Emoções Sobressaltadas



_ Como assim virão buscar vc amanhã? – berrava tio Valter – que dizer então que aquelas...

_ Cuidado Valter – preveniou-o tia Petúnia.

_ Aquelas... pessoas estranhas virão aqui outra vez? Da ultima vez destruíram a sala e Duda ficou com mais de um metro de língua.

Harry não estava nem um pouco a fim de perder tempo tentando convencer os tios, uma vez que já estava decidido que viriam mesmo busca-lo com ou sem o consentimento deles.

_ Eu não estou lhes pedindo permissão, estou informando caso queiram saber, que amanhã não estarei mais aqui ok? – disse Harry irritado.

_ Vc é muito insolente moleque – resmungou tio Valter.

_ Ta, Ta, fala com o meu dedo, até nunca – disse Harry se virando e subindo as escadas, trombou com Duda no corredor.

_ sai da frente – berrou Duda

_ Sai da frente vc, com essa pança bloqueia todo o corredor parado aí, parecendo uma baleia encalhada – retrucou Harry, mas logo se arrependeu, quando sentiu a cabeça latejar após um cascudo particularmente forte do primo.

Entrou no seu quarto batendo a porta com toda a força o que fez com que o gancho pregado atrás da porta que sustentava seu uniforme pronto para ser colocado na mala, se soltasse espalhando gravata, meia, camisa, capa para todo lado. Harry deu de ombros, estava grato por ser nove da noite. Edwiges agora dormia profundamente (pois não havia acordado com a batida da porta) empoleirada na gaiola.

Harry não conseguiu dormir a noite toda tendo pesadelos com portas que giravam, revivendo os momentos aterrorizantes da luta contra os comensais da morte, o arco onde Sirius desapareceu, Harry não conseguia fechar os olhos sem ver a cara sorridente de Belatriz quando matou Sirius.

Desistiu de tentar adormecer e passou o resto da noite fazendo as gigantescas redações de Snape e McGonagall.

Quando olhou pela janela já havia amanhecido, logo viriam busca-lo. Mas quem viria? Provavelmente Moody e Tonks iriam se oferecer. E Harry também não sabia a que horas viriam. Nesse momento ouviu dois craques no andar de baixo. Provavelmente alguém havia aparatado.

Harry saiu correndo do quarto, e viu que tia Valter já havia se precipitado para baixo com Petúnia em seus calcanhares. E quando Harry chegou ao hall, tio Valter já estava ameaçando chamar a polícia.

_ Se vcs não saírem da minha casa em dois segundos, eu chamarei a polícia – berrava Valter enquanto tia Petúnia crispava os lábios e comprimia a vista.

Harry conseguiu reconhecer Quim Shacklebolt e o Sr. Weasley, o pai de Rony.

_ Olá Harry – disse Quim ignorando os avisos de tio Valter, enquanto o Sr. Weasley tentava interagir com ele pedindo detalhes de como os trouxas acionavam as autoridades.

Harry foi até ele e o cumprimentou com um aperto de mão.

_ Pronto para ir? – perguntou Quim

_ Para onde? – perguntou Harry sem emoção.

_ Bem, desta vez vc vai para a casa do Arthur, eu vou acompanha-los até metade do caminho, mas terei de voltar logo para o ministério.

_ E como vamos? – perguntou Harry

_ Noitibus Andante – respondeu Quim – mas vamos logo – continuou olhando para tio Valter e tia Petúnia que recuavam a medida que Arthur se aproximava para conversar com eles.

Harry subiu ao quarto, colocou os livros de feitiço na mala junto com o uniforme, pegou sua Firebolt e a gaiola de Edwiges e desceu as escadas.

_ Estou pronto – disse Harry – vamos?

_ Claro – respondeu o Sr. Weasley – Quim já foi chamar o Noitibus.

_ Então até mais – disse o Sr. Weasley se dirigindo à tio Valter e tia Petúnia, Harry não vira nem sinal de Duda, supôs que o primo deveria estar escondido em alguma parte da casa.

_ Até mais – disse Harry aos tios que o olharam como se quisessem fulmina-lo.

Harry não se importou e saiu atrás do Sr. Weasley. Encontrou o noitibus parado a sua espera. Satanislau Shunpike, mais conhecido como Lalau, um rapaz com cara espinhenta desceu para apanhar sua bagagem.

_ Olá Nevi... quer dizer Arry! – cumprimentou ele.

_ Olá – respondeu Harry acomodando-se em um dos confortáveis bancos púrpura.

_ Manda a ver Ernesto – disse Lalau e no momento seguinte o Noitibus corria pelas ruas movimentadas a toda velocidade desviando de carros, pessoas e animais transeuntes, fazendo Harry lutar contra a força da inércia para não ir parar lá na frente ou pior, fora do ônibus.

_ Pra onde senhores? – perguntou Lalau

_ St Ottery – respondeu o Sr. Weasley

_ Eu ficarei no Ministério – disse Quim

_ Certo – disse Lalau e foi até a cabine do condutor para informar Ernesto.

Cinco minutos depois, Quim se preparava para desembarcar, despediu-se de Harry e do Sr. Weasley e desceu.

_ Como vai Harry? – perguntou o Sr. Weasley

_ Ahn?! – disse Harry surpreso, estava distraído com uma bruxa de aparência bizarra que tinha um pé horrendo saindo do topo de sua cabeça – estou ótimo – respondeu ele embora soubesse que estava parcialmente mentindo pois andava muito desanimado desde o final do ano letivo.

Os dois permaneceram em silêncio. O noitibus freou e Harry após se ajeitar no banco por causa da freada, reconheceu a agitada rua de Londres onde se localizava o Hospital para Doenças e Acidentes Mágicos St. Mungus, a bruxa com o pé na cabeça desembarcou devagar. E o Noitibus tornou a acelerar.

_ Espero que se anime Harry, Dumbledore também quer isso por isso deu permissão para busca-lo cedo – disse o Sr. Weasley

Harry não estava nem um pouco a fim de conversar, mas resolveu perguntar:

_ Sr. Weasley... onde está Voldemort, o que estão fazendo para detê-lo agora que todos sabem que ele realmente retornou.

_ Bem Harry – começou o sr. Weasley após estremecer ao ouvir o nome – pelo que eu sei o ministério colocou os aurores na busca, mas ultimamente não temos recebido notícias de morte ou qualquer acontecimento que parece ter sido obra dele. E sua cicatriz?

_ Normal – respondeu Harry, sentindo-se um pouco irritado com a pergunta, detestava o fato de que todos considerassem sua cicatriz um alarme anti-Voldemort.

Os dois passaram o resto da viagem sem dizer uma só palavra. O Nôitibus freou bruscamente e mais uma vez Harry se segurou para não bater com a cara no vidro.

_ Bem, chegamos Harry – disse o Sr. Weasley se levantando.

Harry se levantou e seguiu-o, o Sr. Weasley pagou alguns sicles a Lalau.

_ Tudo bem Harry, já acertei o seu também – disse ele quando Harry tirou do bolso algumas moedas de prata. Os dois desceram do nôitibus.

_ Até mais Arry!! – despediu-se Lalau segundos antes do noitibus desaparecer.
Harry estendeu as moedas que segurava ao Sr. Weasley.

_ Pegue por favor – disse Harry.

_ Não Harry, realmente não precisa – disse o Sr. Weasley.

_ Vamos logo – disse Harry empurrando os sicles na mão do Sr. Weasley, propositalmente ele havia acrescentado mais uns quatro ou cinco sicles, e saiu andando antes que o Sr. Weasley tivesse tempo de recusa-los.

_ E agora, temos que andar um pouco – alertou o Sr. Weasley – deixe-me ajuda-lo – e pegou o malão de Harry.

Ele tomou a dianteteira e Harry foi logo atrás dele carregando a gaiola de Edwiges e sua Firebolt.

Os dois andaram por cinco minutos até avistarem A toca, a casa dos Weasley. Harry sentiu seu animo crescer, pelo menos poderia estar com seus amigos agora, era definitivamente melhor que a casa dos Durslay.

_ Eles estão chegando – alertou Rony

_ Ah! Finalmente – disse a Sr. Weasley aliviada – já estava começando a me preocupar.

Gina sentiu o coração bater mais acelerado, ficou muito feliz em ver Harry caminhar ao longe se aproximando cada vez mais. Gostava tanto dele, sentiu de novo a vontade refreada de correr até ele.

_ Ah! Bom dia! – disse o Sr. Weasley

_ Olá! – disse Harry sorrindo.

_ E aí cara?! – disse Rony apertando a mão do amigo.

_ Olá Harry querido – disse a Sra. Weasley puxando-o para um abraço – Como tem passado? Está se sentindo bem? Está meio pálido, tem comido direito?

_ Estou bem - disse Harry sorrindo

_ Oi Harry! – cumprimentou-o Hermione – como foi de férias?

_ Preciso responder – disse Harry irônico – Oi Gina!

_ Oi Harry!! – respondeu Gina esforçando-se para não gaguejar, não iria dar essa mancada, prometera a si mesma no ano anterior que mudaria sua maneira de se comportar com Harry.

_ Venha Harry, vamos tomar café da manhã – convidou-o a Sra. Weasley – creio que não tenha tomado na casa dos seus tios.

A Sra. Weasley pôra em prática seu velho hábito de adivinhar os sentimentos de Harry ou então ouvira os roncos do seu estômago, não havia jantado no dia anterior e muito menos fizera o desjejum pela manhã.

Ele se acomodou em uma das cadeiras e a Sra. Weasley o serviu com uma avantajada fatia de pão com pasta de amendoim.

_ Bem, só vim deixar o Harry, preciso voltar para o ministério – anunciou o sr. Weasley – Até mais tarde família.

_ Cuidado Arthur – disse a Sr. Weasley quando o marido lhe deu um beijo de despedida.

_ Sabe... – começou a Sra. Weasley assim que Harry acabou de comer – não me lembro de ter visto os arbustos lá de fora podados, mas me lembro muito bem de ter pedido a alguém para fazer isso – concluiu sarcasticamente.

_ Ahn – disse Rony tentando arranjar rapidamente uma desculpa de que havia algo para fazer.

_ Na verdade Sra. Weasley – começou Hermione muito convincente – eu e o Rony precisamos urgente elaborar um projeto de monitores, sobre... como realizar uma boa recepção aos alunos ingressantes, é um projeto complexo, precisamos começar imediatamente.

Rony que parecia não estar entendendo nada olhava abobado para a amiga como se pedisse uma explicação.

_ Que projeto que... Ai – começou Rony e parou após receber um beliscão doloroso de Hermione.

_ Mas a Gina pode fazer isso – disse Hermione puxando Rony pelo braço – e o Harry pode ajuda-la se quizer.

Hermione lançou uma piscadela à Gina e desapareceu ao subir a escada enquanto Rony trocava um olhar intrigado com Harry.

_ Bem, então vamos lá para acabar logo – disse Gina puxando a maçaneta da porta da frente e saindo, Harry a seguiu.

_ E onde é que estão essas plantas? – perguntou Harry centrando a atenção em uma televisão antiga pendendo em um galho de uma árvore.

_ Lá perto do lago, só que são muito temperamentais – disse Gina cruzando uma cerca – Estão logo ali olha! – disse apontando para umas plantas esquisitas e avermelhadas que ricocheteavam e se agitavam querendo golpear alguma coisa, lembravam muito o salgueiro lutador.

_ Como é que se poda isso sem magia? – perguntou Harry

_ Não é totalmente sem magia – respondeu Gina – Essas tesouras de jardim que o papai enfeitiçou são muito boas para isso, até mamãe concorda – disse ela tirando duas tesouras de mais ou menos trinta centímetros de um velho baú. As tesouras se moviam executando o corte sem a garota induzi-las a isso.

_ Toma aqui – disse Gina empurrando uma das tesouras a Harry.

Harry as recebeu e esforçou-se para conseguir ergue-la.

_ Agora é só chegar perto dos arbustos – informou Gina – Ah! Mas assim não vai dar.

A garota largou a tesoura no chão e jogou os cabelos ruivos para trás e os amarrou. Harry sentiu-se atraído por aquele gesto da garota, percebeu como Gina estava mais velha e mais bonita.

_ Harry? – chamou-o Gina – o que foi?

_ Nada, vamos começar – disse ele sorrindo para a garota.

Eles aproximaram as tesouras dos arbustos e tiveram que se segurar para não desequilibrar, pois os arbustos lutavam muito para não serem podados, não estavam muito felizes. Demorava muito pra finalizar a tarefa com essa resistência.

_ Isso vai levar horas – disse Harry quando uma espora quase o acertou.

_ Talvez a gente devesse, ah!! – Gina foi lançada ao chão ao ser atingida no rosto por um galho lançado pelo arbusto rabugento. Harry largou a tesoura imediatamente e foi até ela.

_ Ta tudo bem Gina? – perguntou ele preocupado, a garota tinha um corte fundo no rosto.

_ Ai, ta... – começou Gina, mas parou, o garoto estava muito perto, próximo o suficiente para ela poder olhar dentro de seus penetrantes olhos verdes. Sentiu o coração bater mais forte, a respiração acelerada. O mesmo acontecia com Harry, sentia algo estranho demais, aquela não era mais uma garotinha.

Harry aproximou seu rosto do de Gina, a garota engoliu seco quando percebeu o que Harry pretendia, mas não ia resistir, afinal era o que ela queria também. Mas ouviram um barulho de alguém se aproximar e logo se afastaram. Dois segundos e a Sra. Weasley apareceu entre as árvores.

_ Ainda não terminaram? – disse ela cansada.

Ambos estavam muito vermelhos.

_ Gina, o que houve no seu rosto? Ah! Minha nossa, deixa que eu cuido destes arbustos, vá lá dentro e peça para o Gui cuidar desse ferimento.

_ O Gui está em casa? – perguntou Gina animada

_ Sim, chegou a dez minutos – respondeu a Sra. Weasley colocando as tesouras de lado.

Gina levantou-se com a ajuda de Harry e ambos se dirigiram de volta à toca enquanto a Sra. Weasley sacava a varinha e podava as plantas com uma facilidade irritante.

Os dois não trocaram palavra alguma, ambos estavam pensando na mesma coisa. “O que tinha sido aquilo?” eles quase se beijaram há apenas cinco minutos atrás. Gina sentiu que seu rosto ainda queimava e Harry também sentiu a mesma coisa. Então os dois começaram a falar ao mesmo tempo:

_ Olha, eu não... – disseram em uníssono

_ Pode falar – disse Harry

_ Não, fala vc... – retrucou Gina

_ Eu... ah! Desculpe! – disse Harry

_ Não eu que devo me desculpar eu... ah! Esquece, vamos esquecer isso ta bem? – disse Gina que no fundo no fundo sabia que não conseguiria realmente esquecer tão cedo.

_ ta – concordou Harry mais confuso do que nunca.

Os dois atravessaram a porta que conduzia à cozinha da toca. E encontraram Gui conversando absorto com Hermione. Rony não estava a vista.

_ Então, eu não me saí tão bem no NIEM de Poções, mas também, com um professor como o Snape, quem se sairia? – dizia Gui indignado.

_ GUI!! – exclamou Gina e correu para abraçar o irmão.

_ Olá Gina! – respondeu ele abraçando Gina – Como vai Harry? – disse estendendo a mão a Harry.

_ Bem, obrigado – respondeu Harry apertando a mão de Gui.

_ Hermione, vem comigo um instantinho – sussurrou Gina à Hermione.

_ Sim, eu preciso mesmo te mostrar uma coisa – respondeu Hermione se levantando depressa.

_ Harry, o Rony está logo ali na sala, está tendo um pequeno trabalho com a tarefa de Poções, poderia ajuda-lo? Eu já desisti – disse Hermione

_ Ok – respondeu Harry se dirigindo à sala em companhia de Gui.

As duas subiram as escadas rapidamente, e entraram no quarto de Gina. O quarto tinha vários enfeites e balões de aniversário, faixas e banners de diversas cores.

_ Uau! – exclamou Gina

_ Que tal? – disse Hermione empolgada – essa é a decoração!

_ Ótima! – elogiou Gina – mas quero ver como vamos montar isso sem ele descobrir

_ Sua mãe fará isso, ela me garantiu que será rápido com magia – disse Hermione – Harry terá uma grande surpresa. Olha só isso aqui!

Hermione se dirigiu a um enorme banner vermelho e dourado e pressionou-o, e de repente uma enorme boca antes invisível se abriu e começou a cantar “parabéns a você” com uma voz grave e melodiosa, e quando terminou começou a desejar votos de felicidade.
Mas Gina não prestara muita atenção ainda pensava na cena do jardim.

_ Eu contei ao Rony nossa idéia e enquanto vcs estavam lá fora, nós fizemos isso, Gui chegou e foi nos ajudar, ele que enfeitiçou o banner. Gina? Está me ouvindo?

_ Hein? Ah! Desculpa Mione, não ouvi.

_ O que aconteceu lá fora? – adivinhou Hermione

_ Vc nem imagina – disse Gina sorrindo. E contou à Hermione o que ocorrera.

Hermione não conseguia dizer nada, estava estarrecida com o que Gina lhe contara.
_ Por favor, não comente nada com o Harry sobre isso, eu morreria de vergonha e ainda mais se o Rony souber...

_ Não vou dizer nada Gina – acalmou-a Hermione – e não se preocupe que acho difícil o Harry contar ao Rony, ele pode ser o melhor amigo dele, mas ainda assim é da irmão dele que está falando. Mas... isso é um bom sinal Gina, pode ser o começo de algo mais forte.

_ Eu disse para esquecermos o que houve – penalizou-se Gina

_ O que? Por que fez isso? – reclamou Hermione

_ Porque não seria justo com o Dino oras, se esqueceu que estou comprometida com ele? – disse Gina infeliz.

_ Ah! – disse Hermione num que de “ È tinha esquecido desse estorvo!”

_ Bem... então vamos continuar com esses preparativos, me passa aquele papel cartão ali – disse Hermione animada – o aniversário dele é amanhã, e temos que preparar tudo, para pegá-lo de surpresa no almoço.

As duas passaram o resto do dia trancadas no quarto, enquanto Harry e Rony penavam para terminar a redação de 50 centímetros de pergaminho sobre poções de felicidade.





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