Cap. 22



-Por quê, Bellatrix?

-Eu... merda, eu tinha perdido Nia, perdido você, chorava todas as noites, estava muito deprimida, o ódio fulminando, queria me vingar de tudo, do mundo, da bosta que é a minha vida!

Bellatrix abaixou a manga depressa, enquanto a sobrinha congelou, os olhos castanhos muito arregalados.

-Você... você...

-TCHAU DAQUI, NINFADORA!

A garotinha correu escada abaixo, os cabelos esvoaçando.

-Droga... ela vai contar para a Andrômeda...

-Tchau, Bellatrix.

-Não, Rodolfo! Eu agi mal, eu sei, mas me perdoe...

-Só vou esfriar a cabeça. –disse, frio.

Bellatrix caiu na cama, um pouco mais aliviada.

...


-Bellatrix, sinceramente!

-A sua filha está imaginando coisas...

-Eu vi, mamãe... aquela coisa no braço dela!

Estavam na sala Bellatrix, Andrômeda e Ninfadora.

-O.k, Bella. Mostre seu braço.

Um frio correu à espinha de Bellatrix. Com um suspiro, a mulher levantou a manga e fechou os olhos.

-A MARCA NEGRA! Você... você é...

-Uau! Eu sempre quis ver uma dessas!

-FECHE OS OLHOS, NI! –e Andrômeda tampou os olhos da filha.

-Eu errei, admito.

-Ah, e como errou.

-Tá... tem mais sermão? –um silêncio seguiu. –Por favor, posso ir pro meu quarto... mamãe?

-Sou sua irmã mais velha, não sua mãe, mas mesmo assim desejo seu bem. Você não vê o erro que cometeu?

-Desculpe, mamãe, você tem razão, eu devia ficar uma semana de castigo.-disse Bellatrix, em uma imitação de voz de bebê, subindo as escadas. Andrômeda ficou fitando a irmã até uma voz chamá-la à razão:

-Ah... mãe... pode descobrir meus olhos agora.

-Ah... claro, querida.... agora além de ter de cuidar de você, terei de cuidar da Bella...

-O que foi, mãe?

-Nada, Ninfadora, nada...

...


Já era umas três ou quatro da madrugada quando Rodolfo chegou em casa, meio bêbado, tropeçando nos próprios pés e tombando nos móveis.

-Rodolfo? –indagou Andrômeda. –Estava esperando você chegar.

Ela estava com um roupão de seda cor de vinho, sentada no sofá, com uma expressão sonolentíssima.

-Bellatrix...

-Está se dopando? Bebeu? Quer se matar?

-Não, não é isso. Ela não está passando por um bom período, você sabe, perder Nia foi difícil para ela.

-Foi pra mim também.

-Foi difícil para todos. Mas, depois você fugiu, ávida dela estava um caos... mas eu achei que ela fosse superar, ela era forte, só que... ninguém agüenta tanta pressão... você mesmo ficou perturbado no início, mas... por favor, Rodolfo, acorda e me ouve!

-Ãh? É, eu sei... quer ir direto ao ponto?

-Bellatrix... se alistou como Comensal da Morte.

Rodolfo bocejou e nada disse.

-Ela agora é uma Comensal, Rodolfo!

-Tá, eu sei.

-Sabe?

-Sei. –disse ele.

-Quer dizer que eu fiquei acordada até as quatro da manhã pra você me dizer que sabe, é isso?!

-É.

-Vou dormir... contole melhor A SUA MULHER! –e berrou a última parte.

-Gente maluca... –enquanto subia as escadas para dormir, apertava o braço, que ardia e latejava cada vez mais naquela noite.

...


-Eu quero que você me responda com sinceridade, Rodolfo.

-Que foi, Bellatrix?

-Você fez isso porque quis ou por mim?

-Por você.

-Mas... você não devia ter...

--Esquece, ok? Já está feito.

Na cozinha vazia, apenas estavam os dois, sentados à mesa. Bellatrix apoiou a cabeça na mão. Ouviam-se passos na escada. Segundos depois, Ninfadora entrou na cozinha.

-Tia Bella –cochichou- é urgente. Me mostra a sua marca, agora!

-Cadê a sua mãe?

-Dormindo, mostra logo!

-Ninfadora! –e ouviu-se uma voz vinda das escadas. –Você está aí?

-Droga... eu nunca consigo... estou, mãe!

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