Capítulo Único
O que é amar? Hermione pensara sobre isso durante muito, muito tempo.
Desde bem antes de ser ferida gravemente.
*
Lutar contra Voldemort sempre fora o destino de seu melhor amigo, mas sobreviver a esse confronto era apenas uma questão de sorte. Não que ela duvidasse do potencial de Harry, mas é que não conseguia se imaginar sem a presença dele. Há muito havia decidido que estaria ao seu lado nesse e em todos os outros momentos e que daria tudo de si para Harry triunfar nessa batalha.
Morrer? Isso não a assustava. Estar junto de Harry era o que realmente importava.
Voldemort feriu-a para atingir Harry, afinal era óbvio que esse era o modo mais fácil de enfraquecê-lo. A própria Hermione já esperava por isso.
Estavam apenas os três em uma câmara fria e escura, todos os outros haviam ficado para trás. A jovem sentiu um jato de luz penetrar-lhe o corpo, pouco abaixo do coração. Não houve corte nem sangue, apenas muita dor e antes que tudo se apagasse ela reuniu suas forças para lembrar Harry de uma certa promessa.
Aquilo era morrer? Não sabia, mas se fosse, não era tão ruim assim. Tudo que sentia era uma paz interior inexplicável e a certeza que Harry estava bem. O confronto, a dor, a risada aguda de Voldemort e todo o resto pareciam pertencer a um passado muito distante.
Antes da última batalha ela fê-lo jurar que sobreviveria e Harry jamais deixaria de cumprir o que prometera à morena. Não quando seus olhos haviam brilhado tão intensamente e seus lábios haviam selado a promessa ao tocar os dela.
O terror havia se acabado e Harry sobrevivera. Era só isso que importava. Agora ela podia descansar em paz por toda eternidade, mas as mãos que tecem o destino não queriam que ela se fosse tão cedo.
Seus olhos se abriram e por um instante, tudo que ela viu foi um borrão verde que brilhava mais do que qualquer outra coisa que ela já havia visto e que ofuscava tudo à sua volta. Teve que piscar algumas vezes para poder ver qualquer coisa que não fosse os olhos de Harry Potter e quando foi tomada de súbito por uma chuva de beijos voltou a pensar naquela questão que há tanto tempo martelava em sua cabeça.
Era estranho que livros pudessem explicar feitiços e poções complexas, mas nenhum pudesse dizer o que é amar de verdade.
Talvez pensasse tanto nisso que acabara por dizer em voz alta o que lhe afligia ou talvez Harry tivesse conseguido penetrar em sua mente e ouvir o que ela perguntava a si própria. – Porque ela jamais duvidara que aqueles olhos verdes pudessem ler sua alma e seus pensamentos.
Tendo dito em voz alta ou não, o fato é que Harry acariciou intensamente a sua mão e sorriu-lhe da forma mais especial que lhe fora possível.
– Amar é querer tão bem quanto eu lhe quero. É sentir o mundo desabar ao ver uma lágrima percorrer seu rosto ou querer oferecer tudo que tenho para ver brotar um sorriso em seu semblante. É se odiar por ver a pessoa amada inconsciente por tantos dias e desejar com todas as suas forças ser você ali e não ela. É sentir que já não existem lágrimas para serem choradas diante da possibilidade de perdê-la. É ter a certeza de que daria a minha vida pela sua, se fosse necessário. É como se a pessoa amada fosse parte inseparável de si próp...
Hermione inclinou-se levemente e calou-o com um beijo. Agora sabia que amar é viver a magia do inexplicável e que é impossível querer definir algo indefinível. Tinha entendido que as palavras faziam-se totalmente desnecessárias, que ela estava amando o seu melhor amigo da forma mais verdadeira possível e que ele a amava também.
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