Um pedido de desculpas



Karina encostou-se para trás da cadeira, que chiou perante este tratamento, e desligou as televisões que se eclipsaram no momento a seguir.

--Então era isso – murmurou pensativamente, passando a mão pelos lábios. – Devo-lhe um pedido de desculpas.

--Só um? – inquiriu Harry sarcasticamente. – Ou será antes um monte de “pedidos de desculpa” com uns extra como bonus?

Karina não lhe respondeu e pegou num pergaminho e numa pena começando a escrever numa letra fina e esguia com um tom nobre.

"Caro Mr. Robinson

Agradecia que se apresentasse no Ministério da Magia de Inglaterra pelas 9:00 de amanhã. Estarei à sua espera na entrada Sul, precisamos de falar sobre um assunto importante.

Cumprimentos

Dra. Karina Riddle"

--Isso dá ar de o ires pedir em casamento. – observou Draco fazendo uma careta.

--Talvez... oh! n sejas parvo, não tem nada a ver... – murmurou Karina levantando-se. – De certeza que seria melhor marido que tu, pelo menos é responsável.

--Eu também sou responsável. – disse Draco num tom teimoso, cruzando os braços. – Se quiseres peço-te em casamento mesmo aqui.

--Não é preciso, obrigada. Estou bem como estou. Ainda me matavas na noite de núpcias... – comentou Karina.

--Claro que matava. – riu-se Draco maliciosamente.

--Só se fosse mesmo de tédio. – disse Harry maldosamente.

--Desculpa Potter??? – inquiriu Draco, olhando-o azedamente. Definitivamente os seus conflitos com Harry seriam eternas, por mais amnizada que fosse a sua inimizade.

--Vou-me embora. – decidiu Karina.

--Já? – inquiriu Harry.

--Tenho coisas para fazer. – respondeu Karina. – E vocês ainda começam à tareia, não quero ser obrigada a espancar-vos.

--Pois, pois... Posso te ajudar a fazer essas coisas, se quiseres? – perguntou Draco rapidamente.

--Já tenho o Karl para me ajudar. – respondeu Karina arrumando uns papéis.

--Qual Karl?

--Karl Van Morth. Casou com a tua prima, Helena Vivan... lembras-te? – inquiriu Karina.

--Sim, lembro-me. Mas os opostos atraem-se... Vivan e Morth... que paradoxo... – comentou Draco pensativamente.

--És tão parvo! – riu-se a auror revirando os olhos.

--Obrigado, eu sei. – gabou-se Draco.

--Tchau, tchau aos dois. – despediu-se, enrolando a carta.

--Tchau linda e se precisares já sabes, estamos aqui. – informou Draco.

--Não me esquecerei. – afirmou Karina e materializou-se para dentro de sua casa.

Karl estava sentado no sofá a passar os canais de televisão.

--Daqui a nada rebentas os fusíveis. – comentou Karina dirigindo-se à cozinha.

--Não ‘tá a dar nada de interessante por aqui... – murmurou Karl continuando a passar os canais da TV.

Karina abriu a janela e assobiou três vezes. O seu falcão apareceu vindo de uma árvore ali perto e poisou-lhe no braço. Tirou a carta do bolso e prendeu-a à pata de Falcus.

--Até logo lindo. – despediu-se Karina. – E quando voltares vais ter por cá uma refeição bem saborosa. – informou e libertou o falcão.

Após feito isto foi ter com Karl.

--Deixa o comando em paz. – ordenou Karina puxando-o pelo braço.

--Chata! – queixou-se Karl seguindo-a até à biblioteca.

Karina dirigiu-se a um canto onde estava, o que parecia ser, um computador. Sentou-se e ligou-o.

--Diz-me lá Karl, conheces algum vampiro chamado Richard Lair? – perguntou Karina.

--Richard Lair? Hum... não estou a ver... – murmurou pensativamente.

--Bem, vou ver se esse nome existe na minha base de dados ou na net. – Disse Karina enquanto teclava o nome de Richard.

--Mas a net não é coisa de muggles? – inquiriu Karl desconfiado.

--Andas desactualizado meu amigo. Agora existe a netwitch e, com os programas que eu criei em conjunto com uns microchips que instalei no pc... hei-de encontrar alguma coisa. – comentou Karina.

Ao fim de quinze minutos Karina começou a encontrar pequenas referências, até que conseguiu uma pequena biografia.

--Mas que temos nós aqui... Lord Richard Lair, nasceu a 13 de Setembro de 1920 na Alemanha. Em 1920, na Alemanha? Alguém me diz porquê que eu acho que este gajo é nazi? – inquiriu Karina.

--Acho que já sei quem é! – exclamou Karl.

--Acalma os cavalos, agora estou a ler isto. – ordenou Karina. – Tornou-se vampiro aos 26 anos e a partir daí tem sido um dos grandes sanguinários. A sua grande ambição é criar um enorme exército e conquistar o mundo. Cá para mim deve ser filho do Hitler ou um parente afastado do Napoleão... e este exército... será que ele quer criar esse exército com os putos? – murmurou pensativamente. – O que terá ele feito ao Tom?

--De certeza que não fez nada. Se é ele que te tem vindo fazer visitas nocturnas...

--Sim...

--Ele não te vai tocar no irmão, não... e tu sabes porquê, tu sabes que não é no teu irmão que ele está interessado. Ele está interessado em ti. – disse Karl.

Karina não disse nada e voltou a olhar para o pc.

--Vou esperar por amanhã para poder falar com Leonard Robinson, talvez ele me saiba dizer alguma coisa de interesse. – murmurou Karina e preparou-se para desligar o computador.

--Hey! – disse Karl rapidamente. – Achas que eu posso brincar um bocado?

--Vá criança, anda lá para o pc, mas vê-la o que te pões a ver! – avisou Karina.

--Sim mãezinha, esteja descansada. – sorriu-lhe Karl e Karina foi-se embora.
Nessa noite ela foi deitar-se eram 23:00. Vestiu o pijama e enfiou-se na cama mas não adormeceu. Estava com esperança de que Richard passasse por lá, queria arrancar-lhe alguma informação.

Estava quase a adormecer quando sentiu movimentos no quarto e abriu os olhos atentamente. Do seu lado esquerdo aproximou-se uma sombra.

--Estás acordada, linda? – perguntou amavelmente sentando-se à ponta da cama.

--Hum, hum. – murmurou Karina. – Estava à tua espera.

--Ai sim? Estavas com saudades minhas? – perguntou dando-lhe um beijo na cara.

--Um bocado. – respondeu Karina tocando-lhe na mão.

--Fico feliz por saber isso. – murmurou o tipo tentando beijá-la na boca.

--Ainda não. – disse Karina pondo-lhe a mão à frente da boca.

--Porquê mor? – perguntou Richard. – Não te faças difícil. – pediu chegando-se mais a Karina.

-Bem... – murmurou Karina. – Eu precisava de te dar uma palavrinha Richard.

Ouve um silêncio incómodo.

--Richard... – chamou Karina.

--Eu tenho de ir. – disse Richard levantando-se.

--Não, espera. – pediu Karina levantando-se também e pondo os braços à volta do pescoço de Richard. – Por favor...

--Tu fazes-me passar do sério. – riu-se Richard abraçando-a contra si.

--Diz-me, por favor, onde está o meu irmão. – pediu Karina.

Richard não disse nada e quando Karina menos esperava desapareceu.

--Se queres o teu irmão de volta, encontra-o. É simples. – disse uma voz.

--Não se deixa assim uma donzela ao Deus de Ará. – protestou Karina.

--Estavas a tentar seduzir-me para eu te contar alguma coisa, mas eu não caiu nessa, já é velha. – declarou a voz de Richard.

--É uma pena... – murmurou Karina sentando-se à beira da cama. – Eu pensei na hipótese de esta noite ter companhia, mas parece que me enganei.

Ninguém disse nada.

Karina voltou a deitar-se mas sabia que Richard ainda estava no seu quarto, sentia-lhe a aura.

«O que se passa? Porquê que ele não faz nada?» perguntou-se Karina e tentou não adormecer.

--Karina dorme, não te canses. – riu-se Richard ao fim de um tempo.

--Como posso eu dormir sabendo que tenho um vampiro de meia tigela no quarto? – inquiriu Karina azedamente.

--Se é esse o problema eu vou-me embora. Dorme bem bebé. – murmurou-lhe ao ouvido e Karina sentiu a sua aura a desaparecer.

--Raios! O Leonard é a minha última hipótese. – murmurou Karina.

Chegou eram 8:30 ao Ministério da Magia e ficou à espera de Leonard à entrada, estava impaciente. Ele chegou eram 8:50.

--O senhor veio adiantado. – disse Karina olhando-o seriamente. – Siga-me.
--O que quer de mim? – perguntou Leonard extremamente desconfiado. – Não me vai prender pois não?

--Siga-me. – ordenou Karina novamente.

--Miss Riddle, eu não raptei o seu irmão, eu juro-lhe, era incapaz de tal acto. – afirmou Leonard.

Karina não disse nada e caminhou até ao elevador seguida de Leonard. O rapaz tremia por tudo o que era lado. Levou-o até ao seu escritório, mas não era o seu escritório no Departamento de Magia-Científica, mas sim o Departamento de Aurores.

Mandou-o entrar, trancou a porta e foi-se sentar ficando a olhar para Leonard.

--Vá, diga. Durante quantos anos me vai prender? – perguntou Leonard dramaticamente.

--Mr. Robinson, sente-se. – pediu Karina.

Leonard sentou-se rapidamente.

--Bem... primeiro eu não quero prendê-lo e segundo, eu estou a dever-lhe um pedido de desculpas, fui muito injusta. – disse Karina soltando um suspiro.
Leonard ficou mudo de espanto.

--Não me olhe assim monsieur, eu estava um bocado nervosa e não pensei com lógica, fui estúpida. – observou Karina.

--A menina não é estúpida. – protestou Leonard. – E eu compreendo perfeitamente o seu estado. Se estivesse no seu lugar...

--E não está? Ou vai-me dizer que não está preocupado com a sua irmã? – inquiriu Karina seriamente, indo directamente ao assunto.

--Eu... – murmurou Leonard não sabendo o que dizer.

--Eu sei que é o Richard que os tem, ele próprio me afirmou isso. – informou Karina. – Mas eu não sei onde eles estão, não posso agir.

--Eu... eu não lhe posso contar nada. – murmurou Leonard.

--Ai pode sim. – afirmou Karina. – E não tema pela vida da sua irmã, Richard não lhe vai tocar, ai dele!

--Dra., não vai dar...

--Mr. Robinson, nós estamos no mesmo barco. Por favor, conte-me onde estão o Tom e a Samantha, eles precisam de ajuda. Não confia em mim? – inquiriu Karina.

--Dra. Riddle, ele é um vampiro perigoso...

--Eu não subestimo os vampiros, porque por causa deles eu fiquei sem os meus pais adoptivos aos 14 anos. – afirmou Karina tentando não mostrar os seus verdadeiros sentimentos de tristeza e mágoa. – Foram mortos à minha frente.

--Eu lamento imenso. – murmurou Leonard.

--Meu amigo, eu prometo-lhe que todas as crianças sairão sãs e salvas, incluindo a sua irmã. – declarou Karina. – Mas para isso é preciso o senhor colaborar.

--Se eu lhe disser ele mata-a. – murmurou Leonard.

--Não, porque ele não precisa de saber que o senhor me disse. – afirmou. – Cheguei a Auror por alguma razão, tenho métodos infalíveis! No final de contas sou filha de um assassino.

Leonard não disse nada.

--Muito bem, abstenha-se. – murmurou Karina levantando-se e soltando um suspiro longo. – Só espero que as crianças ainda estejam bem...

--Muito bem, ganhou. – murmurou Leonard.

--Então diga lá. – pediu Karina voltando-se a sentar.

--Ele está num castelo na Cornualha. Não lhe posso dizer mais nada. – afirmou Leonard.

--Já é alguma coisa. – observou Karina. – Se não quiser colaborar mais eu deixo-o ir.

Leonard levantou-se e estendeu a mão para Karina apertar, mas já não sabia o que havia de esperar daquela jovem tão estranha.

Karina sorriu-lhe e apertou-lhe a mão.

--Vá lá, e se precisar de mim sabe onde me encontrar. – afirmou Karina.

--Obrigado Miss Riddle. – agradeceu Leonard aliviado.

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