Cap. 1
Ele olhava fixamente para o fogo que crepitava à sua frente. Como poderia ter sido tão burro? Como deixou se enganar por tanto tempo? Como não percebeu o óbvio? Essas são perguntas que aquele garoto de agora 16 anos não poderia responder.
Estava sozinho no Salão Comunal, já passava da meia-noite, mas ele não se importava. Não conseguia parar de pensar em Gina e no que ela havia feito, não entendia o porquê dela ter sido baixa a esse ponto. Olhou pela janela, uma fina camada de neve caía, se levantou de sua poltrona e caminhou decidido até lá, encostou-se ao parapeito e observou a neve caindo. Depois de tudo que passaram, todo tempo dedicado a ela, tudo que fez, ele não entendia.
Nem escutou o barulho de alguém que vinha descendo as escadas lentamente, nem ao menos percebeu quando esse certo alguém se aproximou e parou próximo a ele o observando.
Ela sabia que ele deveria estar preocupado ou triste com alguma coisa, queria poder ajuda-lo, sabia que não mentiria para ela, e que aquele era o momento de lhe confortar. Tocou gentilmente em seu ombro.
- Harry... – sua voz não passava de um sussurro – o que houve?
Ele nada respondeu, permaneceu olhando para fora, sentindo ela tirar a mão de seu ombro. Sorriu levemente, sabia que ela viria, ela sempre veio quando ele precisou, e agora não seria diferente. Virou-se lentamente para ela que mantinha uma expressão preocupada. Nada disse, apenas suspirou pesadamente, pegou sua mão e a trouxe com ele para o sofá, se sentaram e ficaram apenas se encarando. Ele agradecia por ela não ter dito mais nada, por estar apenas ali, com ele, como sempre esteve.
A garota respeitou seu silêncio, procurando apenas lhe passar segurança de algum modo, sabia que ele não queria falar e respeitaria isso, só queria seu bem, quando estivesse pronto falaria. Olhou em seus olhos intensamente verdes e viu toda mágoa e dor que estava sentindo. Sem pensar duas vezes o abraçou, o abraçou forte, tentando de algum modo arrancar toda aquela dor que ele sentia, queria que acabasse, preferia estar no lugar dele ao invés de vê-lo sofrer.
Não tão surpreendido pela atitude dela o moreno apenas retribuiu o abraço tão fortemente quanto ela. Fechou os olhos e aspirou seu perfume, uma onda de paz e tranqüilidade passou pelo seu ser, se sentiu feliz, completo, só por te-la por perto, pra ele, só pra ele. Depois de algum tempo naquela mesma posição, se soltaram e se encararam novamente, mas dessa vez ele falou:
- Gina...Foi isso que aconteceu
- O que ela fez? Vocês brigaram? – a voz da garota ainda se mantinha num sussurro doce, porém preocupado.
- Terminamos – ele encostou-se ao braço do sofá, desviou o olhar para o fogo e suspirou novamente.
- Oh, Harry...Eu...Sinto muito
- Não sinta – olhou pra ela que tinha uma expressão confusa – Estou bem
- Você pode até tentar me enganar, mas nos seus olhos eu vejo o quão magoado ficou – levou sua mão ao rosto dele e acariciou levemente – Sabe que não pode me enganar...
- Você sempre sabe tudo sobre mim – sorriu enquanto fechava os olhos ao sentir o toque suave dela em sua pele
- Quer me contar o que aconteceu? – ela agora o olhava com carinho, sem ter tirado a mão de seu rosto – Ele segurou sua mão e a olhou tristemente.
- Preferia não tocar nesse assunto, pelo menos não por enquanto...
- Tudo bem Harry, quando quiser conversar eu estarei aqui, sempre – este sorriu ao ouvir isso.
- Obrigado Mi, quando estiver pronto você será a primeira a saber.
- Não precisa agradecer – sorria pra ele – Agora vamos deitar, temos aula amanhã cedo e não vai ser uma boa idéia perder pontos por causa do atraso – levantou e puxou Harry consigo. Este apenas assentiu e a seguiu, cada um subiu ao seu dormitório.
À noite de Harry não foi das mais tranqüilas, teve mais um sonho terrível e totalmente confuso, via flashes, alguém conversando com Voldemort, Draco ria, Rony estirado no chão, e por fim uma risada maquiavélica ecoava por sua cabeça e a mesma frase se repetia: até seus amigos...Até seus amigos...
Acordou assustado, sua cicatriz ardia muito, ele suava frio. Olhou para o relógio e viu que se demorasse mais se atrasaria para aula de poções, o que já seria uma ótima desculpa para Snape lhe tirar pontos. Levantou-se rapidamente e em menos de 15 minutos já estava descendo, foi correndo até o Salão Principal onde encontrou Rony e Hermione.
Rony, como sempre, rodeado de comida mal sabendo por onde começar, nem ao menos notou quando Harry se sentou ao seu lado, entre ele e Hermione. Já esta parecia estar apreensiva.
- Bom dia – disse ao sentar-se à mesa e começar a se servir de torradas
- Bom dia arry – o ruivo respondeu de boca cheia
- Coma primeiro Ronald – Hermione revirava os olhos – Bom dia Harry, como se sente?
- Estou bem – sorriu sinceramente e notou o semblante preocupado da amiga – aconteceu alguma coisa?
- Não, e é isso que me preocupa, nenhuma notícia de Voldemort – Rony quase cuspiu tudo que tinha na boca, logo após um: ‘contenha-se Ronald’, ela prosseguiu – Ele não esta fazendo nada, nenhum ataque, nada!
- Mas isso não é bom? Pode ser que ele tenha desistido dessa idéia maluca de perseguir Harry e resolveu deixar o mundo ser feliz e... – Rony parou de falar na mesma hora ao notar os olhares sarcásticos de Harry e Hermione – Foi só uma idéia – levantou os braços em sinal de rendição.
- Rony, o que a Mi quer dizer, é que se Voldemort...– Rony quase se engasgou com o suco, Harry o ignorou e Hermione revirou os olhos -...Se ele, não está fazendo nada, pode ser que esteja tramando alguma coisa!
- Exatamente!
- Aah...Eu não tinha pensado nisso...
- Claro que não, você nunca pensa em nada – Ao ouvir Hermione, Harry apenas baixou a cabeça e a balançou levemente, apoiou-a nas duas mãos que estavam sobre a mesa e esperou que mais uma vez começasse.
- Eu não penso em nada? Pra sua informação Hermione eu penso em muitas coisas!
- Ah é mesmo? Tipo o que?
- Tipo, tipo...Ahn...Quadribol! – assim que falou se arrependeu, sabia que tinha sido uma péssima escolha do que dizer a ela. Ouviu Harry rir baixinho, provavelmente também sabia que ele, Rony, havia se dado mal.
- Quadribol? Francamente Ronald! Vou lhe dizer uma coisa... – ia começar seu discurso quando Harry a interrompeu
- Ah não vai não – se levantou e puxou a garota – Vamos Mi, aula do Snape, não podemos nos atrasar, venha Rony – A garota mostrou a língua para ele, que apenas sorriu. Ela pegou sua mochila e saiu andando na frente. Harry continuou esperando por Rony.
- Brilhante Harry! Genial, eu ia levar o maior sermão da vida. Devo-te essa – dizia o ruivo enquanto se levantava e o acompanhava.
Logo alcançaram Hermione e rumaram a sala em silêncio, no meio no corredor Gina passou por eles piscando discretamente a Harry, este ficou claramente indignado pela atitude da ruiva, Hermione percebeu, mas Rony parecia alheio a qualquer coisa, como sempre.
Harry permaneceu transtornado o resto do caminho até a sala, ao entrar se sentou acompanhado dos amigos na mesma mesa de sempre, a mais longe o possível do professor. Alguns minutos depois este entrou na sala.
- Ora, ora...Vejam quem aprendeu a ver horas, parabéns Potter, parece finalmente ter criado um pouco de noção – Harry ia responder, mas Hermione o deteve, o professor pareceu meio frustrado pelo garoto não ter respondido, daria assim motivos para lhe tirar pontos – Bom, abram na página 458, hoje estudaremos a poção da felicidade...
A aula se passava normalmente chata, Rony dormia sobre seu livro enquanto Hermione se dedicava ao preparo da poção, Harry mantinha a mesma expressão de quando encontrou com Gina no corredor, e o professor parece ter feito questão de melhorar ainda mais seu péssimo humor.
- Harry, passe aquele frasco para mim? – ela pediu sem tirar os olhos da poção. Harry não estava prestando atenção, ainda pensava em Gina, deu a Hermione um frasco qualquer. Quando esta ia despejar o conteúdo no caldeirão se deteve. – Harry! Eu quase explodi a sala! Preste atenção... – E pegou o frasco correto.
- Ok desculpe – deitou a cabeça sobre a mesa e ficou observando Rony dormir
- Não, deixa, tudo bem – estava preocupada com ele, olhou para Rony que parecia dormir profundamente, se abaixou para sussurrar algo no ouvido de Harry e este estremeceu – Você contou alguma coisa a Rony?
- Não, se não contei nem a você, quanto mais a ele – respondeu no mesmo tom como se fosse óbvio. A garota não pôde esconder uma pontada de satisfação.
- Eu vi, hoje no corredor a caminho pra cá. Seja lá o que tenha feito, parece não ter lhe afetado.
- E não afetou em nada, é isso que não entendo, como pode? Eu fico indignado e... – Hermione lhe tapou a boca, o garoto estava praticamente de pé e quase gritando.
- Algum problema Potter? – Snape o olhava curioso detrás de sua mesa.
- Não Senhor
- Então se contenha, não está num circo! Ou serei obrigado a descontar pontos de sua casa.
- Sim Senhor – ao perceber que Snape tinha se entretido com seus afazeres novamente virou para Hermione – Estou realmente revoltado com ela.
- Não fique, ela não merece, seja lá o que tenha feito...- o sinal soou denunciando o final da aula, para alegria de Harry. Hermione entregou um frasco com a poção ao professor e começou a guardar suas coisas – Tenho horário livre agora, e você?
- Adivinhação – respondeu pesadamente – Rony, hey, Rony – cutucou o garoto que logo levantou e começou a arrumar suas coisas.
- Já acabou a aula? – perguntou sonolento
- Óbvio Ronald, não seja tapado...
- Se eu sou tapado, você é...
- Oras! Calem a boca vocês dois – Harry o interrompeu – Mas que coisa, dêem um tempo!
- A culpa é dela Harry, você viu, ela começou!
- Não interessa Rony, vamos, temos adivinhação – se dirigiu até Hermione – Te encontro na aula da McGonagall – Deu-lhe um beijo na testa e saiu seguido de Rony que apenas acenou.
Ela continuou parada, estática no mesmo lugar. Harry nunca havia feito isso antes, não que ela não tenha gostado, pelo contrário, adorou. Após alguns segundos, parada no mesmo lugar ela pareceu despertar do transe, pegou sua mochila e seguiu até a biblioteca. Caminhava lentamente, assim que virou um corredor escutou vozes vindo detrás de uma porta...
- Mas eu preciso! – era uma voz masculina, mas parecia abafada por alguma coisa, e Hermione não conseguiu identificar.
- É quase impossível! Como vou fazer isso dentro de Hogwarts? – outra voz masculina, porém mais familiar.
- Use-a! Você sabe que pode, agora vá, já perdi muito tempo aqui! – Hermione escutou passos e rapidamente de escondeu atrás de uma estátua tentou, mas não pôde ver quem saiu da sala, permaneceu escondida até que o barulho de passos se afastasse, foi o mais rápido possível para biblioteca.
A aula da professora Trelawney, como sempre, não passava de um monte de besteiras, cada vez mais Harry tinha que admitir e concordar com Hermione. Estava diante de uma bola de cristal, tentando observar o futuro, Rony dormia a sua frente. Já estava desistindo de olhar aquele monte de fumaça quando percebeu que ela se movimentava mais rapidamente. Encarou o centro da bola de cristal com atenção, via alguém encapuzado, parecia nervoso e gesticulava, depois uma garota que não pôde ver quem era, parecia assustada, mas a pessoa encapuzada lhe lançava um feitiço, e quando ia tirar o capuz...
- Abram suas meentes! – a professora chegava e dava uma forte pancada na mesa, fazendo Harry se assustar. Ela encarou o garoto e se dirigiu a outra mesa. Harry rapidamente voltou a observar a bola de cristal, mas esta havia voltado ao normal.
- Ahn? Quem? Onde? – Rony parecia despertar – Harry? O que aconteceu? Harry? – Harry tentava novamente se concentrar, mas desistiu ao ver que Rony havia acordado.
- Diga Rony...
- O que aconteceu? Que cara é essa?
- Quando nos encontrarmos com Hermione eu explico
- Ok – o sinal soou e eles seguiram para fora da classe.
Os garotos seguiam até a sala de transfigurações quando encontraram com Hermione no corredor, ela tinha uma expressão preocupada, até mesmo Rony havia notado.
- Que foi Mi? – Harry perguntou assim que ela se aproximou
- É, você ta tão estranha, mais ainda né...
- Poupe-me Ronald – olhou para Harry – Preciso lhe contar uma coisa – disse num tom mais baixo
- Eu também – ela o olhou parecendo curiosa – Depois, agora não.
- Do que estão falando?
- Nada Ronald
Eles entraram na sala e se sentaram. A aula passou normalmente, assim como todas as outras do dia. Ao chegar o final das aulas daquele dia o trio seguiu calado até o Salão Comunal. Assim que passaram pelo retrato da mulher gorda Hermione foi fazer seus deveres enquanto Rony tentava escapar de fininho até o dormitório, Harry apenas observava.
- Onde pensa que vai Ronald?
- Ahn...Dormir? – disse como se fosse óbvio
- E os deveres?
- Ah Mione, depois eu faço isso, to cansado – e subiu correndo sem dar chances dela responder. Harry achou graça da cara que a amiga fez ao ser deixada falando sozinha e se sentou ao seu lado.
- Deixa ele Mi, você sabe como o Rony é, vamos lá, eu faço a lição se você quiser – ela o olhou tão ou mais surpresa ainda e colocou a mão em sua testa – Que foi?
- Só estou querendo ver se está com febre. Você querendo fazer lições?
- Há, há, há...Muito engraçado, na verdade eu não to aqui pra fazer lição.
- Eu sabia, vamos, me conte o que queria me dizer...
- Tenho que começar contando o que aconteceu com Gina, não estou achando justo esconder isso de você – tinha um olhar preocupado.
- Não precisa Har...
- Precisa sim, você vai entender – a interrompeu e a garota apenas assentiu – O que aconteceu é que eu peguei Gina com Draco um dia desses no corredor – Ela parecia chocada.
- Harry, como ela pôde? O que Rony vai pensar? – ela levou a mão à boca.
- Esse é meu medo Mi – apoiou os braços na mesa e logo em seguida pousou a cabeça sobre os braços – Como que ele reagirá? Por isso não quero contar nada até descobrir o que há por trás disso tudo.
- Como assim o que há por trás?
- Oras, você não acha no mínimo estranho que eles passem a se gostar sendo que se odiavam?
- Tem razão, mas e o que mais você tinha a dizer? – Harry contou tudo que se passou na aula de adivinhação, e mencionou seu sonho também. Ao final do relato Hermione parecia confusa – Eu não entendo, é meio sem sentido...
- Isso que me deixa angustiado Mi – passou a mão pelos cabelos em sinal de nervosismo – Eu não sei o que fazer, não sei o que pensar, pra onde ir... – massageava as têmporas, cansado – Eu queria tanto ser normal – olhou pra ela – Queria tanto não ter que me preocupar com bruxos das Trevas, com mortes de pessoas que amo. Queria me preocupar apenas com provas, garotas, sem me importar com o que os outros esperam de mim. – desviou o olhar para o chão – Queria uma família – quase sussurrou.
- Ah, Harry... – ela sempre se sentia arrasada quando ele ficava desse jeito, entendia seu sofrimento, ou pelo menos achava que entendia – Eu sei como é difícil, mas você sempre terá a mim e ao Rony – passou seu braço pelos ombros dele querendo passar-lhe conforto – sempre, não importa o que aconteça – ele sorriu levemente.
- Brigado Mi... – ela sorriu
- Agora não vamos pensar nessas coisas, ainda tenho que lhe contar o que aconteceu – e relatou tudo que viu.
Pararam de falar na hora que notaram alguém passar pelo retrato da Mulher Gorda. Surpreenderam-se ao ver que era Gina. A garota parecia bastante transtornada e preocupada, mas ao ver Harry sorriu como se nada tivesse acontecido e se aproximou.
- Onde estava até essa hora Gina? – Foi Hermione quem falou.
- Fiquei conversando com o Professor Bins sobre meu teste de História da Magia e acabei perdendo a hora – ela encarava Harry.
- Sei...Aconteceu alguma coisa?
- Não, nada - ainda encarava o garoto – Harry, precisamos conversar...
- Não tenho nada pra falar com você Gina
- Mas eu preciso te explicar! – ela estava muito, agitada.
- Explicar?! Explicar o que? Tudo que eu vi ali foi bem claro – Harry começava a se levantar e Hermione o puxou de volta pelo braço, temendo a sua reação.
- Você não me entende, eu não queria – Gina estava quase chorando.
- Você parecia estar gostando bastante ao meu ver. Não queira remediar nada. Já está feito Gina, só reze para que eu não conte ao Rony, ele iria ficar muito chateado com você.
- Não Harry, por favor, não conte nada ao Rony. Você precisa me entender. Eu não queria isso. Tudo tem uma explicação – Gina estava cada vez mais desesperada, Hermione notou que ela parecia querer muito contar alguma coisa, mas permaneceu segurando o braço de Harry.
- Tem mesmo? Então, qual é? – Harry a encarou
- Eu...Eu...Não posso dizer – agora chorava abertamente – Entenda Harry, não posso.
- Aah...Interessante, não pode. Então quando puder, venha e explique – Gina não disse mais nada, apenas saiu correndo para o dormitório. Harry passou as mãos pelos cabelos nervosamente.
- Harry, ela parecia estar sendo sincera – Hermione final falou soltando seu braço.
- Mi, você não entende, eu vi! Estava claro demais pra mim. Vamos mudar de assunto?
- Tudo bem se você quer assim – olhou no relógio – Está na hora de nos deitarmos, vamos. E quando você pretende contar tudo ao Rony? – Dizia já se levantando.
- O quanto antes – se levantou também e encarou a garota.
- Só espero que ele compreenda.
- Eu também – deu-lhe um beijo no rosto e subiu para o dormitório masculino. Hermione fez o mesmo.
A semana foi passando normalmente. Gina continuava muito estranha, mas agora passava a evitar Harry a todo custo. Nada mais foi visto nem ouvido por ninguém. Estavam tomando café da manhã na sexta-feira e Harry apenas mexia na sua comida sem um pingo de interesse. Rony o olhou preocupado.
- Qual é cara? Não vai comer?
- Estou sem fome – Harry evitava o olhar do amigo
- Ta tudo bem?
- Na verdade, não – levantou o olhar para encara-lo – Preciso conversar com você – ele vinha tomando coragem pra contar a Rony há uma semana. Hermione levantou a vista do Profeta Diário a fim de poder prestar atenção.
- Fala cara – Rony não tinha percebido o grau de seriedade da coisa.
- É sobre...A Gina
- Vocês andam meio afastados né? Achei que tinham brigado e não quis me meter – o ruivo deu de ombros
- Nós terminamos Rony
- O que? Mas, por que? – ele o olhou assustado agora.
- Bom... – ele encarou o prato a sua frente – Ela me traiu...
- TRAIU? – Rony se levantou interrompendo Harry – Minha irmã jamais faria isso Harry.
- Com o Malfoy... – completou ignorando o amigo. Rony o olhou com uma cara de quem não sabia se ria ou chorava, mas de repente começou a gargalhar alto fazendo com que todos o olhassem.
- Boa piada Harry – Hermione olhava os dois completamente chocada pela atitude de Rony.
- É sério – Harry mantinha uma expressão séria. Fazendo Rony o encarar seriamente.
- Olha Harry eu sou seu amigo, mas eu não admito que invente mentiras sobre a minha irmã! Esse foi o maior absurdo que eu já ouvi. Na certa você se cansou dela e inventou essa história toda – Ao ver que Harry abria a boca para falar ele prosseguiu – Achei que você era diferente - e saiu andando deixando pra trás um Harry completamente sem ação.
- Droga! Ele não entendeu nada Mi! E agora? – Harry estava agitado, queria esclarecer as coisas o mais rápido possível.
- Deixa ele Harry. Rony é muito cabeça dura, um dia ele vai entender... – parou de falar assim que notou Dumbledore se levantar.
- Gostaria de pedir a atenção de todos vocês... – o salão todo se calou -...Para anunciar que, com a chegada do natal os alunos que permanecerão na escola terão um baile – os murmúrios começaram e Dumbledore esperou pacientemente até que cessassem – Neste baile será permitida a entrada de alunos desde o 1º até o 7º ano, a entrada só será permitida para quem tiver um acompanhante. Para mais detalhes é só consultar o aviso que será posto nos salões comunais de cada casa. – e voltou a se sentar, o salão se encheu de vozes novamente.
- Sabe Harry, eu estava pensando seriamente em ir para minha casa no natal, mas depois dessa notícia, acho que um baile vai ser bom!
- Nossa Mi, que milagre, você nunca gostou de bailes – e continuaram conversando animadamente sobre o assunto. Quando menos esperavam um garoto corpulento e alto se aproximava deles que a princípio nem notaram, mas quando ele estava bem perto dos dois Hermione pode ver que era McLaggen que se aproximava.
- Com licença, eu poderia falar com você Hermione?
- Vou indo Mi, te encontro depois – Harry de levantou rumou para fora do salão, alguma coisa em McLaggen nunca o agradou, não gostou de te-lo deixado sozinho com Hermione, Então parou discretamente em um canto para poder observar o que ele iria fazer.
- Pode dizer McLaggen – Hermione dizia enquanto se levantava
- Eu queria saber se você já tinha companhia para o baile – disse o garoto sob o olhar atento de Harry.
- Na verdade, não tenho ainda – ela olhou para o rapaz à sua frente de modo estranho – Por que?
- Então, eu gostaria de saber se não quer ir comigo...
- Aah... – desviou o olhar sem graça – Sabe o que é, eu não vou poder aceitar, já espero o convite de outra pessoa, desculpe...
- Qual é Hermione, você sabe muito bem que ninguém mais irá convidar você, estou lhe fazendo um favor – McLaggen se aproximava e segurava o braço dela fortemente.
- Não preciso de favores de você, e se alguém vai ou não me convidar é problema meu – ela tentava se soltar, mas o garoto a segurava com mais força – E me solta!
- Não vou soltar até você aceitar vir comigo – se aproximou mais ainda dela. Logo sentiu alguém lhe puxar pelo ombro e viu que era Harry.
- Qual é a sua McLaggen, não ouviu que ela não quer ir? – Harry o encarava com um semblante furioso.
- Não se meta Potter! – McLaggen ainda segurava o braço de Hermione
- Solta ela – ao ver que o garoto não largava, Harry puxou a varinha e apontou pra ele – Solta ela, agora – O garoto se assustou com a atitude e o tom de aviso que Harry usava e soltou o braço de Hermione, mas Harry manteve a varinha em punho, Hermione correu pra ele e entrou na sua frente, abaixando seu braço.
- Deixa Harry, não vale a pena, esquece isso... – ela pediu ao moreno. Enquanto isso McLaggen fugia.
- Ele te machucou? – Harry perguntou pegando cuidadosamente o braço da garota e viu que estava bem vermelho. – Isso vai ficar roxo, espera só até eu pegar aquele desgraçado...
- Você não vai pegar nada – ao ver que Harry mantinha a mesma expressão decidida continuou – Por favor, Harry, não quero que arranje confusão. Ah! E obrigada, isso logo passa. – e o abraçou, ao que o garoto apenas correspondeu.
- Eu ouvi você dizer que esperava ser convidada por alguém. Quem?
- Aah...Era só pra me livrar dele – sorriu para o garoto que retribuiu.
- Neste caso – virou-se de frente pra ela – Quer ir ao baile comigo? – Ele ficou visivelmente nervoso de uma hora para outra e Hermione não pôde deixar de sorrir ao reparar isso.
- Claro que eu aceito Harry...
Ao longe alguém observava a conversa sem ser percebido pelos dois, a pessoa estava realmente irritada, e não gostou nada do que viu. Afastou-se do local ao perceber que os dois vinham nessa direção, e só tinha um pensamento em mente ‘Harry ainda será meu’.
Rony caminhava pelos corredores sem se dar conta de onde estava indo. Não entendia porque Harry havia inventado aquelas coisas sobre sua irmã, era tudo muito sentindo para ele, conhecia bem a irmã, e achava que ela jamais seria capaz de algo do tipo, ainda mais com um Malfoy, mas também não entendia porque Harry inventaria algo do tipo, precisava pensar. Andou por alguns minutos até chegar na torre de astronomia, subiu as escadas apressadamente e correu até a janela, sentou no parapeito e ficou apenas observando a vista de lá enquanto pensava, ocasionalmente algumas corujas passavam voando por lá, mas nada que viesse atrapalha-lo.
Harry e Hermione ainda andavam pelo corredor se dirigindo até a sala onde seria a primeira aula do dia, História da Magia. Harry não estava preocupado com a aula nem com qualquer outra coisa, só pensava que ‘iria ao baile com sua melhor amiga’ e não imaginou o quanto isso poderia ser bom, se soubesse que se sentiria tão bem a teria convidado antes. Sorriu ao imagina-los dançando no baile.
- Harry, hey...Harry – Hermione chacoalhava o braço do amigo que parecia muito absorto em seus pensamentos – Harry, se ficar com essa cara de bobo aí o dia inteiro vão achar que você não está bem... – Eles estavam enfrente a sala de História da Magia que estava para começar e Harry parecia não estar prestando atenção em nada e permanecia sorrindo
- Ahn? – Harry olhou para garota ainda com um sorriso bobo no rosto, mas ao ver que ela se segurava para não rir o desfez rapidamente – Falava comigo?
- Esquece Harry, vem, vamos entrar que a aula deve estar começando – ela entrou na sala puxando Harry consigo, este mantinha uma expressão confusa.
As aulas daquele dia passaram normalmente, a não ser por Rony que não foi a praticamente nenhuma delas, isso estava preocupando Harry e Hermione, durante uma das aulas Harry tentou de aproximar do ruivo, mas este o ignorou totalmente, então acabou desistindo, uma hora Rony descobriria a verdade por si próprio.
Ao final das aulas daquele dia Harry voltava sozinho para o salão comunal quando Hermione o alcançou
- Harry! – ela vinha correndo na sua direção
- Diga Mi... – ele parou de andar e se virou para garota que logo o alcançou.
- Sabe, é que...Amanhã, em Hogsmeade, você se importa se eu ficasse com Rony? Ele parece mal...Quero dizer, sabe, abatido e... – parou de falar ao ver que ele sorria – Que foi?
- Nada Mi, só gosto do jeito como se preocupa conosco – ela sorriu sem graça e desviou o olhar para um lugar qualquer – E claro que não me importo que você vá com ele, tenho mesmo umas coisas a resolver. Só converse com ele, tente faze-lo entender que eu jamais inventaria algo sobre Gina... – Hermione voltou a olhar pra ele com as sobrancelhas franzidas e uma expressão aflita que fez Harry calar-se.
- Vou tentar Harry – ela mordeu levemente o lábio inferior como sempre fazia quando estava apreensiva, Harry reparou demais nesse simples gesto dela, mas ela nem sequer notou – Só não sei se ele me ouvirá...
- Não tem problema, vamos pro salão comunal, daqui a pouco Filch vem ralhar com a gente – ela sorriu e o seguiu sem dizer mais nada.
Harry continuava tendo o mesmo sonho todas as noites, cada vez as imagens apareciam mais intensamente em sua cabeça, não havia como se livrar delas, isso o deixava desesperado, nada se encaixava nem ao menos fazia sentido nesse sonho maluco. Acordou com sua cicatriz doendo mais uma vez naquela manhã de sábado, sentou-se na cama e olhou para o relógio, se assustou ao ver que estava atrasado, se trocou o mais rápido que pôde e nem ou menos tomou café, seguiu correndo para o povoado de Hogsmeade, sentia que à noite do baile que se aproximava teria que ser especial, então teve a idéia de comprar um presente para Hermione. No caminho cruzou com Rony que nem sequer o olhou, avistou Hermione e apenas acenou para ela, que correspondeu.
Ele passeava calmamente pelo vilarejo, olhando atentamente pelas vitrines, até que chegou num beco, nunca tinha reparado naquele lugar antes, franziu o cenho em sinal de confusão, quando ia continuar seu caminho percebeu que algo brilhava contra a luz do sol, resolveu se aproximar viu que havia uma loja ali e o que brilhava era um colar ficou encantado pela beleza do simples objeto, resolveu entrar na loja.
O interior daquele lugar tinha um aspecto antigo e mal cuidado, era comprido e tinha fileiras de prateleiras empoeiradas nas duas paredes laterais, algumas com globos de vidro contendo algo que parecia ser animais mortos, Harry achou aquilo muito estranho, porém não deu atenção, se aproximou da vitrine onde tinha o colar e o pegou na mão, era um objeto pesado e estava cheio de poeira, Harry pôde notar que era de ouro maciço, tinha um formato de coração, dava para notar uma junção no meio no coração indicando que ele poderia ser dividido por duas pessoas, ele ainda possuía duas correntes só que de prata muito bem conservada, com certeza o bruxo que o havia feito era extremamente habilidoso.
- O que deseja? – uma voz arrastada e cansada saiu do fundo da loja. Harry se virou rapidamente para ver quem era, a tempo de ver um velho corcunda com roupas antigas sair das sombras detrás de um balcão. Ao ver o que Harry tinha na mão o velho ganhou uma expressão satisfatória – Oh, este colar, há anos ninguém se interessa por ele...
- Por que? O que há de mal nele? – Harry perguntou ao homem que lhe sorriu com seus dentes amarelos
- Nada de mal, é um colar muito bonito por sinal. Este colar é do tempo de Merlin se não me engano, um colar mágico poderoso, só pode ser dividido por duas pessoas que se gostem muito. Fora que sua beleza encanta qualquer um, não é mesmo jovem Harry Potter? – o homem tinha uma voz sombria e um riso desdenhoso.
- Realmente muito bonito, mas...Não me lembro de ter dito meu nome...
- Quem no mundo bruxo não sabe quem é Harry Potter? – virou-se de costas para o garoto e adquiriu uma expressão de ódio – Aquele que derrotou o Lorde das Trevas – voltou-se para Harry novamente com uma expressão amigável – Vai levar?
- Vou sim.
Logo após ter comprado o colar Harry saiu da loja o mais rápido possível, aquele lugar não lhe agradou nenhum pouco, voltou rapidamente para caminhar pelo vilarejo.
Em algum lugar distante McLaggen observava Hermione andando com Rony.
- Rony – a garota o chamou
- Diga... – disse apenas o ruivo.
- Não fique bravo com Harry, você sabe que ele jamais faria alguma coisa dessas.
- Também seu que minha irmã não se envolveria com Malfoy e se vai ficar falando do Potter é melhor nem ficar por perto, porque esse é o último nome que quero ouvir.
- Não, tudo bem, desculpe – voltaram a caminhar em silêncio. McLaggen ainda os observava.
- Essa sangue-ruim não perde por esperar... – McLaggen disse mais para si mesmo, já que achava que ninguém poderia vê-lo ali.
- Posso te ajudar a acabar com ela se quiser – uma voz feminina saiu das sombras
- Quem é você? E eu não quero acabar com ela, quero que seja minha.
- Não importa quem sou, não agora. Então você quer a sangue-ruim e eu quero o Harry, temos muito em comum, posso te ajudar se quiser...
- Claro que sim, mas preciso saber quem é você – a garota desconhecida saiu detrás das sombras provocando um sorriso em McLaggen.
Já estava ficando tarde e todos os alunos voltavam ao castelo, Harry não encontrava uma carruagem vazia e teve de entrar numa das poucas que cabiam mais alguém. Para sua infelicidade acabou caindo na cabine de Draco Malfoy.
- Olá Potter – o loiro disse com um sorriso frio e um olhar penetrante.
- Olá doninha – Harry respondeu sem encara-lo
- Diga-me Potter, você não viu a Weasley fêmea por aí não? – Draco resolveu ignorar o comentário de Harry.
- Para que você quer saber onde Gina está? – Harry o encarou com desprezo.
- Nada que seja da sua conta cicatriz. A Weasley e eu temos assuntos pendentes.
- Não a vi, e mesmo se tivesse visto, não diria.
- Isso não foi nada gentil – Draco balançava a cabeça de um lado para o outro dando uma falsa impressão de desapontamento quanto à atitude de Harry.
- Não vai ser gentil quando eu quebrar essa sua cara – Harry cerrou o punho, mas se manteve no lugar.
- Pobre é uma desgraça, sempre partindo pra violência, tenha modos Potter – Draco o olhou fazendo pouco caso.
Harry resolveu não comprar briga com o loiro, ele não parecia muito normal, e tinha um brilho maligno nos olhos ao falar de Gina, isso o estava assustando, se Draco pretendia ficar com Gina, estava fazendo tudo errado, mesmo assim Harry desconfiava muito da relação dos dois, optou por calar-se.
O caminho até o castelo foi até que pacífico, era só às vezes que Draco fazia comentários sobre ‘como os sangue-ruins acabavam com a escola’ ou ‘esta escola está indo pro brejo, espere só até meu pai saber disso’, que Harry se mantinha calado, absorto em seus pensamentos e fazendo de tudo pra ignorar a companhia desagradável.
Assim que chegaram em Hogwarts, Harry desceu da carruagem o mais rápido possível, queria evitar passar ainda mais tempo na companhia de Draco.
- Potter, esta fugindo de quem? – Draco saia calmamente da carruagem
- Da sua cara horrível
- Você está cada dia pior. Se vir a Weasley, diga que quero falar com ela.
- Cale a boca Malfoy – Harry saiu de perto do sonserino o mais rápido possível e caminhou na direção do castelo, quando percebeu que esqueceu o presente de Hermione na carruagem, voltou correndo para pega-lo e viu Draco com ele na mão a ponto de abri-lo, correu até lá e tomou da mão dele. – Nunca te ensinaram a não mexer no que não é seu Malfoy?
- Não, mas me ensinaram coisas mais importantes Potter – Harry nem sequer esperou que ele prosseguisse, pegou o presente e saiu em direção ao castelo novamente. Draco sorriu desdenhoso ‘Não perde por esperar Potter’ e seguiu o mesmo rumo do moreno.
Enquanto se dirigia para o salão comunal o garoto pensava na atitude estranha de Draco, se o sonserino quisesse algo sério com Gina ele poderia começar tendo um pouco mais de respeito pelos amigos dela, já seria um bom começo, pensou Harry.
Resolvendo abandonar esses pensamentos ele continuou caminhando sozinho pelo corredor, ao passar por uma estátua ouviu alguma coisa que lembrava alguém chorando e foi até lá, se surpreendeu ao ver que era Gina. Quando esta notou que estava sendo observada levantou os olhos e se deparou com os de Harry, logo depois os abaixou até o presente que ele carregava. O garoto comovido pelo estado de Gina lhe estendeu a mão sem nada dizer, esta a segurou e se levantou. Ficaram cara a cara, apenas se encarando, ela tentando lhe dizer algo apenas pelo olhar que demonstrava desespero e ele tentando compreender, sem que Harry percebesse Gina começou a aproximar seus rostos, eles estavam a ponto de se beijar...
- Harry será que eu posso falar com você? – Era Cho, a garota da Corvinal que evitava falar com ele desde o seu sexto ano, agora sétimo – o garoto pareceu despertar do transe e percebeu que estava a ponto de beijar Gina, a ruiva olhou para outro lado e correu sabe-se lá para onde – Ah, desculpe atrapalhar... – Cho não parecia nem um pouco arrependida de ter atrapalhado nada, mantinha um sorriso no rosto.
- Não tem problema Cho, você disse que queria falar comigo? – ainda estava meio atordoado pelo que acabou de acontecer.
- É, na verdade eu queria sim – Ela parecia um pouco constrangida – Sabe Harry, o jeito que o nosso relacionamento acabou, eu não achei certo, e, bom, teria tudo para dar certo agora que terminou com Gina...
- Olha Cho, eu, sinto muito, mas acho que não vai dar, não estou num bom momento e, como sabe que terminei com Gina? – ele parecia surpreso
- Não se fala em outra coisa entre os sonserinos – ela se aproximou mais de Harry – tem certeza que não quer dar mais uma chance a nós dois? – ia chegando cada vez mais perto e Harry recuava, até que estava com as costas contra parede e Cho ainda o encarava.
- Cho... – ele não sabia o que falar, e a garota não deixou, o puxou pela nuca e o beijou. Harry arregalou os olhos no mesmo instante sem saber o que fazer estava atônito quanto à atitude dela. Ouviu um barulho que parecia algo caindo no chão que fez com que Cho o soltasse. – Por que diabos fez isso? – olhou na direção do ruído e viu Hermione parada no corredor olhando para os dois, sua mochila no chão, logo depois ela saiu correndo sem nem ao menos pegar suas coisas que deixou cair com a surpresa da cena.
- Harry... – o garoto nem deixou que ela prosseguisse, saiu correndo atrás de Hermione, pegou as coisas dela no chão e seguiu a sua procura, deixando Cho para trás com uma expressão indecifrável no rosto, praticamente de pura malícia.
Harry corria desesperado atrás de Hermione, não entendeu a atitude dela, o porque dela ter saído de lá daquele jeito ‘será que ficou chateada?’ Ele falava consigo em pensamento continuando a busca pela garota ‘mas por que ficaria chateada?’, ‘talvez ela esteja assim porque acha que eu escondi uma possível relação com a Cho, só pode ser isso’ ele concluiu parecendo o mais óbvio, algo no fundo dele pediu para que não fosse SÓ isso, mas ele decidiu ignorar.
Já estava desistindo de procura-la, parou de correr e olhou em volta, queria falar com ela, não suportou a idéia dela ter se entristecido com ele. Encostou-se na parede, fechou os olhos e deslizou até o chão ‘mas o que está acontecendo? Cada vez menos eu entendo tudo que se passa por aqui’ precisava encontrar Hermione, só ela o ajudaria, mas como? Abriu os olhos numa expressão que misturava triunfo com indignação. Como não havia pensado antes? O Mapa do Maroto!
Procurou dentro das veste o tão conhecido amigo, o encontrou próximo ao presente de Hermione que ainda permanecia ali. Abriu o pergaminho.
- Juro solenemente que não vou fazer nada de bom – dizia apontando para o mapa com a varinha, esquadrinhou cada canto do castelo na busca por Hermione – Vamos Mi, apareça, onde você se meteu?... – Até que a viu, ali, no mesmo lugar que se refugiou no 1º ano, era óbvio demais – Malfeito feito – Levantou-se e foi correndo em direção ao banheiro da Murta-que-Geme.
Ao entrar no banheiro a encontrou sentada num canto, quieta, aparentemente pensando. Aproximou-se devagar e se sentou ao seu lado, a garota o encarou.
- Por que me escondeu isso? Por que não me disse sobre Cho? – Ela o olhava com tristeza, pensava que o que estava sentindo era pelo amigo ter escondido aquilo dela.
- Mi, não tem nada com a Cho, ela me encurralou ali – atingiu um tom de vermelho no rosto que ela notou facilmente – não tive culpa, você chegou bem na hora – olhou pra ela com uma expressão arrependida – Não fique triste comigo, você é a única em quem eu confio para contar tudo e seria a primeira, a saber... – ela continuava olhando pra ele, abriu um leve sorriso e o abraçou com os olhos cheios d’água.
- Desculpe Harry, não sei o que deu em mim, não gostei de pensar que você poderia estar me escondendo alguma coisa – O garoto a abraçava forte.
- Tudo bem Mi, passou – se afastou um pouco dela – Eu...Ia te dar só no dia do baile, mas acho que posso dar agora – Ele estava um pouco envergonhado e ela não entendia muita coisa. Colocou a mão por dentro de suas veste e tirou uma caixinha.
- Harry, do que está falando...? – ela olhava da caixa para ele sem entender. Até que ele abriu e a garota pôde ver o lindo colar com um pingente em formato de coração. Ficou claramente surpresa levou uma das mãos até o objeto e o tocou levemente – Harry...É lindo – Este sorriu para garota.
- Que bom que gostou, o homem da loja me disse que só poderia ser dividido por duas pessoas que se gostem muito, achei que seria um bom jeito de demonstrar o quanto gosto de você – dizia ainda sorrindo e retirando o colar da caixa segurando em uma metade do coração. Ela deu um largo sorriso para o garoto e segurou a outra metade.
Uma luz avermelhada foi emitida da junção do coração e foi se tornando mais intensa, ao ponto deles terem que semicerrar os olhos ainda mantendo as mãos sobre o objeto que lentamente se separou. Os dois se olharam surpresos.
- Harry, nossa...Então isso significa...
- Que eu gosto muito, muito mesmo de você – respondeu colocando sua metade no pescoço.
- E eu de você bobinho – colocou a sua também, as duas peças emitiram uma luz arroxeada e voltaram ao normal – Obrigada pelo presente Harry, foi o melhor que já ganhei – e lhe deu um beijo no rosto. Harry fechou levemente os olhos até que ela se afastasse.
- Não há de que... – respondeu ainda de olhos fechados, os abrindo lentamente e sorrindo para garota.
Eles não sabiam, mas alguém os espreitava há muito tempo. A pessoa sorriu maliciosa ante a cena que presenciou ‘Vai ser mais fácil do que imaginei’ Esperou até que os dois saíssem e se dirigiu até o corujal.
O dia passou normalmente até a chegada da noite, onde Harry e Hermione que estavam no sofá conversando e Harry lhe contava a conversa com Malfoy, avistaram Rony entrar no Salão Comunal sem lhes dirigir a palavra. Logo subiram para os dormitórios.
Dessa vez o sonho foi diferente...Harry via um comensal conversar com Voldemort ‘Conseguimos Lorde das Trevas, encontramos um jeito de pega-lo’ Voldemort mantinha sua expressão fria de pura crueldade ‘Então o faça’ disse apenas. Harry acordou assustado.
Era domingo e o Salão Comunal estava cheio, Harry encontrou Hermione atrás de mais um livro, adiantou-se até ela.
- Mi, já não suporto mais – jogou-se ao seu lado no sofá, a garota baixou o livro e o encarou.
- O que aconteceu?
- Esses sonhos estão me deixando cada vez mais confuso –olhou para ela que pedia uma explicação com o olhar, se ajeitou no sofá – Parece que Voldemort descobriu um jeito de...me pegar, mas eu não entendo, como?
- Harry, talvez ele esteja apenas tentando te confundir, ele já o fez uma vez – ela comentou se referindo a Sirius, mas não parecia segura disso.
- Eu sei, mas mesmo assim...eu me preocupo – não falaram mais nada por um longo tempo, onde apenas observavam os estudantes passarem agitados pelo salão comunal, até que Rony desceu do dormitório e saiu sem lhes dirigir a palavra como de costume.
Rony andava distraidamente pelos corredores, a idéia de que Harry havia mentido já não o perturbava mais, mas ele não perdoaria. Balançou a cabeça levemente enquanto andava tentando pensar em outras coisas. O dia estava bonito e quente, quase ninguém ficava dentro do castelo, por isso achou que seria mais tranqüilo dar uma volta pelo mesmo, dobrou um corredor e percebeu que não estava sozinho, havia um casal aparentemente de namorados, já que se beijavam. O ruivo não deu muita atenção e prosseguiu seu caminho, mas ao se aproximar pôde ver quem era ‘Olha só, minha irmã e o Malfoy, interessante...’ pensou enquanto andava, mas logo em seguida estacou no caminho ‘O QUE? MINHA IRMÃ E O MALFOY?’ virou-se na direção deles.
- Alguém pode explicar o que significa isso? – disse num tom bem mais alto que o normal. Os dois logo se separaram e o olharam espantados. – Estou esperando algo que me convença que isso não é real!
- Rony... – Gina murmurou pasma e totalmente sem ação.
- Isso explica muita coisa – ele se aproximou perigosamente de Gina – Eu não esperava isso de você... – virou-se para Draco e o encarou com expressão de poucos amigos, virou de costas e retomou seu caminho, ouviu uma exclamação de deboche do loiro, se voltou novamente para ele e lhe acertou um soco no nariz.
- Weasley! Seu pobretão infeliz, vai me pagar – Draco gemia no chão enquanto Gina apenas observava o irmão como ela nunca o tinha visto, não parecia furioso e sim profundamente magoado, e isso acabou com ela. Rony não disse nada e voltou a andar.
Faltavam apenas alguns dias para o baile, e mesmo depois do ocorrido Rony não foi conversar com Harry sobre o assunto, o orgulho o impedia, odiava admitir que estava errado e odiava ainda mais pensar que o que viu era real, estava andando com Simas pelo corredor e conversavam sobre o baile.
- Já conseguiu um par Rony? – o garoto perguntou ao ruivo como quem não quer nada.
- Ainda não, e isso me preocupa – coçou atrás da orelha em sinal de desconforto – E você?
- Aham vou com Parvati – corou ligeiramente, mas procurou disfarçar. Nesse momento passava por eles Luna Lovegood lendo sua habitual revista – Acho bom se apressar Rony, embora ache que a Di-lua é a única sem par – abafou uma risada.
- Não, não pode ser – Rony negou com veemência – aposto que a Mione não tem par... – não pôde completar ao ver a cara que Simas fez – Ela tem?
- Tem, vai com Harry – Rony ficou indignado, mas procurou não demonstrar.
- Vejo-te mais tarde Simas – e saiu na direção em que Luna havia ido.
Rony não acreditava que estava fazendo aquilo, deveria estar muito desesperado mesmo, dobrou o corredor e deu de cara com Luna, que o olhava com o mesmo ar de sonhadora de sempre, tomou um susto pela aparição repentina da garota e a olhou de cima a baixo, sem dizer uma palavra.
- Algum problema Ronald? – Ela lhe perguntou
- Ahn? Ah, não...Na verdade, problema nenhum – Ele se recuperou do susto e a olhou nos olhos.
- Vou indo então – voltou o olhar para revista e passou por ele que permaneceu no mesmo lugar encarando o nada com cara de paisagem.
- Luna! Espere! – despertou do transe momentâneo e se virou para ela. A garota parou de andar e o olhou.
- Pois não? – o estômago dele deu um solavanco, era agora, ele tinha que arrumar coragem.
- Eu queria saber se...Se você...Você... – travou naquela hora, não conseguia falar mais nada, ela iria acha-lo idiota. Luna o olhava com uma expressão de confusão – Quer ir ao baile comigo? – cuspiu tudo de uma vez e olhou para baixo ‘ótimo, ela me acha um idiota’ ele nem ao menos sabia se a garota havia entendido.
- Pode ser... – ela disse apenas e retomou seu caminho, deixando um Rony com cara de bobo apenas olhando até a garota sumir de vista.
N/A: pois é, eu sei que não tá lá essas coisas...enfim
comentem pra eu saber né :}
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