Capítulo 2.



Capítulo2.



Só havia um lugar que Harry poderia estar. E era lá que Hermione se encontrava. Procurava alguém com aqueles lindos olhos verdes, naquela enorme praça. Andava com passos rápidos, eufórica, observando por todos os cantos. Ela virou a calçada da praça e não conseguiu continuar.

- Ai! - Ela gritou ao entrar em contato com um corpo à sua frente. Uma mão lhe ajudou a levantar. Ela levantou a cabeça. - Me desc... - Ela não conseguiu terminar. Seus nomes foram ditos de imediato, ao mesmo tempo, ao se olharem.

- Sobre ontem... - Começou Harry após ajudar Hermione a se levantar.

- Não! Não precisa explicar. Não foi sua culpa. - Ela sorriu. O homem não entendeu e levantou uma sobrancelha. - Vamos dar uma volta, eu lhe explico o que aconteceu.

- Mas sou eu que tenho que explicar algo aqui. - Disse Harry parando, indignado.

- Harry... Harry. Pára, ok? - Ela levantou as mãos, pedindo pra ele parar. - Não é você que tem que explicar, porque você não sabe o que aconteceu. Eu sei o que aconteceu, por isso eu irei explicar. - O homem cedeu, suspirando. Hermione fez um gesto para eles continuarem andando. - Foi por causa do perfume. - Disse depois de um tempo. Harry olhou para ela sem entender. Ela chegou em uma das mesinhas e se sentou, fazendo um gesto para ele sentar também. - O perfume que você cheirou, na verdade era uma poção. - Ele ia abrir a boca para falar algo, mas ela continuou: - Não! Minha intenção não era, e nunca foi, usar uma poção em você. Eu juro, foi sem querer. Se lembra, logo antes de você... de você sentir o cheiro do perfume... eu disse que não usava o perfume há muito tempo? - Ele assentiu. - Isso, justamente porque era uma poção, e ontem, eu havia esquecido desse detalhe e, por azar seu, o usei.

- Por que por azar meu? - Perguntou Harry, finalmente.

- Essa poção traz à tona o sentimento forte que existe pela pessoa da qual você cheirou o perfume, no caso... eu. Você nunca me disse o que sentia, e acho que nunca diria, mas a poção fez o trabalho de fazer, indiretamente, isso por você. Por que nunca me disse? - Perguntou gentilmente.

- Disse o quê? - Perguntou o homem se fazendo de desentendido.

- Harry... não minta pra mim. Isso é uma poção, não falha. É magia. Fui eu que fiz e, modéstia à parte, seria pouco provável que desse erro. - Ela sorriu ao final da frase.

Harry segurou a cabeça com as mãos, apoiando os cotovelos na mesa.

- Foi um dos motivos de eu ter fugido. - Disse vagamente, pensativo, encarando a mesa. Hermione não entendeu e continuou a prestar atenção. - Último ano em Hogwarts... tinha acabado tudo com a Gina... turbilhão de informações por causa da volta misteriosa de Dumbledore... a última batalha com Voldemort. Estavam todos longe de mim, menos você. Foi você que me ajudou em todos os momentos. Foi você que me apoiou e acreditou em mim desde o começo da escola. Foi você que me salvou no último instante, quando eu achava que tudo estava perdido, mesmo eu tendo te abandonado. Por isso que foi paravocê que eu deixei a carta pedindo desculpa. Porque eu devia muito mais a você, depois de tudo que você fez por mim. Eu não sabia o que estava acontecendo comigo, quando todas as noites era sua imagem que me vinha à cabeça antes de dormir, quando eu sorria feito bobo quando te via todos os dias, quando tudo parecia mais tranqüilo quando você estava comigo. Sim, Hermione, eu estava gostando de você, e isso era a última coisa que eu queria que tivesse acontecido comigo, e demorei a acreditar nisso. Mas eu encarei os fatos... você gostava do meu melhor amigo, ele gostava de você, e eu sabia que se continuasse ali eu acabaria estragado tudo... de um jeito ou de outro, alguém descobriria, e eu acabaria estragando tudo... do mesmo jeito que eu acabei estragando agora. - Ele suspirou e finalmente levantou cabeça, observando a expressão de alegria da amiga, e seus olhos que ameaçavam chorar. Não tinha mais o que dizer. Havia dito tudo. Finalmente havia saído o que estava entalado na garganta. - Desculpe. - Disse desviando o olhar, voltando-o novamente para a mesa.

Ela se levantou da cadeira. O homem levantou o olhar. Agora vinham as conseqüências. Ela iria sair dali, e nunca mais olhar na cara dele. Mas ele apenas acompanhou com o olhar ela dar a volta na mesa e parar ao lado dele. Hermione o puxou pelos braços, para ele ficar de pé, e o abraçou. Harry sorriu. Ela encostou a cabeça no ombro dele e chorou. Lágrimas de felicidade. O abraçou com força, demonstrando a felicidade que estava ao ouvir aquilo dele.

- Você nunca estragou nada, Harry. E não foi diferente dessa vez. - Disse com a cabeça encostada no ombro dele, olhando a rua movimentada ao lado.

- Não até o Rony descobrir.

- Ele já sabe...

- O quê?! - Ela a desencostou do corpo rapidamente ao escutar aquilo. Agora, sim, poderia se considerar um homem morto.

- Eu contei para ele, ontem, quando ele chegou. - Harry se lembrou da conversa que teve antes dele sair. Se lembrou da surpresa, e se fosse realmente o que achava que era, tinha acabado com tudo. Disso ele tinha certeza.

Harry se virou, coçando a cabeça, impaciente. O que ia falar para ele? Qual desculpa daria? Certamente não ia falar que estava gostando de Hermione. Não podia, e não iria fazer isso.

- Não se preocupe. - Escutou Hermione falando e uma mão tocando seu ombro. Ela apareceu na sua frente. - Já conversei com ele, e já está tudo em ordem. Ele entendeu que foi um erro.

Então era isso. Ela achava tudo aquilo um erro. Não tinha chance com ela, sabia disso desde o começo. Mas sempre que ela, mesmo que indiretamente, dizia um "não" para ele, sentia seu coração apertar mais.

- Por que não me disse antes de ir embora?

- Pra você nunca mais olhar na minha cara? Não, obrigado. - Ele deu uma pausa. - Preferia que esse segredo tivesse morrido junto comigo. - Comentou vagamente mais para si mesmo, do que para Hermione.

- Harry! - Ela o repreendeu, indignada. - Olhe para mim! - Mandou quando ele desviou o olhar. - Ainda estou olhando para você, não estou? - Perguntou um pouco irritada com o que ele disse. - Não teria sido diferente há dois anos atrás! - Concluiu séria.

Ele suspirou, intrigado.

- Não estou sentindo a mesma coisa pelo Rony, se quer saber. - Disse se virando, ficando de costar para ele. Cruzou os braços e suspirou, se perguntando se era realmente isso que sentia, e se era certo comentar isso com Harry. - Era tudo diferente em Hogwarts. - Comentou. Seus olhos miravam algumas crianças que brincavam alegres no parquinho próximo à eles.

Ele pousou ao lado da amiga e olhou para o mesmo lugar que ela mirava.

- E o que aconteceu no tempo que eu estive longe? - Perguntou sem encará-la.

- Tudo mudou. Éramos só eu e Rony. Não existia mais o "Harry Potter". No começo, assim que saímos de Hogwarts, eu ainda carregava muita raiva de você. - Disse tentando parecer séria, mas Harry riu, e ela o acompanhou com a risada. - Mas foi só no começo. Depois comecei a sentir sua falta. Todas as noites olhava para a foto de nós três e me perguntava se um dia você voltaria. Ficava imaginando o dia que encontraria você, o que eu iria falar, como iria reagir, se eu realmente teria a vontade de te matar... - Ela observou a expressão assustada dele e se explicou: - Ah, sim. Assim que você foi embora eu fiquei com vontade de te matar se eu dia te encontrasse. Agradeça a Merlin por eu ter tirado isso da cabeça. - Disse divertida.

- Obrigado, Merlin. - Disse olhando para o céu, juntando as duas mãos.

Hermione riu com a cara que ele fez.

- Bom, e nesse tempo, que eu comecei a sentir sua falta, meu relacionamento com o Rony foi... meio que... se desgastando. Não sentia por ele a mesma coisa que eu sentia quando estava em Hogwarts. Não sei o que aconteceu, só sei que ele estava ficando cada vez mais longe de ser um namorado pra mim, e eu acho que estou começando a perceber que foi apenas uma forte amizade... eu não sei... quando você reapareceu. - Concluiu hesitante. Nesse tempo já estavam andando pela praça.

- Então, você quer dizer que...

- Não! Eu não sei o que estou sentindo ainda, juro que não sei. - Disse, levemente constrangida, e seu rosto assumiu um leve tom de vermelho. Harry sorriu, feliz. Foi realmente o que ele entendeu? - Agora - Ela parou subitamente, ficando na frente dele, o fazendo parar -, vamos ter uma conversa com o Rony... nós três. - Ela se virou para andar.

- Como? - Ele a segurou pelo braço.

- Vamos conversar com o Rony, e esclarecer tudo o que está acontecendo. - Disse simplesmente, o puxando pelo braço.

- Não! Ficou maluca? - Perguntou parando-a novamente.

Ela se virou, impaciente, revirando os olhos.

- A gente vai, e pronto. Fim da história. - Ela ia se virar para andar, novamente, mas se lembrou de algo. - Antes disso - Começou voltando-se para ele -, eu posso fazer algo? Acho que vai me ajudar muito na minha decisão. - Ele apenas balançou a cabeça, assentindo, meio inseguro do que estava fazendo. E aquilo aconteceu muito rápido. Ela simplesmente deu um passo à frente, segurando o rosto dele, e o beijou.

No começo ele ficou sem ação, mas depois deixou-se levar, se perguntando porque ela fazia aquilo com ele. Não durou mais que 10 segundos. Foi o tempo suficiente para Hermione ter certeza do que iria fazer.

- Agora - Ela sorriu ao olhar a cara meio de abobalhado de Harry, e se virou -, vamos.

- Rony! - Ela chamou ao entrar em casa, seguida por Harry, que fechou a porta. - Rony! - Gritou mais um vez lá pra cima.

Escutou um barulho de porta fechando e ele logo apareceu, descendo as escadas. Harry o encarou por um segundo, mas logo desviou o olhar. Não conseguia encarar o amigo.

- O que ele está fazendo aqui? - Perguntou de pouco caso.

- Precisamos conversar... os três.

- Não tenho nada à escutar dele. - Disse se virando, indo subir as escadas novamente.

- Ronald Weasley, sente-se aqui... agora! - Ela cruzou os braços, e dizia para si mesma que o azarava se ele não voltasse.

O ruivo hesitou por um momento, parando na escada, mas logo se virou e se sentou no sofá, em frente à Hermione que permanceia em pé, com Harry atrás, de cabeça baixa.

- Sente-se você também. - Mandou referindo-se à Harry, que, ao contrário de Rony, logo obedeceu. Sentou-se na poltrona ao lado dela.

- Primeiro - Ela levantou o indicador ao ar - ninguém aqui manda no coração, e, seja qual for a minha decisão, nenhum de vocês vai querer sair matando o outro, me entenderam? - Disse com o tom de voz superior.

- O quê? Você tomou uma decisão? - Perguntou Rony sem acreditar.

- Sim, tomei.

- E enquanto á nós, não vai mais existir?

- Me deixe falar! - Disse quase como um grito. - Tomei essa decisão porque acho que será o melhor a ser feito... para nós três. - Ela deu uma pausa e pensou por onde era melhor começar. - O que aconteceu ontem foi muito... podemos dizer... perturbador. Pensei no ocorrido durante todo o dia. Achei a explicação de tudo, mas ainda havia várias perguntas. Para você que não sabe, Ronald - Disse se virando para ele -, sem querer eu usei uma poção no Harry, que o fez fazer aquilo. E que, agora, a poção não vem ao caso. Portanto, a culpa não foi dele, então trate de falar normalmente com seu melhor amigo. - Enfatizou bastante as palavras.

- Não acho que consigo falar normalmente com o cara que beijou minha namorada. Muito menos ainda chamá-lo de melhor amigo.

Hermione fechou os olhos. Precisava ir direto ao ponto, e ia ser agora. Encolheu os lábios, ainda sem noção do que ia fazer. Balançou a cabeça negativamente e suspirou.

- Ex-namorada, Ronald. - Disse abrindo os olhos.

O ruivo piscou alguma vezes ao escutar aquilo, não acreditando que aquelas palavras realmente haviam saído da boca de Hermione. Harry, que antes estava com a cabeça abaixada, levantou-a rapidamente e arregalou os olhos para Hermione. Realmente havia escutado direito aquilo?

Rony balançou a cabeça negativamente, como se desaprovasse a decisão dela. Levantou-se, lançando um olhar para Harry como se ele fosse o culpado por tudo que estava acontecendo, e se dirigiu até a escada.

- Rony, volte aqui. - Ele nem ligou. Ela foi até ele e o puxou pelo braço, o impedindo de continuar. - Aja como um homem e escute o que eu tenho à dizer! - Disse próxima ao rosto dele.

- Não tenho mais nada para escutar de vocês dois.

- Você merece uma explicação do que está acontecendo. - Tentou.

- Que diferença faz? Eu escutar o que você tem à dizer, ou não, não mudará nada! A decisão já está tomada, e eu não posso fazer nada para impedir.

- Vai realmente dar as costas e ficar por isso mesmo? Você não faz nem questão de lutar?

- Não vou ficar me arrastando nos pés de uma mulher implorando para ela ficar comigo. Se você não me quer, o que eu posso fazer? - Ele deu as costas para ela e subiu para o quarto. Bateu a porta com força.

Ela se virou. Harry a encarava. Ela deu de ombros. Pelo menos tentou explicar a situação para Rony. Sentou-se no sofá onde Rony esteve. O moreno ainda não havia captado o que ela havia dito há pouco. Havia realmente acabado com Rony.

- O que foi aquilo?

- A decisão mais certa que eu já tomei na minha vida. Não posso ficar mais iludindo ele.

- Eu acho que você deve conversar com ele, a sós. Depois, te dou um tempo para pensar direitinho, colocar os fatos em ordem, e decidir o que você vai fazer da sua vida agora em diante. - Disse calmo, a encarando.

Como ela queria que Rony tivesse uma atitude dessa. Mas ele era incapaz de comprrender o que estava se passando. Sorriu para Harry. Se levantou e subiu lentamente para o seu quarto.

- O que você está fazendo? - Perguntou ao abrir a porta e olhar por todo o quarto. Roupas jogadas pelo chão e três malas em cima da cama, com várias roupas dentro.

- Eu vou embora! - Respondeu Rony, olhando-a por cima dos ombros, mas logo voltando-se para a mala que estava arrumando. Pegava as roupas no chão rapidamente, e as jogava nas malas.

- Para onde você vai? - Perguntou, fechando a porta atrás de si.

- Para um lugar bem longe daqui. - Disse, agora, sem encará-la. Deu mais atenção à mala que arrumava.

Hermione ficou um tempo sem falar, sem saber o que fazer diante daquela situação.

- Você me amava, Hermione. - Ela olhou finalmente para Rony, que havia parado de mexer nas roupas e a encarou, ainda sem acreditar. A voz meio embargada.

- Não. - Ela balançou a cabeça negativamente. - Nunca disse que te amava, Rony. Não houve um único momento em que as palavras "Eu te amo" saíram da minha boca.

Ele relembrou de tudo o que passaram. Certamente, ela não havia dito aquilo em momento algum para ele.

- Mas... eu ao menos te fazia feliz.

- Sim, eu era feliz. Apenas porque não tinha motivos para ficar triste. A única coisa que me deixava triste, era quando eu pensava no dia que Harry ti...

- Harry, Harry e Harry! TUDO Harry! - Gritou nervoso e desesperado, andando de um lado para o outro.

O moreno olhou para cima. O grito de Rony foi suficiente para ele conseguir escutar. Estavam falando dele. Enterrou a cabeça nas mãos, apoiando os cotovelos nas coxas. Agora era com Hermione. Ela precisaria resolver aquele problema.

- Ronald, acalme-se!

- Me acalmar?!

- Sim!

- Depois de minha namorada ter me traído com o meu melhor amigo?

- Eu-nunca-te-traí! - Disse entredentes, chegando perto dele. - O que aconteceu ontem foi apenas um beijo. E estou acabando com você agora, caso eu queria ter uma relação com outro homem. Porque eu acho melhor isso, do que ficar te iludindo pelo resto da vida!

- Homem com nome e sobrenome: "Harry Potter"! - Disse sarcástico. - Já devia ter desconfiado disso antes. - Comentou mais para si mesmo do que para Hermiome.

- Idiota! Quer ir embora? Vá embora! Mas nunca mais volte! - Gritou irritada com a grosseria dele. Se virou e desceu.

Passou por Harry, que ainda tentou pará-la e saber o que havia acontecido, mas não conseguiu. Ela abriu a porta e a bateu com força. Ia atrás dela, se não tivesse escutado uma batida de porta lá em cima. Rony vinha descendo as escadas com algo na mão. Ele chegou perto de Harry, que tremou diante do rosto dele. Rony empurrou com força algo pequeno em seu peito.

- Acho melhor você entregar para ela, não é? Já não vale mais nada para mim. - Harry apenas o encarou, sem entender o que ele queria dizer. O ruivo soltou o objeto, que caiu justamente na mão de Harry. Ele se virou, mas parou antes de subir as escadas. - Dois anos de namoro é muita coisa, Harry. Teria sido, se você não tivesse estragado tudo. - Disse seco e subiu as escadas novamente, deixando Harry completamente perdido lá em baixo.

Ele abaixou o olhar para a sua mão que continha uma pequena caixinha de veludo, azul. Abriu-a. Havia uma aliança lá dentro. As expectativas de Harry sem concretizaram. Ele realmente ia pedir Hermione em casamento quando tivesse chegado de viagem, e seria justamente no dia de dois anos de namoro deles. Mas ele havia estragado tudo. Rony dentro de casa, furioso. Hermione fora de casa, atordoada. E ele ali, no meio deles, sem saber o que fazer, o que pensar ou como agir. Saiu da casa à procura de Hermione. Foi até a loja onde ela trabalhava. Não estava lá. Passou pela praça e viu ela sentada em umas das mesinhas. A mesma mesa que estavam sentados quando Harry a beijou. Sentou-se ao seu lado, calado, e não fez questão de falar nada, a menos que ela quisesse falar algo.

- Desculpe pelo Rony. Ele ficou meio chocado com a notícia inesperada. - Hermione ainda encarava as criancinhas que brincavam alegremente no parque, sem preocupação alguma, como se conhecessem todos que brincavam também.

Se perguntava porque não conseguia ter pelo menos metade da felicidade que elas carregavam consigo. Parecia tudo tão fácil para elas.

- Ele está certo. - Hermione se virou para ele, sem entender. - Eu estraguei tudo. - Eu preferiu encarar a mesa.

- Hey! - Ela virou o rosto dele, fazendo-o encará-la. - Você não estragou nada. A decisão foi minha, não sua, e... também... você não sabia de nada!

Ele abaixou um pouco a cabeça. A mulher soltou seu rosto. Harry olhou para a mão que segurava a caixinha. Colocou-a em cima da mesa e arrastou até ficar de frente para Hermione. Abriu-a.

- Rony pediu para eu te entregar isso. - Ela arregalou os olhos ao abservar a aliança que brilhava forte, devido o sol. Piscou várias vezes. Virou-se lentamente para Harry, que olhava apreensivo para ela. - Ele ia te pedir em casamento, Hermione. - Explicou.

A mulher o encarou por um tempo e depois voltou-se para o anel. Pegou-o. Colocou na palma da mão e o analisou, pensativa. Suspirou.

- Obrigada, Harry. - Disse, depois de um tempo, ainda observando o anel.

- Rony pediu para te entregar, só fiz o...

- Não. Não por isso. - Ela ainda encarava o anel. Harry olhou confuso pra ela. Lentamente dirigiu o olhar à Harry. - Por você ter feito eu tomar a decisão mais certa da minha vida. - O homem ergueu a sobrancelha, sem entender. Ela explicou: - Rony ia me pedir em casamento hoje... 13 de junho, exatamente dois anos. Eu poderia, em uma lapso de loucura, ter aceitado o pedido, e o faria sofrer mais depois. Ainda bem que, graças à você, eu acabei com ele antes que eu fizesse uma besteira. - Concluiu séria.

O homem não sabia o que falar, muito menos o que fazer, diante do que ela disse. Colocava fatos em ordem, e por mais que tentasse, ainda não conseguia acreditar que ela havia acabado tudo com Rony. Apenas virou o rosto, para ficar olhando a rua. Já que não tinha nada para falar, ficaria calado.

- Rony vai sair de casa. - Harry virou-se para ela, para escutar o resto. - Quando cheguei no quarto ele já estava fazendo as malas. Deve sair hoje mesmo.

- Não acha melhor voltar para casa? Pra pelo menos se despedir? - Perguntou hesitante.

- Não volto sem você.

- Hermione...

- Harry! Não-volto-sem-você! - Disse pausadamente. - Vai me abandonar no momento que eu mais preciso de você? - Perguntou sem acreditar.

- Não! Juro que não é isso. Esperar ao menos o Rony sair de casa. Tenho medo do que ele possa fazer fazer comigo.

- Você não teve medo de Voldemort, porque teria do Rony? - Perguntou divertida.

- Pelo simples fato dele ser o meu melhor amigo.

- Ah, tá bom. Agora, vem logo. - Ela se levantou. - Se ele te bater - Ela chegou perto dele -, eu mato ele. - Sussurrou divertida. O puxou pela mão para ele se levantar e foram para casa.

- Que horas você sái? - Perguntou Hermione sem importância quando abriu a porta do seu quarto e viu Rony acabando de fechar as três malas.

- Agora mesmo. - Disse fazendo força para colocar as malas em pé no chão.

- Deixa eu te ajudar. - Ela puxou a varinha do bolso, enquanto ele virava o rosto para ela, sem entender. Ela olhou para a janela e com a varinha abriu-a. Rony ergueu uma sobrancelha. - Com licença. - Disse cinicamente. Apontou a varinha para a mala e rapidamente para a janela, fazendo a mala passar direto, caindo lá em baixo. A janela era consideralvelmente grande, então não tinha perigo de quebrar nada. Novamente apontou para uma das malas e virou-se para a janela, fazendo a segunda passar direto. Fez o mesmo com a terceira. - Lá em baixo você pega. Não vai precisar ter o trabalho de carregá-las até lá em baixo. - Concluiu cinicamente. A raiva de Rony a havia irritado. Se dirigiu até a porta e saiu do quarto.

- Ele está saindo. - Avisou à Harry quando chegou lá em baixo. Ele continuava sentado na poltrona, com a cabeça enterrada nas mãos e os cotovelos nas coxas. Ainda se sentia culpado por tudo aquilo. Maldita hora que pediu ajuda para eles.

Ficaram um tempo em silêncio. Hermione em pé, ao lado da poltrona o onde Harry estava sentado. Escutaram a porta batendo com força e passos rápidos na escada. Passou pelos dois rapidamente, sem falar nada. Abriu a porta. Lembrou-se de algo. Se virou para Hermione.

- Quem sabe eu encontre numa francezinha o que eu não encontrei em você. - Disse sarcástico. Virou-se para Harry. - Cuidado, Potter. - O homem levantou a cabeça. - Você pode ser a próxima vítima. - Disse num tom ameaçador.

Hermione tirou a varinha do bolso e fechou a porta rapidamente, fazendo-a quase bater na cara de Rony, já que ele já estava do lado de fora da casa. Aquilo a irritava. Se jogou no sofá ao lado, suspirando. Deixou a cabeça cair para trás, e ficou a mirar o teto, pensativa.

- Você está feliz? - Perguntou Harry a encarando.

- Acho que sim... penso que não... e não tenho certeza do que estou falando. - Harry ergueu uma sobrencelha, sem enteder. Quando ela abaixou a cabeça, e viu a expressão do rosto dele, riu. - Preciso de um tempo. Não que eu esteja feliz... era meu melhor amigo... mas estou um pouco aliviada.

- E solteira. - Disse Harry divertido. Ela sorriu. - Agora, vou descansar. Se precisar de mim - Disse se levantando -, sabe onde me achar. - Ele olhou para o quarto de hóspedes e virou-se para Hermione. Ajoeilhou-se na frente dela, segurando suas mãos. - Te dou o tempo do mundo pra pensar... 1 dia, 1 semana, 1 mês, 1 ano! Mas quando tiver os fatos em ordem, quero que me procure, mas com uma única resposta. - Ela fez uma careta como se não tivesse entendido. Ele se levantou, indo em direção ao rosto dela, e sussurrou algo em seu ouvido. Ela abriu um sorriso, não visto por Harry. O homem sorriu ao final da frase, beijou-lhe o rosto e foi para o seu quarto, em silêncio.

A mulher caiu para o lado no sofá, ficando deitada no mesmo. Precisava pensar muito ainda.

Passou-se uma semana depois que Rony havia ido embora. A casa, na maior parte do tempo, se encontrava em silêncio. Não foram trocadas muitas palavras entre os dois que estavam lá dentro. Hermione passava a manhã trabalhando e quando chegava não conversava muito com Harry. Em alguns dias era dito apenas "Bom dia" e "Boa noite" entre os dois. Harry sabia que ela precisava pensar, e, se ela não quisesse conversar, também não puxaria assunto. Ás vezes Harry cozinhava para o almoço, outras vezes Hermione comia fora mesmo. Á noite eram apenas sanduíches que Harry fazia para os dois.

Ela acordou. Terça-feira ensolarada. Dia lindo lá fora. Qualquer um que a visse naquele momento notaria a felicidade que estava. Mais uma noite que havia sonhado com ele. Deveria ser a 3ª ou 4ª noite seguida, e uma delas, com sonhos pervertidos, que Hermione sempre acordava feliz e ria de si mesma. Já era quase um ritual: dormia pensando nele e acordava pensando nele. Por que ainda precisava pensar? Ela achava que era medo de passar a mesma coisa que passou com o Rony, confundindo sentimentos. Mas aquilo não tinha mais como ser confundido. Já estava praticamente explícito o sentimento que tinha por ele. Mas ainda precisava pensar, para ver se era a coisa certa à fazer. Desceu, ainda com a enorme camisola que dormia.

- Bom dia, Harry.

Ele se virou quando estava indo em direção à cozinha. A olhou de cima à baixo e corou. Desviou o olhar.

- Bom dia, Hermione.

Ela revirou os olhos. Pegou o pratinho com a torrada, que Harry já deixava pronta, e subiu. Ela desceu pouco tempo depois já arrumada para ir trabalhar. Deixou o prato na mesa, deu um "tchau" rápido para Harry e foi até a porta. Parou com a mão na maçaneta, pensativa. Ele estava ali só esperando a resposta dela. Todos aqueles dias pensando se ela chegaria para ele e falaria tudo de uma vez. Já havia passado uma semana e ela via a expectativa de Harry cada vez aumentando mais e mais. A vida era feita de altos e baixos, e se você não se arriscasse, não conseguiria saber no que ia dar. Por que não se arriscava? Tirou a mão da maçaneta vagarosamente.

- Harry... - O chamou vagamente. Ele parou antes de conseguir entrar no quarto. Ela, nessa uma semana, não o havia chamado para nada. Ele sorriu por dentro ao perceber isso.

- Hum...? - Ele a encarou.

- Posso te responder agora? - Ela fez uma careta como se pedisse permissão para algo.

- Claro. - Ele ficou com um pouco de medo, mas esperou.

A mulher se dirigiu até ele, um pouco mais rápido que o normal. Ele assustou um pouco pois ela não parou no meio do caminho para falar nada. Hermione simplesmente foi até ele e o beijou.


A mulher fechou algo que estava em mãos. Parecia um livro. O garotinho olhou para ela, sorrindo.

- Acabou? - Perguntou, logo o sorriso se desfez.

- Acabou. - Respondeu Hermione. - O que mais você queria?

- O resto! - Ele cruzou os braços, fazendo bico.

- Não tem mais nada, agora é o que vivemos.

- Ahh. - Ele soltou uma exclamação de como se tivesse entendido. - Eu tenho perguntas. - Novamente sorriu.

- Perguntas sobre o quê? - Alguém entrava no quarto sem bater na porta. Se dirigiu até a cama onde estavam os dois e se sentou na beirada. Virou um pouco o rosto como se quisesse ver qual era o livro. - Você leu para ele? - Perguntou à Hermione.

- Claro. É bom ele saber como tudo aconteceu. - Sorriu para Harry.

- Ok, perguntas só amanhã. Agora, mocinho - Ele se levantou, dando uma volta na cama. Pegou o garotinho como se estivesse pegando um saco de batata enorme -, já pra cama. Já são mais de 11 horas, sabia?

- Não, não! - Ele ficou batendo nas costas de Harry. - Eu quero domir com vocês hoje! - Pediu. - Por favor, mamãe! - Harry se virou para ela. Hermione apenas deu de ombros e sorriu.

- Ok, ok. Mas só hoje! - Disse se virando, enquanto o garoto comemorava.

Hermione se levantou, deixando o livro em cima da escrivaninha ao lado da cama, deu um selinho rápido em Harry e tratou de pegar o garoto direito. O colocou no chão.

- Vem se arrumar.

- Não, não. Vamos brincar primeiro. - Ele começou a correr pelo quarto.

- Hey, hey, hey. Pra cama. - Hermione tentou pegar ele, em vão. O garoto era pequeno e corria rápido pelo quarto, rindo da mãe que não o conseguia pegar. - Steve James Potter, pra cama agora! - Hermione parou de correr, não agüentando mais, e Harry riu da cara dela. A mulher apenas revirou os olhos e bufou.

- Hey, Steve, vem cá. - Harry o chamou.

- Não. - Ele balançou a cabeça negativamente, enquanto cruzava os braços, do outro lado do quarto.

- Ah, é? - O homem andou na direção de Hermione. - Vamos ver se você não vem. - E foi empurrando Hermione, que andava de costas em direção a cama. A empurrou levemente na cama e a beijou, ficando por cima dela.

- Sái, sái, sái! - Ele foi até os dois e tentou separá-los. - Não vale! - Ele fez bico e cruzou os braços.

Harry saiu de cima dela rindo, enquanto Hermione rolava para o outro lado da cama, também rindo.

- Só você que pode beijar a mamãe desse jeito!

- É lógico. Eu sou o marido, você o filho. Eu tenho mais privilégios que você. E além do mais, você só tem cinco anos, ainda não pode fazer essas coisas. - O garotinho fez cara feia para ele, e Harry o pegou nos braços, rapidamente.

Hermione se deitou na cama e Harry colocou o garoto ao lado dela.

- Boa noite, Mi. - Ele deu um beijo rápido nela.

- Te amo, Harry. - Sussurrou.

- Também te amo, Mi. - Deu a volta na cama.

Deitou-se, deixando Steve entre os dois na cama.

- Ah, filho. Rony avisou que vem pra cá amanhã. - Começou Hermione.

- O tio Rony vem pra cá? Que legal!

- E ele vai trazer a Lauren e a filhinha deles também.

- Eba, mais presente! - Comemorou. Sempre que Rony e a mulher dele iam para lá, ela sempre levava uns presentes pra ele. - Ah, papai. - Harry se virou para ele. - O que você perguntou para a mamãe? Quando o tio Rony já tinha saído?

Ele olhou para a mulher, perguntando apenas com o olhar se era para contar. Hermione apenas balançou a cabeça, confirmando, sorrindo.

- "Vive pelo o resto da sua vida comigo?"

- E ela te respondeu com um beijo? - Harry apenas assentiu, sorrindo. Cinco anos e uma inteligência enorme.

- Mas... - O casal se virou para o garotinho que parecia refletir alguma coisa. Ele se lembrou da história. - Tudo aquilo aconteceu por causa do perfume? - Perguntou ainda pensativo. Eles sorriram.

- É... - Harry pediu com um gesto para Hermione apagar o abajur ao lado dela. O apagou. O homem se ajeitou na cama, apagando o abajur ao seu lado, passando o olhar por um objeto conhecido em cima da mesinha ao seu lado. O perfume, que abaixo estava com uma plaquinha: Poção. Cobriu o filho e continuou: - Foi tudo por causa do perfume.


FIM! =D
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N/A: Uh-huuuuuu.
Primeira Short que eu façoooo!! =DD
Bom, gostaram?!
EU gostei. =)
Ai, ai.
1 semana escrevendo ela. É tão gratificante quando se acaba uma FIC. E o prêmio que se ganha é ela própria... pronta! =)
Bom, erros ortográficos, e coisinhas do tipo, nem liguem. =P
Li beeem rápido aqui, e pronto.
Mas, enfim.
Por favor, pelo amor de Deus.
Comentem quem leu, implorooooo!
Porque eu realmente preciso saber a opinião de vocês sobre a FIC.
Então, deixem a preguiça de lado e comentem, por favorrr! =D
té já.

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Comentários (1)

  • Edilma Morais

    Gosto muita dessa fic, já a reli várias vezes.Fiquei feliz com sua mensagem dizendo que gostou de minha fanfic "Esposa por acaso". Já leu minhas outras fics?

    2011-03-31
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