O Último Dia n’A Toca



Rony mal acreditava no que havia lido. Tinha acabado de ler a carta completa e a última frase ecoava em sua cabeça. “Olhe para sua melhor amiga e veja quem sempre te amou”. Então era mesmo Hermione que estava escrevendo aquelas cartas. Mas por que ela havia lhe dito que estava gostando de outro alguém?
“Ela nunca disse que gostava de outro”. – uma voz dentro de sua cabeça explicava. – “Ela só disse que estava triste por causa de alguém. Esse alguém é você babaca”.

***
Hermione só conhecia uma pessoa com as inicias R. W., mas ficou muito tempo em seu quarto tentando se lembrar de qualquer outro garoto que conhecesse com essas iniciais. Depois de muito tempo, chegou à óbvia conclusão que R. W. só poderia dizer Ronald Weasley e ficou muito feliz por ter certeza disso. Realmente não era o estilo de Rony mandar flores vermelhas para uma garota. Na verdade, ele nunca tinha tido estilo nenhum, a não ser ficar boquiaberto olhando para a garota que gostasse babando. Pelo menos, foi assim com Fleur.

***
Era o último dia das férias e A Toca naquela manhã estava muito agitada. Todos estavam preocupados em conferir se a lista de livros tinha sido devidamente comprada e se não estavam se esquecendo de arrumar nada nos malões para levar para a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Neville era o mais preocupado de todos. Rodava a casa todo o tempo tentando encontrar alguma coisa ou outra que estava se esquecendo.

- Querido, não precisa se preocupar. – o acalmava a Sra. Weasley. – Tudo o que você tiver esquecido aqui em casa eu te mando depois.

Todos se sentaram à mesa para o penúltimo café da manhã n’A Toca. A Sra. Weasley e Gina tinham realmente caprichado na cozinha nessa manhã. A mesa estava farta e todos comiam animados e conversavam e riam em voz alta. Todo, exceto é claro, Ronald Weasley e Hermione Granger.

- Rony... Rony, querido? – a Sra. Weasley olhava para ele com uma expressão preocupada. Rony pareceu acordar de um transe e olhou para a mãe ainda sem parecer ter ouvido nada. – Você já arrumou suas malas?
- Eu... eu, estou indo arrumar, mãe. – e ele já estava se levantando sem ao menos ter tocado em sua torrada.
- Coma primeiro um pouco. – ordenou a Sra. Weasley.
- Ah... – e olhando para a sua torrada como se tentasse se lembrar se já havia comido alguma coisa. – claro... – ele comeu a torrada o mais rápido que pôde e subiu para o seu quarto, seguido por Harry.
- Rony, o que aconteceu? – Harry perguntou ao alcança-lo já no quarto onde estavam. Rony simplesmente tirou um pedaço de pergaminho cuidadosamente dobrado de seu bolso e mostrou para o amigo. Harry leu o poema que Gina havia escrito e fingiu alguma surpresa. – Então... é mesmo Mione.

Rony apenas confirmou com a cabeça, mas suas orelhas ficaram extremamente vermelhas. Tentando disfarçar, ele fingia arrumar suas coisas na mala, jogando alguma roupa ou livro lá dentro sem muita convicção. Harry não entendia porque Rony estava agindo assim, mas seguiu o plano como Gina dissera para fazer: agora tinha que fazer Rony se declarar.

- Já falou com ela?
- Ainda não... – comentou Rony meio desanimado.
- O que você está esperando? – Harry se irritou com a falta de iniciativa de Rony. – Ela vir falar com você?!?!
- É... – um brilho surgiu de repente os olhos de Rony. – É isso! Ela é que estava me mandando cartas, então é ela que tem que me procurar!
- Quê?! – Harry mal podia acreditar no que ouvia. Ele e Gina tinham planejado que as cartas o fizessem criar coragem para falar com Hermione.
- É isso mesmo! – continuou Rony seguro. – É ela que gosta de mim. Ela que me procure! – Harry colocou uma mão sobre o rosto, incrédulo com o resultado do seu plano com Gina. E esperava sinceramente que a garota tivesse mais sucesso com Mione.

- Você tem que falar com ele Mione... – Gina parecia desesperada com a teimosia da amiga de não querer falar com seu irmão.
- E por quê ele não vem falar comigo?
- Você sabe o quanto ele é tímido com garotas! – Hermione pareceu considerar a afirmação de Gina por alguns segundos. Mas não disse nada. – Por favor... – Gina insistiu.
- Eu não sei porque você insiste tanto!
- Ora, só eu sei o quanto você e ele querem isso... será que dá pra ceder pelo menos uma vez Mione?! – Hermione corou.
- Ah... tudo bem. Eu vou falar com ele. – Gina deu pulos e bateu palmas, empolgada, mas Mione acrescentou séria. – Mas não agora! Vou dar um tempo para ele vir falar comigo.

As horas do dia agora pareciam uma eternidade para Hermione. E A Toca nunca pareceu tão pequena para duas pessoas. Por todos os lados ela e Rony se encontravam e trocavam olhares tímidos, mas nenhum dos dois tomava nenhuma iniciativa. Rony parecia decidido a seguir ela em cada cômodo da casa de modo que ela pudesse vê-lo de cinco em cinco minutos, mas a garota parecia decidia a fugir da hora em que teria que falar com ele.
Ela sempre sonhou que algum dia pudesse ficar com Rony. Sair andando de mãos dadas pelo jardim do castelo, passear em Hogsmeade juntos e trocar presentes no Dia dos Namorados. Mas ela nunca imaginou que para isso ela teria que tomar a atitude para dar o primeiro passo. As flores tinham sido um bom começo, era verdade. Rony parecia ter pensado cautelosamente cada passo que estava dando. Mas então por que ele ainda não tinha ido falar com ela? Ele andava atrás dela como um cachorrinho sem dono e não dizia nada!

- Qual é seu problema Ron? – murmurou ela para sim mesma.

E o dia foi se passando. Na hora do almoço, Rony e Mione trocavam olhares furtivos todo o tempo, olhares cada vez mais impacientes. “Mas que diabo você está esperando?” - Os dois pensavam a mesma coisa ao olhar para o outro. Mas nenhum parecia ter criado coragem suficiente para falar com o outro. Após o almoço, Hermione ficou ajudando Gina nas tarefas de casa enquanto Rony e Harry jogavam xadrez bruxo.
E assim se passaram mais algumas horas. E Rony olhava de esguelha para a cozinha cada vez com mais ódio de Hermione. E Mione o observava jogando tentando encontrar alguma forma de forçá-lo a se declarar.

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