Treinamento no Topo do Mundo.
Os quatro jovens bruxos iniciaram então uma curta mas fria viagem até o topo da montanha que se erguia a frente deles, subindo cerca de cinco quilômetros até o topo, onde não se via nada além de um plano de pedra de cerca de 20 metros de largura por 30 metros de comprimento.
Assim que pousaram tiveram um problema. Gina começou a sentir tonturas, o ar rarefeito tornara difícil sua respiração. Minutos depois, se certificaram de que Gina estava bem e Harry perguntou á Hermione:
- É esta a montanha Mione? – Hermione checou novamente o mapa que trazia na mochila.
- Sim, segundo o mapa do Lupin estamos no lugar certo.
- Então onde deveríamos estar? – Perguntou Rony.
- Exatamente aqui! – Disse uma voz desconhecida para todos ali. O sotaque era pronunciado mas não identificável.
Todos procuraram o lugar de onde a voz deveria ter saído, mas não havia ninguém ali.
Boquiabertos viram a rocha se abrir e em seguida se elevar mais alto do que a montanha, com um homenzinho asiático, baixinho, de óculos e careca em cima do cilindro perfeitamente “extraído” da rocha e aparentemente, o controlando. A postura do velho era dura e à medida que levantava os braços a rocha abaixo de seus pés se levantava um pouco mais.
Harry, Rony e Hermione se posicionaram protetoramente na frente de Gina.
- Não se assustem, não machucarei vocês.
- Temos visto coisas estranhas desde que entramos em Hogwarts mas nunca pensei que ficaria tão embasbacado com alguma coisa na minha vida. – Comentou Rony baixinho, após guardar a varinha que tinha voado das vestes para sua mão.
- Vocês devem ser os rapazes de Dumbledore, não é verdade?
- Sim, era desejo dele que viéssemos para cá. – Quem falou foi Harry.
- Ele disse os motivos?
- Sim. Treinamento.
- Ótimo, me poupa de várias explicações.
- É você quem vai nos treinar?
- Eu? De maneira alguma, apesar de minha idade eu nunca tive muito poder, somente muita disciplina. Pegue essa chave de portal, o mestre de vocês deve explicar tudo que vão precisar saber lá. – Disse o homenzinho, tirando de dentro do “roupão” que usava uma bola de gude.
- Para onde vamos?
- Ora, Dumbledore não lhes explicou absolutamente nada sobre o local em que treinariam?
- Não houve muito tempo para explicações – Replicou Harry rispidamente.
- Hum... Imagino que a circunstâncias não tenham sido muito favoráveis. Só por curiosidade, em que parte do castelo... er... aconteceu?
- Na torre de astronomia. – Rony respondeu pelo amigo. Harry havia abaixado a cabeça e não parecia disposto a responder – Por quê?
- Vocês irão entender. Basta que saibam que Dumbledore era considerado mestre no treinamento que você irão receber.
- Que será onde, afinal?
- Avalon.
Uma gargalhada alta fez com que todos olhassem para Hermione. A garota ria, parecendo realmente achar graça em alguma coisa.
Lentamente ela parou, olhando para os rostos de cada um ali.
- Ah, francamente. Harry e Rony tudo bem, mas você nunca ouviu falar de Avalon Gina?
- Não.
- Esse mundo ta perdido. Já ouviram a história de Merlin e de Arthur?
- Num perde tempo. Explica.
- É uma ilha lendária, que supostamente separa o mundo profano do divino, que está relacionada com as lendas do Rei Arthur e seus cavaleiros. Conhecida como a ilha das maçãs. A ilha sagrada. É uma lenda.
- Eu lhe asseguro que é legendária em todo o mundo mas não é uma lenda. Lendas são mentiras com fundos de verdade. A ilha existe e é acessível. Não é a ilha das maçãs mas sim a ilha das fênix. Não está no mar, está no ar e é fonte de grande quantidade de magia. O tempo parece não passar em Avalon e é lá que as verdadeiras profecias foram feitas, aquelas que ao se cumprirem transformaram o mundo.
- Ilha das fênix? – Perguntou Harry.
- Sim. Poucas foram as fênix que saíram de lá e das que saíram jamais voltaram. Encantaram-se com os humanos. Dumbledore foi seguido por uma quando nos deixou. Fawkes, uma das pequenas, mas mesmo assim forte o suficiente para levar um elefante.
O ar se agitou e Harry pensou ter ouvido murmúrios sendo carregados por ele. O velho se agitou também.
- Não há mais tempo para explicações, você aprenderão tudo o que precisam saber lá. Peguem a bola de gude.
Rony pegou a bola com uma das mãos e estendeu a mão para os amigos que seguraram no longo braço do ruivo.
Foram puxados, como de costume, pelo umbigo. Harry havia reparado que a velocidade de uma chave de portal ia ficando mais fácil de controlar a cada vez que usava uma. Dessa vez foi diferente. Ao invés de levá-los para uma direção como norte ou sul, os jovens foram puxados para o alto. Quando finalmente pararam, novamente se estatelaram no chão.
De cara na grama Harry inspirou, inalando o cheiro de orvalho. De uma tarde fria, haviam sido puxados direto para uma manhã quente.
Ouviu uma exclamação de admiração vinda de Gina.
- Que lugar lindo!
Levantou a cabeça. Viu que estavam numa planície, de grama fofa e lustrosa. Na verdade era um vale. Um grande e bonito vale. Não havia neve nas montanhas e estas tinham as bases cobertas de altas árvores. Harry viu um grande e bonito lago. Bem grande. Quase não via a margem oposta, mas era capaz de ver com clareza a fumaça característica de uma chaminé e a silhueta de uma grande construção. Um casarão.
Olhando ao redor percebe novamente a vivacidade do ambiente. Sapos, esquilos e aves entravam no campo de visão a cada novo olhar.
Vindo da base da montanha mais distante um urro aterrorizante fez com que Harry e Rony se entreolhassem e que as garotas se agarrassem aos seus respectivos namorados.
- Foi um urso, ou algo maior, tenho certeza. Acho que estamos no território, é melhor irmos andando. – Disse Hermione.
- Também acho. Olhem, achei uma trilha, parece que leva até aquela casa, vamos segui-la. – Concordou Gina.
E lá foram os quatro amigos. A caminhada foi estafante e a alteração repentina de clima os fez suarem o suficiente para manchar as blusas.
Cerca de 20 minutos de caminhada foram necessários para que os contornos da casa crescessem e a imagem entrasse em detalhes. Não se parecia muito com as casas londrinas e nem lembrava muito bem as antigas construções coloniais mas parecia ser um misto de todas elas combinando arquitetura romana antiga e arquitetura ocidental.
Um movimento em uma das muitas janelas chamou a atenção de Harry. Um homem, com cabelos bem cortados, de barba grisalha rente ao rosto de feições machucadas pelo tempo os olhava avaliando-os. Seus olhos brilharam quando viram os cabelos de Rony e de Gina. Harry teve um calafrio, não sabia o que significava mas descobriria, cedo ou tarde.
O homem saiu do seu campo de visão quando começaram a se aproximar demais da casa e só reapareceu quando estavam prestes a bater na porta da frente, abrindo-a antes que o fizessem.
- Bom dia. – Adiantou-se Harry. – Somos...
- O quarteto maravilha de Dumbledore, que velho petulante, me disse para treinar Potter, não ele e sua gangue.
- Dumbledore foi o maior bruxo que conheci. – Disse Harry, cerrando os punhos. – Não fale mal dele. Morreu como um herói.
- Não fale besteiras. Não há heroísmo na morte. Só há heroísmo nas atitudes que podem nos levar a ela.
As mãos de Harry penderam moles novamente. Via naquele homem, uma versão mais mal-humorada e severa de Alvo Dumbledore, uma versão mais convencida e severa mas ainda assim tão cheia de conhecimento e sabedoria quanto a versão bondosa.
Hermione se adiantou:
- É o senhor que vai nos treinar?
- Sim. Não sobrou mais ninguém dos velhos tempos aqui para tomar o meu lugar.
- Velhos tempos?
- Sim. Eu faço parte da última turma que foi treinada aqui antes dos nossos velhos mestres morrerem. Este lugar já foi habitado pelos mais versados mestres em magia de todos os tempos. Uma utopia para os intelectuais e um lar para velhos heróis. Alguns membros dos Potter morreram nesta casa e vários membros dos Weasley descansaram aqui em seus últimos dias também. Faziam parte das poucas famílias que geraram verdadeiros heróis.
- E por que o mundo nunca ouviu falar que Avalon existe?
- Por que contaríamos do último refúgio dos sábios? Por que relatar de um lugar cheio de maravilhas como esse? Eu acho que não. Certas coisas devem ser mantidas em segredo e antes de partirem irão fazer o juramento de não revelar a ninguém a existência desta ilha.
- E onde é que a ilha fica?
- Nem eu posso dizer, está sempre em movimento. Durante algum tempo nós verificamos para saber mas com o tempo essa necessidade de localização se tornou apenas um capricho e todos paramos com isso.
- Ouvimos um urro quando chegamos parecia maior do que um urso...
- E é maior sim, mais ainda é um urso. Sabe essa ilha já foi ligada ao continente muito tempo atrás e as feras que lá estavam sobreviveram aqui graças aos feitiços que laçamos aqui para fazer com que fosse habitável. O urro que você ouviu é de uma espécie primitiva de urso, bem maior e muito mais ignorante. Aprenderam a ficar longe daqui mas não posso assegurar que não tentarão nada contra vocês, cheiros novos podem confundi-los. Também temos lobos e cervos enormes por aqui, bem como uma grande parte da antiga mega-fauna européia. A ilha é maior do que vocês pensam.
- Bem, onde vamos ficar?
- Vocês estão em treinamento constante. Só dormirão na casa quando conquistarem esse direito por sorte de vocês, eu acho, um elfo doméstico virá aqui deixar alguma comida, houve um tempo em que os pupilos só comiam aquilo que eram tinham a capacidade para caçar. Agora eu aconselho que passem o que resta deste dia preparando seus leitos e se acomodando, pelo visto trouxeram uma barraca, montem-na e se preparem. A partir de amanhã os treinos começam. Quero que fiquem cientes de uma coisa. O tempo aqui passa mais rápido que no resto do mundo, não tenho certeza do tempo que o levar para transformá-los mas os anos que passarem aqui serão meses lá na Terra. Para fins de cálculos, um ano aqui corresponde a quase seis meses lá.
E se afastou para sair. Antes, porém, que conseguisse, Harry perguntou:
- Qual é o seu nome?
- Maximiliano Heindel. Não vou cobrar de vocês tratamento formal, podem me chamar apenas de Max.
E saiu, deixando os quatro em conversa sobre o novo “mestre”.
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Os dias seguintes foram extremamente exaustivos para o quarteto. Especialmente para Hermione, que em momento algum de sua vida havia sequer cogitado a possibilidade precisar de qualquer aptidão física.
Logo ás cinco da manhã eram acordados por Max e obrigados a correr em volta do extenso lago como aquecimento. Depois de minutos de alongamento faziam sessões de flexões e abdominais. Depois, um almoço muito bem preparado pelos simpáticos elfos domésticos. Max levara suco de Seithr para que tomassem, uma fruta nativa de Avalon e que parecia uma maçã, que segundo ele era especialmente nutritiva quando misturada ao ingrediente secreto do suco. Ele não disse qual era o ingrediente.
Depois do almoço a atividade física continuava com treino de combate. Foram levados até um morro que ficava trás da casa. No topo do morro havia um platô de pedra com uma enorme árvore no meio. Nos grandes galhos da árvore estavam pendurados por correntes grande saco de pancadas. Max dissera:
- Certo! Rapazes agora a coisa fica séria. Durante a guerra que estão prestes a travar você vão precisar aprender a se defender. Se houvesse outros para me ajudar eu poderia lhes ensinar mais, mas não há, portanto só posso torná-los mestres em três artes marciais. São elas: Judô, Muay Thai e Taekwondo. Vamos começar com o Judô até eu dizer que chega. Ruivo vem cá, vamos fazer uma demonstração.
Alguns dias depois, Hermione, completamente acabada, dispara:
- Afinal qual é o propósito de treino físico se vamos aprender as tais artes milenares ou seja lá o que for?
Max respondeu com calma:
- Eu esperava que você não tardasse a me perguntar, Hermione, mas até você pode chegar a essa conclusão. Pense comigo, quando você realiza um feitiço do patrono, qual é a sensação que sente?
- Cansaço.
- Você reparou que Gina, Rony e nem Harry se cansam tanto quanto você?
- Já cheguei a notar.
- Isso se deve ao fato de que toda magia requer um nível equivalente de energia do usuário. Por estarem acostumados a fadiga dos treinos de quadribol eles aumentaram o fôlego. Eles têm mais energia que você, por isso não se cansam tanto embora a energia requerida seja a mesma. Para aprender feitiços mais “avançados” que o patrono a sua mente deve estar em harmonia com o seu corpo. Compreende?
- Sim, Max. Mas e quanto ás lutas, quero dizer, elas são realmente necessárias?
- Bem, bem aí vamos nós. Imagine-se em uma batalha contra vários inimigos ao mesmo tempo. Agora imagine que por alguma distração você perde a varinha, está desarmada contra inimigos que tem varinha e a rendição não é uma opção. O que você faria?
- Correria?
- Bom... talvez... mas aí com que cara ficaria perante aos que você comanda?
- Er... Bem... Eu... eu...
- No seu lugar eu imobilizaria o adversário mais próximo colocando-o em posição de escudo e lhe tomaria a varinha e derrotaria os demais com alguns dos feitiços que vou ensinar daqui a algum tempo.
Hermione jamais questionou o método de treinamento de Max novamente e em questão de semanas entrou no ritmo dos exercícios, passando até a apreciar as transformações que ocorreram com os treinamentos.
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Sete meses depois.
- Sabe Harry, tenho vontade de saber o que anda acontecendo lá em casa. Tenho saudades de mamãe e papai e dos meus irmãos também. Nunca pensei que aqueles dois palhaços me fariam tanta falta. – Disse Gina. Estavam no quarto que há pouco mais de um mês havia sido cedido por Max.
- Você sabe o que Max pensa sobre contato com o pessoal lá de baixo. Ele não quer nem saber.
- Não podemos quebrar as regras dessa vez?
- Por você eu quebraria todas as regras Gi, mas será que devemos?
- Afinal, que mal pode fazer?
- Pensando bem, não acho que ele realmente ficaria muito zangado, no máximo umas duas semanas fora da casa. Fawkes!
E a fênix apareceu no vórtice de fogo que era responsável por sua locomoção rápida.
Ultimamente ela havia passado meses nas montanhas, onde inúmeras fênix faziam seus lares. Maravilhados, os jovens foram levados até lá por Max e viram a maior concentração de fênix no mundo. Como que em consentimento a presença deles, em coro, cantaram uma belíssima música, que aos ouvidos de Harry só era superada pela que ouvira de Fawkes, em pesar pela morte de Dumbledore.
Com um feitiço não-verbal, materializou pena, tinta e pergaminho e entregou a Gina.
- Rápido, antes que a noite acabe e ele venha nos dizer para dormir.
Minutos depois, terminada a carta, Harry disse à Fawkes:
- Leve para A Toca minha amiga. – E ela foi.
Dois dias depois, durante o horário do almoço, Fawkes estava de volta, ainda com a carta atada à perna. Harry e Gina se entreolharam, preocupados e logo explicaram a Rony e Hermione o que haviam feito expressaram sua preocupações por não haver aparente resposta muito menos sinal de que a carta havia sido removida.
- Não adianta ficarmos no preocupando agora gente. Não sabemos o que aconteceu lá, pode ser que só não houvesse ninguém em casa...
- Por dois dias, direto?
- Podem ter precisado sair de lá, não significa necessariamente que estejam... – Hermione não pode concluir o pensamento. Não teve forças para falar.
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Como que em resposta a tal sinal de desesperança o quarteto intensificou ainda mais seus esforços para aprender tudo que Max era capaz de ensinar. Dali a um mês os treinamentos físicos acabaram com Max declarando que Rony cansara de apanhar e decidira reagir, tornando-se um grande judoca e que Harry deixara sua fúria sair quando furou dois dos sacos de pancadas em seus treinos de Muay Thai e que a inabilidade natural dos garotos para chutes altos era com toda a certeza compensada com as garotas, ambas mestras em taekwondo.
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- Os velhos druidas, que foram os primeiro magos a povoar a Bretanha eram mestres em invocar a magia das runas, eu imagino que Hermione já saiba quais são, portanto vou precisar que ela me ajude a mostrar as mais importantes.
Levantando-se Hermione ensinou:
- Antes da escrita romana, havia somente o alfabeto de Glifos e antigamente os druidas invocavam as forças da natureza com as imagens correspondentes as forças que queriam invocar.
- Cada elemento da natureza tem um nome em inglês e nas outras línguas mas eles só respondem ás palavras que os druidas utilizavam pois eles foram os primeiros a dar-lhes nomes. Fogo é Ignis. Água é Hidro. Terra é Gaia e Vento é Helius. – Disse Max apontando para um desenho de cada um. – Vejam!
Caminhou até uma árvore próxima e ali grudou o pergaminho com runo que correspondia à Terra. Afastou-se e fez uma posição com a mão, como se estivesse a empurrar algo até o pergaminho. Repentinamente o casco da árvore entrou em metamorfose, virando pedra. Cada sulco ou imperfeição foi substituído por uma camada de ametista.
Durante os próximos três meses Harry e Rony se esforçariam muito mais do que as garotas para aprender a dominar esse ramo da magia de forma satisfatória mas não tardaram em conseguir. Logo Max já estava se preparando para outro assunto um assunto que ele sabia que demoraria um pouco mais de tempo que magia de glifos.
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Dois anos já haviam se passado desde que haviam chego à ilha e Rony Weasley sentia o peito apertar com saudades de sua família. A dor e a preocupação de Hermione não o ajudavam em nada. Apesar de ter pedido a Lupin e a McGonagal que escondesse seus pais ela não tinha notícias dele e cada vez que Harry mandava Fawkes escondida ela voltava do mesmo jeito, sem ter encontrado ninguém.
Há pouco mais de um mês haviam terminado o treinamento de magia Elemental. Max os ensinara a achar a afinidade que sua alma tinha com cada elemento. Difícil fora identificar a afinidade de Gina e de Hermione. Respectivamente fogo e terra. Ele e Harry foram facilmente identificados como água e vento. Max os ensinara a controlá-los sem varinha por meio da única parte do kung fu que ele sabia, o katar. Uma espécie de dança de concentração que tinha diferentes níveis de intensidade.
Agora Rony podia baixar a temperatura da água até zero em segundos e encontrar os átomos de água no ar e de lá retira-la. Harry podia correr a velocidades incríveis com a habilidade descoberta, os Pés de Vento. Hermione podia erguer muralhas ou pequenos iglus para proteger-se de ataques e Gina... Gina havia se tornado uma máquina mortífera no uso do fogo, o problema era que o fogo artificial feito pela magia de varinhas era fraco demais para que ela pudesse utilizá-lo como arma. O fogo das fênix era no entanto facilmente controlável e especialmente letal nas mãos de Gina, o que fez sua afinidade com Fawkes aumentar consideravelmente. Ela podia tanto controlar lança-chamas como conter o fogo e retê-lo em seus punhos e pés coisa que ao se combinar com a aptidão no taekwondo a tornava tão perigosa quanto Max, que controlava o fogo também, e era capaz de colocar o corpo todo em combustão numa pequena explosão.
Treinavam suas habilidades lutando entre si. Rony contra Gina e Harry contra Hermione. Max interrompera um desses treinos para falar.
- Hoje, vocês me mostram que a determinação em ajudar o próximo pode ser letal. Sabe você tem aprendido bem mais rápido do que Dumbledore aprendeu. Ele era um gênio mas nem assim pôde abrir tanto a mente para novos ensinamentos quanto vocês. Hoje eu vou torná-los animagos. Alguém tem alguma coisa contra se tornar um animal?
O coração de Rony bateu mais rápido com a idéia. Entusiasmado falou:
- Eu não!
Os outros amigos concordaram.
- Então preparem os espíritos por que hoje a noite a transformação será feita. Até lá quero que escolham o lugar na ilha que mais os acalma e meditem sobre a própria personalidade de vocês. O método do ministério da magia demora demais e não faz aprender a reconhecer a razão de você se transformar em tal animal. Vão e só voltem quando a noite cair.
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Rony seguiu pela floresta. Nunca havia pensado muito bem em como se sentia em um lugar. Só sabia que perto de Hermione ele se sentia completo e feliz. Max disse lugar que o acalma. Senti-se calmo quando tinha que montar uma rede ou dormir nos enormes galhos daquelas árvores milenares. Subiu em uma e tomou posição. Depois de horas nada sentiu além de picadas de mosquitos. O antigo desespero que sentia quando não tinha uma tarefa de poções pronta para entregar no próximo tempo de aula voltou. Tentou se acalmar e viu ao longe, uma massa de grandes animais se movendo uniformemente. Depois de segundos conseguiu diferenciar. Era uma grande alcatéia dos enormes lobos da ilha. Nunca tinha visto tantos. E pensou: “Um lobo sozinho é forte e pode abater presas menores ou até maiores do que ele. Um lobo de alcatéia pode abater presas muito maiores do que ele por tem que o ajude a fazê-lo. Assim sou eu, posso enfrentar um brutamontes e ganhar mas não posso enfrentar dois brutamontes e ganhar. Por isso nunca bati em Malfoy, ele era só uma lesma a ser esmagada mas era muito mais difícil bater em Crabbe ou Goyle. Não seria nada sem meus amigos e minha família. São minha vida e minha coragem.” E chegou á sua conclusão. Levantando-se tomou o caminho da casa de Max.
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Hermione se utilizara de suas habilidades com terra para fazer uma escada até as nuvens nas grandes montanhas que havia visto quando chegara à ilha. Só estivera lá uma vez antes mas fora quando sentira mais paz na ilha. Nas nuvens. Viu ao longe uma tempestade se formando. Resolveu ignorar e se concentrar. Mas ela não sabia o que pensava de si mesma, só sabia o que as outras pessoas lhe diziam que era. Inteligente, temperamental, astuta, dedicada, mas não sabia se podia dizer aquilo de si mesma. Era elogios bons demais de pessoas que a achavam demais. Olhou novamente para a tempestade e viu o lampejo de um raio, em toda a sua velocidade e poder implacáveis. Sim, era isso. Implacável como a terra. Como o raio. Poderosa. Mas não conhecia nenhum animal que pudesse se transformar em um raio. A noite já caia e o crepúsculo já estava no fim. Achou melhor se apressar, sabendo ou não iria virar alguma coisa.
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Gina se separou de Hermione e foi na direção da montanha das fênix. Olhou para cima e viu que já seria noite quando chegasse lá. Nunca havia tentado mas resolveu chamar Fawkes.
- Fawkes! – E ela veio. – Você pode me levar lá no alto?
E ela levou de bom grado. Segurando os ombros de Gina com as garras poderosas.
Uma vez no alto, cercada pelas fênix Gina sentou-se e elas começaram a cantar, confortáveis com a presença da controladora de fogo. O canto do coro das fênix relaxou Gina de uma maneira sobrenatural. Colocou-se a pensar mas em momento algum conseguiu manter o foco em sua própria personalidade. Sua atenção se perdeu no fogo que envolveu uma das fênix mais velhas que conseguiu identificar, pela aparência péssima quando comparada às outras. O fogo, reparou Gina, exercia uma fascinação grande nela desde que era pequena. Quente, explosivo, perigoso, poderoso. Era ela. Gina controlava o fogo, o punha aos seus pés, o dominava, era um com ele, era o fogo em sua essência.
Levantou-se de um salto e novamente com a ajuda de Fawkes, desceu a montanha e correu para onde deveria ir. Viu Hermione na mesma pressa. Sentiu Rony há alguns metros. Nem sinal de Harry.
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Harry viu ao longe seus amigos e sua namorada tomando direções diferentes. Não sabia para onde ir. Naquela ilha não tinha paz, não quando Voldemort ainda estava vivo lá embaixo. Queria estar em Hogwarts, transformando a sala precisa no lugar em que precisava estar.
Harry não foi a lugar algum para pensar. Só correu, deixando o vento impulsionar sua velocidade e relaxando com o a velocidade. Demorou um pouco para Harry se cansar. O treinamento físico havia deixado seqüelas nos corpos dele e de Rony. Estavam mais altos e mais fortes, sem as antigas linhas da infância e com novos traços mais firmes nos rostos. Ombros largos, braços fortes e um tórax proeminente.
Evitava mencionar com o amigo sobre as garotas por que uma era sua irmã e outra namorada mas o fato era que elas também haviam mudado para melhor, deixando o corpo de meninas para trás e tomando as formas e curvas que lhe chamaram atenção.
Harry não parou para ver onde estava. Sentou-se e quase dormiu ouvindo apenas o som da natureza a sua volta. Harry amava a natureza da ilha mais do que a da Terra por causa de sua força e poder intocado, imaculado. Era como se nunca houvesse tido uma pegada humana naquele lugar, como se nunca a mente humana, deturpada pela necessidade de criar, tivesse feito a suposição de que aquele lugar existia. Uma necessidade de proteger aquele lugar, bem como de proteger os seus amigos, sua família, seu tesouro se apoderou de Harry. Proteger. Um guardião, é isso que ele seria dali por diante. Protegeria os amigos, protegeria Gina, protegeria Hogwarts e todos aqueles que merecessem sua proteção e vingaria a morte de todos aqueles que, como ele faria dali para frente. Sacrificaram-se para um bem maior.
Envolto em seus pensamentos de vingança contra Voldemort, Harry nem percebeu quando a aura negra começou a circundar o seu corpo.
Há quilômetros dali, Max sentiu um calafrio perpassando a sua coluna e mais do que depressa sacou sua espada e fechou os olhos em concentração. Rony já havia chegado, disso ele sabia, conseguiu sentir as garotas se aproximando a boa velocidade, mas e Harry? Depois de mais alguns segundo achou-o. Estava distante cerca de dois quilômetros e a maldita energia negra estava saindo dele. “Merda!” pensou. “O moleque é atormentado.”.
Depois de alguns minutos os pensamentos de Harry se voltaram para seus amigos e em seus planos para a luta, em como era injusto e egoísta da sua parte puxá-los, ainda que a contra gosto, para essa luta. Olhou para o céu e se assustou. Só havia uma pequena réstia do sol e Max dissera para chegarem ao cair da noite. Começou sua corrida imediatamente, procurando não chegar atrasado para sua transformação em animago. Quase perdeu seu ânimo quando se deu conta de que não pensara em como era e sim em como queria ser, mas mesmo assim manteve o ritmo. “Melhor virar sem saber do que não virar.”.
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Cerca de cinco minutos depois, Harry chegava esbaforido no local de encontro. O sol tinha sumido atrás das Montanhas três minutos atrás e todos os outros já estavam lá. Antes mesmo que pudesse se desculpar pelo atraso:
- Harry venha até aqui, por favor. – Era Max, chamando-o até um lugar afastado dos outros
- Sim, Max? – Perguntou Harry. – O que foi?
- Sabe, o ritual que eu vou ensinar para vocês é muito complicado e a concentração deve ser total para que ele dê certo, caso contrário a coisa pode sair muito errada. Quando for a sua vez, faça-me o favor de se concentrar apenas nos bons sentimentos que você tem. Pense em Gina, nos seus amigos, pessoas que você goste. Estamos entendidos?
- Sim.
- Certo. Ainda hoje, ou amanha, depende de quando você acordar, eu vou ter uma conversa muito séria com você Harry, mas não pense nela agora, lembre-se: bons sentimentos.
Reuniram-se todos então, em volta de uma grande fogueira. Todos notaram que, ao invés de pedras normais rodeando a fogueira, havia ametistas lá. Havia quatro lugares, um para cada um dos jovens. Sentaram-se, um de frente para o outro, e esperaram por Max.
- Damas e cavalheiros... – Começou Max, como sempre chamava-os formalmente. – O ritual é simples. Para vocês. Não pensem e não se preocupem. Mantenham somente bons sentimentos em suas mentes.
Harry, Rony, Hermione e Gina não teriam sido capazes de ouvir mais, mesmo que houvesse mais. Uma energia começou a vibrar neles, vinda de seus estômagos. Era nova e ao mesmo tempo velha. Nunca a haviam sentido antes mas ao mesmo tempo ela nunca os havia abandonado, sempre lá, sem ser notada. Uma personalidade oculta? Uma outra parte adormecida de suas almas? Não saberiam dizer. Só saberiam dizer que era bom e que ia lentamente preenchendo seus corpos. Formigando em seus membros, pinicando em seus narizes, latejando gostosamente em seus olhos e ouvidos. Mas quando a energia chegou aos ossos todas as outras sensações desapareceram e a dor os preencheu. A agonia também os alcançou quando quiseram coçar os narizes por que o formigando começava a incomodar, quando os olhos e narizes doeram nos latejamentos. Quando os ossos mudavam a dor era indescritível. Chegou num ponto em que a energia fonte da dor vinha em espasmos, terríveis ondas que pareciam demorar séculos a cada vez que chegavam.
Parou. Foi tudo que conseguiram pensar quando, repentinamente, a energia cessou.
Longos minutos, ou talvez horas, se passaram até que algum deles conseguisse reunir coragem para tentar um movimento e quando Rony o fez foi acometido por câimbras em cada músculo utilizado em sua tentativa. Após muito custo, abriu os olhos devagar e o rosto pareceu estalar. Foi quando abriu os olhos que se permitiu respirar, por que o susto foi grande. Era capaz de ver a noite como se fosse dia, mas tinha algo diferente. Uma estranha luminosidade vermelha tomou conta de sua visão. Inspirou fundo, tentando controlar o coração, e vários cheiros diferentes tomaram suas narinas. Alguns mais fortes, outros mais fracos. O mais próximo era familiar, amado, suave mas acentuado, cheiro de inteligência, Hermione. Uma imagem apareceu na mente sua mente. Uma garota de cabelos crespos acertando um belo soco num loiro de ar esnobe.
O outro cheiro era de Gina, facilmente reconhecido, e o outro era de Harry, outra memória. Um garoto sentado sozinho numa cabine de trem, as outras lotadas, iria pedir permissão para sentar.
Ignorando o medo de novas câimbras, Rony se levantou, de quatro. De quatro? Pisava em algo fofo.
Rony olhou para si mesmo. Pêlos negros cobriam-lhe os braços, peito, costa, todo o seu corpo. Tentou falar e um rosnado rouco saiu pela garganta, reverberando pela mesma. Tinha virado algo, grande, muito grande e bem peludo. Deu alguns passos e presas fincaram-se no chão, dando mais estabilidade. Garras. Olhou para baixo e viu as pequenas facas que saíam de seus pés, brancas, sete centímetros ou mais. Letais.
Contemplou-se por minutos a fio e nenhum de seus amigos havia se mexido ainda.
Um som distante fora captado pelos novos ouvidos supersensíveis. Algo lhe chamara a atenção. Um chamado, um lamento, um uivo.
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Harry retomou a consciência cerca de quinze minutos após a partida desabalada de Rony e ao contrário do amigo não tentou se levantar. Suas costas doíam muito e sua cabeça estava girando. Quando abriu os olhos logo viu uma mudança. Era capaz de ver as formigas nas árvores como se estivesse com a cara a milímetros dela. Ouviu as respirações compassadas de três seres, próximos como se respirassem em seu ouvido com força, ouviu os batimentos cardíacos deles como se fosse altos tambores. Tentou se erguer e de forma inconsciente mexeu outras coisas, enormes e pesadas. Com o susto fez outro movimento. Uma cauda! Ignorando qualquer instinto para evitar a dor, levantou-se de um salto. Compridas garras ficaram do solo. Olhou para baixo e viu enormes garras negras, doze centímetros ou mais. Um hipogrifo? Pensou Harry. Olhou para trás. Não. Era maior que um. Talvez não tão alto mas certamente mais forte. O que eram aquelas coisas pesadas nas suas costas? Mais dois membros? Em que havia se transformado? Olhando em volta viu Hermione e Gina desmaiadas. De quem era a terceira respiração? Rony? Onde estava ele por sinal?
Harry vasculhou a área com seus novos olhos. A noite tinha uma coloração amarelada e estava fácil de enxergar. Devia ser conseqüência de qualquer que fosse o ser em que havia se transformado. Mexeu as orelhas num movimento involuntário quando ouviu um coelho correndo apavorado.
Será que ele tinha visto um demônio de olhos amarelos? Pensou Harry. Não suportou a espera. Ninguém acordava para lhe dizer o que havia virado. Foi mirar-se no lago.
A passos largos e desajeitados, caminhou até lá e viu uma criatura que só tinha visto nas gravuras do Livro Monstruoso dos Monstros.
As enormes asas se encolhiam e se encaixavam perfeitamente no corpo enorme de leão. O rabo comprido e que parecia influenciar no seu equilíbrio tinha um tufo de pêlos negros e revoltos, como os seus cabelos.
As garras enormes que havia notado ligavam-se as compridas e nodosas pernas. As penas da suposta ave de rapina começavam próximas aos ombros.
O bico era tão grande e curvo que Harry não fazia a menor idéia de como não o notara antes. Devia ser por que tinha que ficar vesgo para olhá-lo. A similaridade com um gancho não o fez parecer menos perigoso.
A única coisa que o diferenciava de uma enorme águia eram as pontudas orelhas que o faziam se lembrar de um lince.
E quando tentasse se comunicar, rugiria ou piaria? Tentou. Um pio alto saiu de sua garganta e entalou por lá. Certa decepção tomou conta de Harry, esperava algo mais ameaçador do que um rugido. E se tentasse um rugido? Retesou a garganta de modo a imitar um rugido e liberou o ar. Um pio saiu novamente mas foi diferente. Teve uma tonalidade diferente e um efeito diferente. O som foi terrivelmente ameaçador e o efeito foi inesperado. Ele obteve resposta. Por meio segundo considerou a probabilidade de haver outro da sua espécie na ilha, mas isso foi antes de reconhecer a origem das respostas. As fênix ouviram o piado e cantaram em ameaça, não a Harry, mas a qualquer um que o tivesse feito dar aquele alerta, aquele pio terrível.
O efeito nas fênix foi muito maior do que Harry poderia supor. Por muito tempo, antes da extinção quase completa, os grifos e as fênix foram parceiros, e amavam as espécies uns dos outros como às suas próprias. Então os bruxos começaram a domesticar os grifos e as fênix se afastaram deles por que nem todos os humanos eram confiáveis, nem todos os humanos lhes inspiravam o sentimento necessário para segui-los, para garantir sua lealdade e merecê-la através de sua vida. Por isso, quando ouviram o pio se encheram de alegria e de fúria. De alegria por ver um grifo novamente e fúria por acharem algo a desafiá-lo. Desceram a montanha em velocidade assustadora mas acalmaram seus corações ao verem apenas um jovem grifo, olhando assustado em sua direção.
Harry, mesmo sem entender a linguagem das fênix, parecia ter um tipo de percepção extra-sensorial a elas. Captou o convite de voar com elas e mesmo sem jamais tê-lo feito com asas reais teve certeza de que já tinha “idade” o suficiente para acompanhá-las. Foi com elas e durante horas e mais horas teve a oportunidade de conhecê-las e conversar com elas. Além de muito velhas, eram extremamente sábias e amorosas, ouviu pôde até mesmo interpretar tarefas e uma intelectualidade talvez superior a de muitos humanos, de uma forma diferente. Ao passo que os humanos eram criadores inigualáveis, as fênix eram muito mais avançadas em técnicas de convivência e aceitação entre diferentes. Ambos dotados de inteligência o homem usou a sua de modo a evoluir de modo científico e as fênix de modo a aprender a viver entre os seus. Contaram a Harry que escolhiam a dedo os humanos que seriam capazes de compreender sua filosofia. Contaram que não se revelavam a mais humanos por que não tinham certeza do modo que reagiriam. Não queriam de forma alguma ser idolatradas como símbolos de imortalidade como sua lenda já era em algumas partes do mundo e Inteligência do homem poderia até criar formas de mantê-las prisioneiras, coisa que a falta de contato evitou por milênios.
Por muitas horas Harry voou entre elas e o sol já despontava quando se despedia e tomava o rumo do acampamento improvisado.
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Gina pôs-se de pé de um salto. De pé? Estava de quatro. Mas os joelhos não esticavam mais. Suas pernas e braços estavam totalmente esticados. Acordara transformada? Em quê? Olhou para as pernas dianteiras, ou os braços. Estava coberta por pêlos de uma coloração alaranjada. Uma sensação desconfortável na boca. Um dente fazendo uma curva para fora da boca? Não. Um par de presas fazendo uma curva para fora da boca.
Garras enormes nas patas. Novos músculos, poderosos. Uma cauda mantendo seus equilíbrio. Queria gritar, voltar a sua forma normal. Cadê o Harry? Cadê o meu irmão? Cadê a Mione? E o Max? O Grito se formou no peito e explodiu na garganta como um rugido, seguido da mais bela exibição de fogos que já havia visto. Nenhum dos dragões do Torneio Tribuxo era capaz de lançar chamas tão belas. Lentamente ela se acalmou. Aquela não era ela. Gina Weasley não ficava com medo só por que não tinha ninguém para tomar conta dela. Era mais forte que aquela garotinha assustada. O medo foi dando lugar para a euforia. Tinha estado meio nervosa com a possibilidade de virar algo comum como um pássaro ou qualquer outro bicho trouxa. Mas não, transformara-se em algum tipo de felino bem grande que lançava chamas pela boca. Rony não iria caçoar dela. Onde estava seu irmão? Sentia o cheiro de Hermione mas só via uma massa de pêlos enorme e não identificada, mas que já dava mostras de voltar a consciência. E Harry, onde estaria? O cheiro dele estava ali mas sumia. Subia para o alto, até onde seu novo e poderoso olfato não alcançava. Max dormia profundamente, encostado em uma árvore afastada, pelo jeito o ritual tomara muito de suas energias. Também pudera, acelerar um processo de metamorfose daquele modo devia ser difícil, para não dizer impossível.
Perdida em seus pensamentos Gina nem viu Hermione acordando. Não teria nem esperanças de ouvir algo por que assim que Hermione notou as mudanças que havia sofrido o novo corpo passou a descarregar tanta energia elétrica que a levantou no ar. Sem som. Hermione viu patas mas não viu pelos. Sentiu sua cauda e a nova força que tinha em seu corpo. Mas era esse o problema, ela só sentia. Por mais que abrisse os olhos nada via. Estava cega! Tomada pelo medo sua reação foi até calma. Um grunhido baixo, que chamou a atenção de Gina e em seguida um rugido maior e mais violento.
Gina ouviu um som vindo do local onde o ser que era Hermione estivera dormindo e mais do que depressa se virou. Viu um enorme felino, aparentemente feito de pura energia, com compridos pêlos brancos e muito espetados por onde correntes elétricas passavam a cada segundo, com olhos brancos como jóias e enormes presas, também brancas como marfim. Teve um décimo de segundo para notar que ela estava assustada. Um décimo de segundo porque logo após o som que lhe chamara a atenção veio outro, um rugido e uma explosão brilhante. Tentou se evadir da onda de energia que percorreu o espaço entre ela e Hermione em uma fração de segundo mas não foi rápida o bastante e sentiu um choque absurdamente doloroso percorrer todo o seu corpo. O choque começou pela cauda e percorreu toda a extensão da espinha sem efeitos colaterais mas quando chegou ao cérebro de Gina forçou a transformação da fera em garota novamente e jogou-a em inconsciência instantânea.
Ao deixar escapar o rugido Hermione sentiu uma onda de energia escapar pelo corpo repetidas vezes. O efeito foi o menos esperado. Por onde a onda passava deixava inúmeros resíduos de eletricidade que, aparentemente, seus olhos eram capazes de ver. Então era assim que veria o mundo ao seu redor? Legal! Era com um radar de morcego. O medo inicial da cegueira foi substituída por uma euforia. Infelizmente tal euforia também desapareceu quando viu que algo ou alguém fora atingido pela onda. Um enorme animal, mal distinguido estava caindo e, logo em seguida, transformando-se em sua forma original. Uma garota.
Mais uma vez o raciocínio rápido de Hermione logo a levou à solução. Pela lógica, devia ser Gina a pessoa que for atingida. Se ninguém mais fora atingido, Rony e Harry não estavam por perto e nem Max. Ela tinha que voltar à sua forma humana para fazer os primeiros socorros à Gina. Mas como se voltava à forma humana?
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Rony correra a toda velocidade e alcançara uma enorme matilha dos lobos e logo fora aceito entre eles. Mais uma boca na caça seria uma de grande valia. O único lobo que ficara insatisfeito com a chegada do novato for a o macho Alpha. Afinal o novato era enorme até entre os grandes de sua raça e ele sentia-se ameaçado pela presença do grandalhão. Conseguiria vencê-lo em briga? Manteria sua posição?
Rony entendia os novos companheiros melhor do que entendia Hermione e seus papos sobre sentimentalismo e entrosava-se naquele meio, que parecia achar sua presença valiosa.
Repentinamente pôde sentir uma grande onda de magia vinda do acampamento. As engrenagens funcionado a todo vapor. Algo saíra realmente errado. Para quê tanta magia seria necessária?
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Harry estava longe demais para sentir algo mas seu coração se apertou e seus pensamentos desviaram-se da conversa com as fênix para Gina. Já passara muito tempo fora e o sol já era visível. Educadamente, despediu-se e tomou o rumo de casa, batendo asas com toda força e regulando o equilíbrio com a cauda. Harry sentia a velocidade aumentar vertiginosamente. Nunca voara tão rápido com vassoura alguma. Em pouco tempo avistou o acampamento. Seus novos olhos viram ao longe um enorme lobo negro, correndo da floresta, rápido como um raio, um borrão negro contra o verde escuro da grama ao amanhecer. Os olhos azuis, tão conhecidos brilharam vermelhos e por um segundo Harry pensou que aquele não fosse Rony e que talvez devesse atacá-lo, impedindo-o de chegar ao acampamento. Mas quando o avistou nos céus o latido claro como uma das risadas de seu melhor amigo ecoou em seus ouvidos como um tambor.
Agora o que lhe chamava a atenção era o tumulto que se formava no acampamento, agora já próximo,
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Acordado pelo enorme pulsar de energia liberado por Hermione, Max fora o primeiro a chegar ao local e encontrar uma enorme Raijju, próxima ao corpo inanimado de Gina. Temendo pelo pior, seu primeiro impulso foi o de correr até Gina e ajudar-lhe mas, deduzindo que a fera fosse um dos seus pupilos e eu se assustaria ao vê-lo preferiu primeiro obrigar-lhe a voltar a forma humana.
- Homo fera – Mentalizou o velho.
Hermione sentiu o corpo diminuindo a visão voltando ao normal. Estaria voltando a ser humana?
- O que aconteceu? – Era a voz de Max.
- Max!
- Responda!
- Eu... Eu acho que... Que eu dei-lhe um choque sem querer. Acordei na minha forma animaga e estava cega, fiquei com medo e dei um rugido e quando vi ela já estava assim. Minha nossa, me desculpe. Ela vai ficar bem?
Max analisou-a por breves instantes.
- O coração ainda bate e está estável. Acho que ela só ficou inconsciente. Como excelente aluna de transfiguração, espero que saiba como forçar um animago voltar a sua forma humana. Transforme Rony e Harry, eles estão chegando aí.
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Horas mais tarde Max sai de casa, já acompanhado por Gina que parecia bem melhor. Harry abraçou-a com força e não deu sinal de querer soltá-la durante alguns segundos. Cedeu lugar a Rony que fez o mesmo. Hermione, quase chorando, repetiu que sentia muito várias vezes. Coisa que nem era necessária, já que Max explicara as circunstâncias do acidente e que reação de Hermione era muito mais do que aceitável diante da cegueira repentina. Após os sentimentalismos Max pigarreou duramente, chamando atenção para si:
- Eu acho que o que aconteceu aqui hoje, apesar de ter sido um acidente, prova que o retorno de vocês ao mundo deve se atrasar uma pouco mais. Tenho muitos feitiços a lhes ensinar e vocês vão perder algum tempo ainda para controlar a transformação de vocês.
- Max...
- Não permitirei que contestem minha decisão Harry. Sei que programaram suas voltas para daqui a seis meses mas acho que talvez um pouco mais de tempo seja necessário. Vocês ainda não treinaram legilimência nem oclumência, ainda não os ensinei feitiços, azarações e maldições avançadas e ainda não lhes dei suas armas. No mínimo um ano a mais. Posso acelerar o processo em um ou dois meses mas não mais do que isso.
Embora não concordasse em certos pontos com Max, Harry logo viu que aquele tempo não seria perdido. Antes que piscasse novamente o tempo teria passado e eles estariam de volta para travar a guerra que decidiria o que aconteceria com o mundo.
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