Lembranças
A garota estava lendo, deitada em sua cama quando ouviu algo arranhando sua janela, que estava fechada. Em parte assustada, ela se levantou, curiosa, e caminhou até a janela, tentando não fazer nenhum ruído. Devagar, ela abriu a janela e suspirou aliviada ao ver uma coruja das torres branca com um embrulho amarrada em uma de suas patas. Rapidamente, a coruja voou para dentro do quarto da garota e se acomodou na bancada do quarto. Vendo o animal já dentro de sua casa, a garota fechou a janela novamente.
-Espere um momento – ela disse, enquanto se encaminhava para fora do quarto. A coruja então ficou parada, sem fazer qualquer movimento, enquanto a garota não estava presente. Mas não teve que esperar muito, pois ela logo voltou com um prato em suas mãos e se sentou em frente ao animal. Acariciando a cabeça da coruja, a menina ofereceu-lhe um pedaço do pão e do queijo que trouxera. A coruja comeu e soltou um pio de agradecimento.
Vendo que a mensageira estava satisfeita, a garota desamarrou o pacote de sua perna. Depois que o pegou, percebeu que havia um envelope junto. Deixando de lado o embrulho, ela abriu o envelope, tirou o que havia dentro e leu para si mesma, apenas com os olhos.
E se lembre
De tudo que compartilhamos
Abra-os novamente
E olhe para
A escuridão do céu
E se encontrar o que
Por tempos
Procuramos juntos
Você irá entender
Tudo que
Aconteceu-nos
E então
Acreditará
Que tudo
O que eu disse
Era sincero
Por mais que não houvesse nome, ela sabia quem era lhe enviara aquilo. E ela sabia o que teria que fazer. Sabia o que iria acontecer a partir daquele momento. Sentada em frente à bancada, ela escreveu o mais rápido que pode em um pedaço de pergaminho, prendeu-o em uma das patas da coruja. Depois de dar mais comida à coruja, a garota, pegou o embrulho, andou em direção a janela e a abriu. Ao ver a janela aberta, o animal abriu suas asas, voando para fora. Antes de seguir seu rumo, a coruja parou em frente à garota.
-Pode levar... – ela falou e depois a coruja virou-se e batendo as asas o mais rápido possível, voou para seu destino. A garota rasgou o papel de embrulho enquanto olhava a coruja se distanciar. Quando a perdeu de vista na escuridão da noite, olhou para a caixa que estava embrulhada. Curiosa, abriu a caixa e se deparou com uma corrente de prata, muito bonita, com um pingente em forma de coração. Contra sua vontade, seus olhos encheram-se de lágrimas, forçando-a a fechá-los. E quando os abriu, esperava ver apenas o breu da noite, mas o que viu foi uma estrela, a que brilhava mais forte, a mais bonita do céu. Ela não agüentou e voltou a chorar descontroladamente, jogando-se em sua cama.
Quando Hermione acordou já estava quase no horário do jantar. Assustada com o tempo que dormira, ela se levantou o mais rápido que sua sonolência permitiu e foi para o banheiro, onde tomou um banho, tentando assim terminar de acordar. Depois de banho tomado, ela se sacou e correu para o closet, onde por um bom tempo ela tentou escolher algo para usar, mas não tinha a menor idéia de que tipo de roupa usar.
Angustiada, ela se sentou no banco dentro do closet e de lá, observou todas as opções. Por algum motivo, Mione sentia que nada era apropriado, mas não sabia o que seria. Desistiu de escolher algo, mas continuou sentada no banco, lembrando-se de tudo que estava acontecendo com ela e tudo que ela deixou para trás. Ela aproveitou o momento de nostalgia ao máximo, pois eram poucos os que ela tinha e ela até sabia porque não pensava sempre sobre essas coisas: o estado que ela ficava depois era deplorável.
Mas ela naquele momento ela não pensava em como seria depois, apenas aproveitava aquele momento num mundo totalmente dela, onde ninguém poderia interferir. E para sorte de Hermione, ela tinha uma memória impressionante, por isso além de recordar o que havia acontecido, lembrava com clareza o que cada pessoa lhe dissera, fazendo assim que suas memórias parecessem mais reais, como se elas estivessem acontecendo naquele momento. E algumas das frases ditas pelas pessoas que ela convivia eram marcadas, soavam mais fortes do que as outras.
E na verdade, a maioria daquelas frases estava fazendo mal a garota, pois lágrimas começaram a sair dos olhos fechados da garota e a rolaram pelo rosto. Mas ela não queria sair de lá, não queria voltar ao mundo real, não queria deixar suas lembranças; por pior que elas fossem, sua vida conseguia ser pior.
Já era quase oito horas da noite quando Draco finalmente abriu os olhos. Estava deitado na cama do quarto pensando em Hermione quando pegara no sono. Seu cansaço era tanto que ele nem sequer tentara lutar contra os olhos que se fechavam e quando acordou, não sentiu raiva de si mesmo por ter perdido tempo dormindo, até porque ele não pretendia fazer nada, não estava com a menor vontade de sair do quarto.
O loiro sentou-se na cama ainda atordoado pelo sono e olhou para o relógio. Coçou a cabeça e se perguntou se o horário estava mesmo certo, se tinha dormido tanto assim mesmo. Depois olhou para si mesmo: ainda estava com a roupa que usara na festa de Natal. Nem sequer havia trocados quando chegara ao hotel. Draco deu um suspiro de tédio, se levantou e se encaminhou para o banheiro, onde tomaria um banho antes que sua mãe o chamasse para o jantar, o que não demoraria muito.
-Posso entrar? – perguntou Aaron, colocando a cabeça para dentro do quarto de Aquiles depois de bater na porta e abri-la. Procurou pelo irmão, mas ele não estava em nenhum lugar a vista e como o garoto não respondeu, Aaron encarou o silêncio como um sim e entrou, fechando a porta atrás de si. Quieto e devagar, ele se andou pelo quarto procurando por Aquiles e, não o encontrando nem no quarto ou no banheiro, se encaminhou para a varanda. A porta de vidro estava fechada, então, com cuidado, o garoto a abriu e acendeu a luz da varanda, e quando estava nela, viu Aquiles sentando na mureta, observando a noite.
-O que você quer? – Aquiles perguntou, sem sequer olhar para o irmão, sem se mover, sem qualquer expressão no rosto ou tom na voz. Aaron não se surpreendeu. Conhecia o irmão como ninguém, e sabia como agir numa situação daquelas.
-Vim ver como você estava. Não é normal você ficar no quarto no Natal. – ele respondeu se aproximando do irmão. Aquiles não falou mais nada, então Aaron sentou na mureta da varanda, em frente ao outro. Vendo o irmão sentado em sua frente, Aquiles desviou o olhar e passou a olhar para as próprias mãos. – Sinceramente, eu acredito que você esteja enfrentando tudo isso dessa maneira. Você sempre foi o mais forte de nós! – ele falou, tentando chamar a atenção do irmão.
-E foi só para isso que você veio? – disse Aquiles, seco, ainda sem olhar para o irmão.
-Não... O assunto sobre que vim conversar lhe interessa! – o outro respondeu, ignorando o jeito do irmão.
-Até parece... – quando falou, Aquiles ainda observava as próprias mãos, como se elas fossem mais interessantes que Aaron.
-Victor, sou seu irmão, é óbvio que eu sei que isso vai lhe interessar... – continuou Aaron, desesperado pela atenção do irmão.
-Que seja. – o mais novo não tentou nem esconder o desinteresse no que o outro falava.
Aaron soltou um suspiro que Aquiles não conseguiu distinguir, se era de alívio, de tédio, ou de qualquer outra coisa; mas não deu a menor importância. Continuou ignorando o irmão, até que ele confessou: “Vim falar de Hermione!” Após ouvir o que Aaron dissera, Aquiles não conseguiu se contar ou disfarçar o interesse. Foi algo irracional e incontrolável: ele logo levantou a cabeça e olhou para o irmão.
-O que tem ela? – foi tudo o que conseguiu falar.
Hermione havia acabado de sair do quarto e estava se encaminhando para o salão de jantar, guiada por sua criada Alana, quando se encontrou com sua irmã, Jenny, que também era guiada por uma de suas próprias servas. Jenny sorriu aberto ao se encontrar com a irmã, que se limitou a abrir um sorriso tímido.
-Descansou? – a morena perguntou muito animada.
-Peguei no sono, mas pensei em tanta coisa, mesmo enquanto estava dormindo, que não tenho certeza se descansei de verdade. – Mione respondeu, sem qualquer tom de felicidade e, depois, olhou para o rosto da outra. – Você, ao contrário, parece ter dormido muito bem!
Jenny riu da irmã. “Eu apenas tirei um cochilo agora pouco! Passei a tarde conversando com o Aaron.”, ela disse, sorrindo. A garota se aproximou da ruiva e continuou, em tom de confidência. “E sejamos sinceras, ele é muito legal, é uma graça, mas dei graças a Merlin quando finalmente consegui me livrar dele. Ele não parava de falar de você, estava um saco ficar ouvindo seu nome a cada dois segundos!”
A ruiva olhou assustada para a irmã, como se o que Jenny dissera não fizesse o menor sentido. Por qual motivo Aaron iria conversar sobre ela com sua irmã? Decidiu ignorar o que a garota contara, já tinha coisas o suficiente ocupando sua cabeça.
-É melhor o Draco tomar cuidado. Quem sabe o Aaron nunca superou o que aconteceu entre vocês? – comentou maldosa. Hermione continuou a ignorar o que dizia a irmã dizia, até porque não acreditava em nenhuma palavra, ou assim pensava.
A ruiva já estava sentada na mesa do salão de jantar, esperando que o jantar fosse servido, quando Aquiles e Aaron chegaram ao salão. Hermione decidiu olhar o nada ao perceber que os irmãos se encaminhavam para a mesa, tentando assim ter um motivo para ignorá-los. Porém, seu plano de evitar Aquiles, afim de que ele não se atrevesse a falar com ela, não obteve o resultado esperado: assim que se sentou em seu lugar, em frente à Hermione, o garoto se dirigiu a ela.
-Posso falar com você depois do jantar ou você vai continuar com essa atitude ridícula?
Hermione não respondeu; se limitou a olhá-lo, fria e com desprezo. O garoto sentiu um frio lhe subir a espinha, mas usou toda sua força para contê-lo. Depois, olhou novamente para a ruiva, sério. “Parece que você vai seguir a segunda opção.”, foi o que ele conseguiu dizer, sentindo o olhar fatal de Hermione sobre ele.
-Que moral você tem para falar que algo é ridículo? – ela indagou, em tom de desprezo. Aquiles não respondeu a ofensa, apenas voltou a insistir.
-Vai conversar comigo direito ou não?
-Não tenho mais nada a falar com você! – Mione disse brava e depois virou o rosto, tentando livrar-se do olhar sério do garoto. Então Aquiles desistiu, por ora. Depois do jantar, tentaria novamente.
N/A: Sim, está bem curto, me perdoem por isso! Mas tenho alguns motivos óbvios e plausíveis: em primeiro lugar, não tenho recebido comentário algum e isso está me deixando frustrada! Portanto, comentem (: E em segundo lugar, decorrente do primeiro ponto, eu estou me dedicando mais aos meus originais, já que ninguém comenta nas fics mesmo. E por isso, às vezes fico sem criatividade o suficiente para continuá-las! É isso pessoas. Comentem mais, ta? Beijos!
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