Estranhos no ninho
Capítulo VIII – Estranhos no ninho (ou seria covil?).
Bella desviou os olhos de Voldemort, mas, sem que ninguém esperasse, ele esticou-lhe a mão e perguntou:
-Gostaria de dançar comigo, minha pequena?
Pelo tom amável até parecia que era um pedido e que pudesse ser recusado. Mas Bellatrix sabia muito bem que não, então esticou a mão aceitando ser encaminhada para o meio da pista, sem reclamações ou caras feias.
Sirius não gostou nadinha daquilo. Pelo pouco que sabia, o tal Voldemort não era dado a dancinha de salões. Nas poucas vezes que aparecia em festas pomposas como aquela ele dificilmente dançava, com pouquíssimas escolhidas também. Foi por isso que chamou a primeira garota sozinha que viu pela frente para dançar também e tentar se manter o mais perto deles possível.
Enquanto isso Bella, que nunca havia sido convidada por Voldemort para uma valsa antes, estava meio sem saber como agir durante a musica, acabou deixando que ele a guiasse em silencio. Até que finalmente o homem puxou assunto.
-Você não é muito apegada a família, creio eu?
Ela a olhou curiosa.
-Porque pensa assim, Milorde?
-Você me parece uma pessoa forte. E ser apegada as coisas é para os fracos... Não concorda?
Ela fez que sim.
Mais algum tempo em silencio.
-Suponho que seja por isso então.
-Suponho que seja por isso “o que”, Milorde? – ele havia a deixado confusa.
-Que nos mentiu quando perguntamos sobre seu primo... Você sabe dele. – afirmou ele, fazendo com que Bella sentisse um frio cortar-lhe a espinha – Mas imagino que ele lhe seja tão insignificante que os encontros que tiveram e nada para vocês seja a mesma coisa. – ela entendeu rapidamente que o Lorde estava sendo cínico, polido, mas cínico – Mas resolvi te tirar para dançar por que queria deixar claro o quanto informações sobre ele seriam importantes para mim, minha cara. Seu primo...
-Ele não é mais meu primo. – cortou ela, arrancando um olhar surpreso de Voldemort, não era comum que lhe enfrentassem daquele jeito – Foi expulso da família, como já disse.
Ele sorriu.
Enquanto isso Sirius tentava se aproximar dos dois para escutar algo, mas a menina com a qual dançava não parava de falar, estava difícil escutar alguma coisa.
-Claro, claro. Mas como ia dizendo, esse Sirius Black é um dos subordinados de Dumbledore e está se tornando uma pedra no meu sapato. Gostaria de poder contar com a sua ajuda caso precise... ahã... Pô-lo no seu lugar... – Voldemort disse aquelas palavras calmamente, como se estivesse dizendo que iria tomar um café na esquina, ou coisa parecida.
Mas Bellatrix não era idiota de se negar a ajudar alguém como ele.
-Claro Milorde, pode contar comigo.
Sirius não chegou a ouvir muita coisa, apenas a última frase, até por que seu par cismou que deveriam travar uma conversa enquanto dançavam, seria cortes disse a menina a certa altura.
Ele a encarou por um segundo, a jovem não deveria ter muito mais que quinze anos.
-Me perdoe, não sou dado a diálogos. – respondeu friamente.
-Ela fez cara feia, e acabou por larga-lo (ou melhor, largar o Lestrange) no meio da pista. O baile parou, afinal, não era todo dia que um filho de uma família nobre era abandonado no meio da pista de dança do baile mais tradicional da comunidade bruxa.
Sirius até chegaria a rir da atitude infantil da garota se não estivesse chamando mais atenção do que gostaria.
-Mas felizmente, ou infelizmente, foi socorrido...
Ninguém menos que Lílian Evans. A ruiva se adiantou, como se nada estivesse acontecendo e se dispôs a dançar com ele. Para o resto da festa ela estava sendo cortes com alguém que havia sido abandonado no meio da pista.
Ele ficou a encarando, meio sem reação... “Por que diabos Lílian estava sendo cortes justamente com Lestrange?” Se perguntava, olhando incrédulo para a mão estendida, então a encarou sério, pensando se deveria ou não recusar o apoio, mas os olhos verdes de Lílian estavam firmes, ela sabia o que bem estava fazendo.
Com certa apreensão aceitou a mão estendida dela e os dois se puseram a dançar.
Alguns acharam bastante estranho que o jovem Lestrange aceitasse esse tipo de gentileza, vinda logo de uma sangue ruim. Mas aos poucos o resto do baile voltou ao normal, como se aquela cena não estivesse acontecendo.
-Você dança muito bem, senhor Lestrange. – disse a ruiva a certa altura. Ele a encarou novamente e Lílian completou – Tão bem quanto um amigo meu.
Ele tentou não sorrir demais.
-Como se tocou? Estou tão ruim assim?
-Já vi esse cara dançando em uma outra festa que fui com o Tiago... Ele dança muito mal. – ela sorriu e engoliu o sorriso rapidamente, olhando a sua volta discretamente na espera que ninguém houvesse percebido – Estávamos te esperando.
-É, não foi muito fácil aparecer. Mas já descobri algumas coisas...
-Imaginei. Vimos quando Voldemort chegou também. Mas o que descobriu?
-Voldemort está atrás de informações sobre o Tiago...
Ela estranhou.
-Por que?
-Não sei, Lílian, não sei... Mas não gostei nada e...
-Com licença, senhor Lestrange. Será que podíamos trocar os pares?
Sirius virou o rosto lentamente, sem conseguir acreditar que a voz que ouvira fosse realmente de quem era. Apertou mais forte mão que segurava a de Lílian quando encarou os olhos de ninguém menos que Voldemort. Ele ainda trazia Bellatrix como par.
-Sei que não vai se opor a dançar com essa bela jovem. – disse o homem mais uma vez, insistindo na troca. Sirius não queria deixar, e pela forma como Lílian segurava sua mão, ela também estava apreensiva com aquilo – Tenho certeza que será uma companhia mais agradável que a sua.
Lílian bufou irritada, além de ser um maníaco assassino, louco e estar se metendo na sua dança ainda tinha a cara de pau de vir-lhe insultar. Quem ele pensava que era afinal?
-Claro que ele não se importará. – disse largando a mão de Sirius num impulso – Na verdade o senhor Lestrange estava detestando ter que dançar comigo... Imagino que o senhor também não vá gostar nem um pouco, aliais.
-Ah coisas mais importantes que os nossos afetos. – disse o homem em tom de falsa amabilidade, puxando-a sem muito cuidado para junto dele.
Sirius assistiu tudo apreensivo, mas acabou deixando a amiga se afastar depois de um aceno dela. Se pois a dançar com a prima ainda preocupado com a ruiva. “A onde diabos estava Tiago para tira-la dali?” pensou.
-Isso não vai dar certo, Narcisa.
-Cala a boca, Dro. Isso vai dar certo sim e pronto.
-Ele não vira... Simplesmente não vira.
-Vamos ver se ele vem ou não vem. Entregou o bilhete? – a outra fez que sim – então ele virá.
As duas andavam sorrateiramente pelo jardim da mansão enquanto discutiam em voz baixa.
-Eu duvido. A Evans veio com ele, lembra?
-Eu não já mandei você calar essa boca enorme?
-Caramba, Cisa, é tão difícil entender que aqui não é hora nem lugar para se encontrarem? Que é perigoso.
-Pode até ser, mas preciso falar com ele... Não nos falamos desde o dia do cemitério e eu tenho muita coisa para falar com ele.
-Muita coisa, loira? – Tiago apareceu sorridente detrás de uma das árvores que enfeitavam o lugar.
Narcisa levou as mãos à cintura.
-Ora, ora, conseguiu se livrar da cenoura?
-Ela está dançando. – disse, sem se importar com a ofensa, era bem melhor que “sangue ruim” afinal – O que houve? Por que precisa tanto falar comigo? Sua irmã tem razão quando diz que aqui não é o lugar apropriado para nos vermos, loira, é perigoso.
-Eles querem você. – disse com urgência.
Ele apontou para o próprio peito.
-Eu? Euzinho? – sorriu cinicamente.
-É seu idiota! O Lorde quer você! E eles estão pensando em te pegar aqui mesmo. Acabei de deixar Lucio e seus amigos tramando uma forma de te tirar do salão discretamente e...
Tiago deu lhe um olhar preocupado e Andrômeda não pode deixar de notar como a expressão o fizera parecer mais velho e maduro de repente.
-Me tirar do salão discretamente? – ele olhou em volta, depois disse firmemente – Vão embora...
-Mas Tiago...
-Vá embora, loira! – ralhou fazendo sinal para que elas sumissem entre as árvores – Eles não vão precisar me tirar do salão discretamente! Você já conseguiu me tirar de lá, lembra? – Narcisa levou a mão à boca enquanto a irmã batia com a mão na testa... Como pudera ser tão idiota – Devem estar vindo atrás de mim... Agora vai embora! Anda!
Andrômeda não chegou a ouvir isso, prestava atenção num ruído que estava se aproximando e, percebendo que se tratava de passos, puxou a irmã fortemente para que se jogasse no chão para se esconderem entre as flores e a penumbra.
-Ora, ora, ora, Potter. Você por aqui? Que surpresa agradável, apanhador.
-Malfoy... – ele abriu um sorriso cínico, enquanto fingia não se importar com os outros dois que acompanhavam o loiro – Pena que não posso dizer o mesmo. Não costumo achar agradável ficar sozinho com caras no escuro, sabe como é. – riu – Que tal voltarmos.
Ele sabia que aquilo não daria certo, assim que deu o primeiro passo na direção da casa, Lucio parou-o colocando a mão em seu peito.
-Não tão rápido Potter. Precisamos conversar.
-Não temos nada para conversar, Malfoy – ele abandonou o tom civilizado – Eu não tenho nada para falar com você.
-Mas Milorde tem, Potter. Muita coisa, alias.
Os dois acompanhantes pararam um de cada lado dele. Não adiantaria tentar fugir, por isso ele não reagiu. Torceu apenas para que Andrômeda e Narcisa avisassem a alguém... E rápido.
No salão, Sirius continuava preocupado com a amiga, não parava de olhar para o casal que dançava a poucos metros dele e Bellatrix.
-Por que não a pede em casamento logo. – chiou a morena.
Ele a olhou surpreso, Bella trazia uma cara de tamanho desagrado pela atenção que ele estava dando a Lílian que suas feições chegavam a transmitir uma raiva quase palpável.
-Pare de besteiras Bella, eu só to preocupado com ela. – olhou de novo para o lado, Voldemort esbanjava um sorriso cínico, Lílian retribuía – Não sei o que deu na cabeça do seu "Lorde" para resolver tira-la para dançar... Aquele maníaco odeia gente como a Lílian.
-E você adora. – ela tentava fingir desdém, mas não conseguia – Alias, com quantas sangue ruins você já dormiu heim?
-Algumas, mas ao contrario do que está pensando, a Lílian não faz parte da lista, ok. – Bella parecia ter ficado um pouco feliz com a afirmação, embora não acreditasse de todo nela – É impressão minha ou você está com ciúmes de mim, Belinha?
-Nem em sonho... Rodolfus!
Sirius riu. Depois resolveu dar-lhe um pouco de atenção. Precisava desviar o pensamento da prima para o problema que tinha logo ao lado.
-Bom, não sei se vai se importar mas, - encostou a boca no ouvido dela e completou – faz algum tempo que eu só sonho com você sabe.
-Mentiroso.
-Serio... Não nos vemos desde antes de ontem, não é... Estou com saudades.
-E pelo visto vai continuar... – ele estranhou o comentário – Você não acha que eu cai na historinha de que está aqui por minha causa, não é Sirius? Você e seu amiguinho estão armando algo.
-É estávamos, armamos de passar o Dia das Bruxas juntos e com nossas namoradas.
-Você tem namorada é?
Ele juntou a cintura dela, Bella engoliu seco. Nem precisou dizer mais nada.
Então um novo movimento do outro casal da festa o fez desviar a atenção de novo. Voldemort havia girado Lílian com certa força desnecessária. Por sorte a amiga não desequilibrou.
-Droga! Onde está o Tiago, caramba!
-Deve estar se agarrando com a Cisa. – resmungou Bellatrix.
-Não, a Cisa ta ali, olha. – a loira havia acabado de reaparecer no salão ao lado da irmã – Ela parece aflita... O que será que houve?
Andrômeda falara algo e se afastara da irmã, com rapidez. Foi quando a música que dançavam terminou.
-Vamos lá perguntar. – disse a morena.
Sirius olhou para Lílian, Voldemort fazia uma reverência seca, a dança havia acabado para eles também.
Deu graças mentalmente e seguiu a amante por entre os convidados. Até chegarem a Narcisa.
-Bella eu preciso falar com você! – disse ela com urgência, engolindo a frase ao perceber a proximidade de Lestrange – Mas preciso falar com você sozinha.
Bella levantou a sobrancelha esquerda.
-É sobre aquele meu... “Incomodo”? – era assim que elas tratavam o caso dela com Tiago sempre que havia gente inapropriada por perto.
-Ah! Pode falar. Isso aqui não é o Rodolfus, Cisa... É o Sirius.
O homem olhou com certa censura para ela.
-Era pra ser um disfarce, sabe...
Bella deu de ombros.
-Sirius! Ah Graças a Merlin é você! – disse Cisa com certo alívio – O Lucio pegou o Tiago.
-O que! – ela estava tão atordoada que nem percebeu que a cenoura–mor estava logo atrás do primo – A onde? – perguntou a ruiva.
Cisa a encarou por um segundo, não havia tempo para ignora-la, respirou fundo e disse.
-No jardim! Rápido! Talvez possamos para-los.
Os quatro saíram dali o mais rápido que a discrição permitia. Bella os seguiu sendo puxada pela mão de Sírius, claro, isso tudo enquanto pensava "eu não acredito que estou indo 'mais uma vez' salvar o Potter".
-Eles disseram o que queriam com ele, Cisa? – perguntou Sirius no meio do caminho.
-Não, só entendi que quem quer falar com ele é o Lorde. – tentou não soltar um resmungo, dizendo que tinha medo que eles o matassem, mas não era preciso, o primo já havia entendido o seu olhar.
-Droga! - praguejou ele.
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