Epílogo



Os olhos eram duas fendas vermelhas que brilhavam na semi-escuridão da sala. As mãos de dedos finos, gelados, quase sem vida, tamborilavam pela mesa de maneira aparentemente nervosa. Mas o semblante quase ofídico não demonstrava qualquer sentimento. E seus seguidores sabiam que estes eram os momentos mais perigosos do Lorde.

Um homem de cabelos longos e loiros, já salpicados de fios brancos, bateu na porta do aposento e entrou:

- Meu Lorde... – retorcido numa estranha reverência, o corpo de Lúcio Malfoy tremia. Os joelhos estavam quase próximos do chão, tamanha era a submissão e o medo com que ele encarava o Lorde das Trevas.

- Lúcio – e Voldemort apontou a varinha para ele, de forma que o bruxo caísse totalmente de joelhos com um doloroso baque para um homem daquela idade. – Sou obrigado a confirmar o que meus informantes disseram. Procedimento de rotina, afinal – a voz dele era gelada, provocando espasmos involuntários de medo em Lúcio Malfoy. De repente, tornou-se mais alta enquanto ele acenava a varinha e fazia com que os olhos acinzentados de Lúcio encontrassem com suas pupilas vermelhas. – Hogwarts caiu, Lúcio?

- Sim, meu Lorde – não havia álibi, desculpas ou qualquer esperança de que aquele fato pudesse ser negado. Lúcio era um homem praticamente resignado diante da morte.

Voldemort se levantou de sua cadeira de espaldar alto, entrelaçando os dedos da mão e caminhando por seu escritório. Era o Ministro da Magia oficial desde que venceu a Guerra, e tudo funcionava perfeitamente bem desde então. Ele conseguiu o poder pleno e a imortalidade que almejara durante tanto tempo. Sua instituição funcionava em plena harmonia, com o uso inteligente da força e do medo a seu favor: Hogwarts era o local onde tudo começava, onde Voldemort lançava as bases de seu poder por meio do ensino e da persuasão. Hogwarts era o local onde os pequenos bruxos puro-sangue aprendiam a odiar os trouxas e mestiços de qualquer espécie desde cedo; a Polícia Negra estava ali para controlar os insurgentes e garantir que os banidos permanecessem em seus devidos lugares, perfeitamente vigiados e obliviados, se assim fosse necessário; a imprensa, por meio do Profeta Diário, era a boa propaganda do governo. Notícias, só aquelas aprovadas pelo Ministério. O mundo bruxo precisava acreditar que estava bem, seguro e livre de qualquer coisa que pudesse macular a pureza da raça.

Educação, segurança e imprensa: os três pilares de poder da Ditadura Voldemort. E um deles, talvez o mais importante deles, tinha acabado de cair.

- ...Nas mãos de três adolescentes, Lúcio, que, supostamente, deveriam ter sido mantidos no mundo trouxa, sem qualquer conhecimento de magia?!

- Sim, meu Lorde...

- Então você confirma que minha fiel Polícia Negra, meus eternos Comensais da Morte, caíram diante do poder de...adolescentes?

- Mas eles não estavam sozinhos! Eles tinham aquela maldita Ordem da Fênix com eles. Ou ao menos o que sobrou dela. E, meu Lorde, por mais incrível que isso possa parecer, eles trouxeram...

- SILENCIO – bradou Voldemort, apontando a varinha para Lúcio e provocando um ligeiro e desconfortável som de interrupção forçada em sua garganta. – Eu sei quem eles trouxeram, Lúcio. Potter. Mas nós tínhamos o filho dele. Eu supunha que seríamos capazes de barganhar, não é mesmo? Você não tinha um plano, Lúcio?

- Não, meu Lorde, na verdade eu não...

- Não esperava que ele viesse... sei...entendo. Você contava apenas com a parte fácil do plano. Nós plantamos aquele sonho na cabeça de ambos. Mas você imaginou que aquela corja de traidores do sangue não deixaria que Harry Potter viesse até mim? Você...

- Eu tinha um plano! – apressou-se a dizer Lúcio, como que para tentar consertar o impossível. – Mas eles são diferentes, meu Lorde, aqueles adolescentes. A magia deles não precisa de varinha!

Foi como se Voldemort tivesse sido atingido por um Feitiço para Confundir. Aquela era a confirmação de que ele precisava. Ele caminhava nervoso pela sala, a capa negra e comprida farfalhando a cada movimento. Seus seguidores haviam dito que enfrentaram uma magia estranha, diferente, contra a qual não sabiam exatamente como agir. Voldemort negava para si mesmo, mas em seu íntimo sabia que aquela magia poderia ser muito mais poderosa do que as que ele próprio conhecia.

Alguém precisava pagar pelo erro. Alguém precisava servir de exemplo para que ele não fosse cometido novamente.

- Lúcio, Hogwarts estava sob sua responsabilidade. Com sua queda, nada mais acertado que pagar na mesma moeda. Perdemos Hogwarts, portanto, não precisamos mais de você – Voldemort apontava a varinha na direção do peito do bruxo, pronto para lançar a Maldição da Morte. - Uma decisão justa.

- Talvez a decisão mais justa seja se ficarem comigo - a porta do escritório tinha se aberto e Voldemort encarou as duas figuras que se postraram diante dele, passando os olhos por aquele que já conhecia tão bem e parando diante do mais jovem, que havia lhe dirigido a palavra. A semelhança entre os dois era incrível: o mesmo rosto contraído, os mesmos olhos acinzentados, o mesmo aspecto de desafio nos olhos.

- Eu devo supor que você é...

- Hermes Malfoy – respondeu o loiro, enquanto encarava as pupilas avermelhadas do Lorde das Trevas, a cabeça erguida numa clara posição de desafio.

- Sim... – disse Voldemort, olhando de Lúcio, ainda ajoelhado no chão, para as duas próximas gerações da família Malfoy, Draco e Hermes. – Acho que essa é uma boa troca. Os filhos pródigos sempre retornam ao lar...




N/A: Surpresa!!!

Prometo que logo mais posto os agradecimentos!

Espero que gostem do final da Parte II da Trilogia dos Feitiços!



Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.