Capítulo único










Song “Il ritmo della passione”




“Cada dia que vivemos tem o seu encanto…cada momento que enfrentamos tem a sua importância… cada hora que passamos fica guardada em nós. Existem, no entanto, aqueles episódios que nos marcam mais, quer seja positiva ou negativamente… que nos tocam no fundo da alma e definem quem somos.
O dia 14 Fevereiro poderia ser um dia normal, para quase todos, poderia ser apenas uma data como tantas outras. Mas esse mesmo dia ficou registado na história, a partir do momento em que Valentim, um jovem padre, contrariando todas as leis da época, casou em segredo muito casais apaixonados, tendo sido, por isso, cruelmente torturado e executado… sofreu horrores, apenas porque defendia a felicidade… o amor!”





Harry ouvia atentamente a história que Ginny lhe lia, sentada no seu colo, na sala da Toca. Naquele dia, 14 de Fevereiro, dia dos namorados em Inglaterra, eles haviam ficado sozinhos em casa. Molly e Arthur Weasley tinham decidido comemorar aquele dia a sós e todos os outros tinham desaparecido misteriosamente, cada um com uma desculpa mais esfarrapada para saírem de casa. No final só Harry e Ginny permaneceram.
Tinham-se passado dois anos desde que Harry acabara os estudos em Hogwarts e um desde o fim da guerra. Harry tinha-se tornado auror e Ginny continuara a estudar para medibruxa. Nesse último ano tinham vivido muitos momentos felizes e pretendiam casar-se nesse Verão.
- Há vários anos, os bruxos importaram essa tradição muggle e passaram também a festejar esse dia. – A história terminou, fazendo Harry acordar para a realidade… para se libertar do estado hipnótico em que se encontrava, embalado pelas palavras da noiva.
- Ginny já reparaste que este é o primeiro dia de S. Valentim que passamos juntos, sem o medo de ser o último?!
A ruiva encolheu-se mais no colo de Harry, que enrolou os braços em torno dela.
- E quais são os planos para hoje?
Ginny levantou de novo a cabeça, olhando para Harry com uma sobrancelha erguida.
- Planos?! Eu pensava que íamos ficar aqui o dia todo, sem fazer nada!
- É tentador… mas eu prefiro um programa bem romântico com a minha namorada!
Um sorriso surgiu nos lábios de Ginny e os seus olhos iluminaram-se.
- O que propões?
- Surpresa! Sobe e prepara-te para sair. Eu só vou a casa e volto em 20 minutos.




Enquanto Ginny se preparava, ela tentava imaginar o que teria Harry planeado. Se havia algo que Ginny tinha aprendido era que o namorado era uma caixinha de surpresas e que, com ele, não se sabia com o que contar.
Pegou num vestido preto, com pequenos detalhes prateados e colocou uma leve maquilhagem no rosto. Por fim, fez os cabelos prenderem-se num coque quase desfeito, deixando cair nos ombros alguns caracóis. Assim que terminou, olhou-se no espelho, virando-se de todas as perspectivas, para tentar encontrar algo que lhe desagradasse. Tinham passado exactamente 20 minutos e Harry já deveria ter chegado.
Ao descer as escadas, Ginny deparou-se com Harry, vestido de uma forma Muggle, com smoking e gravata. Aos lábios de Ginny, um pequeno sorriso aflorou vendo o cabelo sempre despenteado e rebelde do namorado a contrariar todo o perfil formal. Mas se Ginny tivesse de escolher um momento em que Harry lhe parecesse mais belo, aquele seria esse. Mesmo com o cabelo rebelde… principalmente com o cabelo rebelde que lhe dava um ar ainda mais arrebatador! A boca do moreno abriu-se de espanto e, durante breves segundos, perdeu o controle dos movimentos. Ficara estático!
- Gi… estás magnífica! – disse ele, ainda abobalhado.
- Também não estás nada mal! Então? Onde vamos?
Como resposta, Harry apenas lhe estendeu um lírio. No momento em que Ginny o segurou, tudo começou a girar e os dois foram transportados para o destino que os aguardava nessa noite. Quando a viagem terminou, Ginny deparou-se com uma sala, iluminada com uma luz fraca, na qual mesas de dois lugares eram enfeitadas com velhas acesas e rosas vermelhas. O chão de vidro deixava ver um grande aquário com peixes de todas as cores. Alguns casais ocupavam as mesas e aproveitavam um jantar romântico.
Harry chegou logo atrás dela. Segurando a mão dela, ele conduziu-a até uma das mesas, junto a uma das janelas. Dali podia ver-se o mar, com as suas ondas a rebentarem suavemente contra a areia da praia, iluminada com a luz da lua.
- Gostaste da surpresa?
A ruiva olhava tudo deslumbrada e boquiaberta… cada pormenor… cada detalhe!
- Desde quando estás a preparar isto?
Harry sorriu marotamente.
- Há vinte minutos atrás. Mas isto é só o princípio!




O jantar à luz das velas foi um sonho tornado realidade: o lugar… a música… as velas… os próprios pratos que lhes eram servidos. Tudo estava perfeito! Lá fora, era possível vislumbrar tochas de fogo. Uma grande fogueira começou a ganhar vida na praia, juntando algumas pessoas à sua volta.
Ginny olhou fascinada para o cenário… só aí se apercebeu de que não estavam em Inglaterra. Afinal, a temperatura era muito elevada para aquela altura do ano e o céu estava estrelado, contrariando as nuvens que descarregavam grandes quantidades de chuva sobre a Toca.
Como que lendo os pensamentos da ruiva, Harry respondeu:
- Não estamos na Inglaterra. Estamos no Brasil! Lá fora estão a preparar o que chamam um luau!
- Parece ser muito lindo!
- Queres participar?!
Harry não esperou pela resposta. Logo se levantou e lhe estendeu a mão, que ela aceitou prontamente.
Ginny já tinha estado muitas vezes em praias, mas nunca com aquela magia a envolvê-la. O número de pessoas em volta da fogueira estava a aumentar e todos dançavam ao som de música animada. Harry já havia despido o casaco e retirado a gravata, quando descalçou os sapatos e arregaçou as mangas da camisa. Ginny seguiu-lhe o exemplo, avançando na areia descalça com os sapatos na mão. Nesse momento, uma menina com os seus 12 anos, aproximou-se sorridente e fez menção de lhes colocar colares de flores no pescoço.
Ginny nem queria acreditar em tudo o que os seus olhos viam. Sem nem a conhecerem, todos a acolheram de braços abertos, como se se tratasse de uma amiga de longa data. Não tardou que também ela e Harry dançassem juntamente com os outros, em torno da fogueira.
A música parou por breves momentos, nos quais um rapaz pegou numa guitarra e, juntamente com a namorada, começou a cantar. Era uma música lenta, cantada com vozes doces e melodiosas.




Adesso no, non voglio più difendermi
Supererò dentro di me gli ostacoli
I miei momenti più difficili
Per te





Harry segurou Ginny pelas mãos e puxou-a para junto de si. As mãos do moreno subiram até aos ombros e depois desceram até à cintura dela. Lentamente, começaram a dançar ao ritmo da música.




There is no reason, there is no rhyme
It's crystal clear
I hear your voice
And all the darkness disappears
Everytime I look into your eyes
You make me love you
Questo inverno finirà
And I do truly love you
Fuori e dentro me
How you make me love you
Con le sue diffcoltà
And I do truly love you

I belong to you, you belong to me forever





- Gostaste da surpresa?
Ginny sorriu em resposta.
- Eu ainda gostava de saber como é que pensaste nisso tudo apenas em 20 minutos.
- Sou um homem de muito mistérios.
- E o melhor é que és só meu… e eu sou toda tua… para sempre!




Want you
Baby, I want you
And I thought that you should know that I believe
And your the wind that's underneath my wings
I belong to you, you belong to me





À medida que a música avançava, os seus rostos iam-se aproximando cada vez mais. Ginny sentia o calor do ar que Harry libertava. A sua respiração começou a acelerar e o seu coração a bater com mais força. Sentia-se uma criança de 11 anos, outra vez.




Ho camminato su pensieri ripidi
You're my fantasy
Per solitudini e deserti aridi
You're my gentle breeze
Al ritmo della tua passione ora io vivrò
And I'll never let you go
L'amore attraverserò
You're the piece that makes me whole
Le onde dei suoi attimi
I can feel you in my soul
Profondi come oceani





À sua memória vieram imagens dos momentos que os dois passaram juntos: o primeiro beijo… as palavras de amor… todos os perigos por que passaram… as aventuras que enfrentaram… o pedido de casamento… os planos para o futuro… aquela noite!




Vincerò per te le paure che io sento
Quanto bruciano dentro le parole che non ho più detto, sai

Oh, Want you
Baby, I want you
And I thought that you should know that I believe





Harry puxou-a ainda mais para si e beijo-a com toda a intensidade, com todo o desejo! Nada naquele momento importava… nada mais existia para eles… apenas os dois, aquela música e aquela noite maravilhosa! Eram um só!




Lampi nel silenzio siamo noi yeah
I belong to you, you belong to me





O dia estava quase a amanhecer… o luau tinha terminado… restavam apenas Harry e Ginny, sentados na areia, abraçados um ao outro, a olhar o horizonte, de onde começavam a surgir os primeiros raios de sol.
- Foi uma noite maravilhosa, Harry!
- Apenas porque estavas comigo… porque pertencemos um ao outro!
Mais uma vez perderam-se num longo beijo.




You're the wind that's underneath my wings
I belong to you, you belong to me
Yeah hey yeah he





Não interessavam os momentos maus… não importava quantos anos passassem, quantos dias vivessem. O amor pelo qual Valentim tanto lutara permaneceria eterno… o dia 14 de Fevereiro continuaria a ter o seu significado… a sua importância!
E no brilho daquela noite… e de todas as noites da história daqueles que algum dia amaram alguém… o espírito de Valentim revive, sorrindo ternamente para as emoções de uma noite… de uma vida!




Adesso io ti sento
I will belong forever to you





Nota de Autora:

Para ti, Gabriel, amor da minha vida… que eu amo tanto! Feliz dia de S. Valentim!
Com amor, Margarida.


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