Esquecidos
Tudo estava acontecendo tão rápido na vida de Hermione Granger. De repente, em menos de seis meses, seu mundo virara de cabeça para baixo. Deitada em sua cama, pensava em tudo que mudara em sua vida, desde sua paixão por Draco Malfoy, que virara um namoro sério, até a descoberta de que aqueles que a criaram não eram seus verdadeiros pais. E seus pensamentos traziam imagens a sua cabeça e essas traziam palavras, frases, conversas, formando um pequena retrospectiva em sua cabeça.
Irritada, ela chacoalhou a cabeça. Não queria lembrar de nada. Queria esquecer o mundo e todos aqueles que estavam nele, exceto ele... Draco Malfoy! Apesar de ter brigado com ele durante seis anos e o ter desprezado, agora lutava por ele e tudo que queria era estar do lado dele o máximo de tempo o possível e não ter que pensar em mais nada. Mas, como sempre, tudo dava errado em sua vida, e ela ficaria o Natal e o Ano Novo longe dele. O pior de tudo isso não era nem passar essas datas longe do garoto. Na verdade, o pior era ter que passar as datas “mais importantes” do ano com pessoas que dizem ser sua família.
A ruiva ainda não fazia a menor idéia de quem eram seus verdadeiros pais. E tinha medo de descobrir quem eram eles. Imagine, pensava ela, crescer com uma família e depois descobrir que você não faz parte dela. É angustiante.
Ela se sentou em sua cama. Estava sozinha no quarto. Não tinha ninguém para consola-la naquele momento. Ninguém da Grifinória falava com a garota desde que começara a namorar com o garoto sonserino, nem mesmo Harry e Rony, ou sua irmã Jenny, que estava mais estranha do que nunca.
Não podia conversar com Draco, porque o mesmo tinha ido passar o feriado com o pai. Ele tinha pensando em levar a garota, mas Hermione sabia que não daria certo porque seus “pais” forçaram-na a prometer de que iria passar o feriado com seus verdadeiros pais e também porque Lúcio Malfoy, o pai de Draco, não gostava de Hermione por causa de sua “ascendência”.
Ao pensar nisso, Hermione deu um sozinho, porque, ela não conhecia seus pais. Quem sabe eles não fossem bruxos? Se eles fossem, Draco e ela não teriam mais nenhum problema no caminho deles. Engano dela. Ela não fazia idéia de que aquela viagem àquele lugar desconhecido iria trazer mais problemas para seu namoro.
-Hermione? – a garota ouviu alguém a chamando, enquanto descia as escadas dos Hall Principal, se preparando para ir para sua nova casa. Ela virou-se para trás e viu William, que havia desaparecido do nada, sem dar nenhuma explicação.
-Will! Você sumiu... Onde você estava? Faz tempo que eu não vejo vocês e os garotos. – disse ela, esperando o homem se aproximar.
-Ah! É que nós, depois da sua apresentação de retorno, fomos embora.
-Expulsaram vocês?
-Não... Nós fomos porque precisávamos ajeitar algumas coisas para sua próxima apresentação, que seria no dia da sua peça de teatro, por isso fomos. E também, porque o pessoal precisava de descanso e, acho que aqui, eles não se sentiam muito bem, sabe? É tudo muito estranho pra eles, principalmente você. Eles nunca imaginaram que você fosse uma bruxa.
-Ah. Entendi! Mas, você podia ter me avisado.
-Eu não quis tirar sua alegria.
-Se você diz... E pra quando ficou o show?
-Quando você voltar, eu te dou mais detalhes.
-Como assim, quando eu voltar?
-Eu vou ficar mais algum tempo. Tenho que conversar algumas coisas com Dumbledore, e pode demorar algum tempo pra ajeitar tudo.
-Bom. Eu tenho que ir!
-Boa sorte!
-Oi? Ah! Brigada...
A garota saiu do castelo apressada sem nem ouvir a última frase do seu “agente”
-Eu sinto que você vai precisar de muita.
A ruiva entrou no trem e procurou uma cabine vazia, mas, por mais que andasse, não achava. Ou tinha alguém dentro ou tinha alguma caixa ocupando o lugar. E ninguém em sã consciência se sentaria junto de uma caixa. Mas, era quase o que Hermione estava fazendo quando foi salva pelo gongo. Ela ouviu uma doce voz que sempre adorava ouvir a chamar: a de Aquiles.
-A Q U I L E S ! – virando-se, ela gritou, saiu correndo e o abraçou.
-Ei. Que foi? – perguntou o garoto, assustado com a ação da garota.
-Desde que eu comecei meu namoro com o Draco, você é o primeiro que fala comigo.
-E espero não ser o último. – ele disse, sorrindo. – Quer se sentar aqui comigo? – perguntou, apontando para uma cabine, quase vazia.
-Claro! Por um décimo de segundo, achei que estava perdida. Achei que teria que sentar com uma das caixas.
-Ainda bem que eu existo.
-Ainda bem mesmo!
O garoto abriu a porta da cabine e deixou a garota entrar primeiro. Depois que ela entrou, ele entrou também e fechou a porta atrás de si. Aquiles se ajeitou no banco, na frente de Hermione e a garota então percebeu que eles tinham companhia: do lado de Aquiles havia uma gaiola média azul. Dentro dela tinha um gato branco, descansando.
-Quem é ele? – perguntou Hermione, tocando na gaiola. Mas o animal nem ligou. Abriu os olhos devagarzinho, olhou para a garota e depois voltou a dormir.
-Ela, você quer dizer. – falou Aquiles – É a gatinha que eu vou dar pra minha madrinha. Meu padrinho está doente há um bom tempo e ela ta muito preocupada.
-Ah! Você vai passar com eles o natal e o ano novo?
-Também! Vou passar com um monte de gente: meus pais, meu irmão, meus tios, meus primos, minha madrinha, quem sabe meu padrinho e, provavelmente, as filhas deles também. E você, com que vai passar? – ele colocou a mão por entre as grades da gaiola e começou a acariciar a gatinha. Ela ronronou em agradecimento pelo carinho.
-Não sei! – disse Mione, olhando para o chão e encostando as costas no banco. – Sei que vai ser com a Jenny, mas além disso, não sei mais de nada.
Aquiles trocou de banco, sentando-se ao lado da ruiva, e a abraçou, fazendo com que ela apoiasse a cabeça em seu peito. Ainda olhando para baixo, apoiada no peito de Aquiles, ela falou:
-Talvez se o Draco estivesse...
Mas ela não conseguiu terminar pois Aquiles tampou-lhe a boca com o dedo indicador.
-Eu estou aqui! Você não vai precisar de mais ninguém.
-Filho! Que bom que você chegou. Achei que não viesse mais. – falou Lúcio, ao ver o filho e a mulher entrando em sua casa.
-Infelizmente, apesar dos meus dezesseis anos completos, eu ainda não tenho independência o bastante para decidir não te ver por um bom tempo. Se eu pudesse escolher, só iria ao seu túmulo, não por amor, mas por respeito. – disse Draco, jogando sua mala na poltrona da sala de estar e se recusando a cumprimentar o pai, do jeito que fosse.
-Apesar de saber que seu pai não presta, ele ainda é seu pai, Draco. – disse Narcissa, empurrando Draco para perto do pai, mas, mesmo assim ele não o cumprimentou.
-Ele não passa de um ser insignificante pra mim. Desde que eu recebi aquela carta, ele passou a ser um nada.
-Draco Malfoy – falou Lúcio, em tom de bronca, se levantando e também se impondo. – Eu não sou seu coleginha de classe ou sua namoradinha de sangue ruim pra você falar assim comigo.
-Ainda bem! Se a Mione fosse como você, eu me matava. E você me dá licença – ele pegou sua mala e a colocou sobre os ombros – que eu vou para o meu quarto me preparar para um certa bomba. – ele começou a andar em direção da escada.
-Draco! Não vai se despedir de mim? – perguntou a mãe.
O loiro parou e, sem nem se virar para trás, disse: “Tchau mãe! Tomo cuidado na volta, viu?”. E subiu as escadas, sem olhar para trás. Pelo menos fingiu que subiu, pois, na verdade, ele ficou atrás da porta da escada para poder ouvir a conversa de seus pais, para ter certeza de que não estava enganado.
-Qual é o seu problema, Lúcio?
-Meu problema? Foi você que criou esse garoto. Olha como ele ficou. Se tivéssemos criado do meu jeito, ele nunca iria se envolver com uma bruxinha de quinta. Você estragou ele.
-VOCÊ está estragando ele! Está acabando com a vida dele. Por causa dessa sua ambição e da sua devoção a não sei o que, vai acabar com o seu único filho!
-Como eu posso ter certeza de que ele é meu filho?
Um som de tapa ecoou pela sala. A mão de Narcissa havia voado no rosto de Lúcio, deixando a marca dos dedos da mesma no rosto.
-Eu volto para buscar o MEU Draco depois de amanhã. Agora é que eu não vou mesmo deixar ele passar um feriado tão importante como esse com alguém como você! – ela se virou, foi até a porta da entrada, abriu-a e saiu, batendo, com força, a porta atrás de si.
Após ver a ex-mulher sair de sua casa, Lúcio foi para a cozinha preparar algo. Percebendo que seu pai iria levar alguma coisa de comer para seu quarto, Draco subiu as escadas rapidamente, tentando não fazer barulho, e foi para o quarto que usava quando ia visitar seu pai. Já faziam bastante feriados que Draco não ia para lá, mas o quarto continuava quase igual. A única diferença era que estava mais frio que o de costume. Ou talvez, fosse só o frio na barriga de ter que passar dois dias com o pai que causasse essa sensação tão ruim.
Draco deitou-se em sua cama após jogar sua mala ao lado dela. Olhando para o teto branco, lembrou de Mione e tentou imaginar o quanto seria bom se ela estivesse ali, com ele, naquele momento, fazendo cafuné em sua cabeça. Se ela estivesse ali, tudo seria muito mais fácil. Até enfrentar de verdade o seu pai.
-Hermione, acorda! – disse Aquiles, no ouvido da garota, que dormia sobre seu ombro.
Devagar, a ruiva abriu os olhos e, ao ver Aquiles, ficou um pouco atordoada.
-O que aconteceu Victor?
-Estamos chegando! É melhor você ir se ajeitando, porque o trem já está diminuindo.
-Mas, já?
-Lógico! Você dormiu a viagem toda.
-Nem percebi. Nossa! O pior é que é verdade. Já escureceu.
O garoto riu baixinho e então, pegou, no banco da frente, um pedaço de chocolate.
-Guardei para você.
-Ah! Brigada. – disse a ruiva, comendo o pedaço e se levantando.
De repente, o trem parou bruscamente e Hermione caiu em cima de Aquiles. Vendo a garota em cima de si, Aquiles começou a rir. Mas a ruiva não achou a menor graça e se levantou rapidinho. O garoto fez o mesmo e pegou a gaiola da gata que estava carregando. Ele abriu a porta da cabine e esperou a garota sair. Ela sorriu e saiu da cabine, com Aquiles atrás de si.
Devagar, eles foram andando pelo trem, em direção da saída. Quando saíram, foram pegar suas malas no último vagão do trem e depois, passaram pela barreira que dividia o mundo bruxo do mundo trouxa.
Era tarde no mundo trouxa, e a estação de trem estava, de certo modo vazia. Quero dizer, estava cheia de bruxos buscando seus filhos, mas, para quem conhece o trem no horário de pico, sabe do que eu estou falando.
Hermione, com uma pequena esperança, procurou por aqueles que julgava ser seus pais. Mas, não encontrou. Ela olhou para Aquiles e viu que o garoto também não achou o que procurava, então os dois, só com o olhar, decidiram se sentar. Sentaram-se num dos poucos bancos que haviam na estação. No banco, estavam também Jenny e Aaron.
Ficaram os quatro lá esperando e vendo o tempo passar. A estação ficava cada vez mais vazia e, em suas cabeças pensavam se ninguém os tinha esquecido, mas, no auge de suas desesperanças, apareceu uma luz no fim do túnel, assim digamos.
A estação estava em completo silêncio. Havia apenas um policial que, parado, os observava. Qualquer ruído era possível de ser ouvido. E, o ruído que eles mais gostaram de ouvir foi o som de passos.
Hermione, que até aquele momento estava de cabeça baixa, olhou para cima e se deparou com um homem alto e um tanto magro. Ele se vestia como um motorista particular. Tinha os cabelos pretos curtos e usava óculos escuros, mesmo estando de noite.
Ele se aproximou dos quatro e se apresentou como Ben. Ansiosa, Hermione perguntou:
-Quais de nós você veio buscar?
-Os quatro. – disse Ben.
Mione olhou para Aaron e para Aquiles e viu, no rosto dos dois, o mesmo sorriso, como se soubessem de alguma coisa.
N/A: AE! FDD2, finalmente... Sim, sim, eu voltei para irritar vocês. Lógico, com o ‘sucesso’ de FDD, eu não podia deixar de me aproveitar da oportunidade de escrever uma continuação.
Saudades de mim? Aposto que não. Eu sou muito malvada com vocês, né? Olha o tamanho de capítulo que faço, né? Mas, quem conhece minhas fics, sabe que eu sou assim: todas as minhas fics começam com capítulos bem pequenos, pra, mais pra frente ir pegando força. É como uma metro, um trem... Alguma coisa assim, entendem?
Bom, como é o primeiro, não tem muito o que comentar... Só esse final! A Mione nem ficou assustada, né? Magina!
Então, é isso, povo! E lembrem-se: comentem BASTANTE pra eu postar o próximo capítulo.
Beijinhos
Luuh
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