Epílogo



EPÍLOGO


Estava deitada em uma cama macia, com lençóis macios. Seda. Como ela adorava, tão brandas, tão revigorantes. Remexeu sua cabeça, podendo sentir os travesseiros de pena, reconfortantes.

Sentiu a presença de alguém no local, colocou-se em alerta, mas o cheiro de lavanda e orvalho não lhe enganava. Ele se aproximou, colocando uma toalha quente e molhada em sua testa, tampando seus olhos.

- Harry? – chamou sorrindo.

- Ora, vejo que a bela adormecida resolveu acordar. – respondeu suavemente, voltando-se para ela.

- Como... Como eu consegui chegar? – indagou enrubescendo.

- Eu realmente não sei como me achou, mas assim que chegou, você desmaiou nos meus braços, há dois dias. – respondeu, enquanto retirava o pano já frio.

- Obrigada. – ela disse com a voz fraca.

- Eu não fiz nada. – respondeu, pegando outro pano.

- Você fez mais do que imagina. – retrucou, enquanto ele colocava cuidadosamente outro pano em sua testa.

- Se eu não tivesse te trazido, nada disso teria acontecido. – o tom de voz dele agora era extremamente sério.

- Eu faço minhas escolhas, e uma delas foi lutar ao seu lado. - disse fungando e espirrando.

- Cinco dias, vinte horas, trinta e quatro minutos, Hermione. Foram os piores momentos da minha vida. – ela estremeceu, encolhendo-se na cama. – Você entendeu? Eu estava enlouquecendo! – disse num urro de dor. – Você fica. – concluiu exasperado.

- Harry, eu sabia tudo o que poderia me acontecer, e mesmo assim escolhi lutar ao seu lado. Você não manda em mim, e eu vou. – respondeu seca, estufando o peito.

- Você não está entendendo, não é? Eu contei cada segundo que você esteve fora. – respondeu, passando as mãos pelo cabelo, num movimento habitual de quando se encontrava nervoso. – A partir do momento que você ocupou um lugar em meu coração, eu tomo conta de você. Todos esses anos, Hermione, eu tentei fazer de um jeito que você não corresse qualquer risco! – continuou, andando pelo quarto. – Câmara Secreta? Por sua causa, eu temia que você morresse! Eu matei aquela cobra por sua causa, pela sua segurança! Departamento de Mistérios? Entrei em pânico, pelo simples fato de você estar desmaiada. Eu não tive a capacidade de tomar seu pulso, se quer saber! Não me vinha nada à cabeça que eu pudesse ou soubesse fazer para te salvar! Sexto ano? Por que acha que guardei a poção? Porque acha que entreguei a você e a Ron? Por sua causa! Porque no Departamento de Mistérios eu descobri que você seria a pessoa que eu mais sentiria falta caso chegasse a perder. Porque eu era namorado da Gina, mas era a sua proteção que me preocupava, Hermione! – respondeu o último em um grito. Hermione tirou o pano de sua cabeça, mirando Harry, de costas, observando o céu. Ela tinha conhecimento de que aquilo o acalmava.

- Ah, você quer saber? Você vai saber! – disse brava, tentando levantar-se, mas tendo uma repentina tontura, chamando a atenção de Harry. Ele andou até ela, ajudando-a a deitar-se, depois pegou o pano, molhando-o em um pequeno caldeirão borbulhante e colocando na cabeça dela; a poção amornava-se instantaneamente, impedindo de queimá-la.

- Não faça esforços, por favor. – pediu em uma suplica.

- Primeiro ano? Eu tentei me aproximar de você, mas sempre era impedida por Ron. Eu queria conhecer a pessoa por trás do mito! Cobrar dela atitudes de um herói, mas acabei conhecendo o ser humano Harry Potter. Descobri que ele errava tanto quanto eu. Cheguei a pensar que ele nem era tão fantástico assim, mas sim, ele era fantástico, ele é. Cheguei a ser inconveniente, irritante, metida. Mas todo o tempo fazia de tudo para me aproximar dele, e depois de todos aqueles perigos para chegar até a pedra, eu vi o grande homem que ele era, e ele jamais me decepcionou, eu, naquele momento, conheci o seu eu verdadeiro, o qual eu desejei conhecer todo o tempo. E eu tive medo que ele não voltasse mais, mas eu sabia que depois daquela sala, ele deveria continuar sozinho. – ela respirou fundo, sentindo a beira da cama afundar-se. – Terceiro ano? Eu fiz de tudo para salvarmos Sirius, sabe por quê? Por sua causa, porque você queria conhecê-lo. Sexto ano? Eu lutei, lutei esperando que você voltasse são e salvo! Para que pudéssemos correr muitos perigos ainda, mas juntos. – ela parou por um momento. – Harry, eu não escolhi ir com você até o fim no sexto ano, isso já estava decidido desde o primeiro. – terminou num sussurro, pois sabia que ele estava perto o suficiente para escutá-la.

- Por que você tem que ser tão cabeça-dura? – indagou, retirando o pano e andando até o caldeirão. Ele foi até a janela, olhando a forte chuva que começava a cair, fechando a cortina, voltou-se para ela. – Você se tornou o motivo para eu derrotar Voldemort, e o fato de não estar mais aqui, me impediria de fazer isso, porque eu iria até o inferno atrás de você! – disse passando as costas de sua mão na bochecha dela, fazendo-a suspirar. – Eu não posso te perder. – disse num sussurro. - Sem contar que você... – ele parou, engolindo a saliva. – Você... Você e o Ron... – nesse momento Hermione endireitou-se, ele abaixava a coberta. Ela vestia um sutiã branco, mas tinha uma faixa enrolada um pouco abaixo dos seios.

- Você que não está entendendo! – respondeu bufando, enquanto seus seios arfavam ante sua respiração. – Eu me mantive viva por SUA causa, mantive-me sã, tive forças, somente para voltar para você! – ela ficou séria, porque Harry não tirava os olhos de sua cintura, estava começando a irritar-se.

- Mas que diabos, Hermione! – bufou bravo, começando a desenrolar a faixa, passando por debaixo do seu corpo. Ela pode ver a causa da irritação dele: estava sangrando.

Depois de desenrolá-la completamente, andou até a cômoda, pegando um vidro verde e jogando a faixa ensangüentada no chão. A fez abrir a boca, despejando todo o liquido garganta a baixo, não dando tempo de ela reclamar. Harry entrou no banheiro e voltou com outro caldeirão, um tanto menor, tirando uma faixa de dentro e andando até Hermione, começou a passar a faixa por sua cintura.

- Eu vou com você. – disse somente, observando o cuidado excessivo que ele tomava para com ela.

- E não a nada que eu possa fazer? – implorou, ela balançou a cabeça negativamente. – Você voltou por mim? – perguntou corado, abaixando os olhos. Hermione riu gostosamente, tossindo em seguida.

- É tudo acerca de você, Potter. – respondeu encerrando o assunto. Harry sorriu involuntariamente.

- Você precisa descansar. – disse sorrindo maroto, esticando o braço e desligando a luz, levantou-se, mas Hermione segurou sua mão.

- Eu dormi dois dias seguidos, não estou com sono. – respondeu travessa.

- E o que você sugere que façamos? – perguntou, ela apenas o puxou para si, num abraço caloroso.

Harry não sabia ao certo como ocorrera aquela mudança, como a amiga havia ficado tão atrevida, mas a principio, havia gostado.

Aproximou sua cabeça da dela, envolvendo suas respirações, em uma só. Ele projetou um brilho único em seu olhar, aquele que sempre esteve ali, mas só agora ela compreendia seu significado, pois o olhava da mesma forma. Amor. Não podia explicar, apenas sentir.

Envolveram seus lábios em um beijo de amor, o primeiro de muitos. Os sinos de uma Igreja próxima tocaram, doze badaladas, durante aquele beijo, anunciando a chegada da meia-noite. A chegada de um novo dia, de um novo tempo.

Porque ela sempre teria alguém para voltar.

FIM


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N.A.: Obrigada a Ingrid, Nick e Pontas pelos comentários. Desculpem-me a demora.
Aqui está, espero que goste. _o/

Beijinhos!

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Comentários (1)

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