Oculto sobre a capa



Capitulo Um:
Oculto sobre a capa



Ainda que para o término do verão restassem duas semanas, aquele poderia ser considerado um dos piores dias que se sucederá, o céu havia sido encoberto por um imenso véu negro e espesso, alinhado por estrelas embrenhadas entre nuvens repolhudas que escondia a lua entre seus volumes.O verão avançava cada vez mais, sempre em uma mesma velocidade, mais diferente dos verões anteriores, aquele apresentava um clima úmido e frio, na qual qualquer vento que se chocava com o corpo humano igualava-se ao uma pedra de gelo chocando-se com um copo D'água.
Seria impossível dizer que aquele era um subúrbio inglês habitado por uma raça humana, as casas quadradas e coladas umas nas outras apresentavam a mesma satisfação daquele mesmo subúrbio, ou seja, deprimente. Geralmente os carros faziam parte de uma grossa camada de poeira, sobre as garagens opostas para o que um dia fora chamado de "canteiro de flores", os respectivos gramados que antes possuíam o verde habitual havia adquirido um vermelho sobre um emaranhado amarelo em pré-sintonia com o outono, defronte aos poucos postes de luz que ainda emanavam alguma força elétrica sobre a rua.
Naquele dia, parecia impossível observar uma criança se quer, brincando no parquinho próximo, ou um grupo de adultos conversando animadamente com seus respectivos vizinhos. Aquele antigo vilarejo, ocupado por pessoas de alto lucro financeiro já não mais apresentavam os antigos e costumeiros "orgulhos", de serem pertencentes a uma família de classe extremamente alta no mundo dos negócios. Exibir os presentes caros aos invejosos colegas era agora apenas uma lembrança, nenhum domingo ensolarado era mais visto desde o começo daquele mesmo verão.
O vento corria aquele lugar, coberto por folhas secas das copas das árvores, também secas pela estranha mudança climática, a cada esquina ou beco entre moradias, uma nevoa encobria o mesmo sem piedade quase como água. Contudo, o silêncio modorrento que se abrigará no vilarejo não mais poderia ser "silêncio" ao que o som de um sapato oco e metálico invadiu a rua escura. Um farfalhar entoava e enfunava as costas daquele homem que subia a rua tranquilamente, ajeitava a cada dez passos seu chapéu negro aveludado que cobria sua cabeça numa escuridão permanente, seus sapatos lustrosos afundavam o chão enquanto sua capa ondulante dançava ao vento.
O homem delineou-se antes de virar-se a uma escadaria que subia um volume de terra batida, entre um jardim estranhamente replantado por urtigas e arbustos espinhentos cercados por madeiras podres remoídas por cupins. Este subia mais um lance de degraus ate o hall rangedor da casa. Antes de bater a porta, também remoída, ele sentia seus pés vibrarem sobre o que lhe pareceu um chão falso, aquela, sem dúvida alguma era a pior casa do vilarejo.
As janelas em estilhaços, incrustadas de fuligem com enormes tocos de madeira pregadas as mesmas, uma pequena luz a vela iluminava a pequena entrada, dada pra uma porta de carvalho trabalhada com pedras verdes e desenhos de linhas tortuosas que ligavam as pedras uma a cada borda da porta.
O homem aproximou-se, e bateu. Uma baforada de poeira levantou sobre suas vestes, a casa parecia tremer, dentro do aposento pode-se ouvir passos rápidos, a vela ao canto da porta apagou-se assim que a mesma havia sido aberta, rangendo, ao que a figura de um homem baixo e gorducho apareceu diante de um totalmente averso.
Em dois mínimos passos o homem entro ao aposento escuro, mais antes que pudesse reclamar da negritude o pequeno homem estalou os dedos, na qual pequenos archotes foram acessos, destacando-se nas paredes de pintura descascadas, revelando altas estantes, recheadas de livros sujos e desencapados, abaixo de potes de excrementos que pareceram ao visitante, vivos.A casa era como um criado-mudo, aonde artefatos velhos podiam ser guardados, cheirando fortemente a mofo.
O aposento até a qual caminharam quase não havia móveis, apenas uma poltrona confortável e avermelhada ao centro da sala, defronte a uma lareira que crepitava aleatoriamente. Ao lado da poltrona, uma baixa mesinha ocupada por um livro sussurrado e um toquinho de madeira branca com uma ponta extremamente fina.
O homenzinho empurro o visitante para o lado oposto da mesinha baixa, e puxou uma nova poltrona, não tão confortável mais excedente as expectativas.Ele largou-se em sua poltrona de espaldar reto e descansou aliviado, remexendo seus pés cansados, entrelaçou os dedos tão rapidamente que o homem em pé a seu lado armou-se com um toco de madeira particularmente pequeno.

-O que deseja para beber senhor?- sua voz entoou em tom de disfarce, ele parecia corar a ter feito aquele repentino movimento brusco de armar-se.

O homem virou-lhe o rosto escondido.

-Ah, sim. - disse-lhe. - Chá, por favor.

O gesto amplo que o homem fez foi repentino para que uma bandeja de cobre aparecesse na mesinha ao lado do visitante, duas xícaras e um bule reluzente foram depositados na mesma, o bule virou-se rapidamente contra a xícara que estremeceu ao receber o liquido fervente.

-Obrigado.

Ele levou à xícara a boca, saboreando seu chá antes de gesticular:

-Espero que... que... que “ele” não se demore.- disse, exercitando-se em levar a xícara novamente aos lábios.

O relógio de pêndulo a um canto acabará de sinalizar uma hora da manhã, um pio de coruja pode-se ser ouvido do lado de fora da casa antes que uma rajada de vento gélido corresse o aposento sombrio varrendo a fuligem escondida entre os móveis que ocupavam a saleta.

-Ainda que isso seja uma conversa formal, espero não ter de esperar muito, até por quê...

-Não precisa esperar nem mais um minuto se quer Oswaldo. - o homem havia sido interrompido por uma voz fria vinda de alguma parte daquela sala que ele não identificava pela ausência de luz no lugar. -Trouxe o que lhe ordenei?

-Sim. - o homem atendido por Oswaldo levantou-se rapidamente a encarar aquela sombra que se dirigia á lareira.

Olhos de pupilas verticais, cor vermelho ardente ofuscaram-se enquanto sua boca crispava-se em um breve sorriso. Uma figura alta, coberta por um manto negro, uma fisionomia idêntica a de um réptil.
Oswaldo puxou de sua capa de viagem um maço de pergaminhos antiquados que pareciam ter sido ateados ao fogo pelas queimaduras e machas esverdeadas. Ele entregou todos aleatoriamente nas mãos estendidas do ser parado a frente da lareira.

-Ótimo trabalho. – grunhiu, fazendo assim então os pergaminhos sumirem em uma baforada de fumaça. - Restam-me sete dos pergaminhos.

-Alguns dos pergaminhos do Arcaico já foram localizados, mais fora do meu alcance.

Teria acabado de falar alguma bobagem? Aquela metade-humana acabará de encará-lo trazendo em seus olhos um ódio cortante antes que se estendesse a mão para apanhar a vara que se encontrava na mesinha. Ela flutuou ligeiramente para suas mãos brancas.

-Nada e impossível quando trate-se do Lorde das Trevas. - disse-lhe, empurrando a varinha no peito de Oswaldo, quase come se quisesse que ela o perfumara-se.

-Desejar acabar com ele Milorde?- o pequeno servo agora esbanjava um sorriso incontrolável. – Devo eu, chamar Nagini para degustar?

-Não Rabicho, o único a qual seria digno de um fim destes seria você, pela sua absoluta insolência, “Crucio”. - era como estar assistindo ao um filme de terror, Rabicho agora se arrastava pelo chão sujo, se não fosse pelas gargalhadas que agora seu mestre enunciava, poderiam ser ouvidos os ossos partindo-se impiedosamente.

Ao se repor ele investiu em uma reverência demorada ao seu mestre, e retirou-se da sala antes que voltasse ao seu estado critico de sufoco.
Os dois únicos presentes, agora em um pausado tempo de espera até cessar os últimos passos do homenzinho, sentaram-se nas poltronas confortavelmente enquanto vislumbravam o fogo carcomer a lenha.

-Estarei executando os planos com mais breve presteza. - Oswaldo acabará de quebrar aquele silêncio desassisado.

Novamente aquele olhar, dessa vez de repulsa o arrostou, mais não tão definitivamente como antes.

-Muito em breve distinguirei os fracos dos mais fortes. - ele desatou um riso perverso. - Mais antes obterás o que quero.

-Sim. – concordou, parecia de alguma forma amedrontado. –Mais preciso me assegurar de que não haverá interrupção durante a execução do plano no... no Ministério.

-Pode estar certo de que ninguém entrementes entrará em seu caminho.
Oswaldo levou a xícara nervosamente, agora, de volta a bandeja de chá, o estalo do objeto sobre a parte lisa da bandeja veio junto ao badalo do relógio, que agora sinalizava uma e meia da manhã.

-Não acha que os Dementadores estão passando dos limites... em... em questão da repentina mudança de clima?- seu tom de voz mudará, tremia os lábios, parecia querer mudar de diálogo a cada deslize de palavras que ele achará que cometerá.

-Nenhum Dementador descansara até eu ter a certeza de que esses insolentes trouxas estarão sobre estado critico de fraqueza. - mais um riso crispado. – Não haverá mais Azkaban, não haverá mais defesa em relação aos meus seguidores, haverá um ataque sobre aqueles que lutam contra os mais fortes.

Ele brincou em apontar a varinha na direção da lareira, imitindo faíscas azuis peroladas, parecia achar que duelava com alguém exatamente a sua frente.

-O Ministério da Magia sucumbirá sobre a revolta das criaturas da prisão dos bruxos, haverá um desencadeamento. - Oswaldo imitiu um som estranho de preocupação.

-Quanto mais sucumbirem mais fortalecido irei ficar. –havia perdido a graça continuar fingindo que duelava. –Não consegues reconhecer meu querido Oswaldo? O Ministério terá como objetivo após meus planos, anunciar sua declive sobre o mundo mágico.

-Dumbledore...

-Dumbledore? – havia-se sobressaltado o tom de voz.

-Ele interfere quase sempre no Ministério, ele foi o responsável por anunciar ao mundo que você retornou.

Parecia que Oswaldo havia tocado em um assunto que de alguma forma amedrontava o homem sentando ao seu lado, ele gesticulava inaudivelmente, enfrentava as chamas na lareira que de alguma forma parecia responder com ondulações mais extensas.

-Dumbledore será uma pedra em seu destino...

-Não. - enraiveceu-se. – Alvo Dumbledore será eliminado, meu fiel seguidor finalmente dará as cartas de vitória.

-Ele e agiu, terá como interferir no Ministério para não definhar... ele possui muitas amizades influentes que agem naquele lugar.

-Mais não naquela escola.

-Hogwarts? Essa escola opera inteiramente a ele, é ainda pior que o Ministério. - Oswaldo agora mantinha um sorriso no rosto.

-Eu não falo em vão. –ele acomodou-se em sua poltrona, aliviando a tensão. – Precisa instruir-se mais sobre meu respeito Oswaldo.

-Pareço começar a compreender. - disse.

O ser, que Oswaldo ainda não conseguia diferenciar se era metade-humana ou metade réptil, fitou-o com interesse, enrugava a testa em menção de esforçar-se para pensar, dando a Oswaldo um desconforto sem igual.

-Sempre vim a acreditar que ele abandonara a vida de Comensal.

-Comensal uma vez, Comensal para o resto da vida Sr.Oswaldo, ou devo-me referir, meu leal seguidor Oswaldo?!

Ele por um momento pareceu escolher no que o homem a sua frente deveria o chama-lo, mais foi interrompido pela porta do cômodo sendo escancarada energicamente pelo homenzinho, que brandia as mãos no ar e gaguejava expelindo enormes sopros de ar em plenos pulmões.

-Milorde... Milorde eles... - bufou, enchendo mais uma vez os pulmões de ar, como se fosse uma maquina de bombear. – mataram... mataram Ptolomeu Ryan e Frenérico Willians... fomos enganados, eles não estão com alguns dos pergaminhos que o Lorde das Trevas procura.

-NÃO PODE SER. - acontecerá uma sucessão de coisas naquele momento, o fogo da lareira havia ficado repentinamente mais denso, a poltrona tremerá soltando grossas camadas de fuligem, a bandeja de chá ainda não recolhida estatelara-se completamente no chão de madeira enquanto o servo tremia dos pés a cabeça.

-Alguém como Perkins senhor... Bilius Perkins, possue uma parte dos arcaicos escondidos... Ptolomeu antes de ser morto confessou a Macnair... Recebi o recado por Malfoy neste instante.

-Bilius Perkins?- Oswaldo dera um passo à frente. -Chefe do Departamento de Mau Uso dos Artefatos dos Trouxas no Ministério?

-Isso senhor, chefe de uns dos departamentos do Ministério da Magia. - ele se encolherá ainda mais.

-Encontre-o, e traga-me o pergaminho que ele possue. - ordenará o Lorde das Trevas, contornando a poltrona em direção da janela bloqueada por madeiras pregadas. - Vivo, ou morto.

- Ah... você permite-me...?

-Você? Lorde das Trevas. - corrigiu o pequeno homem.

-Lorde... Lorde das Trevas permita-me que interfira sobre o caso de Perkins?

-Oswaldo... fará meu agrado assim como espero?- o Lorde pareceu lisonjeado.

Antes era apenas por um tipo de curiosidade sobre o assunto, mais agora percebia o lisonjeio que seria proporcionado pelo “Lorde das Trevas”, ou até algo mais, se demonstrasse sua atitude de bravura.

-Sim.

-Está em suas mãos consegui-los pra mim. - disse o Lorde. – Faça proveito de Rabicho, ele o auxiliará em tudo que precisar.

O homenzinho olhou seu mestre assustado, depois fitou Oswaldo, ele fechava os punhos segurando-se para de algum modo não acerta o nariz do visitante.

-Sim senhor.

-Mais milorde... O senhor precisa do meu auxilio, Nagini precisa de mim milorde...

Seu mestre o fitou, porém, sorrindo.

-Nagini só precisará de você Rabicho quando as presas dela estiverem longe o suficiente para caçar. - ele enrugou a testa. – eu não preciso mais de seus serviços, a não ser, obedecer ao que mando-lhe fazer.

Rabicho se contraiu, parecia querer gesticular, mais fechou a pequena fresta que abrirá da boca.

-Obedeço honrosamente milorde...

-Responda a outrora mensagem imediatamente enviada por Malfoy, Rabicho. - ordenou o lorde. –Avise-lhe que o nosso Oswaldo aqui, tomará as providências necessárias para Bilius Perkins, é mande-o aguarda minhas ordens.

Rabicho correu novamente em direção a porta que dava para o corredor da porta do hall, e sumiu assim que a mesma bateu atrás de si.

-Comunicar-se? O Ministério intercepta cartas desde seu retorno... corujas carregadas de envelopes a essa hora seria um prato feito para o interceptores.

-Creio eu, que há outros meios mais seguros de enviar mensagens Oswaldo.
Ele endireitou-se em sua poltrona e entrelaçou os dedos, parecia estar prestes a preparar um discurso.

-Obviamente, a Rede de Flú também está sendo vigiada... corujas e lareiras são os únicos meios mais bem desenvolvidos pelos bruxos para comunicar-se com outros...

-Sinais. - agora era o ser a sua frente que entrelaçava os dedos compridos. - parece que foram esquecidos, durante séculos sinais eram os meios mais rápidos para se comunicar, lembro-me como se fosse ontem, nuvens representavam mensagens de perigo, gramados ateavam fogo formando palavras decifráveis... os egípcios, realmente são hesitantes.

-É ainda sim, são usados. - Oswaldo pareceu surpreso. – Mesmo sobre a punição que o Ministério da Magia daria a quem as usasse...

-Você parece ainda se preocupar bastante com esse Ministério insolente não é Oswaldo?

Ele pareceu tremer na base, é claro que em cada interjeição do semi-humano ele estudava as possibilidades do centro do mundo bruxo interferir, ou banir quaisquer que fosse suas intenções. Sinais, liberação do que era chamado de Dementador, Hogwarts, Azkaban, entre outras coisas, eram os principais motivos para ser mencionado o Ministério da Magia e suas regras, era como ler um livrão de leis, cada uma com punições severas sobre o ato cometido.
Agora ele se enxergava em dois caminhos, um tortuoso e um reto, sendo que tanto um quanto o outro eram preenchidos por pedras, rochas e espinhos. Por um lado ele poderia seguir o reto, mais a sua frente vinham guerras, desavenças e cobranças, pelo tortuoso ele se ocultaria sobre uma capa, se esconderia do mundo mais pagaria pelo seu ocultismo.

-Perdemos tempo demais bajulando assuntos infrutíferos, - seu pensamento foi interrompido pelo Lorde. - Pusere-mos um fim nesta arca de planos e começaremos a pôr-los em prática... dei-me o seu braço esquerdo.

Ele enrugou a testa, seria necessário estender o braço? Fazia parte do plano que elaboravam?Mesmo estando estranhamente desconfiado ele elevou o braço na altura da perna do Lorde das Trevas. Este sacou a varinha fina que carregava deixando-a encostar levemente á altura do ombro de Oswaldo. Modelava linhas esverdeadas pacientemente, elas se formavam em sua pele mais ele as não sentia tocar.
A lua fora de foco entrou em um tom verde sobre as sombras que rodeavam as tábuas de madeira tosca aos seus pés assim que a varinha branca distanciara-se de seu braço. Um ranger, um sibilo e algo que parecia arrastar no chão foi logo identificado como uma cobra transparente de aparência dramática.Ela se rastejou cuidadosamente pelos cantos deixando a mostra sua língua áspera de veneno, seus dentes sujos de sangue que brotavam como rosas carnívoras, prontas para atacar.
O vento que agora entrava no aposento pareceu apressar o réptil que agora deslizava sobre os braços da poltrona vermelha do mestre concentrado em seu afazer. Deslizou vagarosamente ate alcançar a palma da mão de Oswaldo que mantinha, agora, os olhos fechados, ele sentia algo molhado subir-lhe em direção do pescoço imobilizando-o de pânico. Houve um choque, um grito abafado e um clarão. A cobra chocara-se com o crânio recém desenhado pelo toco de carvalho, descansando sua cabeça ofídica na boca ossuda da caveira.

-Teens a gratidão de Lorde Voldemort.

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