Parte I



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O Beijo Da Meia-Noite

Parte I



Existem pessoas que não possuem motivo para viver, quiçá para lutar.

Ela sentia dor, ela sentia frio. Ela queria correr e fugir. Mas ela não tinha condições; seus pulsos estavam presos por pesadas algemas de ferro, sangue corria entre seus dedos e de sua face escorriam gotas de suor, não por estar calor, mas pelo frio que congelava seu corpo e fazia seus poros transpirarem.

Não podia ver. Uma fita preta fora passada por seus olhos, a impedindo de distinguir qualquer coisa ao redor. Tudo era preto, o que a amedrontava, fazendo seu coração bater acelerado desde que acordara. Não sabia como, não sabia onde, mas sabia que aquilo não era bom.

Sentia falta de suas roupas, ao menos o que podia sentir, estava usando apenas um lingerie. Ela tentou mover um dos pés. Presos. Não havia nada que pudesse fazer a não ser esperar.

Não se recordava ao certo, de como havia chegado ali. Forçou seus olhos, sua cabeça doía. Maldita hora que resolvera forçá-los, se estivesse à frente de um espelho, poderia jurar que eles saltavam das órbitas.
Ela sabia que sua pele estava repleta de cortes e, possivelmente, um muito fundo em sua nuca.

Engoliu em seco, detestava esperar, detestava o fato de não saber o que acontecia a sua volta. Ao menos sabia que não estava sendo observada, mas não conseguia discernir isso do bom ou do péssimo.

Lembranças. Como ela conseguia? Ao certo, não sabia. Mas doces lembranças invadiram sua mente, fazendo seu coração estabilizar. Ela lembrava-se de quando podia sentar-se com as pessoas que amava, com seus melhores amigos, distinguindo em seus traços o claro sorriso que neles tomava a face do amor.

Guerra. Era lógico, num lapso de memória esquecera que eles ainda estavam em batalha, e no meio de tudo aquilo, havia sido raptada. Lembrava de que estava remexendo-se nos braços de alguém, tentando soltar-se. Não conseguia ver, devido à escuridão do local em que se encontrava. Logo fora perdendo a consciência, seus ossos doíam e agora se achava ali.

Lágrimas vertiam de seus olhos; quentes, sofredoras. Inundavam a faixa preta presa atrás de sua cabeça. Talvez nunca mais visse seus pais, seus amigos, talvez nunca mais sentisse o abraço acolhedor de Harry, ou ouvisse as abobrinhas de Ron. Talvez nunca mais conversasse com seu pai, ou aprendesse a cozinhar com sua mãe.

Toda a raiva tomava conta de seu ser. Suas lágrimas mostravam sua insatisfação, seu ódio, sua dor. Quem quer que tenha feito aquilo com ela arrepender-se-ia. Não que ela estimava qualquer salvação, ou tivesse qualquer esperança. Mas sabia que seus amigos, e acima de tudo Harry, seu Harry, a salvaria.

Seu corpo tremeu. O fato de Harry tentar bancar o herói e ir atrás dela gelou, seu corpo. Poderia ser uma armadilha, atraí-lo até lá e depois matá-lo.
Porque ela não estaria ao seu lado para avisar-lhe que era uma cilada, caso outra pessoa houvesse sido capturada. Não, não deixaria que isso acontecesse e sabia que só havia duas alternativas: escapar ou morrer.

Detinha o conhecimento de que escapar seria impossível, ou quase. E tinha também a consciência de que quem a prendera, teve o cuidado de não deixá-la a mercê.

Não poderia se matar, mesmo que quisesse. Sabia que a qualquer hora essa mesma pessoa, apareceria e a faria dizer fazer ou dizer algo, para que Harry tivesse a certeza de que era ela, ali aprisionada pelo inimigo e que ainda estava viva

Um vento gélido passou por todo o seu corpo, fazendo sua alma arder. Não sabia por que, mas tinha quase a certeza de estar no topo de um edifício. Aquela sensação estranha de que algo ruim estava para acontecer perpassou por sua mente.

Uma leve chuva começou a cair, mostrando que seu pensamento estava certo. Ou ao menos achava que estava no topo de um edifício, afinal naquela época do ano não poderia fazer tanto frio, ou podia?

Voltou seus pensamentos para a possibilidade de conseguir morrer. Mas logo eles se esvaiam e só sobraram em seu ser, às gotas gélidas da chuva que caía. Martirizava-se mentalmente por ter sido seqüestrada, por ter sido tão idiota, tão incapaz. Harry não quisera a levar junto, poderia ter desistido se quisesse, mas era lutar ao lado dele, que escolheu.

Novamente as lágrimas romperam de seus olhos, a raiva transparecendo em seu ser, fazendo suas veias dilatarem. Aquela posição lhe incomodava; tentou encostar-se, mas ao fazer isso, sentiu agulhas perfurarem suas costas nuas. Cerrou os dentes, contendo um grito.

Seus pés encontravam-se flutuando; num gesto rápido, curvou-os para baixo, fazendo-os sentirem os cacos de vidro perfurar as pontas de seus dedos. Novamente ela conseguiu conter outro grito de dor. Forte, precisava ser forte. Era assim que deveria agir, ou ao menos tentar.

Haviam tomado todas as providências para que ela não fugisse. Precisava tomar conhecimento do comprimento das agulhas. Tomou fôlego e fez seu corpo chocar-se contra as agulhas usando toda a força que tinha no momento. Perfuraram seu corpo, mas não o tanto que era necessário para alcançar seus pulmões, rins, ou qualquer que fosse o órgão vital ao alcance.

Precisava desencostar-se, mas as últimas forças que possuía haviam se esgotado um momento antes. Mas, quem sabe o sangue de seu corpo não se esvaísse e sua vida acabasse?

Doce ilusão. Refletiu um momento depois, sabia que não seria tão fácil. Não conseguia respirar direito, ofegava. Ao abrir a boca, sentiu o gosto de sangue, um gosto amargo.

Não sabia ao certo quanto tempo dormira, ou que dia era, quiçá as horas. Tentou mover suas mãos, encontravam se devidamente amortecidas. Tinha conhecimento de que deveriam estar roxas, assim como o resto de seu corpo e suas feridas. Podia sentir as gotas de sangue escorrendo por seu corpo, seus cabelos encontravam-se caídos por seus ombros e sentia que não seria capaz de mover mais nenhum músculo.

Mas ainda se permitia pensar, e no que poderia acontecer se Harry Potter viesse até ali. Não se perdoaria jamais se algo lhe acontece por sua culpa, quiçá se o matassem. Sabia que enlouqueceria com o simples fato de perdê-lo.

Não sabia como, mas seus outros sentidos haviam se aguçado, e pôde sentir alguém adentrando no local. Ouvia o barulho dos pés quebrando os vidros, e a respiração ofegante da pessoa, como se tivesse corrido muito até ali.

O coração dela voltara a bater aceleradamente, mas foi quando uma mão tocara-lhe a face que sua respiração tornou mais acelerada do que nunca. Todos os pelos do seu corpo eriçaram-se. Ela sentiu a respiração dele, muito, muito perto. Mas foi quando uma mão fechou sua boca, a impedindo de gritar, que toda a sua força voltou e sua mente começou a trabalhar a mil.


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N.A.: Oiiii. Fic nova. Espero que gostem! XD

É uma presente pra minha chuchu, Mai *-* Sabe que te amo muito!!!

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Beijos!

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