CAPÍTULO 3
Jessy e Mandy nos observavam com as sobrancelhas erguidas como se esperassem um duelo de espadas ou alguma coisa assim. Posso claramente dizer que era o que eu planejava. Cravar uma espada no peito dele ou coisa do tipo, afinal, ele estava pedindo por isso. Ficar me assediando daquela maneira! Francamente!
Notei que Remo não havia gostado do fato que eu estava dando mais atenção a minha briga com o Potter do que a possível concussão dele, apesar de eu saber que ele não sofreria de perda de memória ou alguma outra coisa que não está me ocorrendo no momento. Acho que a Jessy também notou isso, porque quando ela viu que ele estava totalmente perdido, ela correu para o lado dele e perguntou se ele queria gelo pra colocar na testa. Alguma coisa muito estranha está acontecendo.
Quando o Potter começou com aquela história toda de realidade e blá, blá, blá eu sabia que dali não sairia nada bom. Como entrar num mar poluído sabendo que a água não é potável. De qualquer forma, quando ele começou com aquela coisa toda eu apenas cruzei os braços, olhei para ele da maneira mais apavorante do mundo, basicamente tentando inutilmente copiar o olhar mortífero da Save, o que, francamente, não deu certo, mas o máximo que consegui foi uma careta muito esquisita.
-Algum problema? – ele perguntou depois dos cinco minutos que eu fiquei encarando-o com uma cara de peixe.
Olhei ao redor. Não havia mais ninguém ali assistindo a nossa briga. Provavelmente estão acostumados com as briguinhas freqüentes na Sala Comunal que já sabiam os argumentos que seriam usados em ocasiões, bem, em ocasiões como a que estava acontecendo naquele exato momento.
O Black estava meio que seguindo a Mandy pra todo canto dizendo um monte daquelas típicas cantadas pervertidas que parecem ter sido escritas por ele. Ou pelo Potter, não sei dizer ao certo. Acho que a Mandy não estava se importando, porque, de vez em quando, ela deslizava a mão pelos cabelos e sorria para ele de uma maneira, que posso julgar, bem bonitinha.
Calma! Não sou lésbica nem nada disso. A Mandy é bonita. Amigas podem achar amigas bonitas. O que é normal entre garotas pode ser suspeito com garotos, não é mesmo? Esquece.
Bom, onde eu estava? Ah, sim! Ninguém estava ali pra assistir ao “espetáculo”. Jessy e Remo deveriam estar na cozinha enchendo um saquinho com gelo e trocando elogios. Deus, essa cena estúpida vai ficar na minha mente pra sempre! A menos que eles se casem, é claro. Acho que mesmo assim eu vou lembrar dela colocando o gelo na testa dele e sorrindo de um jeito bobo enquanto ele diz o quando ela é gentil, linda, etc e tal.
Já a Save e o Jack estavam na praia, pelo que descobri mais tarde. Mas eles não estavam se agarrando em meios as ondas, não, não, não. Eles estavam apenas conversando e desenhando coisas na areia. Afinal, eles não podiam estar se agarrando porque a Save não sabe que o Jack gosta dela. Que ingênua, não é? Quero dizer, a Savanna é uma típica bad girl que entende de tudo quando se trata de amor, mas ela não abre os olhos para a simples realidade que está na frente dela: o melhor amigo completamente apaixonado por ela.
E ali estava eu, discutindo com um Zé-Ninguém que não merecia nem um centésimo da minha atenção. Mas eu continuava ali. Talvez porque quisesse continuar a jogar pedras verbais nele. Sei lá.
Foi aí que eu dei as costas e saí caminhando, preferencialmente em direção a algum lugar onde eu não ouvisse aquela voz enjoada dele. Não que a voz dele não seja bonita. Bom, é bem masculina. E charmosa. CREDO! O que deu em mim? Eu acabei de dizer que a voz dele é charmosa? O que deu em mim? ARGH! ARGH! ARGH! Simplesmente ARGH!!!
Certo, então eu dei as costas e comecei a andar, como eu disse anteriormente. Mas, para a minha digna infelicidade, o idiota correu atrás de mim, segurou o meu braço esquerdo, virou-me para ele e disse que sabia que estava sendo um completo idiota, pervertido, entre outras coisas, mas que ele realmente gostava de mim e me admirava do jeito que eu era, distante e um pouquinho chata, mas gostava de mim mesmo assim.
Concordo que achei bons elogios. Estavam meio que a minha altura, mas não era o suficiente para mim. Sabia que ele era um tremendo galinha e que sempre seria assim, afinal, como os Marotos dizem: uma vez Maroto, sempre Maroto.
Tudo que eu não queria que acontecesse, simplesmente aconteceu: meus olhos os viram, meus ouvidos ouviram as vozes deles e meus lábios foram beijados contra a vontade pelo arrogante do Potter. Não estou insinuando que ele beije mal, quero dizer, ele beija muito, muito, muito bem. Como naqueles filmes em preto-e-branco em que ele toma a garota nos braços e a beija não com os lábios, mas com o coração.
SENTIMENTALISMO! DROGA DE SENTIMENTALISMO! CREDO, CREDO, CREDO! Isso é coisa da Mandy, não minha. Bom, aí vocês meio que sabem o que aconteceu.
PAF!!!
Não digo que ele não mereceu. Mereceu, e muito! Um tabefe pode ter sido algo meio cruel, mas não foi tão forte assim. Naquele momento uma cena de um filme veio na minha cabeça. Aquela cena não tinha nada a ver com aquele momento, mas eu simplesmente lembrei daquela cena. No filme O Diário de Bridget Jones, em que ela e o Daniel Cleaver estão se beijando ao som de Stop, Look, Listen do Marvin Gaye. Se você viu o filme, provavelmente sabe do que estou falando.
Depois do tapa ele simplesmente me olhou nos olhos e sussurrou:
-Prometo te deixar em paz... Evans. – o que me pareceu tão sincero...
Então eu, que estava morta de fome, fui comer alguma coisa, mas a Save, que é uma excelente cozinheira (excelente em tudo: esportes, jogos, comidas, musicas...) já havia feito uma torta de morangos que parecia estar uma delícia!
Cada um pegou uma fatia e foi para um lado. Somente a Jessy e o Remo ficaram sentados na mesinha da cozinha olhando um para o outro e roubando pedacinhos de torta um do outro. Quanto sentimentalismo! É babaquice emocional, isso sim!!!
Eu fui para o quarto, sentei-me na cama, peguei um livro e fiquei ali, deitada de bruços com o livro apoiado na parede e um prato de torta na minha frente. Mas eu não consegui prestar atenção no livro. Fiquei apenas pensando nas cinco palavras sinceras que o Potter havia me dito. São cinco, porque meu sobrenome não conta como palavra.
Olhei pela janela do quarto e vi o Jack e a Save sentados na areia da praia com os pratos de torta e conversando. Pareciam tão felizes juntos, mesmo sendo apenas amigos. Era como se a empatia fosse forte. Super forte, na verdade.
Talvez eu devesse dar uma trégua para o Potter. Deixar de chamar ele pelo sobrenome, deixar ele me chamar de Lily e talvez, virarmos amigos. TALVEZ, é claro. Quem sabe fosse o que a minha alma estivesse procurando? Naquele momento eu fechei meus olhos e tentei imaginar como seria se houvesse uma forte amizade entre mim e ele. Seria bom? Seria legal? Seria algo bom pra mim? Algo que me traria felicidade? Observei Jack e Save por um tempo. Ele deslizava a mão pelos cabelos dela e falava algumas coisas que a fazia sorrir. Roubava um pedaço da torta dela, o que a fazia rir.
Os dois se levantaram, deixaram os pratos ali na areia e apostaram uma corrida. Mas a Save tropeçou numa duna de areia e caiu no chão. Ele não teve tempo de frear e tropeçou nas pernas dela quando ela tentava se levantar e os dois caíram, meio enroscados, na areia branca. Era exatamente o que eu desejava. Uma amizade sincera, alegre, perfeita...
Mas dar uma chance ao Potter iria contra tudo que eu já havia prometido a mim mesma. Nunca, nunca, nunca dar uma chance a ele. Mas espera aí! Eu não ia sair com ele!!! Só daria uma chance para ele provar que era um bom amigo. Mas apenas um amigo! Eu não iria beijá-lo, sair com ele e namorar ele até ele me trair com uma loira ridícula de longas pernas e peitos grandes. Só queria que ele provasse que podia mudar, que podia ser um bom amigo. Não um amigo pervertido como o Donald Shapford, que foi meu melhor amigo ano passado, que tentou me bolinar e levou um belo tapa na cara. Sorte que era última semana de aula e ele estava no sétimo ano. Então ele foi embora pra tentar ser médico bruxo e eu nunca mais o vi. E espero nunca mais ver, pois ele abusou da minha confiança e tentou passar a mão em mim. Não admito, simplesmente não admito isso!!!
Além do mais, que tipo de cara chamado Donald pelo, gentilmente, para ser chamado de Donizinho? Quero dizer, que horror! Donizinho isso, Donizinho aquilo... E ele tinha uma namorada! Do quinto ano! O nome dela era Jade Kalista. Ela havia sido transferida da escola Beauxbatons e havia sido colocada na Corvinal. Como todas as patricinhas mimadas da Beauxbatons, Jade tinha os cabelos muito louros, lisos e que caíam em sua cintura e olhos azul-claros. Ela exagerava um pouquinho na maquiagem: usava um batom pink, blush e sombra rosa para os olhos. Ela me assustava às vezes. Quase sempre, pra falar a verdade.
Voltando ao assunto Potter... Bom, eu queria mesmo um grande amigo que gostasse de mim, me confortasse, me protegesse... Quem sabe o Potter fosse esse tipo de amigo?
Quem sabe, não...
Eu sei sobre algumas das garotas com quais ele saiu, e, digamos, o histórico não é lá muito bom. Quer ver? Aqui há três modelos:
Nome: Cassandra Simponne.
Casa: Lufa-lufa.
Ano: Sexto.
Duração do namoro: Quatro meses.
Motivo do término: Traição.
Situação da garota após do término: Deplorável.
Nome: Lúcia Casagrande.
Casa: Corvinal.
Ano: Quinto.
Duração do namoro: Dois meses.
Motivo do término: Ela era um tremendo chiclete.
Situação da garota após do término: Deprimente.
Nome: Maia Notredame.
Casa: Lufa-lufa.
Ano: Quarto.
Duração do namoro: Duas semanas e meia.
Motivo do término: Ela era uma vaca (não literalmente).
Situação da garota após do término: De dar dó, nem quero lembrar.
E todos esses casos ocorreram ano passado. O de duas semanas e meia com a Maia foi o último que aconteceu.
CONTINUANDO...
Eu fiquei olhando a Save a o Jack deitados na areia olhando para as nuvens e apontando para algumas delas e, provavelmente, comentando com o que se pareciam. EU QUERO ISSO! É pedir demais?
Então, quando eu terminei a minha fatia de torta, eu larguei o prato na cozinha e voltei para o quarto, onde me joguei na cama e enterrei minha cara em uns três livros. Um após o outro. A Mandy entrou no quarto com o batom um pouco borrado (o que ela e o Black andaram aprontando?), sentou-se na cama dela e ficou me olhando como se estivesse interessada.
-O que foi? – perguntei sem desviar o olhar do livro.
-Nada, é que... eu estava pensando. – ela comentou recostando a cabeça no travesseiro. – A gente podia ir nadar. O que acha?
-Legal. – eu disse totalmente desinteressada.
Talvez eu devesse prestar mais atenção no que a Mandy está dizendo... Talvez, é claro.
~Eu terminei o quarto cap, mas vou postá-lo quando tiver coments. Apreciem este que escrevi com carinho. E comentem, comentem, comentem!!! Bom, eu só postei o 3 pq queria ver como ficaria aqui. Bjks encantadas!~
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