rosto num travesseiro e começou a gritar coisas ininteligíveis.
Hermione sorriu, balançando a cabeça. Ela estivera querendo isso, há poucos segundos? Cair de amores por alguém e correr o risco de não ser correspondida? Não, ela acabara de mudar de idéia.
- Mione? – falou Gina novamente, jogando o travesseiro para longe.
- Sim? – disse, voltando a brigar consigo por seu “Excede Expectativas” em Runas Antigas.
- Mione, você... Sabe, eu não quero soar como Lilá Brown, mas... Você nunca... Sei lá... Se interessou por ninguém... assim... sabe... – Gina começou a gesticular, procurando por termos que pontuassem sua conversa.
Hermione levantou uma sobrancelha para Gina.
- Não. E, para falar a verdade, eu nem quero. Eu preciso estudar mais, e algo como isso atrapalharia muita coisa.
Gina riu.
- Você é um CDF incurável.
Hermione apenas sorriu. Ela era mesmo? Ela só estava tentando ser uma adolescente normal.
~*~
O sol emergiu preguisoçamente no horizonte, anunciando a chegada de um belo Sábado. Mesmo assim, isso não significava folga para todos, porque os membros da Ordem continuavam à procura de pistas do que poderia ser o próximo plano de Voldemort. Os únicos que ficaram na casa, “responsáveis” pelos quatro jovens foram Fred e Jorge, mais uma vez.
- Isso chama-se exploração infantil. – anunciou Fred, referindo-se à sua ingrata tarefa.
- Eu não me importo. – disse Rony, sentando-se junto com os outros para a refeição da manhã – Com Fred e Jorge aqui nós podemos pôr a casa à baixo e eles não fariam nada.
- Faríamos, sim. – protestou Fred – Ajudaríamos vocês.
Jorge interrompeu-o.
- E então? Planos para o findi?
- Findi? – estranhou Harry.
Jorge balançou a cabeça.
indi: fim de semana.
Ele riu, mas Jorge prosseguiu.
- Irão mofar, aqui em casa ou algo do tipo?
Rony tomou a palavra.
- Temos o jogo de Quadribol para assistir.
- Jogo? – interessou-se Gina – De quem?
Foi Harry quem respondeu.
- Inglaterra e---
Ele parou repentinamente, apertando a boca em uma linha fina.
- E...?
- E Bélgica. – interrompeu Rony.
Gina franziu as sobrancelhas mas não disse nada. Fred perguntou:
- E vocês? Vão ficar aqui?
Gina olhou Hermione, que assentiu.
- Eu preciso estudar umas coisinhas.
- Estudar? – Jorge fingiu espantar-se.
Hermione não ligou.
- É... – suspirou Gina – Nós vamos Ter que ficar aqui...
~*~
Harry desceu as escadas apressado, procurando por Rony. Fred e Jorge já haviam ido embora, e em pouco tempo eles deveriam ir à loja via Flu, para que depois fossem ao jogo.
Ele não encontrou na cozinha quem esperava. Gina estava cozinhando, com fones no ouvido e meramente cantando algo. Ela estava de costas e Harry quase se crucificou quando percebeu que olhava-a uma segunda vez.
- Gina...? Gina. Gina!
Ela pareceu levar um susto e virou-se rapidamente, retirando os fones de seu aparelho encantado.
- Sim?
- Você viu Rony por aí?
Gina pareceu pensativa por um segundo.
- Ele deve estar limpando o jardim.
Antes que ele pudesse evitar, comentou:
- Eu não sabia que você cozinhava.
- Há muitas coisas sobre mim que você não sabe. – respondeu, parecendo enigmática por entre a fumaça da panela.
A porta se abriu e um Rony bagunçado entrou na casa.
- Eu quase havia me esquecido. – disse, seguindo em frente, e referindo-se à partida. – Você não vai ficar aí o dia inteiro, vai?
Harry observou Gina voltar a cozinhar e pensou que poderia responder que sim, mas resolveu subir.
~*~
- Este time da Inglaterra está horrível. – comentou Harry, lendo o panfleto que informava a escalação dos times. – Quer dizer, eu não estou tão bem-informado assim, mas... Alex Sorth como goleiro? Ele é péssimo!
Os quatro garotos estavam num local onde a visão dos ângulos era boa, no estádio de Quadribol do West Winter, que estava lotado de torcedores da Inglaterra e da Bulgária.
- Opa, opa. – interveio Jorge – O time não está tão ruim assim, não. Jerry Hushler foi considerado mais rápido que Krum.
- Aliás, - começou Harry, virando-se para Rony – eu queria saber o porquê daquele chute, hoje de manhã.
Rony pareceu levemente embaraçado.
- Erm... Você sabe, se disséssemos que Krum ia jogar, Hermione não ia para de falar. E quando ela começa a tagarelar, ninguém consegue pará-la.
- Ok, vocês podem calar a boca por um segundo, mocinhas? – disse Fred, em meio a balbúrdia do estádio – O jogo vai começar.
Para Harry era bastante esquisito ser expectador em um jogo de Quadribol, porém não era de todo ruim.
Os times da Inglaterra e da Bulgária entraram em campo sendo ovacionados pelos gritos de “Vai, Inglaterra!” dos fanáticos por Quadribol. Os capitães apertaram as mãos e em seguida quinze vassouras subiram ao ar.
- Esse jogo promete! – disse o irradiador.
A partida começou, os jogadores eufóricos com os gritos da torcida. Os batedores da Bulgária estavam desempenhando suas funções violentamente, de modo que até os expectadores sentiram-se ameaçados por serem atingidos. A Inglaterra iniciou o jogo na defensiva, o que acarretou bons cinqüenta a zero para a Bulgária.
- Inglaterra está levando uma surra. – falou o narrador da partida.
Jorge bufou.
- Como se não soubéssemos disso.
A Inglaterra reagiu e atacou a Bulgária insistentemente, no entanto o goleiro búlgaro defendia a goles quase sempre.
- Isso está uma droga. – reclamou Rony.
- Onde está Hushler, que ainda não pegou este pomo? – disse Harry.
- Você já o viu? – perguntou Fred.
Harry apertou os olhos.
- Há uns cinco minutos estava a três mentros do chão. – falou. – Mas este tapado não viu.
- Nem Krum, pelo jeito. – disse Jorge, distraído.
- Outro tapado. – sussurrou Rony, sendo audível.
~*~
Eles haviam acabado de chegar a Toca silenciosamente, e provavelmente todo o resto da casa dormia. Rony e Harry subiram as escadas, indo em direção aos quartos. Harry deveria estar tão cansado que não viu as luzes do quarto de Hermione acesa. Porém, Rony percebeu e resolveu apagá-las.
Exatamente o que ele imaginara, acontecera. Hermione dormia em sua cama, com um livro aberto em sua barriga. Rony hesitou em cobrí-la, temeroso pela proximidade dos seus corpos. Enquanto ele o fazia, Hermione mexeu-se, abrindo os olhos e piscando repetidas vezes.
- Como foi o jogo? – indagou Hermione, parecendo sonolenta.
- Horroroso. – disse ele fracamente, sentando-se na borda da cama.
Ele assistiu Hermione ajeitar-se também. Ela riu.
- Inglaterra perdeu por quanto?
- Trezentos e vinte a cento e cinqüenta.
Hermione fez um barulho de quem segura o riso.
- Se assitir Quadribol é um saco, assistir Quadribol e ver o time perder de lavada deve ser pior ainda.
Rony balançou a cabeça.
- Pode Ter certeza. – e tentou mudar de assunto. Queria prolongar a conversa e Hermione certamente não dialogaria sobre Quadribol – E o que vocês fizeram aqui?
Hermione deu de ombros.
- Ah, você sabe, nós demos uma pequena festa para um bando de adolescentes bêbados e descontrolados, daí o Ministério mandou uns representantes para cá e eles prenderam metade do pessoal, então tudo voltou a ficar monótono---
- E você resolveu ler... – ele pegou o livro que estava agora nas mãos de Hermione, e o toque de seus dedos provocou uma sensação esquisita – Baudelaire?
- Você deveria tentar.
Rony leu o título:
- “Les Fleurs du Mal”*? Não, obrigada.
Hermione riu com o tom que ele usara para ‘Fleurs’ e sentiu-se, de alguma forma, feliz por saber que ele não gostara de lembrar da veela. Ela olhou o relógio.
- Está tarde. – disse retoricamente.
Não sabia porque havia dito aquilo. Não fora exatamente isso que ela planejava dizer – pelo menos não desse jeito. Rony suspirou, fatigado.
- Eu vou deixar você dormir.
Ele saiu do quarto, desejando-a boa noite, não sabendo que Hermione queria que ele ficasse, na verdade.
~*~
Harry e Rony não pareciam bastante descansados no café-da-manhã de Domingo. A Sra Weasley percebeu a desanimação dos quatro imediatamente.
- Vocês chegaram tarde, ontem?
- Não. – disse Rony.
- Ótimo. – falou Molly – Porque nós precisamos ir ao Beco Diagonal, comprar umas coisinhas.
- Coisinhas? – estranhou – Mas as aulas só começam---
- Semana que vem. – interrompeu a Sra Weasley.
Rony, assim como Harry e Gina, arregalou os olhos. Hermione não parecia surpresa.
- Bom, então---
- Então se vocês quiserem ir comigo, é melhor se apressarem. Se não, apenas me dêem suas listas e eu compro tudo que for necessário.
- Eu vou, Sra Weasley. Eu preciso comprar alguns livros extras para mim. – anunciou Hermione. – Vocês vão?
Harry deu de ombros.
- Tanto faz para mim.
- Para mim também.
- Fazer o quê, né?
~*~
O sol de agosto estava transformando os corredores de pedra do Beco Diagonal em fornalha. Podia-se sentir o vapor subindo do solo e um dos únicos refúgios era, logicamente, a sorveteria de Florean Fortescue.
- Não, não e não. – Hermione bateu o pé. – Vamos primeiro a Floreios & Borrões e mais tarde voltamos para cá.
Rony parecia impaciente. Ele e Harry estavam sentados, e Hermione insistiu em não fazê-lo.
- Hermione, dá um tempo. Nós estamos quase derretendo e você prefere comprar livros primeiro! O que custa nós tomarmos um sorvete e depois irmos a Floreios?
- Custa tempo. A edição do livro que eu quero comprar é limitada.
Harry irritou-se.
- Minha nossa, vocês vão começar a discutir aqui? Por causa de um livro e um sorvete?
Hermione revirou os olhos, todavia não falou nada. Harry levantou-se rapidamente, dizendo:
- Preciso ir a loja de Logros dos gêmeos, para pegar uma coisa. Decidam o que vão fazer.
Rony abriu a boca para protestar veementemente, contudo Harry já estava indo embora. Rony olhou Hermione, que resolvera sentar-se.
- Ótimo---
- Não comece, Rony. Você conseguiu me estressar.
- Você está sempre estressada.
- Sempre quando eu estou com você.
- Então levante-se e vá comprar seu livro, se eu estresso você.
- Se eu quisesse fazer isso não estaria pedindo para que vocês fossem comigo.
- Você não estava pedindo. “Enchendo o saco” é a expressão certa.
- Exatamente o que você está fazendo agora.
- Você pode parar de retrucar?
Hermione respirou fundo, olhando para suas mãos.
- Peça a droga do sorvete - disse – com uma condição: depois você vai comigo a Floreios.
- Ok, ok.
Eles dividiram uma grande taça de sorvete de chocolate e Hermione percebeu que já não estava com tanta vontade de comprar seu livro.
- ... e então a garota subiu no palco, se esgoelando e se descabelando, - contou ela, sobre um show de rock que havia ido assistir com umas amigas trouxas – mas antes que ela pudesse sequer chegar no vocalista uns seguranças mal-encarados agarraram-na e---
- Tem certeza que essa não era você, Hermione? Quer dizer, talvez você tenha bebido um pouco demais e---
- Rony. – falou Hermione, fazendo-o parar – Eu não bebo.
Rony estreitou os olhos.
- Vai dizer que você nunca bebeu nada alcóolico?
Hermione ajeitou-se na cadeira.
- Talvez uma vez---
- A-há. Eu sabia que você não era tão santa assim.
- Eu nunca fui santa, Rony. – protestou ela.
- Ah, você fingiu o tempo todo?
Como resposta, ele recebeu um fraco safanão de Hermione, que segurava um sorriso.
- Palhaço.
- Eu sei.
Houve um segundo de silêncio, antes de Hermione perguntar:
- O que Harry foi pegar com os gêmeos?
- Para falar a verdade eu acho que aquilo era só um pretexto para nos fazer parar de discutir.
- A-hã.
Eles terminaram o sorvete e Hermione disse, antes de saírem, que Harry estava demorando demais.
- Talvez ele pense que vamos demorar até pararmos de responder um ao outro.
Hermione olhou no relógio.
- Acho melhor irmos logo a Floreios e depois encontramos Harry e os outros na loja de Logros.
- Sim, senhora.
~*~
- Vocês são um saco! – disse Gina tirando uma coisa gosmenta de sua roupa – Não tem graça pregar peça na própria irmã.
- É lógico que tem. – falou Fred, vermelho de tanto rir do esforço de Gina para tirar a meleca verde da roupa – Vem aqui, Gina, eu tiro isso.
Gina burburou, enquanto Fred realizava o feitiço para limpar seu casaco:
- Seus imbecis.
Fred fingiu não ouvir e Jorge quase gritou, em meio ao estardalhaço da loja, que estava lotada:
- Harry! Há quanto tempo não vemos você? Duas horas?
Harry aproximou-se de Jorge, perguntando algo que viera à sua cabeça desde quando chegara na Toca, quando ouvira uma pequena pressão do Sr Weasley para saber como eles haviam conseguido iniciar a loja de Logros.
- Olhe, vocês não disseram nada ao Sr Weasley sobre o prêmio do Torneio que eu dei a vocês, disseram?
Ele havia esquecido-se totalmente que Gina estava bem ao seu lado.
- Você fez o quê?
Jorge e Fred fizeram caras divertidas enquanto Harry olhava Gina:
- Você não sabia?
- E quem sabia?
- Rony e Hermione... e eu achava que você também.
Gina balançou a cabeça, rindo.
- Não deixe mamãe e papai saberem disso.
- É exatamente por isso que eu estou aqui. – virou-se para Fred e Jorge – Vocês contaram a eles?
Foi Jorge quem respondeu.
- É lógico que não. Mas não se preocupe, eles esquecerão essa história logo, logo.
Harry pareceu convencido.
- Eu acho que vou dar uma volta pela loja. Você sabe, talvez dessa vez eu consigo trancar Snape com um pelúcio, nas masmorras.
- Eu vou com você. – ofereceu-se Gina, parecendo querer fugir de Fred e Jorge – Quer dizer, para o caso de alguma meleca verde grudenta vir em sua direção.
Harry arqueou as sobrancelhas.
- Do que você está falando?
Gina passou por ele, dando um tapinha em seu ombro.
- Você vai ver.
~*~
A Floreios & Borrões estava apinhada de pessoas que compravam materias para Hogwarts. As prateleiras estavam sendo pouco a pouco esvaziadas mas o local parecia ficar mais cheio a cada minuto.
- Minha nossa! – exclamou Hermione puxando Rony para o segundo andar – Se a edição tiver acabado, Rony, você vai se arrepender de Ter nascido.
Apesar de rir, ele sabia que Hermione estava falando sério. Se todos os livros tivessem sido vendidos, Hermione teria um treco. Eles chegaram ao segundo piso que surpeendentemente estava mais bitolado que o primeiro.
- Acha uma boa idéia, nos separarmos? – perguntou Hermione.
Rony olhou por cima dos montes de cabeças.
- Sinceramente, não. Você seria esmagada em três segundos.
Hermione suspirou.
- Vamos por ali. – disse, apontando para um corredor à direita.
Eles passaram com dificuldade por entre as pessoas, que empurravam sem parar.
- Aqui. – falou Rony, segurando o braço de Hermione com firmeza, impedindo-a de ser levada.
Ela virou-se para Rony, que parecia concentrado em apenas levá-la até a prateleira, estranhando. Chegaram até lá e Hermione logo foi atrás do título que procurava, verificando todas as espinhas dos livros.
- Sorte sua que ainda tinha um. – ela ergueu-o, mostrando a capa a Rony, que estava encostado, observando-a.
- Você que é apressadinha demais. – comentou, abanando a mão.
Eles retornaram para o primeiro andar para pagá-lo e saíram em direção à loja de Logros, em seguida.
- Precisava morrer para comprar... isso? – esnobou Rony.
Hermione olhou-o furiosa.
- Eu não morri, seu exagerado.
- Mas estava para Ter um filho. – ele pegou a sacola da mão de Hermione e retirou o livro – “Os Sete Segredos das Runas Sicilianas”? – Rony pareceu descrente – Você fez todo aquele escândalo para saber “Os Sete Segredos das Runas Sicilianas”?
Hermione respondeu, tomando-o de Rony e embrulhando-o novamente:
- Eu não fiz escândalo. Mas esse título é muito bom e por isso é limitado. Eu não podia deixar de comprar, podia?
Rony balançou a cabeça.
- Tanto faz, Hermione. Essa discussão não é realmente importante.
~*~
A porta rangeu.
- Você está vendo alguma coisa? – perguntou Gina, que ainda segurava a maçaneta, forçando a vista para tentar enxergar algo em meio ao breu da sala.
- Nadinha. – disse Harry, também forçando-se a ver algo.
Eles já haviam passado por duas salas esquisitíssimas, onde estavam os produtos em promoção e os lançamentos. Harry jurou Ter ouvido uma risadinha de Gina antes dela puxá-lo para dentro e fechar a grande porta de azevinho com um estrondo. Harry estendeu as mãos tentando apalpar algo à sua frente.
- Gina?
- Oi. – respondeu ela, encontrando sua mão e fazendo-o andar.
Alguma sensação diferente passou pela sua mão, onde ela estava tocando-o, mas ele afastou isso de seus pensamentos:
- Para onde você está me levando? – indagou, tentando não rir por algum motivo.
- Se eu contar não tem graça. – falou.
Eles continuaram andando lentamente, tentando não esbarrar em algo. Eles estavam dando passos de tartaruga, segurando um ao outro, prestando atenção em cada ruído estranho – a loja era cheia de surpresas, fossem elsa agradáveis ou não. Repentinamente Harry ouviu uma arfada de Gina, e então ela estava gritando e soltando-se dele.
- Gina? – chamou Harry, empunhando a varinha.
- Harry! – a voz de Gina estava se afastando – Socor---!
Harry ia fez um feitiço para iluminar a sala, quando lembrou-se que não lhe era permitido. Harry praguejou, não vendo Gina.
- Gina?!
Ele tentou achar uma parede e começou a andar apoiado na primeira que encontrou. Harry prosseguiu, e notou que mais à frente uma pequena luzinha parecia brilhar. Vinha de nada em especial, porém ele percebeu que havia um pedaço de papel que estava pendurado nas costas da pintura de um menino.
Harry aproximou-se, tentando ler o bilhete, que dizia:
“Te peguei, imbecil.”
Harry mal virou-se e Gina apareceu, gritando (A-hááá!!) e assustando-o.
Ela começou a rir.
- Não teve graça.
No entanto, Gina parecia bastante divertida.
- A sua cara... – arquejou Gina, entre risadas. Ela apontou um dedo para Harry – Eu assutei você.
Não era uma pergunta. Harry tentou manter-se sério, entretanto conforme suas gargalhadas iam aumentando, de modo que Gina teve que sentar-se no chão, encostando uma mão no estômago, mais difícil ele achou continuar com a expressão dura.
- Você é uma idiota. – disse ele, rindo e ajoelhando-se à frente dela.
Gina mexeu a cabeça, tomando fôlego.
- Não. Você que é. Essa é a brincadeira mais antiga que existe.
- Não para mim.
Gina enfim parou de rir, baixando os olhos para o chão depois de encarar Harry por alguns segundos. Harry, ao contrário, não parou de olhá-la.
- Eu acho melhor nós – ela engoliu – voltarmos.
Harry desviou os olhos.
- Você está certa.
Ele levantou-se e ofereceu uma mão a ela, que sentiu-se mais segura para levantar o olhar. Gina aceitou e pôs-se de pé, também. Eles ficaram em silêncio enquanto Gina parecia preocupada em limpar sua roupa. Havia sido um choque tocá-lo, e ela mal sabia que havia sido recíproco. Porém, era do tipo de choque que ela gostaria de receber sempre, porque era como se um fio de energia atravessasse sua pele e fizesse ela arrepiar-se.
Harry estava quase petrificado. Não tinha certeza se algo acontecera. A mão tão macia de Gina fizera com o que o toque fosse mais confortável do ele imaginara, e as reações vieram logo após, para sua própria surpresa. Mas não fora só isso que o afetera tão grandiosamente. A escuridão dera uma cor especial aos seus olhos que ele não pôde deixar de notar. Aquela era uma Gina Weasley totalmente diferente daquela que ele havia visto aos onze, doze anos.
“Eu não devo pensar nisso. Não agora.”
- É melhor tomar cuidado. – falou Gina, quando voltaram a andar pela escuridão – Foi por aqui que---
Com um “splash” abafado, um outro jato de gosma roxa veio na direção deles, atingindo Gina exatamente no local que ela havia limpado.
- Não! – berrou ela, irritada, praguejando – Eu não acredito!
~*~
As palavras à sua frente estavam ficando cada vez mais turvas, porém Hermione não queria entregar-se ao sono. Ela sabia que já deveria estar dormindo, mas sua vontade de terminar de ler o livro era maior.
Hermione estava sentada em frente à lareira, ao chão, com o livro aberto por sobre as pernas. A lareira estava apagada, entretanto ela desejou poder fazer um feitiço para aquecer a sala vazia. Queria também ir para o quarto, contudo seus pés pareciam cansados demais para conseguir subir as escadas. Eles haviam sido esmagados hoje, na Floreios & Borrões, e continuavam bastante doloridos.
- O que você ainda está fazendo aí? – perguntou uma voz às suas costas.
Hermione virou o rosto, vendo Rony se aproximar e sentar-se à sua frente. Ela levantou o livro para ele.
- O que você acha?
- Ah, sim. Tentando dormir... Você pode me emprestar este livro mais tarde? Eu estou tendo dificuldade para pegar no sono.
Hermione encarou-o.
- Isso não foi nada engraçado. Você sabe disso, não sabe?
- E esse livro deve ser bem chato, porque você está bêbada de sono. Você sabe disso, não sabe?
Hermione bufou. Ele tinha que replicar? Ela tentou voltar à sua leitura, e viu Rony levantar-se, entediado.
- Não! – chamou Hermione, puxando a mão dele quando este passara por ela – Fique aqui para me fazer companhia.
Rony enrugou a testa.
- Isso vai ser bastante interessante.
- Ah, por favor. – ela deixou o livro de lado – Sente aí, eu não vou mais ler nada.
Rony relutou em aceitar, mas voltou a sentar-se frente a frente com Hermione. Eles ficaram um instante em silêncio.
- Eu quase ia me esquecendo. – disse Rony, tirando algo do bolso. Era um envelope pardo, e ele estendeu-o a Hermione, parecendo um pouco sério demais – Acho que deve ser... de Krum.
Hermione estranhou, pegando o envelope endereçado a ela, e abrindo a carta. Havia tempos que eles não se comunicavam, e ela realmente não sentia tanta falta.
- A coruja deixou isso por engano na minha janela. – explicou Rony, observando a expressão confusa de Hermione – O que foi? Alguma notícia ruim?
Ela balançou a cabeça, não tirando os olhos do pergaminho. Leu e releu a carta, que dizia o seguinte:
Hermione,
Tudo bem com você? Bem, comigo não. Pode soar estranho, isso o que vou pedir agora, mas eu já não posso mais agüentar. Acho que você é a única pessoa que pode me ajudar a me aproximar de Rony. Sim, Rony.
Você é bastante amiga dele, disso todos sabemos, e penso que você não teria nenhum problema em fazê-lo, teria? Não sei se ele está interessado em alguém, mas eu gostaria de tentar algo.
Eu realmente acho-o um cara legal e bonito, mas não sei como mostrar que estou interessada nele, apenas sendo sutil. Espero realmente que você possa me auxiliar. E eu sei que você vai.
Abraços cordiais,
Parvati Patil
- O que tem aí? – insistiu Rony.
Hermione levantou o rosto, várias coisas passando pela sua cabeça de uma vez. Enquanto seu estômago dava voltas e voltas, deixando-a enjoada, ela encarou Rony, perguntando-se o que diabos estivera passando pela cabeça de Parvati quando esta resolveu escrever a carta, pedindo a Hermione algo tão... tão... inalcançável. Hermione estava controlando a enorme vontade de responder um belo “Não” a Parvati, porque ela simplesmente sabia que Rony merecia alguém melhor que ela. Além do mais, Parvati não parecia ser o tipo de garota que deveria ficar ao lado de Rony, quando este precisasse de apoio ou qualquer coisa do tipo. Esta pessoa, a pessoa certa seria---
Uma resposta formou-se em sua mente, porém Hermione fez questão de tirar isso da cabeça. Ela não estava pensando direito, e também não conseguia encontrar uma razão justificada para sua raiva pela carta de Parvati, quando esta apenas parecia estar sendo sincera.
- Você não vai me responder?
Hermione percebeu que ainda estava olhando Rony, contudo logo baixou os olhos, temendo que ele pudesse entender tudo apenas olhando no fundo de suas orbes. Ela sabia que isso seria quase possível, considerando-se que Rony conhecia-a tanto quanto ela conhecia-o.
- Não é nada. – tentou parecer displicente, entretanto o rosto de Rony mostrou que ele não havia acreditado. – Sério.
Hermione dobrou a carta com cuidado, a despeito da irritação que assomara-a. Ela respirou fundo, pensando em alguma coisa para falar e mudar de assunto.
- Por que você ainda está acordado?
Rony, que olhava-a esperando por uma resposta decente à pergunta anterior, tentou lembrar-se o que realmente fora fazer.
- Nada, eu só ia dar uma volta. Eu estava querendo pensar, mas já ‘tô sem vontade de levantar.
- Você não quer fazer isso agora? – perguntou Hermione, claramente.
- Por acaso eu estou sendo “convidado” a ir embora? – ele perguntou, não parecendo incomodado – Se você quer ficar sozinh---
Hermione interrompeu-o.
- Não, não foi isso que eu quis dizer. Eu falei para nós dois darmos uma volta.
Rony deu de ombros.
- Por mim...
- Eu também preciso... pensar um pouco. – disse Hermione, levantando-se.
Eles saíram da Toca, chegando aos jardins em pouco tempo. Uma leve brisa vinha da floresta ao redor, e Hermione quase agradeceu por poder respirar melhor. Ela podia sentir algumas gotículas escorrerem pelo seu pescoço, e era aliviante sentir o vento secá-las.
- No que você precisava pensar? – perguntou Hermione, olhando Rony enquanto eles andavam a lentos passos.
Rony desviou os olhos, respondendo de forma retórica.
- Nada em especial.
Hermione sabia que ele estava escondendo algo, e em algum lugar em sua mente ela sentiu-se cheia de curiosidade. Eles sentaram-se na grama após algum tempo e Hermione, sem seu livro, teve necessidade de olhar para algo que não fosse Rony. Seu cérebro parecia fazer questão de pôr trechos da carta de Parvati em seus ouvidos. Era extremamente insuportável e, para ouvir outra voz, preferiu comentar:
- O céu está bonito, não?
Realmente estava. Limpo e estrelado, poderia ser perfeito se não fosse uma nuvem que impedia que a lua fosse vista. Algumas estrelas pareciam mais visíveis e brilhantes, enquanto outras estavam foscas e distantes, mas mesmo assim sem perder sua beleza essencial. Hermione sentiu Rony fitar o céu e responder com um simples “Está.”. Ela suspirou, ohando o contorno do rosto de Rony e sentindo-se culpada imediatamente.
Ela estava com ciúmes? Todos esses anos ninguém nunca pedira algo como isso, e Hermione, sentindo-se como irmã de ambos – Harry e Rony – deveria saber quem seria apropriado para quem, não deveria? Então, por que martelava em sua cabeça a hipótese de que ela estava enganando alguém? Não era Parvati. Não era Rony. Não era ninguém mais.
Inopinadamente Hermione sentiu como se houvesse levado uma pancada no peito. Não conseguia respirar direito e percebeu que o ar faltava-lhe em grande quantidade. Ela levou a mão até o braço de Rony, para chamar a sua atenção.
- Hermione? – Rony falou, parecendo levemente alarmado. – O que houve, você está bem?
Ela balançou a cabeça negativamente, tentando voltar a respirar novamente, sem sucesso.
- Hermione, – disse Rony, virando-se para ela completamente – você não acha melhor entrar?
Hermione aquiesceu, levantando-se em seguida, sentindo-se mal e um pouco tonteada. Mas ela não queria entrar com Rony; queria ficar sozinha para pôr as idéias no lugar sobre essa coisa de Parvati querer algo com Rony. Quer dizer, isso não parecia repentino demais? E se fosse somente algum tipo de brincadeirinha cruel entre ela e Lilá?
- Rony, – ela limpou a garganta, enquanto ele erguia-se do gramado – não precisa vir comigo, eu só preciso deitar um pouco.
Ele insistiu.
- Há poucos segundos atrás eu me lembro perfeitamente que você nem conseguia falar.
- Mas agora eu consigo. – disse, a voz falhando minimamente – Sério, não precisa me seguir, eu sei me cuidar.
Porém antes que Rony pudesse responder, ela disparou discretamente em direção à porta.
* “Les Fleurs du Mal” – As Flores do Mal, Charles Baudelaire (Poesia).
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