Azkaban



Caía a chuva tempestuosa na ilha, as ondas do mar quebravam-se intermitentemente na costa, o barulho era terrível, como se o mar e a tempestade duelassem por suas existências numa batalha interminável.


A ilha era vaga, vazia, aparentava solidão e desespero, como um lugar no qual sua alma ficaria aprisionada sem poder ou ter vontade de libertar-se, um local desolado, frio, sem emoção, sem vida, um lugar só. Não havia vegetação alguma, a terra era negra, e a ilha seria desolada senão por uma única construção, uma imensa fortaleza de pedra, escura, de aspecto frio, um local de onde ninguém se aproximava por desejo, um local do qual todos sentem o mais intenso medo, uma prisão pavorosa, que nem os lugares mais pavorosos da Terra jamais poderiam comparar-se ao pavor imposto por ela.


A prisão de Azkaban era temida por todos no mundo mágico, o pavor que esta inspira só é menor do que o imposto por Aquele-que-não-deve-ser-nomeado. Grande parte desse temor deve-se aos seus guardas, os chamados Dementadores, seres sem rosto que sugam a felicidade dos humanos como forma de alimento, seres com mãos podres, cheias de feridas, e que sugam a alma das pessoas pelas suas bocas. Mas a própria prisão inspirava o seu próprio temor, o que agora vem consideravelmente a calhar já que grande parte daquilo que ela inspirava, se foi. Agora, que a prisão de Azkaban já não é mais a mesma, agora que aqueles que mantiam seus presos trancados em suas próprias mentes se foram, ela tem que manter-se da melhor maneira possível, mas essa, está longe de ser infalível quando trata-se do ser que corrompeu seus guardas, o temido Lorde Voldemort.





Dentro dos terrenos pertencentes à prisão, sob a chuva torrencial, três vultos encapuzados caminhavam em direção ao grandiosíssimo portão de madeira, que dava acesso ao interior da fortaleza. Os três vultos aproximaram-se do portão, e o do meio bateu à porta por três vezes, as batidas quase não ecoaram em meio ao barulho da chuva torrencial. Uma portinha abriu-se no meio da porta, e um rosto de um bruxo velho apareceu além da porta.


- Quem está aí a esta hora? Os portões já estão fechados, aliás, como entraram na ilha?


Os rostos dos homens estavam ocultos pela sombra.


- É você, Williamson? Houve alguma coisa errada no cais?


Os vultos ficaram imóveis, e o homem começou a ficar apreensivo.


- Quem são vocês? - perguntou ele começando a desconfiar de algo. O velho pegou uma lamparina e postou-a perto da fresta para ver o rosto deles, mas estes continuavam nas sombras.


O vulto do meio, que parecia estar no comando, levantou o rosto e ele viu, uma máscara escondia-se no capuz. O velho começou a correr gritando, mas mal tinha ele começado, e os outros dois vultos afastaram-se do vulto do meio, e este, pondo-se em posição de ataque, explodiu um feitiço contra a porta, extremamente poderoso, que nem mesmo o barulho da chuva pôde conter o barulho do tremendo estrondo, o portão soltou-se das dobradiças de ferro e um imenso barulho de madeira despedaçada encheu o ar, rachou em ambos os lados e ferpas de madeira voaram para todos os lugares. Não agüentando o impacto, despencou despedaçado no chão.


O velho caiu no chão em meio à sua corrida, tamanho o impacto da queda do portão. Outros três bruxos vieram correndo desesperados de duas entradas laterais para ver o que havia sucedido. Os vultos aproximaram-se e do vulto do meio saiu uma voz feminina:


- Não há porta alguma, nem adornada com os mais complexos feitiços defensivos, que não caiam perante a fúria do Lorde das Trevas, e de seus fiéis seguidores.


Um dos três bruxos recém-chegados, recuperado do choque inicial, lançou um feitiço estuporante na Comensal da Morte, e ela mandou-o de volta para o auror, porém este desviou-se. Neste momento entraram no Hall de Entrada mais dois comensais, e o ar encheu-se de gritos de maldições e contrafeitiços. A comensal aproximou-se do velho enquanto os outros comensais lutavam e murmurou prazerosamente:


- Avada Kedavra.


Um raio de luz verde saiu da varinha da bruxa e imediatamente o velho logo parou de ofegar no chão. Um dos aurores caiu estuporado no chão e os outros dois começaram a recuar em direção à porta trancada atrás deles, a porta na qual culminava o Hall de Entrada. Mas neste momento mais comensais entravam por onde devia estar o portão.


Um dos dois aurores lutava com dois comensais, mas o outro sobressaía-se ao seu oponente.


- Impedimenta.


Nos segundos ganhos ele virou-se para a porta, murmurou uma espécie de contrafeitiço e gritou:


- Alohomorra.


Este caiu atingido por um feitiço púrpura em forma de fogo atirado por um dos comensais que tinha acabado de entrar instantes após ter conseguido abrir a porta. Esta dava em um imenso salão circular, de paredes de pedra com archotes com fogo vermelho, um imenso lustre no teto segurando dezenas e dezenas de archotes, o chão de pedra negra, e diversas portas de madeira dispunham-se pela parede, quatro delas altíssimas e grossas.


De dentro desse salão irromperam vários aurores, aproximadamente uns vinte, os nove comensais entraram no salão sob uma chuva de raios multicoloridos, cada comensal lutava com cerca de dois aurores estando em visível desvantagem numérica. Mais três comensais chegaram, porém a batalha continuava vantajosa para os aurores.


Bellatriz Lestrange lutava com três ao mesmo tempo; conseguiu estuporar um, e também apresentava dificuldade em manter um duelo equilibrado. Mais dois aurores foram derrubados, seguidos de uma comensal, estuporada. Um comensal acertou um feitiço feito de fogo púrpura num auror, mas tendo que lutar com dois, o outro oponente revidou:


- Crucio.


O comensal caiu no chão berrando de dor, seus gritos encheram o salão. Um raio como um trovão atravessou o salão cortando o caminho dentre os duelistas e acertou um comensal do outro lado do salão aumentando a vantagem numérica para os aurores. Bellatriz lançou a Maldição Cruciatus em um dos aurores com quem estava duelando, tendo assim tempo para virar-se à comensal estuporada.


- Enervate.


Ao passo que o oponente de Bellatriz foi fazer o mesmo com um dos aurores, esta lançou nele a Maldição Imperius, forte o suficiente para obrigá-lo a atacar os outros aurores. O auror outrora estuporado por ela acordou e recuperou o sentido antes que alguém desse conta, levantou-se e atacou-a:


- Impedimenta.


Bellatriz congelou no meio do salão, e um comensal acertou-a para derrubá-la com o intuito de protegê-la do intenso fluxo de raios de luz multicoloridos que dançavam pelo salão. Uma aurora utilizou um feitiço expulsório e jogou sobre um comensal um dos archotes pendurados na parede, a capa do comensal começou a pegar fogo. Ele então conjura água de sua varinha e apaga o fogo, recuperado antes do que o esperado pela aurora, ele revida:


- Avada Kedavra.


A aurora caiu no chão subitamente morta, o que foi vantajoso aos comensais pela distração dos aurores, lançaram o contrafeitiço em Bellatriz e ela lançou mais uma Maldição Imperius em um aurora.


Vendo a crescente queda dos aurores, um deles, Dawlish, que duelava com o comensal conhecido como Rabicho desde o início da batalha, berrou:


- Os trasgos! Libertem os trasgos!


Neste momento um dos aurores mirou em uma das grandes portas de madeira e gritou:


- Alohomorra!


A porta se escancarou num ímpeto, um imenso trasgo montanhês saiu de trás da porta, era anormalmente grande, devia ter quase uns sete metros. E pela sua expressão, seu temperamento equiparava-se ao seu tamanho, além de imenso, era feroz, ferosíssimo. Ele saiu urrando da saleta onde estava, fazendo o som da chuva torrencial parecerem gotas d'água quicando lá fora.


Desta vez, foi a vez dos comensais ficarem apreensivos e os aurores terem tempo de se recuperarem. O primeiro auror a ser afetado pela Imperius de Bellatriz conseguiu finalmente resistir à maldição. O afetado pela Cruciatus também conseguiu se recompor para continuar o duelo.


O trasgo usava uma maça gigantesca, capaz de fazer estragos inomináveis, um acerto daquele em alguém era o suficiente para causar sua morte instantânea. Ela brandiu-a em direção ao comensal que teve sua capa e máscara queimados - seu rosto era frio, meio inexpressivo, com grossas sobrancelhas escuras e seu cabelo caía à altura dos olhos -, este estava novamente lutando com um dos aurores. Um dos comensais chamou-lhe a atenção:


- Travers! Cuidado, o trasgo!


O comensal desviou pulando do golpe do trasgo, sua maça colidiu com o chão fazendo este tremer e deixando uma cratera. Não tendo acertado o seu alvo o trasgo enfureceu-se, avançou novamente para o comensal tentando acertar-lhe. Ele escapou jogando-se ao chão quando a maça colidiu com a parede de pedra fazendo-a tremer. Rabicho teve que lançar o Feitiço Conjunvictius no trasgo para impedi-lo de esmagar Travers. Aproveitando-se dessa situação, Dawlish mirou na segunda porta de madeira e gritou:


- Alohomorra!


Novamente, um trasgo, saiu de trás da porta, este era um trasgo silvestre, era mais baixo porém seus braços aparentavam ter mais potencial. Esse foi o momento exato, o momento de chance para os aurores, mas apesar de os trasgos serem treinados para não os atacarem, eles também tinham que manter cautela por causa dos estilhaços, e para não serem esmagados no lugar de um dos comensais.


O outro comensal atingido pela Imperius de Bellatriz conseguiu resistir à maldição, e a desproporcionalidade numérica em favor aos aurores aumentava. Outro auror lançou mais um alohomorra na outra porta, e mais um trasgo (desta vez um trasgo fluvial) saiu de trás da porta.


A vitória parecia quase certa para os aurores, além de terem 11 comensais consigo conseguiriam mais doze, eles permaneciam tempo demais preocupados com os trasgos, e não duelavam direito, mais e mais deles caíam.


Os trasgos desperdiçavam maçadas e urros, a sala estava em um estado deplorável, todas as paredes estavam marcadas dos golpes, algumas rachadas, não sobrara nenhum archote aceso senão os do lustre no teto (a única coisa ainda intacta). O barulho emitido pelos trasgos era absurdo, seus golpes, imedidos, mais quebravam tudo (inclusive suas maças) do que acertavam algo.


Apenas sete comensais resistiam aos trasgos e aos quatorze aurores restantes, quando todo o plano deles parecia ter ido por água abaixo, Dawlish gritou:


- Rendam-se comensais! Não há mais saída, senão a morte!


Neste momento, os trasgos pararam de mover-se devido à domesticação que receberam. E Bellatriz começou a rir histericamente.


- Ah, Dawlish, você não compreende? Nós nunca estamos sozinhos, nunca!


Neste momento, até mesmo o som da chuva pareceu ter cessado, todos olharam para, apenas, um local, o local para onde Bellatriz estava olhando. Ao solado do portão de madeira estilhaçado, estava o maior temor de todos os aurores que estavam ali, Lorde Voldemort.





O medo apossava-se dos aurores, e era altamente visível em seus olhos. Em contrapartida, pareceu aos comensais respirarem aliviados, sentiam como se finalmente a vitória e o intuito pelo qual estavam ali estivessem garantidos. Ninguém mexia-se. O lorde começou a andar em direção ao salão vagarosamente - ele usava uma grande capa cobrindo seu corpo, seu capuz estava baixado mostrando seu rosto incrivelmente branco, fendas no lugar de narinas, olhos vermelhos em fendas ardendo como se estivesses em chamas, ardendo de fúria.


Os aurores olhavam para ele com sentimentos apocalípticos. Os trasgos, percebendo perigo, atacaram-no. Três trasgos gigantescos avançavam em direção ao lorde e ele mantinha a mesma frieza em seu rosto. O mais alto deles empunhou sua maça em direção a ele e atacou. Com movimentos rápidos e secos, ele empunhou a varinha, e lançou uma maldição em direção à maça, esta saiu voando acima de sua cabeça, quando começou a cair, outra maldição foi lançada lançando-a em direção ao trasgo, a maça acertou-o no rosto com uma força inesperada fazendo um imenso estrago, o impacto foi tamanho que ele cambaleou e quase caiu.


Os outros dois trasgos exitaram. Os comensais, de ânimo renovado, atacaram mais intensamente agora, e de forma mais violenta, como se a presença de seu mestre fosse estimulante a eles. Os aurores, tremendo em frente a tamanho pavor de tal presença, caíam mais e mais, sem ânimo de lutar, como se estivessem acabados, derrotados.


Um dos trasgos, receoso em atacar Voldemort, avançou novamente em direção aos comensais, mas estes, dessa vez, atacaram-no com ânimo a ponto de fazê-lo cair no meio do salão. Enquanto isso, Voldemort atacava os outros dois trasgos com frieza, como se ambos fossem animaizinhos de estimação insignificantes; esses, recuavam em frente a ele.


O trasgo outrora acertado também caiu. O único que restou lutava desacreditado contra o lorde, este lançou um feitiço em direção ao imenso lustre no teto, este ficou balançando no teto, ameaçando cair, até que a corrente que o segurava rompeu e o lustre despencou na cabeça do trasgo, sangue jorrava por todos os lados e tochas lançavam fogo na direção de todos, suportes de metal e de pedra do lustre caíam fazendo estardalhaço, entortando-se e quebrando-se.


Os aurores começaram a recuar em direção ao interior do prédio, mas estes eram poucos, a maioria estava derrubada no chão, desacordados ou mortos. Os comensais começaram a acordar os estuporados e separarem os comensais realmente machucados dos aurores e começaram a seguir em direção às dependências internas da fortaleza.


Voldemort aproximou-se dos comensais ainda presentes e disse com sua voz fria:


- Vão, vão de uma vez, matem todos que encontrarem pela frente. É capaz de que encontrem outros seres como trasgos, derrotem-nos, ou morram tentando, pois se assim sucederem significa que não estão aptos a servir a mim. Vão!


Os comensais acataram imediatamente às suas ordens, e começaram a adentrar os corredores escuros de pedra da fortaleza, estes eram de uma arquitetura complexa, e possuíam tochas nas paredes iluminando o caminho. Enquanto isso, na retaguarda, prosseguia Lorde Voldemort, em direção ao corredor de segurança máxima, onde sangues ruins e traidores do sangue guardavam seus fiéis seguidores, aqueles que tinham doado sua vida para servirem-no, para estar ao seu lado na nobre tarefa de expurgar aquela raça imunda do mundo, e compartilhar do seu supremo poder.





Dawlish corria pelos corredores da fortaleza, atrás de Rabicho, ainda sem saber de quem se tratava. Via ao longe apenas a barra de sua capa e ouvia seus barulhos na sua fuga. Fugira adentrando a fortaleza em direção ao corredor de segurança máxima. Como fora possível todos aqueles comensais invadirem Azkaban com toda a segurança mantida? Tanto externamente quando internamente. Mas por outro lado sentia-se um tanto confortável, se assim é viável dizer, sabia que seria praticamente impossível aqueles bruxos das trevas saírem dali carregando os prisioneiros, não com Azkaban sendo guardada por muito mais do que aurores.


E assim ele prosseguia atrás de Rabicho, na esperança de pegar aquele comensal, na esperança de não terem que chegar ao ponto de utilizar sua última arma…





Travers corria por um longo e alto corredor junto a uma outra comensal de quem nem ele conhecia o nome. O corredor parecia ter sido esculpido em pedra e em suas paredes haviam janelas altíssimas, sem vidro, e sem vista alguma, além delas havia apenas uma escuridão profunda., chegaram a uma bifurcação em Y, e estancaram.


- Você vá pela direita - ordenou Travers à comensal.


Ela assentiu com a cabeça e ambos seguiram seus respectivos caminhos, atrás de si, ele ouviu um comensal retardatário também pegar o caminho inverso ao dele. Andou por este corredor por algum tempo e chegou a uma outra bifurcação, esta, tinha três caminhos. Confuso, seguiu pelo do meio e após algum tempo chegou a uma outra bifurcação em Y.


- Mas que d...! Isto é um maldito labirinto!





Por outro corredor da fortaleza corriam outros dois comensais, um deles havia perdido a máscara durante a batalha no Saguão de Entrada. Seu rosto era moreno; seus cabelos eram lisos e compridos, caindo-lhe a altura do peito; seus olhos eram brancos, dando a incômoda impressão de que era cego. O outro era baixo e ofegava bastante. Haviam encontrado pelo caminho um dos aurores que escapara do massacre na batalha. Mataram-no.


Chegaram a um corredor sem fim.


- Maldição! É o terceiro! - disse o bruxo sem máscara.


- Explode-o!


O comensal lançou uma potente maldição explosiva na parede de pedra, uma densa nuvem de poeira subiu e cobriu as suas vistas. Quando esta baixou, eles viram. Absolutamente nenhum dano havia sido causado à parede, estava intacta!


- Mas que d...!


- Bellatriz seria necessária agora, ninguém explode qualquer coisa como ela.


- Guarde seus amores por ela pra mais tarde, imbecil! - disse o bruxo arregalando seus olhos esbranquiçados conforme passava por ele voltando pelo corredor de onde viera. - E ela é casada!


O comensal aparentou querer responder, mas não teve coragem em vista da fúria do companheiro.


Voltaram pelo corredor e pegaram um outro caminho por uma portícula escura e escondida. Caminharam por ela até chegarem a um corredor com runas gravadas nas paredes, no teto e no chão. Quadros estendiam-se pelas paredes, mas estes não continham nenhuma imagem, o seu fundo era preto, sem nada além. Chegaram ao fundo, nada. O comensal de olhos brancos virou-se enfurecido em direção aos quadros, mas antes que pudesse analisá-los, o outro disse:


- Espere, há algo aqui!


O comensal retornou e analisou a parede. Realmente, não era uma parede, era uma porta, camuflada. No seu meio runas estavam gravadas mais profundamente que as outras, que pareciam ter sido apenas riscadas, pareciam ter instruções, ou um aviso.


- Abrimos?


- É claro, imbecil! Disse o outro dando-lhe um tapa na nuca.


O bruxo postou-se defronte a porta.


- Cistem Aperio.


O feitiço chocou-se contra a porta e ela rachou e cedeu em várias partes. Um verdadeiro enxame de Fadas mordentes atacou os comensais. Ambos tentaram revidar, mas milhares e mais milhares delas saíam e mordiam-nos mais e mais. Suas presas eram afiadas, doloridas, e venenosas. Eles acabaram sendo protegidos por suas grossas capas de chuva, porém elas não impediam que eles sentissem as dores das mordidas, e o bruxo de cabelos compridos ainda estava com o rosto descoberto.


O outro bruxo puxou a varinha e conjurou um fadicida, e começou a aplicá-lo sem mira alguma em qualquer bicho que pusesse-se um sua frente. O outro lançou uma maldição na forma de uma fumaça escura, as Fadas mordentes afetadas começaram a tontear e algumas tombaram.


Ambos saíram correndo dali conforme conseguiram uma brecha para escaparem. Com vantagem de tempo, conjuraram uma espécie de escudo em torno de si para protegerem-se. As Fadas mordentes ricocheteavam no escudo, investiam novamente, e novamente eram repelidas. Era incrível o espetáculo visual de tamanha quantidade de Fadas mordentes chocando-se contra uma barreira; o barulho era imenso, estardalhaçador. Até que elas começaram a cansar-se e a desistir, voando para a liberdade além dos corredores. Assim que elas haviam partido eles adentraram novamente o corredor abarrotado de runas e foram explorar além da porta destruída.





Bellatriz corria por um corredor que provavelmente ficava bem alto no prédio, haviam várias janelas minúsculas nas paredes de pedra e o ar corria com maior freqüência, que não era tão denso como nos outros aposentos. Junto a ela encontrava-se outro comensal, alto e forte.


Entraram numa espécie de salão à céu aberto, a parede estava semi-destruída lembrando uma ruína. A princípio acharam que estivera vazia, ou que por ser tão diferente das outras poderia ter algum feitiço como em outros corredores pelos quais passaram. Caminharam pela planície de pedra cautelosamente, mas o que lhes esperava era muito pior do que qualquer um deles pudera imaginar encontrar: um ser monstruoso; com cabeça de leão; corpo de cabra, do meio do qual saía também uma cabeça caprina; e rabo de dragão, na ponta do qual havia também uma cabeça de um; uma quimera!


A quimera postava-se no meio do caminho impedindo a passagem dos comensais. Ambos olharam aterrorizados para a criatura, temendo-a tremendamente. Ela rugiu, o barulho era imenso, aterrorizante, profundo. Deu o primeiro passo em direção a eles. Os dois pensaram em fugir, mas como se este pensamento tivesse acessado uma espécie de alavanca, do portal por onde acabaram de passar caiu uma grade, trancando o caminho de passagem de volta. O monstro correu em direção a eles com suas pernas de cabra mas rápido como o leão e feroz como o dragão. O comensal tentou afastá-lo com um feitiço defensivo enquanto Bellatriz virou-se para o portão e tentou explodi-lo, mas não teve efeito algum. Foi tentar usar o feitiço que usara contra o portão de entrada de Azkaban, mas não teve tempo, a quimera avançou violentamente para os dois e ela teve que agir. Lançou um Feitiço Estuporante no animal, mas o seu couro rebateu-o e atingiu uma das paredes. Ambos correram para as laterais do salão. Ela seguiu Bellatriz, que saiu correndo e começou a disparar feitiços pelas costas, enquanto o outro comensal tentava abatê-lo pelo outro lado do salão. Ela jogou o seu corpo para frente para encarar o monstro e disparou um Avada Kedavra diretamente em seu rosto. O mostro, no meio de um pulo mortal para cima dela, com uma rapidez sobrenatural, no meio do ar, mudou de direção e caiu no chão, pulando novamente sobre ela. Ela protegeu-se com os braços enquanto a quimera pulou encima dela, o peso foi absurdo, ela aproximou sua cabeça de leão próximo ao rosto de Lestrange, e quando a cabeça do dragão foi abocanhar suas pernas, comensal atingiu o bicho com uma feitiço de um chama púrpura, o bicho foi repelido mas estava longe de ser abatido.


Avançou novamente sobre Bellatriz e esta correu de costas lançando feitiços, mas estes pareciam não surtir efeito. Ela, num momento de desespero, acendeu a varinha no rosto do animal conforme este preparava para saltar novamente sobre ela. A luz cegou o bicho dando vantagem aos comensais. O comensal mirou no bicho.


- Avada Kedavra.


O bicho, como por um instinto, num movimento brusco, desviou-se do feitiço. De costas a cabeça do dragão abocanhou o braço direito de Bellatriz, imobilizando-a. O outro comensal lançou o feitiço de fogo púrpura novamente, mas desta vez conseguiu atingir a boca de leão da quimera. Finalmente parecera que conseguiram algum efeito. O animal cambaleou.


- Crucio - gritou Bellatriz mirando a cabeça de dragão do animal aproveitando o seu fraquejo.


As três cabeças berraram em desespero, o animal cambaleava marejado em dor.


Ela preparou-se para dar o golpe fatal. Mas a quimera, enfurecida, começou a tentar mordê-la, cegamente. Ela avançou em direção à comensal, e esta tentou revidar, mas a quimera, determinada, virou-se e saltou sobre ela, aproximando suas enormes presas de seu rosto, até mesmo a cabeça de cabra, que saia da lateral do corpo do animal, mordeu-a.


Bellatriz berrou de dor, a cabeça de dragão mordeu suas pernas. Mais gritos. A cabeça do animal estava mais perto de seu rosto, a comensal olhou desesperada, gemendo de dor, a imensa boca, capaz de engolir sua cabeça inteira de uma só vez.


Temendo abocanhar Bellatriz, e mais tarde vir para cima dele, o outro comensal lançou um tremendo jato de água na boca de dragão da quimera, era tão forte quanto uma mangueira de um bombeiro trouxa. A cabeça largou as pernas da outra comensal e começou a afogar-se com todo o fluxo. A besta afrouxou as garras sobre Bellatriz. Aproveitando a chance, ela enfiou a varinha no olho da cabra, a cabeça berrou, e o animal saiu de cima dela.


Enfurecida, Bellatriz mirou no rosto do leão e preparou sua varinha. Lançou diretamente na boca e lançou o mesmo feitiço utilizado no portão de entrada da fortaleza. O barulho da explosão foi imenso, o feitiço atingiu o animal que berrou mais alto do que nunca. A quimera tombou pesadamente, derrotada.


Ambos os comensais olharam-se, ofegantes, e dirigiram-se à porta defendida pela quimera. Passando por ela, desceram um imenso lance de escada, e adiante, viram um longo e escuro corredor, que virava ao fundo em outras duas direções, escolhendo o caminho da direita, andaram e encontraram no meio do caminho outras duas entradas para ambos os lados, mas não pegaram nenhuma delas, seguiram em frente. Chegaram a um portão, sobre o qual havia uma placa, na qual lia-se: Corredor de Segurança Máxima.





Lorde Voldemort andava rapidamente por um dos altos corredores de pedra de Azkaban, ao seu redor, caminhavam junto a ele outros dois comensais.


Um deles parou para ver algo que o interessara na parede.


- Rápido, Goyle. Seu imbecil! Não temos tempo a perder.


O comensal voltou a caminhar com a cabeça baixa, era alto e forte. O outro comensal permanecera calado desde o início da caminhada em direção ao Corredor de Segurança Máxima. Mesmo quando encontraram dois feitiços pelo caminho que supunham interromper sua caminhada, Lorde Voldemort destruiu-os friamente e ele mantivera-se quieto.


Tinham a impressão de que não faltava muito para chegarem.


- Não recordas o caminho exato mestre? - disse o comensal até agora calado.


- É claro que sim imbecil, porém este lugar está cheio de falsos corredores, feitiços, e estou tentando evitá-los, temos poucos homens, além de terem mudado alguns corredores de lugar pensando na segurança.


- Logo teremos homens suficientes, Lorde.


- Não se meus comensais começarem a mostrarem-se não-dignos de servir-me, mostrando-se fracos.


- Ao que se refere, Lorde das Trevas?


- Yelena. Ela caiu - pela expressão dos comensais, ambos desconheciam-na, deveria ser uma das novas recrutadas, pensou Goyle -, encontrou uma esfinge no meio do caminho. Sendo ela, obviamente, não acertou a charada.





Ambos os comensais haviam acabado de passar pela porta destruída após a dispersão das Fadas mordentes. Andaram pelo corredor escuro, haviam esculpidas nas paredes runas de dois metros de altura, uma ao lado da outra.


- Isso parece um aviso.


O outro comensal ficou parado, olhando-as.


- Pritchard, está me escutando?


- Oi? - disse o comensal de olhos brancos.


- Tenho a impressão de que já vi essas runas. Mas nunca estudei Runas Antigas. Você?


- Também não. De onde tem a impressão de ter visto?


- Não me lembro. Tenho a impressão de ser em algum livro de Magia Negra.


Ele olhou-o assustado. Pritchard virou-se para ele.


- Em algum livro de maldições - acrescentou.


- Bem, aquelas Fadas mordentes pareciam as maldições utilizadas nas tumbas egípcias.


- É! Mas é algo nórdico, tendo runas...


- Vamos continuar, não podemos demorar.


- Vamos, mas tenha cuidado!


Continuaram o caminho, não encontraram nada.


Chegaram a uma porta, era como a outra, mas não tinha runas sobre si. Ao lado dela haviam duas estátuas de guerreiros nórdicos, um deles segurava uma espada e um escudo; o outro, um machado e uma lança. Os comensais examinaram-nos minuciosamente, pareciam normais, mas Magia não é algo que segue lógica alguma. Eles entreolharam-se.


- Abrimos? - disse o comensal ainda mascarado.


- Suponho que não utilizariam o mesmo feitiço duas vezes - respondeu Pritchard.


- Suponho que eles imaginaram que nós poderíamos vir a pensar exatamente isso.


- Eu lanço a maldição, e você nos protege, ok?


- Ok!


Ambos puseram-se a postos. Pritchard lançou a maldição sobre a porta, ela rachou-se e desmoronou em algumas partes. Mas nenhum animal saiu de lá.


- Ainda pode haver algum outro animal maior ou algum feitiço sobre a porta.


- Não descobriremos se não entrarmos.


O outro comensal olhou-o desconfiado e inseguro, mas também seguiu em direção à porta. Lançaram mais feitiços para afastar os destroços do caminho.


Mas a partir do momento em que passaram pelas estátuas, um profundo inspiro encheu seus pulmões de ar e elas adquiriram vida. Ambas viraram seus pescoços para trás para olharem os comensais, levantaram suas armas, e atacaram. Os dois comensais, porém, já sobressaltados, perceberam o movimento brusco e abaixaram-se repentinamente, fazendo as armas dos guerreiros colidirem-se contra as paredes, e fazendo essas espatifarem-se sob o peso delas. Os comensais levantaram-se e começaram a lançar maldições contra as estátuas, mas estas não surtiam muito efeito contra pedra. Os guerreiros atacavam violentamente golpeando as paredes ao não acertarem os comensais, ou golpeando fortemente os comensais quando os acertavam.


Pritchard e o outro comensal desviavam-se bruscamente dos ataques, quase marciais de tão rápidas, das estátuas. Começaram então a piorar seus ataques, deixarem-nos mais violentos, mais brutos, pois não conseguiam acompanhar o ritmo das estátuas, elas os empurravam para trás atacando, e os comensais tentavam defender-se como podiam. De repente o comensal sentiu terra cair sob seus pés, olhou de relance para trás e viu que as estátuas os empurravam para um abismo.


- Abismo, Pritchard!


Esse desvio foi o suficiente para ele ser golpeado no rosto, desequilibrar-se e quase e cair. Pritchard olhou também e começou a desesperar-se, não conseguiam acompanhar o ritmo duelista dos guerreiros, afinal, não possuíam armas, possuíam varinhas!


Num acesso de raiva, Pritchard explodiu o braço do guerreiro com um feitiço. De ânimo renovado, começou a atacar. O outro comensal também começou a sair da posição de defesa, e começou a obter vantagem sobre a estátua. Ao mesmo tempo, os comensais explodiram as estátuas, elas despedaçaram-se em diversos podaços que saíram voando por todos os lados.


Ambos olharam-se aliviados. Olharam para o abismo. Dentro de um corredor escuro como o que estavam, não enxergavam quase nada.


- Lumus.


Não conseguiam ver muita coisa, mesmo com luz. Mas após alguns minutos perceberam algo. Uma escada descia encostada à parede do abismo. Eles trocaram um olhar de afirmação, mas quando foram descer perceberam outra coisa, desta vez, atrás de si.


Tiveram um susto quando olharam para trás. Os pedaços destruídos das estátuas vivas, começaram a montar-se, tornando-as novamente vivas.


Os comensais correram e começaram a descer pela escada encostada à parede do abismo, ela era muito estreita, assim como seus degraus, eles mal conseguiam andar, quem dera correr, escorregavam, caíam, pulavam degraus de uma vez só. As estátuas não tinham problemas com o escuro, e jogavam pedras sobre eles. E como se não bastasse, para o maior desespero dos comensais, elas subiram nas paredes e começaram a andar sobre essas, andavam como escala um alpinista; rastejavam-se pelas paredes com o auxílio de seus quatro membros. E assim desceram, de cabeça pra baixo, pedra segurando-se na pedra, como sapos grudam-se nas paredes, em direção aos comensais, abismo abaixo.





- Oriente-me - disse Travers à sua varinha deitada em sua mão. Ela girou e apontou para o Nordeste, ele pegou o caminho da esquerda de mais uma bifurcação no labirinto, estava ali há um bom tempo, e sentia que logo chegaria ao fim, uma vez que certificara-se para não andar em voltas, deixara atrás de si um rastro brilhante, por vezes o encontrara e tomara outro caminho.


Via agora à sua frente uma luz distante. Respirou fundo ansiosamente e correu em direção à luz. Chegava mais perto da luz e viu que se tratava de um salão com janelas, finalmente, o fim do labirinto! Chegou a ele, era um salão redondo com paredes de pedra e suas janelas eram cortes quadrangulares na parede. O comensal suspirou, e ao dar um passo à frente viu à sua frente algo inesperado, inesperado e belo.


Um animal de porte nobre com a parte da frente de seu corpo de uma águia e a parte de trás de um leão - um grifo.
Travers olhou receoso para o animal e pensou em voz alta: - bons guardadores de tesouros!


Hesitou em atacar o grifo, sabia que se tratava de um animal poderoso. Este, por sua vez, olhava-o com superioridade, mexendo somente os olhos, friamente. - Atacar antes de ser atacado! O comensal lançou um feitiço estuporante no animal, este, por sua vez, abaixou-se, e o feitiço passou por cima dele sem acertá-lo. Ele levantou sua cabeça, e olhou para o comensal com desprezo.


Travers, raivoso, lançou-se em direção ao animal, conjurando um fogo púrpura em sua direção. Desta vez ele mexeu-se, desviou, mas continuou passivo. O comensal começou uma série de ataques, já o grifo, desviava e mantinha a superioridade. Até que iniciou sua investida, avançou e atacou com suas imensas garras. Conseguiu enfiar suas garras no tornozelo do comensal apesar de este ter pulado para desviar-se do ataque. Travers caiu no chão com a perna sangrando, virou-se sobre o chão e mirou o grifo que atacava novamente.


- Expelliarmus.


O animal foi jogado longe, e colidiu brutalmente contra o chão. Levantou-se com um olhar do fúria, e atacou seriamente o comensal. Este, lançou um Feitiço Estuporante no grifo, este desviou; lançou o feitiço de fogo púrpura, novamente desviou; lançou um Avada Kedavra, e o animal desviou, porém hesitou desta vez, percebendo a gravidade do feitiço que destinara-se a ele. Mas isto só serviu para enfurecê-lo ainda mais.


Atacou como um leão faminto, com profundas e afiadas garras e um impetuoso bico. Pulou sobre o comensal e jogou-o no chão, este sentiu o peso imenso do animal sobre si. Protegeu-se da cabeça do grifo com seu antebraço, chutou-o conseguindo tirá-lo de cima de si, agarrou a varinha, que caíra, e mirou.


- Wingardium Leviosa.


O grifo, num ato quase cômico, começou a flutuar. Olhou para baixo desesperado sem poder agir. E o comensal manteve o pulso firme, e ele subiu, mais e mais, três, quatro, cinco, seis metros! Travers sorriu malevolamente, e subitamente suspendeu o feitiço, fazendo o animal despencar.





Voldemort, Goyle e o outro comensal aproximavam-se do Corredor.


- Preparem-se, e cuidem para não machucar-se.


Os comensais que o acompanhavam entreolharam-se.


- Um belo bichinho nos aguarda - disse sarcasticamente.


Novamente entreolharam-se. Chegaram a um salão de paredes de rocha negra, do teto pendia um enorme lustre de cristal, e do outro lado, defronte à porta, havia um horrendo animal.


Cabeça humana, corpo de leão e rabo de escorpião. A cabeça, tinha fileiras de dentes, amarelos e afiadíssimos, como navalhas, cuja mordida, imensamente venenosa, poderia matar instantaneamente; o corpo, grande e veloz, capaz de repelir a maioria dos feitiços conhecidos; a rabo, com um ferrão repleto de grandes espinhos venenosos, que podiam ser lançados como dardos.


Os dois comensais olharam imensamente apavorados, nenhum deles jamais vira um manticore antes. O Lorde, porém, sorriu, friamente.


O monstro olhou-os profundamente.


- Fiquem afastados e cuidem para não morrer.


Ele enrijeceu a cauda, o lançou uma dezena de espinhos venenosos em direção a eles. Voldemort empunhou a varinha e parou os espinhos no ar. Mal havia feito isso e a besta corria velozmente em direção a eles num ataque mortal. Lançou espinhos em direção aos outros dois comensais enquanto bateu de frente contra Voldemort. Avançou com a boca escancarada num ataque letal, e Voldemort lançou um raio negro em direção à boca do animal, ele desviou o suficiente para o feitiço acertar seu couro e neutralizar-se. Jogou espinhos nele, mas esses não afetavam-no, ele era mais rápido. Já os comensais ofegavam ao ter que escapar dos espinhos que, constantemente, eram atirados em suas direções. Já Voldemort fugia dos espinhos, das garras leoninas, e da boca imensa e venenosa.


O duelo era espetacular, o animal era muito rápido, e atacava rapidamente e de diversas maneiras. O Lorde das Trevas defendia-se dos ataques violentos do manticore e tentava encontrar uma brecha no ataque da besta para conseguir atacá-la.


Um imenso barulho de explosão encheu o recinto com o feitiço lançado pelo Lorde em direção à besta, mas o incrível poder defensivo do couro do animal repeliu novamente o feitiço. O animal porém, tonteou com o impacto, dando tempo suficiente para que fosse dado golpe final.


- Avada Kedavra - disse o Lorde com imenso prazer na voz, em direção ao rosto humano e monstruoso do animal.


Com um grito abafado o animal foi jogado longe, duro como pedra, sob a supremacia de Lorde Voldemort, morto.





Os comensais desciam pelas escadas, ofegando, tropeçando nos degraus. Desceram metros e metros, quilômetros escada abaixo, fugindo abaixo, as estátuas chocando suas mãos contra a parede fazendo-a despedaçar-se, pegando os destroços e atirando contra eles.


Finalmente, colidiram seus pés contra uma plataforma de pedra, era elíptica, com uns dois metros de raio na região mais estreita em relação ao centro. Em volta dela corria um rio no fundo do abismo, a água era negra. Acabaram as escadas, estavam encurralados!


As estátuas desciam penduradas na parede e jogavam pedras sobre eles, cada vez maiores, o comensal encapuzado tinha suas roupas na altura do ombro rasgado e Pritchard tinha um corte na testa, causados pelo ataque das pedras. Uma pedra acertou o outro comensal no rosto, ele gemeu de dor, e as estátuas aproximavam-se deles. Pritchard olhou para o rio.


- Água… - disse pensando alto - água contra rocha… ELES AFUNDARIAM! PRA ÁGUA, PULE NA ÁGUA!


O comensal pulou na água seguido pelo outro. A corrente puxou-os para baixo, as estátuas, porém, ainda nas paredes, começaram a correr, e conforme eles desciam pelo rio, elas, agarradas às paredes, desciam no mesmo sentido do rio, jogando pedras nos dois. Algumas pedras acertavam-nos, fazendo-os afundar e quase afogar-se.


O comensal ainda mascarado lançou um Feitiço Estuporante em uma delas, acertou-a mas apenas fez um pequeno estrago nela. Lançou um fogo púrpura que acertou-a e a fez cair na água, ela colidiu contra o fundo.


Ambos os comensais então começaram a lançar uma chuva de raios em direção à estátua, ela virou seu corpo e recuou, mas foi acertada e despencou na água.


Eles avistaram outra plataforma de pedra, essa maior, e cheia de musgo. Nadaram em direção a ela e agarraram-se. Subiram e avistaram outra escada, olharam para cima para ver sua extensão, não era tão alta como a outra pela qual desceram, mas seus degraus eram tão estreitos quanto. Respiraram fundo e começaram a subir. Algum tempo depois terminava a escada, eles pegaram um corredor intensamente cansados, andaram, andaram, e nada.


Seguiram em frente mais e mais, viraram à direita, à esquerda, novamente à esquerda, seguiram em frente... até finalmente avistarem um portão no meio do corredor, acima dele havia uma placa com dizeres: Corredor de Segurança Máxima. Ambos entreolharam-se exaustos, Pritchard caiu no chão ofegando pelo cansaço, passou a mão sobre o rosto para remover o sangue que escorria.


Somente então eles perceberam que havia dois vultos à sua frente. Pritchard levantou e ambos acenderam suas varinhas, os vultos viraram-se e também acenderam as suas.


- Ah, você Bellatriz! - exclamou Pritchard.


- Achei que fossem aurores - disse ela como se os recriminasse.


Os quatro comensais surpreenderam-se com uma nova chegada, Travers entrava por um caminho atrás deles à esquerda, logo após, à direita, outro comensal também entrou.


Travers mancava e constantemente segurava seu tornozelo rasgado pelo grifo; Pritchard tinha um corte no rosto e o comensal com quem ele havia feito o trajeto, um no braço, feitos pelas estátuas; o comensal que aparecera sozinho tonteava e segurava com força o seu braço; Bellatriz tinha diversos arranhões no rosto e nos braços, o comensal com ela era o único intacto.


- Quem falta? - perguntou o comensal que segurava o braço esquerdo.


- Uma caiu na batalha no Salão Principal - respondeu o comensal que fizera o trajeto com Bellatriz.


- O Lorde pediu que um outro ficasse com ela, e guardasse a retaguarda, ela estava seriamente ferida, mas ainda viva - continuou Travers.


- Dois permaneceram com o Lorde - respondeu novamente o outro comensal.


- Goyle e mais alguém - complementou o comensal que estivera com Pritchard.


- Falta Pedro - disse Bellatriz.


- Havia uma que estava comigo mas que tomou um caminho diferente antes de entrar em um labirinto - respondeu Travers.


- Eu segui com ela até uma boa altura mas mudamos de direção também - retornou o comensal que aparecera sozinho. - Seguimos ou esperamos o Lorde das Trevas?


- Seguimos, não temos tempo a perder, se ele já não passou por aqui logo chegará, é, de início, intuito dele chegar depois de nós - respondeu Lestrange.


Todos confirmaram com um aceno de cabeça. Andaram em direção ao Corredor, passaram por um segundo portão, subiram por uma imponente escada de mármore negro e seguiram à frente, os corredores eram escuros, com paredes de pedra, todos estavam com suas varinhas acesas. Chegaram a um terceiro portão, em frente a este, três vultos os esperavam.


Lorde Voldemort já chegara, pelo jeito há um bom tempo em relação aos outros, pois olhava-os com impaciência. Estava acompanhado por Goyle e pelo outro comensal, estavam intactos. Voldemort olhou-os enraivado ao seu o estado em que todos encontravam-se.


- Continuemos - disse com uma voz que era uma mistura de raiva e desprezo.


Eles andaram pelo corredor com as varinhas acesas (em exceção à de Voldemort), andavam em duas filas indianas tortas, e no meio de ambas, ficava, protegido, seu mestre.


Alcançaram uma imensa porta de carvalho com grandes aldravas de ferro enferrujado. Voldemort virou-se para eles.


- Preparem-se.


Ele mexeu a varinha e utilizando o mesmo feitiço que Bellatriz utilizara no portão de entrada da fortaleza, reduziu a porta a meras farpas e estilhaços de madeira.





Dawlish corria novamente atrás de Pettigrew, conseguira impedi-lo de subir para os andares superiores para ir em direção ao Corredor de Segurança Máxima, mas ele fugira novamente e ansiava chegar ao exterior do prédio, provavelmente para fugir ou esperar por Voldemort quando saísse.


Chegaram a uma área gigantesca no térreo da fortaleza, ela não tinha paredes, era como um pátio. Possuía somente dezenas e dezenas de grossos pilares que sustentavam não somente o andar superior como todos os outros acima. Esses eram de mármore negro, já o chão, as paredes e o teto eram marmorizados em tons levemente diferenciados de cinza.


Dawlish aproximavas-e de Rabicho cada vez mais, até que ele foi obrigado a reagir para não ser alcançado.


- Estupefaça - gritou ele virando-se de costas e apontando sua varinha na direção do auror.


Dawlish jogou-se para trás de um dos balaústres, onde o feitiço explodiu estilhaçando uma pequena parte de mármore. Rabicho começou a fugir. Mas o auror saiu de trás do pilar e acertou-o com um feitiço para desarmar. O comensal foi jogado longe, e sua varinha voou metros longe. O auror apontou a outra varinha: - Accio.


Womtail viu sua varinha ir voando em direção à mão do auror, e desesperou-se.


- Desista, comensal! Ajoelhe-se no chão e coloque as mãos na nuca.


O comensal levantou-se do chão meio curvado, olhou para o auror, e riu.


- Do que está rindo? Seu mestre chegou ao ponto de recrutar comensais loucos desta vez?


- O Lorde das Trevas escolhe seus seguidores, auror. Nós não somos qualquer um, sabe! Por algum motivo, ele nos escolhe, nem que seja unicamente pela força física…


- E…


- E acontece… que esse não é o meu caso! Eu sou mais habituado a outro tipo de habilidade!


O auror observava-o indagador. O comensal olhou malevolamente em seus olhos, sorriu, e desapareceu! Ele levou um choque, não era possível desaparatar na Ilha de Azkaban! Mas então vira, não desaparecera, tranformara-se, virara um rato!


- Como…? - mas antes que terminasse de perguntar a si mesmo, reatacou enquanto o rato corria rapidamente em sua direção, agilmente, entrelaçando-se pela balaustrada.


Não conseguia acertar um rato, minúsculo, que corria rapidamente, no meio da noite, num pátio praticamente sem luz, no meio de um intenso temporal, com água jorrando para todo lado. E ele aproximava-se cada vez mais. O auror começou a lançar feitiços mais intensos, ou mais abrangentes, que conseguissem capturá-lo, conjurou inclusive uma rede, mas o rato era rápido demais, e aproximava-se mais e mais, até sumir.


O auror olhava atentamente em todas as direções atentamente, temendo receber o ataque de um rato! O problema é que ele mal conseguia enxergar e escutava somente o barulho da água torrencial da tempestade e do mar quebrando na costa da ilha. A pouca luz, que tinha vinha dos relâmpagos no céu, já que a chuva apagara todos os castiçais do pátio.


De repente, do teto, caiu algo peludo sobre a mão que segurava a varinha do comensal e deu uma forte mordida com dentes afiadíssimos, ela começou a sangrar e com o susto da queda e da mordida, o auror soltou a varinha no chão que foi agarrada rapidamente por um vulto encapuzado e mascarado, que virou-se para ele no chão antes que pudesse revidar e gritou:


- Expelliarmus.


Sentiu ser jogado para trás violentamente e sua varinha voar de sua mão. O comensal apontou a varinha para ele.


- Desista, auror! Ajoelhe-se no chão e coloque suas mãos na nuca - repetiu o comensal debochando.


Dawlish levantou e correu em direção à varinha. Rabicho acertou-o com um feitiço qualquer e ele foi jogado no chão, mas levantou-se novamente e correu, tentando proteger-se atrás dos pilares ou desviar-se dos feitiços lançados pelo comensal, mas era constantemente atingido, caindo, sendo jogado longe, ferindo-se e sangrando. E o comensal ria do seu inútil esforço.


Porém um raio chocou-se contra uma rocha ali perto, e o barulho foi imenso, aproveitando-se da distração do outro, o auror pulou em direção à varinha conseguindo alcançá-la com a ponta do dedos. O comensal lançou uma maldição sobre ele, mas ele virou-se no chão conseguindo escapar dela, e das outras lançadas a seguir, sendo finalmente acertado quando o comensal gritou: - Crucio. Sentiu seus joelhos dobrarem, e uma dor inigualável espalhar-se por seu corpo; gritava, gritava como se esperasse que os gritos pudessem aliviar a dor. Até que ela foi passando, mas continuou a sentir o seu corpo intensamente dolorido. Levantou-se aos poucos, meio encurvado, e olhou, penosamente, para o comensal à uns vinte metros de si. Ele ria ao ouvir seus gritos.


- Nós não temos piedade, auror.


- Nós também não! - disse ele, e lançou uma Maldição Cruciatus sobre o outro também. Desta vez foi o comensal que caiu no chão berrando em dor. E Dawlish, pelo visto, também não era tão piedoso, pois mal esvaíra-se de Rabicho o poder ativo do feitiço, ele reatacou: - Crucio. E depois novamente. E os gritos do comensal enchiam o pátio, gritos de imensa dor, que ecoavam em meio ao barulho da tempestade e do mar.





Os aurores congelaram com tamanha visão da porta de madeira espatifando-se, e ficaram completamente sem movimento. Lá estavam, vários, no Corredor de Segurança Máxima, defronte às celas dos prisioneiros, num corredor escuríssimo, largo, com celas solitárias, o lugar ainda guardando um pouco de todo o horror que um dia fora.


Uma vez os aurores petrificados com o choque de sua entrada, os comensais, os oito, já posicionados, com varinhas empunhadas, gritaram, em uníssono, em direção aos aurores que estavam na frente dos outros pelo corredor:


- Impero.


Novamente os aurores tomaram um choque não esperando essa maldição deles, além da influência do medo de Lorde Voldemort. Novamente avantajados, os oito comensais apontaram para outros aurores, e os aurores afetados pela Maldição Imperius viraram de costas e apontaram para também outros oito aurores, e novamente gritaram em uníssono:


- Expelliarmus.


Dezesseis corpos de aurores saíram voando e suas varinhas foram jogadas em todas as direções, algumas dentro de celas. Recuperados do estado de choque, os poucos aurores restantes começaram a recuar atirando maldições nas direções dos comensais. Uma chuva de raios multicoloridos começaram a cruzar-se em todas as direções, os aurores mirando em Voldemort, os comensais protegendo-o com seus corpos, e esses atirando nos poucos aurores restantes, ou estuporando os caídos no chão, auxiliados pelos influenciados pela Imperius, apesar de uns já estarem resistindo a ela.


Algumas varinhas, caídas dentro das celas, começaram a ser capturadas pelos comensais e outros prisioneiros que começaram ou a tentar abrir suas celas ou a ajudar os comensais na luta contra os aurores que continuavam a recuar para o fundo do corredor, onde havia outra porta.


Os aurores atingidos levantaram e começaram a procurar por varinhas, os que não achavam nenhuma, corriam para serem defendidos pelos outros. Alguns já caíam estuporados pelos comensais.


Três comensais já empenhavam-se em abrir as celas dos outros, eles ajudavam Lucio Malfoy (que conseguira uma varinha) a abrir a sua cela, fortemente trancada por magia.


Lorde Voldemort caminhava imperiosamentre os raios, como se eles não pudessem um dia fazê-lo mal algum. Os aurores já não tentavam defender as celas, mas sim suas vidas, os afetados pela Maldição Imperius já haviam resistido a ela, e lutavam junto aos incólumes; os acertados pelos feitiços e que conseguiram varinha também uniram-se aos que tentavam salvar suas vidas, os que não, sem poder fazer algo, corriam em direção à porta no final do corredor para salvar suas vidas.


Voldemort estendeu seu braço em direção à cela de MacNair, que também pegara uma varinha, e a fez entortar como se estivesse entortando barrinhas de alumínio com os dedos. Este, saiu e começou a atacar os aurores, alguns desses, correram de medo, ao ver o rosto do Lorde sorrindo para eles, esses, os covardes, Voldemort matava pelas costas antes de conseguirem ultrapassar a porta no fim do corredor.


Aos poucos, os comensais respiravam novamente o ar da liberdade, Lucio Malfoy, Walden MacNair, Crabbe, Nott, Avery, que juntavam-se aos outros comensais às filas aos dois lados de Voldemort, que andava com suas vestes esvoaçantes pelo corredor escuro, sorrindo, libertando seus fiéis seguidores.


Bellatriz, lutou por um tempo para conseguir abrir (junto a um outro comensal) a cela de Rodolfo. Quando este saiu ela o abraçou e beijou-o num sorriso fanático. Ambos sorriam, um sorriso doentio. Ambos então libertaram o irmão de Rodolfo, Rabastan conforme os aurores aos poucos, empurrados em direção à outra porta, debandavam.


E assim, eles libertaram os restantes, Jugson, Mulciber, Antônio Dolohov e Augusto Rookwood. Lorde Voldemort sorria satisfeito, e os comensais trocavam imensos sorrisos ao verem o seu sucesso. Os outros prisioneiros olhavam-nos com admiração, com desejo, com ânsia de juntarem a eles, e saírem dali. Voldemort então, disse:


- É, finalmente, chegada a hora na qual vocês têm a chance de escolher. Ou apodrecem nas celas de Azkaban; ou seguem, com lealdade, fiéis, seu mestre, Lorde Voldemort (arrepios ao ouvir o nome)! Saibam porém, que eu não tolero traição, mas se vocês estão aqui, é porque tem a mesma concepção que a minha, e que estarão sempre prontos a servir-me, caso contrário, as conseqüências serão as piores que eu lhes puder infligir. Mas conversemos sobre isso mais tarde, quando eu lhes direi o que é ser um Comensal da Morte. Então, quem irá me seguir?


Eles hesitaram ao ouvir o discurso, sabendo que não seria somente sair dali, seria seguir aquele de quem sempre ouviram todos temer, que eles próprios temeram, para o resto de suas vidas. Mas assim preferiram, ter um ídolo a seguir, ter um mestre, e servi-lo. E assim, um por um, dos diversos prisioneiros do Corredor, eles submeteram-se à soberania de Lorde Voldemort e juntaram-se a ele.


- Que assim seja, não sinto o fedor daqueles que por ventura viriam a me seguir por medo de que, se não me aceitassem, iriam ser assassinados agora, obviamente, eu faria isso, porém, vejo em todos, que realmente desejam-me como seu líder - e assim dizendo, levantou o braço, fez um largo movimento com o braço da varinha, e todas as barras, de todas as celas, começaram a quebrar no meio, e a parte de baixo esticar-se para baixo, assim como a de cima, para cima.


Os prisioneiros saíram, e diante de tamanha demonstração de poder diante de si, caíram de joelhos defronte a Lorde Voldemort, beijaram a barra de suas vestes, jurando-lhe lealdade eterna.





Arrastando de seu caminho os corpos, mortos ou estuporados de diversos aurores, eles fizeram o seu caminho pela porta no fim do corredor. E por caminhos de pedra, escuros, sem luz; por corredores, salas e salões; ouvindo o barulho torrencial da chuva e do mar chocando-se contra as rochas, e sob o brilhos dos relâmpagos; o comitê, liderado por Voldemort, porém antecedido por outros quatro comensais, fazia o seu percurso de retrocesso, em direção à porta de saída da fortaleza.


O trajeto foi solitário, sem ninguém no caminho. O caminho de saída do Corredor era muito mais fácil do que o de chegada. E assim, logo aproximavam-se do Salão de Entrada da fortaleza de Azkaban, onde ocorrera a batalha com os trasgos. Porém, algo não estava como estivera quando, pela primeira vez, eles passaram por ali, durante a entrada no prédio. E eles comprovaram isso, ao chegarem ao salão.


O choque foi tremendo, até mesmo para Lorde Voldemort ao ver tamanho espetáculo visual. O grande número de velhos comensais e de novos convertidos permaneceram de olhos vidrados, não acreditavam que aquilo que os seus olhos viam pudesse vir a ser verdade.


Seres semi-antropomórficos, semi-insólitos, que ardiam em chamas. Seus corpos eram chamas, ardentes, que misturavam-se num intenso caleidoscópio de amarelo, laranja e vermelho. Seres sem rosto definido, apenas chamas. E eram muitos, mais ou menos uma centena, que dispunham-se como um exército, como que num campo de batalha, impecavelmente alinhados, com um espaço, uma passarela, no meio do grupo. Um exército de espíritos de fogo, um exército de Heliopatas.


Os comensais olhavam aterrorizados, enquanto aqueles seres sem face "observavam-nos" com suas cabeças inclinadas como se os olhassem "atravessados", com ódio.


Pela passarela no meio do batalhão, veio andando um bruxo, suas vestes pretas esvoaçando. Ele tinha a aparência altamente severa, e agora com ódio ao ver todos aqueles comensais soltos; ele aparentava ter uns quarenta e cinco, cinqüenta anos; seu cabelo era uma mescla de preto e branco, e seu rosto tinha expressões fortes, que guardavam algo da antiga beleza; ele era alto e seu corpo era robusto. Ele passou pela passarela, chegou à frente do exército de heliopatas, e encarou Voldemort com ódio e frieza.


- Pensas que conseguistes teu intuito após matar tantos aurores, Lorde Voldemort?


Os comensais o olharam afrontados ao vê-lo proferir o nome de seu mestre.


- Pois saibas - retornou ele -, que eles não são a única arma do Ministério. Voldemort apenas o observou com seus olhos vermelhos, contrastando com seu rosto extremamente branco. O bruxo olhou-o com desprezo, e dirigiu-se aos heliopatas: - Matem-nos!


Cem heliopatas estenderam seus braços direitos, e lançaram chamas de suas mãos, como bolas de fogo. Os comensais disperçaram-se, tentando assim não serem atingidos, mas era impossível recebendo tamanho ataque, quase todos foram chamuscados pelas chamas, muitos tiveram sérias queimaduras, e todos estavam jogados pelo chão, menos Lorde Voldemort, que apesar de ter sido o alvo principal dos ataques, não sofrera nem um chamuscado sequer.


Voldemort olhou para o general que comandava os heliopatas.


- Veja, Lorde, seus fiéis seguidores, seus fiéis comensais, todos jogados ao chão, curvados à supremacia do Ministério, como lixo!


- Não subestime o poder, supremo, de Lorde Voldemort, general - e Voldemort olhou para ele com um sorriso frio.


O porquê dessas palavras logo foi sentido pelo bruxo. De repente tudo esfriou, ele sentiu como se seus ouvidos estivessem enchendo-se de água, começou a lembrar do corpo morto de seu pai jazendo em seus braços quando jovem. Ele sentiu a felicidade esvair-se do seu corpo, sentiu como se nunca mais pudesse ser feliz. Ele olhou pra frente, Lorde Voldemort sorria; depois olhou para trás, e viu, à porta, um imenso exército de dementadores, algo em torno de três centenas, ou mais. Ele olhou novamente para Voldemort, ele abriu mais ainda o sorriso.


- Os métodos de Lorde Voldemort são impecáveis, meu caro, general - disse irônico.


Os dementadores invadiram o salão e o general gritou:


- Ataquem, ataquem!


Os cem heliopatas viraram-se ou em direção aos dementadores ou em direção aos comensais, e atacaram. Os comensais tentavam fugir em meio a uma chuva de chamas de fogo lançadas como foguetes com a cobertura dos dementadores; desses, muitos começaram a arder em chamas, e o fogo alastrava-se pelos seus capuzes, mas o que eles poderiam fazer contra os heliopatas, ninguém sabia, mas logo descobriram.


Um dementador pegou um heliopata pelo pescoço com as suas maos podres, que começaram a queimar, aproximou os seus rostos, e beijou-o no que seria sua boca, aos poucos, o seu fogo foi se apagando, do corpo inteiro, até sumir.


O general olhou aterrorizado para Voldemort, e lá estava ele, observando-o, friamente. Os comensais aproveitavam para correr, tentavam fugir acobertados pelos dementadores que avançavam drasticamente sobre os heliopatas, estando em maior número, como um enxame de vespas. Os comensais tentavam sair, porém, alguns heliopatas mantiam suas atenções neles. Todos levavam sérias queimadas, mas como os dementadores infiltravam-se cada vez com mais violência, já que muitos estavam sendo queimados vivos, eles acabaram conseguindo escapar no meio da batalha.


Uma nuvem de fumaça cobria o teto, e vários dementadores saíam flutuando salão afora sendo queimados vivos, com suas vestes ardendo em chamas, como tochas. O número de heliopatas derrotados era ainda muito menor do que o de dementadores, e os comensais fugiam do salão seriamente feridos, somente Voldemort permanecia impassível. Ele simplesmente, repentinamente, após já ter visto bastante, simplesmente conjurou um imenso feitiço de Magia Negra que abriu caminho entre a multidão de heliopatas e de dementadores. Assim ele começou a cursar esse caminho, e à sua frente postou-se somente o general, que encarou-o com frieza. Voldemort empunhou a varinha:


- Crucio.


Mas antes que o feitiço o atingisse ele reverteu-o e mandou de volta para o Lorde, que o dissipou com um movimento de sua varinha. Então Voldemort lançou logo após uma Maldição Imperius, que conseguiu acertá-lo antes que ele conseguisse revertê-lo.


- Um general sob minha ordens dentro do Ministério não será nada mal - disse ele conforme fazia o seu percurso para fora da fortaleza ao encontro de seus comensais, deixando para trás uma infernal batalha entre dementadores e heliopatas (que deixaram-no passar incólume, sabendo que não conseguiriam feri-lo, preferiram manter-se nos dementadores).


Chegou aos seus comensais sob o temporal. Estavam todos feridos, sem exceção, com queimaduras, cortes, e banhados em sangue.


- Enfim, livres, disse sarcasticamente, como se um dia tivesse acreditado que eles não estariam.


- E os dementadores, Lorde?


- Deixem-nos, já nos serviram, quando quiserem, deixarão de lutar e voltarão para mim, eles têm algo a resolver com aqueles heliopatas.


Voldemort olhou para a fortaleza novamente e viu que, de uma janela no primeiro andar, observava-o o general ("o maldito resistiu à minha maldição", pensou consigo).


Então, Lucio Malfoy ergueu o seu braço direito com uma varinha na mão, e sussurrou:


- Morsmordre.


E da ponta de sua varinha surgiu um feixe de luz verde, que subiu e subiu em direção aos céus, e explodiu, numa enorme caveira com uma cobra saindo no lugar da língua, um crânio colossal feito de luz verde.





Rabicho levantou-se cambaleando, com o seu corpo doendo. Lançou repentinamente uma Maldição Cruciatus em direção ao auror, que fez retornar ao seu dono, mas antes que o comensal fosse atingido ele a fez, novamente, ser direcionada ao auror. Ele foi jogado longe, gritando, até desmaiar de dor.


O comensal aproximou-se dele, mexeu nele com os pés olhando-o com repugnância, desmaiado, agonizante. Pegou sua varinha e guardou-a presa no cós da calça, do lado esquerdo. Girou nos calcanhares e começou a sair, deixando ali o auror jogado no chão. Mas após ter andado uns 10 metros, ouviu sua voz:


- Parado!


Olhou para trás e viu o auror, que levantava-se moribundo, empunhando a varinha, que acabara de recuperar os sentidos, apesar de estar visivelmente prejudicado.


- Nem pense em pegar sua varinha, não teria tempo.


Rabicho lembrou que pusera sua varinha na cintura, realmente, não conseguiria pegá-la à tempo.


- Prepare-se, para a morte, comensal. Avada


Mas repentinamente, ele parou, olhando aterrorizado para o céu. O comensal, aos poucos, foi virando o pescoço, temeroso de que o auror o atacasse pelas costas, e também viu: no céu, estendia-se um enorme crânio, com uma cobra saindo da boca, como se fosse uma língua, feito de luz verde.


O comensal olhou malevolamente para o auror, sorrindo, enquanto este olhava petrificado.


- Curve-se… à supremacia do Lorde das Trevas! - e dizendo isso, ele retirou a máscara, e baixou o capuz, mostrando o rosto. O comensal olhou ainda mais apavorado.


- Mas… mas não pode ser… você… você é Pedro Pettigrew - o comensal sorriu - você morreu…


- Oh, não, não morri, a não ser que esteja vendo assombrações, meu caro Dawlish!


- Mas Sirius Black, ele… ele te matou!


- Não, idiota, eu fingi! Sim, fingi minha morte, enquanto vocês enclausuravam meu velho amigo dentro de Azkaban, por doze anos - e riu escandalosamente.


E a última coisa que Dawlish viu, por um brevíssimo momento, foi a mão esquerda de Pettigrew esticar-se brevemente por sob a capa em direção à sua varinha, na sua cintura, e encostar a ponta do dedo indicador nela.


Nem mesmo as fortes estruturas de pedra de Azkaban haviam sido feitas para agüentar tamanho impacto. Um a um, os balaústres foram quebrando-se, fazendo os níveis superiores do lado direito da fortaleza cederem, e assim, desmoronava a lateral da fortaleza com toneladas de pedra espatifando-se no chão; a poeira elevava-se aos céus numa imensa fumaça, duelando com a densa chuva que a impulsionava para baixo.


Um andar após o outro, cediam e desmoronavam em uma chuva de pedra e metal. Reduzindo metade da Prisão de Azkaban à um amontoado de rocha.


A quilômetros dali, um garoto magricela, de cabelos negros e olhos verdes, acordava com sua cicatriz na testa, em forma de raio, ardendo em chamas.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.