PERDENDO O POUCO DO CONTROLE



Logo de manhã cedo o médico voltou a visitar Rony e diagnosticou que o ruivo já estava melhor, era só uma queda de pressão. A signora Weasley respirou aliviada diante da noticia. Pra comemorar todos os irmãos Weasley, Harry e Luna tomaram café no quarto do irmão, fazendo assim uma grande algazarra.
Hermione não foi a essa comemoração, mas do seu quarto ouvia cada palavra e ria um pouco sozinha de uma coisa ou outra. Sentiu-se, mais do que nunca, nos tempos de Hogwarts. Começou a se sentir mal, muito mal e caiu no sono novamente pra que não sentisse, seja lá o que tivesse.
Teve um sonho estranho, muito estranho. Sonhou que dormia numa cama de baldaquino enorme com lençóis brancos e nos seus braços uma pequena criatura branquinha. Era um bebê que dormia angelicalmente nos seus braços, ela sorria porem chorava. Uma dor enorme se instalou no seu peito e começou a arfar. Ouvia lá no fundo batidas fortes, mas a ignorava, precisava tirar a dor no peito.
Gina bati na porta pra chamar Hermione pro quarto de Rony, mas ela não atendia e começou a ficar preocupada. Bateu mais forte e mais forte, e nada de Hermione responder.
_Hermione – ela gritou pela mulher e Harry saiu do quarto do irmão.
_Pra que esse grito? – ele se aproximou da irmã – O que houve?
_Ela não responde – a ruiva bateu novamente na porta e revirou o trinco, mas ela estava trancada.
_ Abra – e a porta se abriu bem rápido. Quando eles entraram Hermione estava de pé indo no caminho da porta.
_Porque demorou a abrir a porta? – Gina perguntou aliviada pra cunhada
_Eu não estava me sentindo bem – ela respondeu e sorriu pra disfarçar – Mas já estou ótima.
_Não faça mais isso – Harry murmurou fechando os olhos com um estrema força – Não me faça mais sentir isso.
_Como? – Hermione perguntou confusa
_Nada – Gina falou a olhando – Vista um robe e vamos pra festa no quarto do Rony.
_Já vou – ela se vestiu e foi andando pra fora do quarto. Gina foi à frente e ela logo atrás, mas quando passou ao lado de Harry parou. Ele tinha agarrado ela pelo braço.
_Você esta bem mesmo? – não sabia o que tinha dado nela, mas foi o mais carinhosa possível.
_Estou sim – pousou a mão sobre o rosto dele e acariciou de dele – Não se preocupe!

Ela passou a manhã com eles no quarto, todos de camisola e pijama. A cada hora Tonks e a signora Weasley apareciam com uma comida diferente. Na hora do almoço, Sirius, Remo, Tonks e Molly se juntaram a eles e todos comeram lá.
_Acho que vocês já estão velhinhos demais pra passar o dia de pijama – Molly falou vendo todos sentados no chão com almofadas ao redor – Não vão se trocar?
_Pro jantar talvez – Gina respondeu rindo.
_Por falar em jantar – Rony falou ativo – Já sei que não vou descer vou falar agora mesmo.
_Sobre o que? – Fred perguntou sentando
_Quero que comecem a organizar a minha festa de noivado com Hermione. O quanto antes oficializarmos o noivado, mais rápido será o casamento.

Logo que Rony pediu isso, todos resolveram se arrumar pra cuidar de suas vidas. Harry saiu com Gina e Hermione se trancou no seu quarto, só sairia no jantar. Se ouvisse mais uma vez o nome noivado cairia no choro.
Sua tarde foi cheia de dores de cabeça. Chorou com a dor de cabeça, com a dor do amor por Harry e chorou porque não tinha com quem desabafar. Dormiu assim que a última lágrima caiu.

O jantar foi tão animado quanto o resto do dia. Mas o assunto principal era a festa de noivado, cada um que desse uma idéia diferente. Até mesmo Harry, pra a tristeza dela, dava idéias sobre o casamento. As únicas que não diziam nada com relação ao casamento era ela mesma, Hermione, e Luna.
A festa seria ao estilo italiano antigo. Danças e músicas da terra. Um nó enorme se formava na sua garganta a cada palavra e idéia, e seu olhar nenhuma vez encontrou o de Harry. Pelo visto ele tinha desistido dela. [Eu sabia que era questão de tempo pra isso acontecer].

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Depois do jantar ela foi para o jardim a lua brilhava no céu escuro, revelando o contorno das árvores e iluminando os grandes portões da casa. No ar quente, o barulho dos grilos continuava. Suspirou e andou devagar ate uma arvore. Encostou-se ao seu tronco. Rony estava planejando fazer uma festa de noivado e parecia que Harry não iria intervir a favor dela. [E por que deveria?], pensou irritada. Para ele era tudo a mesma coisa. O cerco estava se fechando cada vez mais sentia ódio de Harry. Não conseguia entende-lo. Num momento era contra o casamento dela com o irmão dele, no outro permitia que ela se afundasse mais e mais naquela farsa. Hermione sentiu a presença de Harry atrás dela pelo cheiro.
_O que quer? – perguntou sem se virar
_Em que você esta pensando?
_O que você acha? – ela respondeu, lançando-lhe um olhar furioso, virou o rosto.
_Rony?
_Você esperava que eu aceitasse tudo com um sorriso?
_Pensei que era o que queria. Casar com ele. Deveria estar feliz. As coisas estão mais fáceis para você.
_Não vou discutir com você. Não é mesmo?
_Muito pouco – ele concordou sorrindo – Finalmente você esta percebendo que não é fácil me fazer de bobo.
_Pare com isso! – estava cheia de bater sempre na mesma tecla. As mãos de Harry seguraram-lhe o pulso com força, a puxando de volta. Eles se olharam em silêncio.
_Esta certo. Digamos que eu acredite em você. Então, porque me afastou? Se não quer meu irmão, porque não faz amor comigo? – Hermione estava zangada demais com ele para responder. Se controlando disse com a voz firme.
_Tente descobrir – e o olhou com superioridade – Não é muito difícil. A não ser que o seu egoísmo seja maior que a sua capacidade de raciocinar.
_Não gostei deste comentário, srta. Granger. Seria melhor que não me insultasse. Acabara se machucando.
_Por quê? – ela perguntou. Não se amedrontava diante das ameaças dele – Não gosta de ouvir verdades?
_Sou um inimigo muito perigoso – a mãe de Harry agarrou o pescoço dela – Não me provoque.
_Você esta me machucando – ela falou apavorada
_Eu poderia acabar gostando de machucar você. Há alguma coisa em você que desperta o animal que existe em mim.
_Já notei isto – ela falou sem pensar.

Hermione olhava para ele em silêncio, sentindo as batidas do coração se acelerar. Harry segurava o pulso dela e sentiu aquela pulsação. Então, olhou para ela.
_Estou tirando você do serio, não estou?
_Sim – ela murmurou indefesa.

Ele a olhou com intensidade, depois a puxou para si. A segurando pela cintura e inclinando a cabeça sobre o rosto dela. Os lábios deles se tocaram e Hermione fechou os olhos, se entregando aquele beijo. Estavam colados um ao outro, esquecidos de tudo. A cabeça dela girava e colocou as mãos no peito dele sentindo as batidas do coração e o calor daquele corpo forte. O beijo se tornava mais intenso, mais urgente, a sensação de prazer dominava os dois com uma rapidez assustadora.
Um barulho de passos no terraço fez com que se separassem. Com os rostos corados olharam para a casa iluminada. Luna estava olhando para eles, o rosto incrédulo, chocada. Hermione se virou para Harry amargurada e, depois, voltou para casa incapaz de enfrentar o olhar de Luna. Foi diretamente para o quarto e atirou-se na cama, respirava com dificuldade. Agora Luna sabia e sem duvidas alguma contaria ao resto da família. A não ser que Harry a persuadisse.
_Ai! – ela urrou furiosa consigo mesmo – Preciso sair dessa confusão o quanto antes.

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Quando desceu para tomar café da manhã, no dia seguinte, não viu Harry. Passou por Luna no hall e não teve coragem de olhar para a moça. Luna não falou coisa alguma, apenas a olhou de relance e continuou andando. Hermione estava tensa, Harry a tinha colocado numa situação difícil. Foi ate a cozinha para ver se encontrava alguém.
_Bom dia! – Tonks estava perto do fogão – Dormiu bem? – Hermione concordou com um sorriso e foi ate a mesa, se sentando numa das cadeiras.
_Ainda esta quente? – apontou para o café. Tonks concordou, ela se serviu. Depois perguntou – Onde estão todos? Saíram?
_Claro. Eles sempre saem de manhã. Por quê? Está se sentindo só? Não se preocupe, tenho livros, pode ler para Rony, se quiser.

Assim Hermione passou a manhã sentada sob o sol quente, lendo para Rony. Ele estava animado, mas inquieto. Queria ir ate a vila ver os amigos. Hermione o fez mudar de idéia, lhe dizendo que ficaria muito cansado. Afinal ele ainda não estava totalmente curado.
Lupin lhe contou que Harry tinha ido ate Palermo para resolver alguns negócios. Parecia que ele tinha escritórios no centro da cidade. Depois do almoço ela teve que fazer uma siesta. A siesta era religiosamente observada na Sicília. Todos foram para a cama quando o sol estava a pino. Hermione estava inquieta demais. Queria descer ate a aldeia, mas não sabia o caminho e não conhecia ninguém lá. Harry voltou às sete horas. Hermione estava na cozinha com Tonks ajudando a preparar o jantar.
_Como foi seu dia? – Harry perguntou enfiando as mãos nos bolsos e olhando para Hermione – O que você fez?
_Nada – ela não sabia se deveria dizer-lhe o que tinha feito de fato. Havia passado a manhã com Rony no jardim, mas na parte da tarde ficara lendo para ele no quarto.
_Eu emprestei a ela alguns livros para que lesse para o Ronald. Tomou conta dele o dia todo – Tonks falou sorrindo.
_Onde? – Harry perguntou num tom estranho.
_Por aí – Hermione respondeu com cuidado.
_No quarto dele – Tonks completou. Ela sentiu um nó na garganta. Concordou com a cabeça o fitando ansiosa.
_Não me espere para o jantar – ele falou para tonks, depois de olhar com dureza para Hermione – Vou sair. Não sei quando volto.

Saiu da cozinha sem dizer mais uma palavra. Hermione ficou imóvel, a escutar os passos dele ecoando no hall. Depois veio a batida da porta da frente seguida pelo barulho do motor do carro se afastando. Lupin, que também estava na cozinha, trocou olhares com Tonks. Hermione mordeu o lábio, olhando para eles com o canto dos olhos. Depois se virou tentando parecer natural.
_Harry esta de mau humor! Será que teve um mau dia?
_Não se preocupe – disse Lupin com gentileza – Ele estará melhor amanhã.
_Deve ter muito trabalho – Hermione continuou – Por isso está mal humorado.
_Vou ver como esta Rony – ela falou saindo da cozinha

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Ele se encostou ao batente da porta e esperou que ela fosse aberta. Sabia que não adiantaria de nada estar ali, mas de alguma forma tinha que tentar esquece - lá. A porta foi aberta e uma mulher espetacular apareceu sorrindo abertamente e malicia quando viu Harry. Olívia Barreta era alta, magra, pele morena, cabelos lisos e muito negros, seus olhos eram de um azul encantador.
_Boa noite Harry – ela se afastou pra que ele entrasse – Demorou a vir me visitar.
_Desculpe – ele sorriu e assim que fechou a porta enlaçou a mulher esguia pela cintura – Eu estou com um problema e esta dando trabalho pra resolver.
_Tenho certeza que logo, logo você vai conseguir dar um jeito nisso. – Olívia acariciou os braços do homem – Nada fica no caminho de Harry Potter.
_Pode ter certeza disso
_Vai passar a noite aqui? – Olívia tirava o paletó dele e a gravata
_Não – ele respondeu fechando os olhos quando sentiu os lábios da mulher no seu pescoço – Não consigo.
_Não consegue? – ela perguntou o olhando no fundo dos olhos verdes
_É – ele confirmou beijando a mulher com ardor – Não consigo.

[Não consigo passar a noite longe dela], ele pensou antes de tirar o vestido vermelho e decotado da italiana.
Harry realmente não passou a noite com ela, porem passou horas. Horas o bastante pra deixá-lo com saudades de Hermione e com um pequeno sentimento de traição.

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Harry só voltou de madrugada. Hermione estava na cama e ouviu os passos dele no corredor. Percebeu que parou um momento diante da porta do quarto dela. Segurou a respiração, depois Harry se afastou e ela ouviu a porta do quarto dele se fechando.
Ela acordada muito tempo. Pareceu ouvir a voz de Rony chamando lá do quarto dele. Acendeu a luz, saiu da cama e pegou o roupão. Saiu no corredor, ouvindo com atenção. Foi ate o quarto dele e entrou:
_Rony? – ela murmurou, procurando ver algum movimento na escuridão – Você esta bem?

O ouviu mexer inquieto na cama. Estava tendo um pesadelo. Ela fechou a porta e arrependeu-se por ter feito tanto barulho. Chegou perto da cama e tocou o rosto do ruivo.
_Psiu! – ela murmurou tentando acalma-lo.

A porta abriu e Hermione gelou. Viu o vulto de Harry e seu coração disparou de medo. Ele acendeu a luz. Logo viu a cena toda: Hermione sentada na cama, olhando para ele horrorizada e Rony deitado perto dela.
_Sai daqui! – murmurou Harry entre dentes com ar enfurecido. Hermione se levantou engolindo em seco. Ele olhou para ela, o corpo rijo, só usava uma calça comprida social, com o cinto aberto parecia que estava se despindo antes de vir.
_Ele estava tendo um pesadelo – Hermione explicou trêmula enquanto ele fechava a porta atrás dela e apagava a luz.
_Cale a boca – falou a pegando pelo braço e a arrastando para o quarto dela. Entrou atrás, depois de fechar a porta.
_Escutei Rony gritando – disse Hermione, vendo a raiva nos olhos dele.
_Eu não escutei.
_Então como soube que eu estava lá?
_Escutei seus passos – estava mais próximo agora e ela começou a tremer, com raiva de si mesma por reagir daquele jeito. Não era da conta dele o que fazia ou deixava de fazer.
_Oh! – ela não conseguiu falar mais nada. Estava prensada contra a parede.
_Sim, oh! – Harry falou com frieza. Pegou o cabelo dela lhe puxando a cabeça com violência – Malditas mentiras! “Eu não o amo! Eu não o amo!” – ele a imitava a fazendo corar – Uma grande mentira!
_Rony estava tendo um pesadelo! – ela insistiu, tentando afastar-se dele, mas Harry a segurava com força pelos cabelos, causando uma dor.
_Pare com isso! Pensa que sou estúpido? Você foi ate lá para fazer uma farrinha!
_Você é nojento! – Hermione estava indignada pelo insulto – Não pensa e outra coisa?
_Não, e nem você. Não se contenta com um só amante. Quer os dois irmãos!
_Seu bastardo! – ela falou com a voz trêmula, se sentindo humilhada, cerrou os punhos.
_A verdade a incomoda? Pensei que fosse mais dura. Tem se insinuado para nós dois desde que voltou de Londres. Pobre Rony, pensa que você é só dele. Mas nós dois podemos tê-la, não é mesmo?

A mão de Hermione bateu com violência no rosto dele. Harry olhou para ela com os olhos ameaçadores. Então a beijou, com fúria, forçando os lábios dela, ate sair sangue. Ela tentou escapar, mas ele era forte demais, insistente demais. Bateu com os punhos fechados, mas de nada adiantou. Estava com ódio por ser tratada assim tão brutalmente. Finalmente, num esforço supremo, conseguiu empurra-lo.
_Faça isso de novo e eu gritarei – ela falou sem tirar os olhos dele.
_Grite!

Hermione viu que ele se aproximava outra vez e gritou de pânico. Harry parou, olhava incrédulo para ela.
O silêncio era desafiador. Então Hermione ouviu um barulho e olhou para Harry. Ele estava lívido e olhava para ela furioso por não poder fazer nada. A porta se abriu e a signora Weasley entrou. Ela olhou para os dois divertida, com os olhos arregalados. Ficou imóvel.
_Maldita! – Harry explodiu, lançando um olhar furioso para Hermione antes de sair do quarto. A signora Weasley olha para Hermione, depois se recuperando perguntou com cuidado:
_Você esta bem? – Molly Weasley a observou em silêncio por um momento depois fechou a porta sem dizer mais nada.

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Hermione não viu Harry nos três dias seguintes. O viu de longe uma vez em casa com Lupin e a olhou com frieza. Logo depois saiu, batendo a porta e foi jantar com uns amigos.
Ela passava o tempo todo ajudando tonks e a signora Weasley. De vez em quando ficava conversando com Rony no jardim. A grama estava começando a ficar amarelada, pois o sol estava cada diz mais quente. No auge do verão, algumas partes da Sicília ficavam quentes como a África.
Uma tarde em que Hermione estava com Rony no jardim, depois da siesta, ela o notou inquieto, como uma criança que quer escapar da aula.
_Estou cheio deste lugar – ele reclamou – Harry está sempre me controlando. Não vejo porque não posso sair. Estou muito melhor agora, você não acha?
_Claro, Rony – ela sorriu.
_Já conversou com Harry sobre a história da família?
_Não – Rony a olhou desconfiado – Mas vou falar, ele anda ocupado.
_Esta certo.
Ele sorria e se aproximou dela. Tinha rosto brilhante sob o sol. Hermione também sorria. Mas, de repetente, ela avistou Luna vindo na direção deles. Ela estava incrivelmente bonita num vestido branco colado ao corpo, era muito sensual.
_Ciao – a moça murmurou, sorrindo para Rony.
_Olá – Rony respondeu, retribuindo o sorriso – Você também está cansada desta monotonia?
_Com você por perto, nunca, Ronald – Luna falou com uma voz profunda e pegou a mão dele – Vamos dar uma volta – ela convidou, o olhando sob os longos cílios.
_Ótimo – Rony falou com delicadeza.

Hermione notou que o rosto dele havia mudado quando a moça chegara. Talvez gostasse mais de Luna do que ele próprio imaginava. Os dois começaram a andar e de repente ele se lembrou de Hermione.
_Desculpe! – falou rindo – Você quer vir também?
_Não – ela disse com gentileza – Vou entrar um pouquinho.

Luna sorriu-lhe agradecida e se afastou com Rony. Hermione suspirou e voltou para casa. Gostaria de saber por que Luna não tinha contado para Rony sobre o beijo que havia presenciado. Talvez tivesse sensibilidade suficiente para entender que no final tudo daria certo.
Quando desceu para o café da manhã, no dia seguinte, teve um choque: Harry estava sentado à mesa da cozinha, lendo um jornal. Olhou para ela com aqueles frios olhos verdes.
_Como vai? – ele perguntou indiferente.
_Estou bem – Hermione respondeu com um sorriso incerto.

Ele continuou a leitura. Ela foi ate o fogão e se serviu de café. Sentou-se a mesa em silêncio, olhando para o chão.
_Tenho o dia livre hoje – Harry falou de repente. Ela olhou surpresa.
_É – foi tudo que Hermione conseguiu dizer.
_Pensei que poderíamos ir ate Palermo – ele falou, erguendo uma sobrancelha. – Bem... Você quer ir ou não?
_Claro – ela começou a dizer. Hesitava – Mas...
_Sim ou não?
_Sim – ele respondeu de uma vez. Ele não a estava convidando para um passeio, estava intimando.
_Sairemos em meia hora – Harry falou, saindo da cozinha. Ao passar por ela ainda fez um comentário – E nada de mau humor.

Hermione ouviu os passos dele se afastando e cerrou os dentes. Harry era de enlouquecer, concluiu, colocando a xícara sobre a mesa. Mas pelo menos parecia que não estava mais com tanto ódio dela.

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Palermo era uma cidade animada. Muitas pessoas andavam pelas ruas e faziam bastante barulho. Ficavam conversando nos mercados e nas lojas, gesticulando muito enquanto contavam as últimas novidades. Eram simpáticos e alegres.
Seguiam Hermione com os olhos enquanto ela andava com Harry. As ruas eram estreitas e cobertas de varais repletos de roupas penduradas. As mulheres sentadas no lado de fora das casas tagarelavam e gesticulavam. Todos olhavam para Hermione com muito interesse e curiosidade. Ela vestia uma saia rodada branca e uma blusinha de ombro azul, os cabelos soltos balançavam ao vento delicado. Harry estava de calça preta e uma camisa de flanela verde, ele usava óculos escuros, ela não.
_Está com sede? – Harry perguntou quando chegaram a uma enorme praça com fontes e estátuas.
_Muita – ela concordou. Percorreu o lugar com os olhos, maravilhada com a beleza de uma grande igreja no fundo da praça. As fontes ficavam na frente da igreja e o som da água enchia o ambiente. Pararam num café e sentaram-se ao ar livre.
_Gosta das estatuas? – perguntou, vendo que ela olhava para as figuras nuas em pedra branca.
_São muito bonitas.
_As pessoas daqui não gostaram quando viram as estatuas. Este lugar é conhecido como a Piazza della Vergona, a Praça da Vergonha! – ele balançou a cabeça com um sorriso – São muitos puritanos, principalmente os mais velhos.

Hermione olhou outra vez para as estatuas. Compreendia que os sicilianos autênticos se chocavam mesmo coma essas coisas.
_Podemos conversar sobre o que houve há alguns dias atrás? – Harry perguntou com o rosto virado pra ela, com os óculos escuros ela não sabia pra onde ele olhava.
_Muita coisa aconteceu nesses dias – ela falou olhando pra água da fonte cair.
_Falo da sua história, Rony nos contou tudo.
_Que bom – ela falou com sinceridade e aliviada – Pelo menos não vou ter que repetir tudo.
_Eu nem pensaria em pedir isso – ele endureceu o queixo – Mas sobre Draco Malfoy?
_Ele é um “amigo” – ela respondeu olhando pra Harry – Nunca passamos disso.
_Teve outros homens na sua vida? – ele perguntou na maior cara de pau.
_Não tive muitos namorados – ela falou. Os olhos brilhando sob a claridade do sol – Para começar, não tenho muito tempo. Acho que o principal motivo é que nunca encontrei alguém por quem me apaixonar de verdade.
_Ninguém especial?
_Ninguém. Uma vez quase fiquei noiva, mas terminei tudo porque sabia que não estava de fato apaixonada.

Houve um momento de silêncio. Ela olhava tranqüila as pessoas passando para lá e para cá. Podia-se ouvir o barulho dos carro, das motocicletas e os gritos das pessoas.
_Amor é uma coisa muito importante para você? – Harry perguntou.
_E não é pra você?
_Claro – ele murmurou, olhando para ela – Mas não é muito fácil lidar com ele, não é mesmo?

Hermione olhou-o com intensidade, tentando ler a expressão do rosto dele. Depois abaixou a cabeça, bebeu o suco e afastou os olhos. Harry a levou para fazer compras no final da manhã. Andaram pela parte velha da cidade, indo ate as lojas para turistas. Procuraram as lembranças típicas que tanto atraíram Hermione. Ela comprou centenas de presentes: para si mesmas e para os poucos amigos que tinha.
Os vendedores trocaram olhares tolerantes com Harry e embrulhavam os presentes com papeis coloridos. Depois sorriam para ela e acenavam.
_O que você vai fazer com todas estas bugigangas? – Harry perguntou enquanto ajudava a carregar os pacotes – É tudo lixo!
_Olhe, de quem é o dinheiro? – ela perguntou, sorrindo, os braços cheios de cerâmicas e bonequinhas – Além do mais, você mora aqui e, portanto não dá valor a estas lembranças.

Foram andando para o lugar onde o carro estava estacionado, uma rua tranqüila perto do La Cala. Hermione olhava tudo. Reparou num parque repleto de flores, suspirou fechando os olhos, a fim de sentir aquele perfume delicioso.
_Que beleza! – Os jardins de Garibaldi. Alguém falou uma vez que Palermo tem o cheiro do quarto de uma lady.
_O quarto de uma lady? E você concorda com isso?
_Como posso saber? – ele respondeu com um sorriso brincalhão – Nunca freqüentei o quarto de uma lady.

Continuaram andando ate o caro, através das ruas movimentadas e barulhentas. O cheiro de comida saía pelas janelas das casas.
_Como você vai levar tudo isto de volta? – Harry perguntou enquanto colocava os pacotes no porta malas – Precisará de uma mala nova.
_Eu pego uma sua! – Hermione respondeu com o rosto iluminado num sorriso esperto.
_Verdade? – ele murmurou suavemente. Colocou uma mão no rosto dela – Reze para que eu não a pegue fazendo isto.
_O que você faria?
_Isto... – ele inclinou a cabeça e tocou os lábios dela. Depois se afastou, olhando-a com intensidade – Hermione... – Harry começou, mas ela se afastou confusa.
_É melhor irmos andando – ela falou sem jeito, corando. A atitude dele a deixara atordoada.
_Vamos pra outro lugar, mas não para casa – ele falou entrando no carro junto com ela.
_Como? – ela perguntou assustada – Vamos pra onde?
_Pro meu apartamento em Palermo – ele acelerou entrando numa rua tranqüila – Tenho que contar o que você tanto que saber.

OBS: Capitulo postado no dia seguinte do outro. Como prometido, esse ta maior uma coisinha, mas ele ainda não ta do meu gosto. Vou tentar caprichar muito no próximo. Vlaeu e Até amigas! ^_^

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