Beco Diagonal



Havia alguns dias que Bellatrix estava hospedada com os Malfoy. Narcisa rapidamente lhe comprara uma varinha, e ela passava algumas horas por dia executando todos os feitiços dos quais conseguia se lembrar, e algumas outras horas diárias lendo sobre outros feitiços, tanto quanto um trouxa que sempre sonhara com magia e de repente recebera uma carta de Hogwarts.Em poucos dias ela ganhara de volta dois quilos e parte de sua força.
Lúcio, em todos os jantares a deixava a par de absolutamente tudo que estava acontecendo. Bella logo, já sabia da Ordem da Fênix, e dos novos planos do Lorde das Trevas. Sabia também da situação crítica do ministério, que não podia voltar atrás e dizer que Dumbledore estivera certo o tempo todo, então tentava de todos os jeitos manter sua mentira.
Bellatrix e Narcisa nunca haviam sido grandes amigas, mas sempre se deram relativamente bem. Narcisa ensinava a Bella algumas poções e receitas, enquanto Bella ensinava a Narcisa oclumência.

Bella acordou e, como havia se tornado um hábito, suspirou de alívio. Não era um sonho. Ela realmente havia escapado de azcaban. Com calma, espreguiçou-se, se sentou na cama e esperou seus olhos se acostumarem com a claridade da manhã. Ela vestiu um vestido negro que havia ganhado de Narcisa, e sentou-se na penteadeira. Penteou os cabelos, que estavam aos poucos voltando a brilhar, e olhou-se no espelho. Cada dia gostava mais do que via. A cada dia seus cabelos ficavam mais vivos e sedosos, a cada dia seus lábios ficavam menos secos, a cada dia sua pele ficava mais macia, e a cada dia seus olhos perdiam ainda mais a vermelhidão e a olheiras. Basicamente, cada dia que passava ela se parecia menos com a Bellatrix que passara doze anos em azcaban, e ficava mais parecida com uma Bellatrix linda e forte. Sua mente continuava doentia e má, mas ela não ligava para isso.
Calçou os sapatos e desceu as escadas. Como costume na residência dos Malfoy, a mesa do café da manhã estava posta, com todas as comidas maravilhosas que se comem pela manhã, somente esperando as pessoas descerem para desfrutar da refeição mais importante do dia. Bella sentou-se à mesa, onde Narcisa já bebericava chá em uma xícara:
-Bom dia - Disse muitíssimo bem humorada. Narcisa, que também havia acordado de bom humor naquele dia sorriu e cumprimentou a prima:
-Bom dia - ela bebericou mais uns goles de seu chá, e, enquanto Bellatrix servia-se de bolinhos, continuou. - Eu andei pensando... Talvez devêssemos dar uma volta hoje. Acredito que não faz muito bem para sua saúde passar o dia inteiro mofando trancada dentro de casa. - Claro que não era bem verdade, já que a residência dos Malfoy era enorme, e possuía inúmeros jardins, portanto Bellatrix só ficaria "mofando trancada dentro de casa" se se trancasse em algum armário de vassouras do porão. - Quem sabe podemos dar uma volta pelo Beco Diagonal. Alguns feitiçozinhos e ninguém a reconhecerá. Saímos pela manhã, vamos de pó de flu, e voltamos pela tarde. Entende, só para variar seu dia-a-dia um pouco.
Bellatrix pensou um pouco, comeu outro bolinho, e por fim respondeu:
-Seria ótimo, mas existe um pequeno problema. Lembro-me bem que Lúcio falou que o ministério está controlando a rede de flu... Não me veriam, então?
-Bellatrix, querida, assim me ofende! Até parece que Lúcio deixaria o ministério invadir sua privacidade! Lembre-se sempre de ele é muito querido por lá, devido a suas inúmeras ajudas, hm... financeiras. Nossa lareira não é monitorada!
-Oh! Desculpe-me então! Seria ótimo dar uma volta!
-Então, quando terminar de comer, podemos ir!

Quinze minutos depois, Bellatrix e Narcisa estavam na frente de uma das lareiras da casa, prontas para sair. Narcisa havia executado alguns feitiços em Bellatrix, que agora estava ruiva, com um nariz arrebitado, e um queixo generoso. Narcisa ofereceu a Bella um punhado de pó de flu, e deixou a prima ir na frente.
- Beco Diagonal! - Disse Bellatrix claramente, ansiosa para ir. Ela sentiu a alegria de usufruir novamente dessa facilidade mágica ao sentir a leve vertigem de viajar pelo pó de flu.
A vertigem parou. Ela estava dentro de uma lareira de algum pub do Beco Diagonal. Alguns segundos depois, Narcisa chegou pela lareira também:
-Lembra do Três Vassouras?
Só então Bella reconheceu o bar. Como pudera esquecer? Desde os quadros nas paredes até as toalhas sobre as mesas, nada mudara. Ela preferiu não responder à pergunta da prima.
-Vamos dar uma volta pelas lojas, e comprar umas roupas novas para você – sugeriu Narcisa.
Bellatrix também não respondeu a esta pergunta, preferindo somente sorrir para Narcisa.

Elas passaram a manhã passando de loja em loja, comprando roupas, acessórios e artefatos mágicos para Bellatrix e para Narcisa também. Passaram duas horas em uma loja de roupas. Bellatrix, mesmo nunca tendo gostado muito de fazer compras e deste tipo de coisa, se divertiu bastante. Ela provava roupas lindas e roupas feias também. Provava sapatos, cintos e colares. Comprou vestes de bruxo, vestes de trouxa, e muitos acessórios. Narcisa, pelo contrário, sempre gostara de fazer compras, então comprou bastante também.
Depois do almoço elas passaram algum tempo tomando sundaes de nozes com calda quente de chocolate que nunca endurecia, e fazendo confidências de amigas. Belatrix contou a Narcisa como fora divertido torturar os Longbottom até ambos chegarem à loucura, e contou à prima também como fora passar anos e anos em Azcaban.
-Realmente, não deve ser muito divertido.
-Acredite, Narcisa, Azcaban é a pior coisa do mundo. Às vezes, quando você está lá dentro, a única coisa que você quer é morrer. Você sente como se nunca mais fosse se sentir feliz novamente. E os dementadores! São horríveis! Sugam todos os sentimentos e as lembranças felizes da sua alma. Mas, não sei o porquê, às vezes eu conseguia passar horas sonhando com o Lorde das Trevas! Acho que conseguia porque eu o amo demais! – belatrix sussurrou para a prima as últimas duas frases.
-Você o ama? Jamais achei que alguém pudesse amá-lo! Às vezes parece que Lúcio morre de pavor dele!
-Sim! Eu sou a única que o entende! Eu sou o amor da vida dele! Eu o amo, narcisa! – Gritou. – Mas chega de falar de mim! Fale sobre a sua vida agora!
Narcisa comeu outra colherada de seu sorvete antes de falar. Olhou Bellatrix nos olhos, e disse:
-Querida prima, eu estou com medo.
Bella olhou espantada a prima. Ela jamais esperava uma afirmação dessas vindo dela.
-O que tem acontecido?
-às vezes eu acho que Draco pensa seriamente em se juntar a você-sabe-quem.
-Ótimo! – respondeu a prima, não entendendo direito a preocupação de Narcisa.
-Você não entende! Ele é o meu único filho! Eu não quero perdê-lo para a morte ou para Azcaban, Bellatrix!
Bella parou de comer seu sorvete. Pensou por algum tempo. Então olhou Narcisa nos olhos e opinou:
-Se ser um comensal da morte é o que ele quer, se ele realmente deseja ajudar o Lorde das Trevas, se ele acredita na causa dele, acho que você deve entender Draco. Mas se ele simplesmente está querendo seguir os passos do pai, ou se exibir para seus amiguinhos, deve lhe advertir. Mas saiba que de qualquer jeito, eu a entendo. Eu também jamais gostaria de perder alguém que amo.
Narcisa fez um gesto de “eu entendo” com a cabeça, e pagou os sorvetes.
As duas fizeram a caminhada de volta para o Três Vassouras em silêncio.
Narcisa pensava no que Bellatrix dissera, sobre ela amar aquele-que-não-deve-ser-nomeado, e Bellatrix pensava no que Narcisa dissera, sobre ter medo de perder Draco para o Lorde das Trevas. Nenhuma das duas comentou a conversa durante a volta para casa.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.