O começo

Naquela manhã, Ginny Weasley acordou bem cedo. Tão cedo que, quando desceu para o Salão Principal, ele ainda estava vazio, a não ser por cinco ou seis alunos de casas diferentes e que ela não conhecia.
Resolveu dar um passeio pelo jardim. Ela não estava com muita fome e fazia um dia lindo. Era sábado; um dos poucos em que não tinha deveres.
Lá fora, o sol brilhava num céu limpo e azul e, puxa!, estava realmente quente.
Ginny caminhou até o imenso lago nos terrenos da escola, tirou os sapatos e meias, e se sentou à margem, com os pés dentro d’água. Ficou muito tempo ali, pensando em nada e em um monte de coisas, observando o céu. Mexia em seus cabelos, tão vermelhos quanto o fogo, que cintilavam ao serem tocados pela luz do sol. Ela estava tão absorta em seus devaneios, que nem reparou em um certo garoto de cabelos loiros, olhos azuis acinzentados e pele muito branca, que a observava.

-x-

Draco Malfoy, passara a noite acordado. Digamos que dormir no mesmo dormitório que Crabbe não era uma de suas coisas favoritas. O garoto roncava tão alto que Draco não entendia como os outros conseguiam pegar no sono tão rápido. Ele já não agüentava mais aquela situação.
O sol estava nascendo quando ele resolveu sair do dormitório para não cometer um homicídio.
A sala comunal da Sonserina estava vazia àquela hora da manhã. Draco imaginava ser o único acordado. Ainda estava escuro demais para descer para o café. Não que a sala da Sonserina não fosse escura, mas como o sol ainda não havia saído completamente, ela estava mais escura que o normal ou coisa que o valha.
Quando já estava um pouco mais claro, Draco decidiu descer para o Salão Principal. O lugar estava quase deserto, a não ser por cinco ou seis alunos de outras casas. Estava sem fome, então foi dar um passeio pelos terrenos de Hogwarts. Gostava de fazer isso às vezes.
Estava muito calor. Ele odiava calor. Sentou-se à sombra de uma árvore próxima ao lago. Dali, viu uma garota de cabelos muito vermelhos, com os pés na água, olhando pro nada.
- Weasley nojenta – murmurou pra si mesmo, e começou a observar a menina - Até que ela é bem bonitinha.
O jeito como mexia nos cabelos, a saia levantada, deixando grande parte das pernas dela a mostra. A blusa desabotoada e como ela parecia sonhar acordada. Por um momento, Draco Malfoy se esqueceu que ela era uma traidora do sangue, uma Weasley, uma grifinória, amiga daquele cicatriz. Por um milésimo de segundo, tudo o que Draco queria, era correr até ela e beijá-la. Queria ter a jovem Weasley em seus braços.
- Garoto estúpido! Ela é Ginny Weasley! – disse pra si mesmo. Um pouco alto demais, porque a garota percebeu que ele estava ali e olhou em sua direção.


-x-

Ginny teve a impressão de ter ouvido seu nome. Olhou para trás e viu, sentado à sombra de uma árvore próxima, Draco Malfoy, olhando para ela.
- Ele deve ter ficado louco se acha que eu vou sair daqui pra ir falar com ele – pensou olhando na direção do garoto.
Malfoy continuava a observá-la. A ruiva começou a ficar ligeiramente envergonhada.
- EU devo ter ficado louca! – murmurou, olhando para Draco. Ginny notou que o olhar de Malfoy não tinha desprezo, como de costume. Ela podia jurar que via desejo passando por ali. Confusa, continuou olhando para os olhos acinzentados do garoto. Notou coisas que nunca havia notado antes. Draco tinha o rosto muito bonito e era magro, do jeito que Ginny gostava. Tinha os cabelos de um loiro muito bonito também. Por um segundo, desejou que ele fosse dela. Mas foi só por um segundo mesmo, porque o garoto quebrara o silêncio entre os dois:
- O que ta olhando, Weasley? Perdeu alguma coisa? – o desprezo no olhar dele estava de volta.
- Eu é que pergunto, doninha! Era você quem tava olhando pra cá, eu só me virei porque ouvi meu nome.
- Você deve estar delirando. O que eu ia querer com você, essa hora da manhã? Acabar com meu dia?
Ginny não respondeu, não estava disposta a continuar aquela discussão. O dia estava lindo e não queria estragá-lo.
Saiu da água e abotoou a blusa. Pegou suas coisas e foi em direção ao castelo. Passou por Malfoy com sua melhor cara de nojo. Continuou andando, mas, de repente, sentiu uma mão fria segurar seu pulso. Tentou se desvencilhar, mas ele segurava com muita firmeza. Nunca imaginou que aquela doninha pudesse ter tanta força.
- Me solta, Malfoy. – ela disse, pegando a varinha.
- Guarda isso, Weasley. Eu não vou te machucar. – Draco respondeu, olhando nos olhos dela, com um sorriso. Sorriso que Ginny nunca vira passar pela face dele.
O menino a puxou mais pra perto, ela ainda empunhando a varinha. Ginny se deixou levar. Não conseguia entender o porquê, mas aquele sonserino atrevido a deixava de pernas bambas e com arrepios correndo pelo corpo todo.
Eles agora estavam tão próximos, que podiam sentir a respiração um do outro. Os olhos dele tinham a mesma expressão de quando ela o olhara de longe a pouco. Desejo.
Draco começou a passar a mão gelada carinhosamente pelo rosto dela, que gostava daquilo. Ficaram ao que pareceu uma eternidade se olhando. Suas bocas quase se tocavam, quando Ginny ouviu muitas vozes vindas do Salão Principal e percebeu o que estava fazendo.
- Você é louco! – disse, se afastando num salto. Correu para o castelo o mais rápido que pôde, tentando tirar aquele Malfoy asqueroso de sua mente.

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