A decisão de Gina
Capítulo 21: A decisão de Gina
Os dias que se seguiram após Rony e Hermione voltarem do “sono suspenso” foram muito agradáveis. Harry e Gina eram vistos quase todos os dias na enfermaria fazendo companhia aos amigos, embora várias vezes tivessem a sensação de que eles preferiam ficar sozinhos. Os Weasley ficaram alguns dias em Hogwarts também, mas com a plena recuperação do casal, voltaram para seus afazeres.
Rony e Hermione foram recebidos com festa no Salão Comunal da grifinória, no dia que saíram da enfermaria. Todos queriam saber o que tinha acontecido com os dois. Como não podiam falar nada sobre os acontecimentos, inventaram uma estória de intoxicação por sangue de dragão misturado com pus de bubotúberas, ocorrida em um dos treinamentos do curso que estavam fazendo.
Contudo, Harry sabia que aquela paz tinha vida curta. Quando Rony e Hermione voltaram à rotina e deixaram de ser o assunto preferido das conversas dos alunos, Harry combinou de conversarem sobre o próximo passo no combate a Voldemort.
- Pelo que sabemos, cinco Horcruxes já foram destruídas, restando apenas a cobra e o próprio Voldemort para que possamos finalmente acabar com a ameaça que ele representa – disse Harry, enquanto caminhava pela Sala Precisa, sendo observado por Rony, Hermione e Gina.
- Pelo menos é o que imaginamos – respondeu Hermione. – Se o diário, o anel, o medalhão, a tiara e a taça eram realmente Horcruxes, e ele tenha feito apenas seis, só nos resta eliminar a cobra para enfrentar um Voldemort mortal.
- É a única teoria que temos, portanto não adianta questioná-la – sentenciou Harry. – O melhor é combinarmos como iremos encontrar Nagini agora, pois se Voldemort desconfiar que destruímos suas Horcruxes, ele irá protegê-la muito bem.
- Mas você acha que ele já sabe? – perguntou Rony, encarando o amigo.
- Não faço nem idéia – respondeu Harry. – Isso é outra coisa que vamos enfrentar. Não temos como saber se ele sabe ou não, e, portanto teremos que encará-lo de qualquer forma.
- E quando faremos isso? – Gina perguntou, enquanto levantava da poltrona em que estava sentada.
- O mais rápido possível – respondeu Harry. – Só acho que devemos conversar com Dumbledore antes de tomarmos qualquer atitude.
Ficou combinado dos quatro irem conversar com Dumbledore no dia seguinte, para resolverem o que deveriam fazer.
Harry e Rony estavam dormindo quando um grito de terror ecoou pelo castelo. Todos no quarto levantaram assustados.
- O que aconteceu? – perguntou Harry, ao afastar o dossel de sua cama e encarar Rony com uma cara assustada.
- É a voz da Gina! – disse o ruivo, enquanto se levantava e descia as escadas em disparada, acompanhado de Harry e dos outros colegas de quarto.
Ao chegarem à Sala Comunal, encontraram várias pessoas, inclusive Lilá e Parvati, que correram em direção aos dois, dizendo:
- Está tudo bem, ela só teve um pesadelo – disse Parvati. – Hermione nos pediu pra descer e tranqüilizá-los, pois não conseguiriam subir para o dormitório das meninas.
- Elas não podem descer? – perguntou Harry. – Ficaria mais tranqüilo se pudesse vê-las.
- Hermione vai descer assim que puder, não quer deixar a Gina sozinha – respondeu Lilá. – Ela disse também que seria melhor se vocês fossem dormir, mas como já sabia que não iam querer, podem esperá-la aqui. Avisou para terem paciência, pois pode demorar.
Após as palavras de Lilá, vários dos alunos curiosos resolveram voltar a seus dormitórios e aproveitar o resto da noite para dormir. Apenas Harry e Rony permaneceram na Sala Comunal, sentados em silêncio nas poltronas em frente à lareira.
Rony acabou quebrando o silêncio ao perguntar de modo preocupado ao amigo:
- O que será que aconteceu? Gina já teve pesadelos, mas nunca acordou gritando no meio da noite.
- Realmente não sei, Rony – respondeu Harry. – Mas não saio daqui até Hermione descer e nos contar o que houve.
A noite foi passando e, mesmo cansados, os dois garotos não saíram de lá, tampouco conversaram. Mergulhado em seus pensamentos, Harry tentava não preocupar Rony mais ainda, mas tinha muito medo do que pudesse acontecer com Gina. Sabia que o fato de estarem juntos poderia levar Voldemort a persegui-la, com o intuito de atingi-lo.
Já passava das três horas da manhã quando Hermione desceu do dormitório das meninas com um ar sério e demonstrando apreensão.
- O que aconteceu com a Gina? – perguntaram Harry e Rony, quase ao mesmo tempo.
- Calma – respondeu Hermione. – Ela está bem agora. Sentem-se e vou contar a vocês tudo o que aconteceu.
Hermione sentou-se em uma poltrona, de forma a ficar de frente a Harry e Rony, que se acomodaram em um sofá.
- Gina acha que Voldemort tentou entrar em sua mente, utilizando a ligação que ela teve com o diário e com parte da alma dele – começou Hermione. – Quando Gina percebeu que ele estava buscando as lembranças que indicassem o que estávamos fazendo, ela lutou contra o controle dele, gerando uma dor insuportável, quase como se fosse atacada pela Maldição Cruciatus. Isso a fez gritar e acordar.
- Você-sabe-quem entrou na mente da Gina? – perguntou Harry. – Então ele sabe que destruímos suas Horcruxes?
- Acho que não – respondeu Hermione. – Gina é mais forte do que imaginam. Ela conseguiu resistir, e tem certeza de que não mostrou nada a Voldemort.
- E agora? Não existe o risco de ele tentar de novo? – perguntou Rony.
- Não. – Hermione respondeu. – Fiz um feitiço de proteção em Gina e acredito que protegerá sua mente pelo menos até amanhã.
- Por isso demorou? – Rony estava temeroso demais pela irmã, e queria muitas respostas para se sentir mais seguro.
- Não – respondeu Hermione. – É que a Gina demorou pra pegar no sono de novo. Ela estava muito nervosa e não conseguia descansar.
- Sabem o que isso significa, não é? – perguntou Harry aos amigos.
- Não temos mais tempo a perder, precisamos procurar Voldemort e destruir a última Horcruxe – respondeu Hermione. – E deve ser logo. Não sei até quando a Gina vai agüentar.
Harry abaixou a cabeça e um ódio mortal tomou conta dele. Não iria perder mais uma pessoa que amava por causa de Voldemort, mesmo se para isso fosse necessário perder a própria vida.
No dia seguinte, Harry, Rony, Hermione e Gina foram até a sala da Diretora, a fim de falarem com o quadro de Dumbledore para resolverem o próximo passo a ser dado. Gina evitava falar do sonho que tivera na noite anterior, mesmo com a insistência de Rony e Harry em sabê-lo.
- Não foi nada! – repetia a garota, já nervosa com os amigos. – Já resolvi a situação.
Harry e Rony resignaram-se com a opção de Gina, e resolveram não voltar ao assunto, pelo menos por um tempo.
Na sala da Diretora, os amigos conversavam com Dumbledore, a fim de definir o que iriam fazer em seqüência.
- Acho que deveríamos atacar com tudo o que temos – disse Rony. – A hora é agora, e não podemos recuar.
- Concordo em parte com o que disse, Sr. Weasley – Dumbledore encarava os quatro, coçando o queixo. – Só temo que um ataque direto faça Voldemort reforçar a proteção sobre Nagini, impedindo-nos de derrotá-lo.
- Além do mais, não sabemos onde ele está escondido – questionou Hermione.
- Bem lembrado, Srta. Granger – disse Dumbledore, sorrindo. – Embora eu pense que existe alguém que pode saber onde Voldemort se encontra.
- E quem seria essa pessoa? – perguntou Gina.
- Curioso a senhorita perguntar, Srta. Weasley – respondeu Dumbledore. – Depois do sonho que teve ontem, acredito ser a senhorita quem vai nos indicar o esconderijo dele.
- O quê? – perguntou Harry. – Gina teve uma ligação muito breve com ele, e não acredito que isso seja o suficiente para podermos encontrá-lo.
- Fique calmo, Harry – disse Gina. – E como isso poderia nos ajudar? Afinal, não me lembro de nada.
- A senhorita não lembra – respondeu Dumbledore. – Mas conhecemos uma pessoa que é muito competente em Legilimência, e poderia facilmente recuperar sua lembrança mais íntima.
- O senhor não está pensando nele de novo, certo? – disse Harry, num tom repulsivo. – Ele me disse que estávamos quites, e acho que ele não voltará a ajudar.
- Sim, estou pensando nele – respondeu Dumbledore. – E acredite, apesar de dizer estar quite com você, no fundo ele sabe o quanto isso é impossível.
Mesmo não gostando da idéia de Snape perambulando pelas memórias de Gina, Harry não podia negar que ele era o melhor legilimente e oclumente que conhecia, portanto era bem possível ele encontrar Voldemort.
Dumbledore acertou para aquela tarde o encontro de Snape com Gina, e Harry fez questão de estar presente, afinal continuava não confiando no antigo professor de poções.
Harry, Gina, Rony e Hermione subiam as escadas de acesso à sala da Diretora McGonagall, e Harry era de longe o mais nervoso do grupo.
- Não estou gostando nada disso – disse Harry, enlaçando o braço na cintura de Gina. – Esse morcegão dentro da sua cabeça é uma idéia que não me agrada.
- Não temos escolha – respondeu Gina, que, embora nervosa, demonstrava muito mais decisão do que o namorado. – Tenho plena confiança no julgamento de Dumbledore. Portanto, vamos logo – Gina acelerou o passo, puxando o braço de Harry.
Eles chegaram à sala e foram recebidos pela Diretora. Ao entrarem, encararam a figura de Snape, com seus cabelos oleosos e nariz adunco. Eles apenas acenaram com a cabeça, e seguiram para frente do quadro de Dumbledore, que os recebeu dizendo:
- Boa tarde a todos. Pontuais como sempre. Como podem ver, o Professor Snape já chegou, então é melhor começarmos. Peço a todos que se retirem, deixando apenas a Srta. Weasley no escritório, para o Professor Snape começar.
- De jeito nenhum – Harry soltou a frase instintivamente, num tom um pouco mais elevado. – Não vou sair daqui.
- Vejo que não adquiriu nenhum conhecimento no que diz respeito à legilimência, Sr. Potter – soltou Snape, meio debochado. – Para as coisas funcionarem, é necessário que apenas eu e a Srta. Weasley estejamos na sala. A presença de Dumbledore não é um problema por não se tratar de uma pessoa viva, mas somente a impressão dele num retrato.
- Não me interessa – Harry olhava decidido para o antigo professor. – Não deixarei Gina em suas mãos.
- Harry – Gina tocou de leve o ombro do namorado. – Tudo bem. O professor Snape já deu provas de que está do nosso lado. Além disso, não temos muito tempo. Precisamos saber onde Voldemort está.
Antes de dizer qualquer coisa, Harry foi puxado para fora da sala por Rony e Hermione.
Durante todo o tempo que Snape e Gina ficaram a sós na sala da Diretora, Harry andava para lá e para cá no corredor, demonstrando toda sua irritação e ansiedade com aquela situação. Por diversas vezes ele parou em frente a porta, tentando se concentrar ao máximo para escutar algum barulho vindo lá de dentro. Suas tentativas foram todas em vão, pois o máximo que ouvira era um zumbido agudo. Harry teve certeza de que utilizaram um feitiço “Abaffiato” nela.
Algumas horas depois, a porta se abriu e Snape os fez entrar. Gina estava sentada em uma poltrona, pálida e gelada, parecendo desacordada.
- O que você fez? – foi a única coisa que Harry conseguiu pronunciar, antes de partir para cima de Snape.
O antigo professor sacou a varinha e, com um simples movimento, paralisou Harry. Rony e Hermione sacaram as suas, mas a imponente voz de Dumbledore os acalmou.
- A Srta. Weasley está bem. Apenas está descansando. O professor Snape utilizou um feitiço relaxante nela para que pudesse dormir mais rápido.
Rony e Hermione guardaram suas varinhas, enquanto Snape libertava Harry.
- Sua namorada é mais valente do que imagina, Potter! E muito mais corajosa do que alguns de seus irmãos – Snape continuava com a língua afiada, e não perdia a oportunidade de diminuir Harry e seus amigos.
- Conseguiu? – limitou-se a perguntar Harry.
- Sim – respondeu Snape. – Sei onde ele está. Mas não acredito que seja uma boa idéia ir atrás dele.
- E posso saber por quê? – Harry fechou o rosto para aquele comentário.
- Ele sabe que iremos, estará nos esperando, e é exatamente isso o que ele quer – respondeu Snape. – Não haverá surpresas, mas sim um ataque direto, onde muitos morrerão.
- Alguma outra sugestão? – perguntou Hermione. – Afinal, não temos muitas opções para enfrentar Voldemort.
- Nenhuma – Snape soltou um meio sorriso, como se sentisse satisfação no que dizia.
- Então não há muito que fazer – completou Harry. – Iremos atrás dele, e será o mais rápido possível. Onde ele está, afinal?
- Ele está numa caverna que transformou em fortaleza no último ano – respondeu Snape. – A única entrada existente é a entrada principal da caverna, e com certeza ela estará muito bem guardada. Mesmo que consigam passar pela entrada, acho difícil o encontrarem lá , porque a fortaleza é um verdadeiro labirinto. Contudo, existe uma outra alternativa.
- E qual seria? – perguntou Rony, entrando na conversa.
- Não é possível aparatar diretamente para dentro do castelo, mas assim que se entra nele, pode-se aparatar para algum cômodo especifico. Só é preciso saber para onde se quer ir – respondeu Snape.
- O que nos deixa na mesma – respondeu Harry displicente. – Nenhum de nós conhece a fortaleza.
- Creio que esteja errado novamente, Potter – Snape sorria de modo irônico para o rapaz. – Eu conheço muito bem a fortaleza, e a Srta. Weasley é capaz de localizá-lo, pois ele espera que ela não vá. Então, não bloquearia sua ligação com ela.
- E vai nevar no Marrocos no dia que eu colocar a vida de Gina e dos meus amigos a seus cuidados! – Harry e Snape agora se encararam, e de seus olhos pareciam sair faíscas.
- Posso falar a sós com o Harry, por favor? – a voz do quadro de Dumbledore entrou na discussão, quando ninguém mais tinha coragem de falar.
Todos se entreolharam, calados, e após um sinal de Hermione, saíram da sala, deixando Harry com Dumbledore.
- Não importa o que o senhor diga – Harry começou a falar assim que todos saíram, para não dar chance a Dumbledore de tentar convencê-lo a aceitar a ajuda de Snape. – Não confio nele e não vou pôr a vida de Gina e dos meus amigos em perigo, aceitando sua proposta.
- Só peço que me escute, pois farei uma coisa que nunca fiz em minha vida – disse Dumbledore, parecendo contrariado em fazer o que estava pretendendo. – Mas a situação me leva a isso.
Houve um breve silêncio na sala, em que Harry pensou no que poderia ser tão perturbador para Dumbledore se sentir tão relutante.
- Durante toda a minha vida, jamais quebrei uma promessa – começou ele, - mas vejo que não será possível você confiar em Severus se não lhe contar o que ele me fez prometer manter em segredo.
Dumbledore tomou fôlego, parecendo resignado com sua decisão e com o motivo que o levara a fazer aquilo.
- Os motivos pelos quais confio tanto em Severus e me levam a protegê-lo são muito simples. Arrependimento, culpa e, principalmente, amor.
Por alguns minutos, o silêncio tomou conta da sala, pois Harry não tinha coragem de questionar quando o amor esteve presente na vida de Severus Snape.
- Severus amou muito sua mãe, mas ele preferiu outro – continuou Dumbledore. – Na realidade, acho que foi a única pessoa que ele realmente amou na vida. Ele a conheceu no Expresso de Hogwarts, logo quando embarcaram. Ficaram numa cabine, junto com outros alunos. Todos estavam agitadíssimos, mas Severus e Lílian permaneciam calados. Lílian, por vir de uma família trouxa, não sabia de nada de nosso mundo, e se sentia solitária. Severus tinha a mãe bruxa, mas um pai autoritário e violento, o impedindo de ter amigos, tornando-o uma pessoa amarga. Eles ficaram próximos e conversaram por toda a viagem. Mesmo quando sua mãe foi selecionada para Grifinória e Severus para Sonserina, eles não se separaram, continuaram sendo bons amigos. Mas aí seu pai apareceu.
- E qual o problema com o meu pai? – perguntou Harry.
- Seu pai era uma pessoa maravilhosa, Harry, mas como tantos outros adolescentes, sabia ser presunçoso e arrogante. Ele era muito popular, e não aceitava que uma garota grifinória não se interessasse por ele. Mas sua mãe não se interessou por ele logo de cara, reconhecera esses defeitos em seu pai. Ele fez de tudo pra conquistá-la, sem ter êxito algum. Só quando ele salvou a vida de Snape é que ela começou a vê-lo com outros olhos.
Harry se acomodou em uma cadeira que havia puxado para frente do quadro e aguardou a continuação da narração de Dumbledore.
- Seu pai e Severus nunca se entenderam – continuou Dumbledore. – Mas seu pai não seria capaz de matá-lo por isso. Quando Sirius lhe contou que tinha mandado Snape para a Casa dos Gritos para encontrar Lupin transformado em lobisomem, ele correu e impediu-o de entrar. Eu contei a ele que Tiago salvou sua vida, embora não tivesse contado sobre Lupin, mas ele não aceitou muito bem e passou a odiá-lo mais ainda. Nessa época, Snape já era apaixonado por Lílian, mas ela não sabia de nada.
- Quer dizer que o meu pai salva a vida dele, e ele ainda o odeia? – perguntou Harry indignado. – Ele devia ser grato! E não entendo o que isso tem a ver com o senhor confiar em Snape.
- Calma – disse Dumbledore com a voz suave. - Vou lhe contar tudo.
Harry resolveu se manter calado e aguardou a continuação da estória.
- Depois disso, Snape passou a perseguir seu pai, tentando fazê-lo ser pego pelas suas aventuras o máximo possível. Só que essa atitude teve efeito contrário ao que Snape queria. Lílian passou a não gostar das atitudes de Severus, e se aproximou de Tiago. Acho que o que vem depois, você já sabe. Com seus pais se casando, Severus se tornou Comensal, e entregou a profecia a Voldemort. Quando aconteceu a tragédia que causou a morte de seus pais, ele já tinha vindo a mim, pedindo para que eu protegesse Lílian e evitasse a morte dela. Eu disse que ele era o único responsável pela segurança de sua mãe, e se algo acontecesse a ela, seria culpa dele. Assim, ele concordou em ser meu espião dentro do grupo de Voldemort. Quando seus pais morreram, ele me procurou desesperado, sem saber o que fazer, querendo acabar com sua vida, mas eu lhe disse que isso não ajudaria em nada, e o único modo de se redimir do que tinha feito era protegendo você.
- Me protegendo? – perguntou Harry.
- Isso mesmo – respondeu Dumbledore. – Eu o convenci que se realmente houvesse amado sua mãe, a única forma de provar seria resguardá-lo. Ele concordou, e disse que o protegeria enquanto estivesse vivo, mesmo que isso lhe custasse a vida. Ele praticamente viveu em perigo constante enquanto foi meu espião, por causa de Voldemort, mas em nenhum momento reclamou ou fez menção de mudar de idéia. Foi firme em sua promessa até agora. Só me fez um pequeno pedido – Dumbledore sorriu para Harry, enquanto esperava sua reação.
- Qual seria? – perguntou ele, entendo a intenção de Dumbledore.
- Que eu nunca revelasse a ninguém que ele fora apaixonado por sua mãe, e que protegia você – respondeu o quadro do antigo diretor. – Ninguém poderia saber da coragem que tem por enfrentar todos os perigos destes anos todos, e nem da promessa feita a mim, com relação a você.
Harry ficou em silêncio por vários minutos até ter coragem para perguntar:
- Mas por que isso? Se falassem a verdade, ele poderia ser bem visto por todos da Ordem. Por que esse segredo?
- Ele diz que é porque poderia colocar em risco seu disfarce – respondeu Dumbledore. – Mas agora que Voldemort já sabe de sua traição, não vejo razão para ele insistir em continuar com o segredo. Mas tenho minhas suspeitas.
- Do que você desconfia, Professor? – Harry parecia intrigado com a atitude de Snape.
- Acho que ele nunca se perdoou. Pensa não merecer nenhuma glória pelo que está fazendo, e que as coisas só estão assim por sua causa. Sente-se culpado pela morte de seus pais, e nunca esqueceu o amor que sentia por sua mãe, por mais que tenha tentado conquistá-la e ela não correspondesse.
- De certa forma, ele está certo – Harry pareceu não se importar com as palavras ditas por Dumbledore. – Afinal, se ele não falasse da profecia para Voldemort, meus pais ainda estariam vivos.
- Severus errou, Harry – interrompeu Dumbledore. - Mas não acredito que quisesse matar seus pais, pois nunca disse a Voldemort que a profecia se tratava deles. Foi o próprio Voldemort que deduziu isso. Além do mais, profecias sempre se concretizam.
Harry permaneceu calado por alguns segundos, pensando se deveria ou não levar em conta as atitudes de Snape, tentando reparar os erros do passado.
- Não peço que o perdoe, sei que isso é muito difícil, mas apenas lhe dê uma chance para se redimir e acalmar sua alma – disse Dumbledore. – Ele não quer gratidão, nem ser lembrado pelas coisas que veio a fazer depois de se arrepender, quer apenas se sentir menos em dívida com sua mãe. Lembre-se, Harry, somente aqueles que têm um grande coração são capazes de dar uma chance a quem cometeu grandes erros. Perdoar pequenos erros é fácil, perdoar os grandes mostra grandeza de espírito.
- Mas não posso arriscar a vida deles. Não suportaria perder nenhum.
- Acho que não é uma escolha sua, Harry – disse Dumbledore. – Cabe a cada um decidir até onde quer ir para livrar o mundo bruxo de Voldemort.
Ele abaixou a cabeça, e um turbilhão de pensamentos invadiu sua mente. Imagens de Rony, Hermione, e principalmente Gina, caídos, mortos pela Maldição da Morte, enquanto ele ficava ajoelhado observando seus corpos inertes. Voldemort ria em frente a ele, cercado por Comensais da Morte encapuzados.
Não podia arriscar a vida de Gina e de seus amigos, mas ao mesmo tempo tudo dependia da possibilidade de encontrar Voldemort, e derrotá-lo.
- Tudo bem – disse Harry. - Eles decidem.
- Outra coisa. Severus não pode saber que lhe contei, então o melhor é dizermos que eu o mostrei porque não tínhamos saída, ok?
- Tudo bem.
Harry foi até a porta, e fez sinal para todos entrarem.
Quando todos estavam novamente na sala, Harry se voltou a eles e começou a falar.
- Dumbledore me mostrou que não existe opção. Devemos atacar o castelo, é nossa melhor chance. Para isso, iremos contatar o Ministério e a Ordem para enfrentá-lo.
- E a Armada? – perguntou Gina. – Ela não irá participar?
- Nenhum bruxo menor de idade deverá participar dessa batalha – respondeu Harry. Apenas os que estiverem no sétimo ano deverão ser avisados. Eles decidirão se vão querer participar da batalha ou não.
Gina esboçou uma reclamação, mas foi impedida pelo namorado, que continuou falando:
- A única exceção será você, Gina. Dependemos de você, e portanto você deve decidir se irá ou não. Claro que iremos falar com seus pais assim que tivermos sua resposta, mas a escolha será sua.
- Se me permite, Potter, acho que não é necessário arriscar a vida da Srta. Weasley, especialmente por se tratar de uma bruxa menor de idade – interrompeu Snape. – Só precisamos dela para nos dizer onde Voldemort está. Depois disso, ela poderia aparatar de volta a Hogwarts.
- Não – gritou Gina. – Ou vou com vocês, ou nada feito.
- Acho que a Srta. deveria ser mais sensata e menos audaciosa – Snape dirigiu aquela frase gelada para a garota. – Se ficar lá, será uma ótima arma contra Potter se por acaso ele se aproximar do Lorde das Trevas. Ele com certeza irá lhe atacar tentando atingi-lo. Então se quer mesmo ajudá-lo, irá conosco até a entrada da fortaleza, e de lá retornará para Hogwarts, onde estará segura.
Gina permaneceu em silêncio por vários minutos, de cabeça baixa. Quando a ergueu, mostrava determinação e angústia ao mesmo tempo, pois sabia o que devia fazer, mas não era o seu real querer.
- Certo – respondeu a garota. – Farei do jeito que querem.
- Então não temos tempo a perder – disse Dumbledore. – Pedirei a Diretora McGonagall que contate a todos, e amanhã, logo pela manhã, iremos de encontro ao Lorde das Trevas.
- Estarei aqui logo de manhã, Dumbledore – disse Snape, saindo em seguida do escritório, sem se despedir de ninguém.
- Educado ele, não? – disse Rony com sarcasmo, enquanto via a figura do morcegão sumir pelas escadas. – E agora?
- Agora temos que convocar os outros para uma reunião, e ver quem irá conosco – disse Harry, enquanto se despedia de forma silenciosa do quadro de Dumbledore, como se fosse à última vez que iria vê-lo. – Você ainda tem o galeão enfeitiçado da Armada, Hermione?
- Sim – respondeu a garota. – Ando sempre com ele.
- Então convoque os outros para hoje, assim que as aulas acabarem, na Sala Precisa – disse Harry. – Você vem comigo, precisamos conversar – ele puxou Gina pelo braço, levando-a em direção ao lado externo do castelo.
Eles pararam na árvore em que sempre ficavam durante o sexto ano, quando começaram a namorar. Harry encarou os olhos de Gina e disse:
- Quero que me prometa que não vai fazer nenhuma besteira, e vai seguir o plano exatamente como o combinado. O que Snape disse é verdade, Voldemort tentará usar você para me atingir, e não podemos correr esse risco.
- Tudo bem – disse Gina, contrariada. – Já disse que irei seguir o plano, e voltarei para o castelo quando não for mais útil.
- Não é uma questão de ser útil, Gina – Harry tentava mostrá-la o quanto ela era importante. – Mas de se fazer o que é melhor na luta contra Voldemort. Portanto, espero que cumpra tudo o que foi acertado.
- Tudo bem, tudo bem – disse, emburrada.
- Bem, de qualquer forma temos um tempo antes da reunião, devemos nos preparar para ela – concluiu Harry.
Os dois voltaram para dentro do castelo e foram aos dormitórios para aguardarem a reunião.
Na hora marcada, quase todos os membros da Armada que ainda estudavam ou já tinham saído de Hogwarts, se encontraram na Sala Precisa. Harry logo tomou a palavra e se dirigiu aos colegas:
- Bem, agradeço a todos que atenderam ao chamado da Armada de Dumbledore, e gostaria de dizer que é uma honra ter feito parte dela junto com vocês. O caso é que amanhã iremos atacar Voldemort em sua fortaleza, e estou aqui para convocar todos os maiores de idade, e os de coragem para tanto, para participarem da batalha. Qualquer um que não queira participar não será cobrado, nem diminuído por causa disso. Todos que estão aqui já mostraram seu valor e compromisso na luta contra Voldemort. Portanto, quem quiser ir e lutar será muito bem vindo, e quem ficar será compreendido.
Houve silêncio por alguns segundos, até Fred e Jorge soltaram uma das suas:
- Conte conosco, Harry! Pois sabemos que não quer ter a glória de derrotar Voldemort só pra você – gritou Fred.
- Bem, não precisam responder agora – continuou Harry. – Quem quiser se juntar a nós, esteja amanhã às 7 horas em ponto na porta de entrada do castelo, que de lá seremos guiados pelas pessoas do Ministério para o local. O ideal agora é descansarmos, porque amanhã será um dia decisivo para o mundo bruxo.
Aos poucos a sala foi se esvaziando, e muitos cumprimentavam Harry ao sair. As expressões eram de preocupação, mas nenhuma palavra de desânimo foi ouvida naquela sala. Todos sabiam que no dia seguinte, o mundo bruxo saberia se Harry, o menino-que-sobreviveu, era ou não a pessoa destinada a derrotar Voldemort.
Nota do Autor: Milhões de desculpas pela demora na postagem do cap, além de um fim de ano atribulado, várias coisas me impediram de continuar. Prometo que irei dar continuidade na fic até finalizara, provavelmente dentro dos próximos meses. Quero agradecer a Nikari Potter pela betagem, pela amizade, e pelo incentivo. A todos que estão acompanhando a fic, meu muito obrigado, vcs não sabem como são importantes para quem está escrevendo, sendo apenas lendo-a, ou principalmente deixando seus comentários, que tanto incentivam e nos ajudam na elaboração e continuidade dela.
Abraços a todos.
OBS: Quem quiser conversar sobre a fic, HP, ou qualquer assunto, e quiser me adicionar no msn será um prazer.
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