Godric´s Hollow



A festa do casamento parecia muito divertida do lado de fora. Mas Harry, Hermione e Rony saíram sorrateiramente para ir ao encontro do perigo. Não queriam se despedir, por tornaria a partida mais difícil e Harry tinha medo de que Gina quisesse fugir com eles.

- Só espero que a gente volte a ver todo mundo. – Comentou Rony olhando tristemente para a festa.

- Também espero... – Concordou Harry com a voz penosa.

- Ah, vocês vão ficar choramingando aqui? – Perguntou Hermione puxando os dois e fazendo-os andar. - Se for pra salvar o mundo vamos logo! Eu não prestei atenção em todas as aulas nesses seis anos de estudo só para ganhar NOM´s e NIEM´s não!

Harry e Rony olharam-se exasperados e foram andando até atrás do salão de festas.

- Como vamos chegar na minha casa para pegar as mochilas e coisas para viagem? – Perguntou Rony aflito.

- Não é óbvio? É pra isso que serve aparatação. – Disse Hermione
sorrindo. – Ah, vamos logo. – Completou sumindo.

- Ela às vezes é muito apressada. – Disse Rony fechando os olhos. – Toca... Minha casa... Toca... – E sumiu.

Harry olhou mais uma vez para o salão de festas, e pela janela viu Gina dançando. E com um sentimento de perda, aparatou também.

Os três foram em direção A Toca e pegaram mochilas, mantimentos, varinhas, capa para viagem, capa de invisibilidade, a carta de RAB, roupas...
Harry só parou de arrumar suas coisas quando viu a caixinha onde estava o anel de sua mãe em cima da cabeceira de Rony, que provavelmente colocara ali. Pegou um papel e escreveu rapidamente.

Gina,

Estou partindo, mas deixo aqui a esperança de retornar.
Mas se não conseguir, se morrer for preciso, deixo esse anel que era da minha mãe para que você nunca mais se esqueça que um dia estivemos juntos.
E se algo de ruim acontecer, por favor, não deixe de viver por minha causa se alguma hora isso lhe passou pela cabeça.
Te amo.
Adeus ou até logo.

Beijo,

Harry.


Harry colocou a mochila nas costas, pegou a caixinha e a carta e foi até o quarto de Gina onde estava Hermione. Colocou a carta em cima da mesinha de cabeceira e a caixinha em cima da carta. Saiu do quarto sem ao menos olhar para Mione.

Desceu as escadas e ficou sentado na mesa de jantar esperando os dois amigos. Não demorou muito e os dois apareceram.

- Harry, tem idéia de como chegaremos a Godric´s Hollow? – Perguntou Hermione enquanto descia as escadas atrás de Rony com sua mochila nas costas.

- Não, mas o nôitebus provavelmente sabe. – Disse Harry levantando e indo até a porta. – Vamos? – Abriu a porta e saiu por ela. Foi andando com Hermione e Rony atrás dele e parou de repente. – Rony sabe pra onde é a estrada?

- Sei sim. – Respondeu Rony prontamente - Vamos andando a frente que chegaremos lá em uns dez minutos.

- Mas Harry, o nôibus não é muito seguro para a gente não é? – Comentou Hermione alarmada - Vão te reconhecer Harry... E isso não é lá uma boa idéia...

-Ah, mas eu vou com a minha capa da invisibilidade. – Explicou Harry - Ninguém conhece vocês como meus amigos, não vão estranhar que vocês estejam lá, só que estejam desacompanhados... Qualquer pergunta digam que estão fugindo para se casar...

- É o que? – Assustou-se Rony.

- É tão difícil pra você assim? – Perguntou Hermione indignada.

- Não Mione... – Respondeu Rony envergonhado. - É só que... Me pegou de surpresa...

- Hum. – Resmungou Hermione.

Foram andando sem conversar. Harry tinha a impressão que se começasse a falar o seu café da manhã daria “oi” para Rony e Hermione, e os dois pareciam sentir o mesmo, pois estavam com as bocas fortemente fechadas.
Depois de uns dez minutos como previra Rony, chegaram à estrada e Harry tirou a capa de invisibilidade da bolsa (com enorme dificuldade devido à bagunça lá dentro) e colocou-a. Imediatamente Rony e Hermione levantaram as varinhas e abruptamente, um grande ônibus roxo berrante de três andares apareceu diante deles. Segundos depois saltou do ônibus um rapaz de uniforme roxo e anunciou em claro e bom som:

- Bem-vindos ao Nôitibus andante, o transporte de emergência para bruxos e bruxas perdidos. Basta esticar a mão da varinha, subir a bordo e podemos levá-lo aonde quiser. Meu nome é Vitor Mármoc e serei seu condutor nesta tarde.

Harry olhou para o condutor e lembrou-se de Lalau que estava sofrendo em Askaban sem ter feito nada.

- Escuta, Você pode nos levar para Godric´s Hollow? – Perguntou Hermione insegura.

- Ah sim! Claro que sim... Mas o que vocês dois estão fazendo sozinhos? – Perguntou Vitor intrigado – Nesses tempos... É melhor sempre estar acompanhado por adultos não é mesmo?

- Ah... Somos maiores de idade... – Respondeu Hermione.

- E estamos fugindo para nos casar! – Disse Rony colocando o braço em volto à cintura de Hermione.

- Meu Deus! Mas isso é muito imprudente! – Exclamou Vítor assombrado. – Mas não posso reprimi-los por tomar essa decisão... Nunca se sabe se nós vamos sobreviver não é mesmo?

Harry sentiu um solavanco na barriga.

- É. Nós achamos que já era hora, não é querida? – Disse Rony já exagerando na conversa.

- É querido, mas podemos entrar Vitor, por favor? – Perguntou Hermione educadamente.

- São onze sicles, mas por catorze você ganha chocolate quente e por quinze um saco de água quente e uma escova de dente da cor que você quiser.

- Ah, sim obrigada. – Disse Hermione pagando vinte e oito sicles e entrou no nôitebus. Harry entrou atrás de Hermione sem que Vitor percebesse e Rony entrou atrás pagando onze sicles.

- A sua noiva já pagou a sua passagem. – Argumentou Vitor que recebera trinta e nove sicles.

- Ah, não! – Respondeu Hermione – Paguei catorze extras para uma instalação das melhores e o chocolate quente que a gente pedir...

- Ah, não fazemos isso, mas acho que não faz mal! – Disse Vitor. – Entrem, entrem, que vou acompanhá-los para o melhor dos lugares. – E foi andando para o final do nôitibus e os três viram apenas um bruxo e uma bruxa sentados nas cadeiras.- Ernesto! Não vai até eu mandar porque esses aqui são VIPs. – E continuou conduzindo Rony e Hermione. Subiu uma escadaria e não havia ninguém no segundo andar... Duas e também não havia ninguém... E foi até a frente do nôitibus onde havia uma salinha fechada. Vitor abriu a porta e os três viram que o aposento tinha uma cama de casal e poltronas por todo lugar... Harry suspeitou que haviam enfeitiçado para de fora parecer pequeno e por dentro ser um quarto enorme de uma mansão.

- Ah obrigado! – Agradeceu Hermione animada. – Poderia trazer para a gente três chocolates quentes?

- Três? – Perguntou Vitor olhando para os lados procurando outra pessoa.

- É que eu sempre repito. – Respondeu Hermione sorrindo simpaticamente.

- Ah sim, entendo. – Disse Vitor sorrindo e descendo as escadas.

- Vamos entrar? – Convidou Hermione a Rony e o Harry invisível, entrando no quarto logo depois.

Rony entrou no quarto e logo depois entrou Harry que fechou a porta e tirou a capa.

- Harry fique com a capa, caso Vitor volte... – Aconselhou Hermione alarmada.

- Ah, calma. – Disse Harry virando-se para a porta e apontou a varinha para ela. – Abaffiato! – E logo em seguida trancou a porta coma chave que havia ali.

- Você acha que a pessoa que se aproximar da porta não vai escutar o que nós falamos? – Perguntou Hermione olhando Rony que estava deitado na cama de casal.

- Ah, não sei, mas acho que se não funcionar, essa sala provavelmente tem algum feitiço para que ninguém escute. – Respondeu Harry - Privacidade né?

- Mas e se não tiver? – Perguntou Hermione.

- Ah, vamos falar baixo então que as paredes cuidam de abafar a nossa voz. – Respondeu Harry sorrindo.

- Como esse quarto é maneiro cara! – Exclamou Rony que estava a muito tempo sem falar.

- Muito... – Respondeu Hermione que olhava carinhosamente pra Rony.

- Ahm... Banheiro. – Disse Harry apressando-se para a porta do outro lado e entrando. Achou que estava atrapalhando os dois a se entenderem. Colocou a orelha na porta e conseguiu escutar perfeitamente.

- É Mione... Que papelão da gente né? – Disse Rony claramente puxando assunto.

- Pois é... Quem diria a gente fugindo para se casar? – Comentou Hermione rindo.

- Mas por que você acha tão difícil? –Perguntou Rony de cara amarrada.

- A gente nunca foi muito de se dar bem, não é mesmo? – Respondeu Hermione.

- Ah... É... Mas porque a gente tem brigado nesses últimos tempos? Por causa da Lilá e do... Hum... Vitinho... – Comentou Rony amarrando a cara.

- Mas não sei porque a gente tem brigado por essas coisas. – Disse Hermione com um tom de levemente carinhoso.

- Ah, você tinha ciúme pela Lilá não é Hermione?- Disse Rony rindo. Harry segurou a respiração porque não achou o que ele disse muito apropriado.

- Eu? CIÚME? Pelo amor de Deus! – Replicou Hermione brava.

- Ah, Hermione... Dava pra perceber sabe! – Defendeu-se Rony com a voz vacilante.

- Ah é? E o que você diz sobre seus acessos quando recebia cartas do Vítor? – Alfinetou Hermione com a voz cortante.

- Ah, ele era um babaca mesmo... – Resmungou Rony mal humorado.

- Ah eh? Pois eu o acho muito legal! Ao contrário de você! – Indignou-se Hermione.

Agora Harry sabia que a conversa ia acabar mal. Os dois brigavam demais... Nunca se entendiam... Mas quando Rony ia começar a falar, alguém bateu na porta.

- Senhorita? Trouxe os chocolate quentes que me pediu... – Disse Vítor por trás da porta.

- Ah Obrigado. – Disse Hermione depois de abrir a porta e pegou dois chocolates quentes e sentou na cama. Colocou uma caneca na mesa de cabeceira e outra começou a tomar. Harry já estava se sentindo ridículo olhando pela fechadura desde que bateram na porta. E quando ia levantar, Rony foi até a porta e pegou seu chocolate quente também e Vítor saiu fechando a porta.

- Obrigado pela gentileza Hermione. – Disse Rony bebendo seu chocolate quente enquanto sentava numa poltrona longe da cama onde estava ela.

- Você acha que eu ia pegar algo pra você? Você é tão rude, e espera que eu seja educada? – Brigou Hermione.

- Se você quer assim então assim será. – Disse Rony levantando-se da poltrona e foi até Hermione.

O que ele foi fazer Harry não sabia. O buraco da fechadura não possibilitava toda essa visão. Levantou e sentou-se então na privada com a tampa fechada para não surpreender os amigos seja lá o que eles estivessem fazendo. E tinha uma boa idéia do que. Quando achou que poderia sair, abriu a porta e demorou uns segundos para sair, para dar tempo aos amigos fingirem que não tinha acontecido nada.

- E aí cara, pensei que não ia sair nunca. – Disse Rony sentado do outro lado da cama em que estava Hermione com o rosto muito vermelho. Harry simplesmente respondeu com um sorriso de uma forma que pretendia ser simpático.

Depois disso, passaram o tempo dentro do nôitibus em silêncio tomando seus chocolates quentes. Mas não demorou nada para Vítor voltar a bater na porta (Harry colocou rapidamente a capa e derramou um pouco de chocolate na blusa) e pedir para que o acompanhassem, pois o destino deles não estava muito longe.

Desceram para o primeiro andar e se seguraram para não cair quando o nôitibus parou. Hermione desceu agradecendo a hospitalidade, Harry desceu silencioso e furtivo e Rony desceu logo atrás calado. Quando o ônibus roxo sumiu, Harry tirou a capa e guardou dentro da mochila.

- Ah Harry, acho que não é lá uma boa idéia você ficar andando por aí sem sua capa. – Aconselhou Hermione.

- Hermione, os únicos que temos de temer são os comensais e pelo que eu sei, eles sabem muito bem que vocês são meus amigos.

- Mas Harry, o que você puder fazer para se sobressair pouco, você tem que fazer. – Argumentou Hermione.

- Relaxa Hermione, deixa o Harry relaxar. – Disse Rony tranqüilo.

- Bom, se vocês não estão preocupados, - Começou a ralhar Hermione com ar de desaprovação - então que arcam com as conseqüências depois, porque eu particularmente não concor...

- Tá Mione, já entedemos o recado. – Disse Harry mal humorado seguindo sem capa para a vila, e os dois foram andando atrás.

A partir da distância que andavam, conseguiam ver as casas se aproximando. Era uma vila como Hogsmeade, e parecia bem viva e movimentada. Ficou se perguntando se seus pais não haviam escolhido mal o lugar para se esconderem de Voldemort.

Quando chegaram, ao que pareceu a Harry, a rua principal, andaram por ela encantados. Havia lojas por todos os lugares e poucas ruas com algumas casinhas que davam na que estavam. Rony e Harry ficaram particularmente encantados com uma loja onde havia vassouras de todos os jeitos fabricados a mão pelo dono da loja.

- O trabalho artesanal tem sido abandonado sabe! Todos dão muito valor ao tempo e fazendo tudo na varinha! Mas quando se faz com carinho e lentamente com as mãos, mesmo que uns digam que seja um modo muito trouxa de produção, a coisa sai muito mais bem feita e bonita! Só uso a varinha no processo final. O de encantamento. – Explicou o dono da loja muito simpático.

Mas Hermione ficou mais impressionada com uma biblioteca que havia ao lado de uma livraria. Por um momento não sabia onde entrava primeiro, mas acabou entrando na biblioteca, onde alegava que poderia “ler um pouco mais sobre os assuntos que abordam os livros”. E tinha razão, pois na livraria o vendedor disse “compra primeiro, depois lê”.
Passaram por lojas de roupas, de jóias, de varinhas, de animais... Só não havia muitas lojas para compra de material escolar. Mas de início já estavam assustados por ser uma vila bruxa. Achavam que seria trouxa, para melhor esconderijo dos pais de Harry.

Quando já estavam no fim da rua principal, encontraram um pub, “Rugido do leão”, e entraram. O lugar era de paredes brancas e piso branco com as mesas e cadeiras vermelhas e detalhes dourados. O balcão era branco com detalhes dourados e o barman era alto, moreno, de cabelos cacheados e olhos negros. Estava conversando com uma mulher de cabelos ruivos que estava de costas para o trio. Harry se sentou à mesa perto do balcão e Hermione e Rony o acompanharam e sentaram nas cadeiras da mesma mesa. Uma garçonete veio atendê-los.

- Qual será o pedido, queridos? – Disse ela que aparentava uns cinqüenta anos e estava com uma calça vermelha e uma blusinha branca.

- Ah, três cervejas amanteigadas, por favor? – Pediu Harry educadamente.

- Sim, senhor. E sabe, o senhor parece muito com seu pai, Harry. – Disse ela sorrindo. – Só que Thiago não tinha essa cicatriz – Concluiu saindo para pegar as cervejas.

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