Lua de mel???
JERICOACOARA
Gina olha para o mar enquanto sua bagagem é descarregada. Está exausta da viagem. Não sei como os trouxas conseguem. Pensa.
O acesso à vila é complicado. Eles tiveram que pegar um avião para o Rio de Janeiro. De lá para Fortaleza. Em Fortaleza entraram em contato com uma agência de turismo que providenciou o transporte até a cidade. Foram horas de ônibus e buggy até chegar.
Mas valeu a pena. Pensa. O lugar é lindo. Perfeito para uma lua de mel...
Gina para atônita. O que eu estou pensando? Estou aqui em missão. Não posso ficar tendo estes pensamentos. Olha pra Harry que está preenchendo a ficha da pousada.
Harry a chama e eles vão para o quarto.
NO QUARTO
As acomodações são relativamente simples. O quarto é decorado em amarelo com vários quadros de paisagens. Um guarda roupa não muito grande, uma mesa num canto, duas mesinhas de cabeceira uma de cada lado da cama de casal. Cama de casal?!
Gina – Só há uma cama...
Harry (deitando-se) – Estou vendo...
Gina – Vamos ter que pedir outro quarto
Harry olha pra Gina como se não acreditasse. – Você está esquecendo de um detalhe. Somos um casal em lua de mel! Como vou explicar que minha “esposa” quer trocar a cama de casal?
Gina (desconcertada) – Eu posso conjurar uma cama.
Harry – Não! Esqueceu as instruções? Devemos agir como trouxas até descobrir o que está acontecendo.
Gina olha pra Harry. Pode jurar que ele está se divertindo com a situação. Ela olha para os lados como quem procura um sofá, um tapete, qualquer coisa – Eu não posso dormir com você!
Harry (sorrindo) – Sou tão irresistível assim?
Gina pega a sua varinha
Harry – Não se esqueça... Nada de magia...
Harry aproxima-se – Estamos esquecendo um detalhe
Ele tira algo do bolso. Ela vê uma aliança. Ele coloca uma e põe a outra no dedo de Gina. – Pronto! Agora somos um casal! (sorri) – Será que eu não mereço nem um beijinho?
Gina olha pra ele furiosa e dirige-se ao banheiro.
Harry vê Gina afastar-se com um sorriso nos lábios. Ela está com raiva, pensa.
Eu não tenho culpa da Selene ter se acidentado... Mas não posso dizer que achei ruim!
Ele decide sair do quarto e dar a Gina um tempo sozinha.
NA RECEPÇÃO
Harry dirige-se ao recepcionista (N/A – para facilitar o meu lado, não há problemas de linguagem) – Aqui é lindo!
Recepcionista – Sim. Mas o número de visitas caiu depois dos acidentes. Para de falar como quem disse o que não devia.
Harry – Não se preocupe. Eu sei de tudo. A agência achou melhor nos colocar a par. Mas não quisemos desistir da viagem. Mas você pode me dizer o que está acontecendo?
Recepcionista – Ninguém sabe direito. Começou com um turista que estava no mar. Ele saiu correndo, dizendo que havia sido atacado por alguma coisa. Os hóspedes achavam que era um tubarão, mas nunca tivemos tubarões por aqui. E ele não estava em águas profundas!
Harry está calado ouvindo.
Recepcionista – Depois foram dois turistas que morreram no espaço de uma semana. Sem nenhum motivo. Simplesmente morreram. E na semana passada, tivemos um vendaval terrível. Isso nunca acontece por aqui. Algumas casas foram destruídas. Houve vários feridos. Uma mulher morreu. (para e suspira) – Os turistas estão cancelando as reservas. Se isso continuar as pousadas fecharão. Será o fim da nossa cidade.
Antes que Harry possa falar alguma coisa ele vê Gina dirigindo-se a ele. Harry chega até ela e beija seu pescoço. – Estamos em lua de mel, lembra? – sussurra.
Gina sente um arrepio. Harry a conduz de volta ao quarto abraçado a ela. Ele está se aproveitando da situação. Pensa.
NO QUARTO
Gina – Agora você pode me soltar.
Harry olha pra ela. – Bem, vou tomar um banho.
Gina olha para a cama de casal. Vai ser complicado. Se ao menos eu pudesse utilizar um feitiço para aumentar a cama... Ela senta-se na cama e passa a mão sobre ela. Não, as instruções são claras. Não posso me arriscar.
Harry sai do banheiro enrolado na toalha. Abre a sua mala e começa a procurar uma roupa como se estivesse sozinho no quarto.
Ele tira a toalha. Gina pode ver que ele está de calção de banho. Seu corpo é bem definido sem ser muito malhado. Harry é um rapaz que chama atenção. Controle-se Gina! Recrimina-se
Harry – Vi que há um restaurante na beira da praia. Logo ali do lado. As pessoas estão todas de roupa de banho. Estive pensando. A gente pode ir almoçar lá e sondar o ambiente.
Gina – Vou me trocar.
Gina veste um biquíni verde e uma saída de praia da mesma cor. Ela o havia comprado para o final de semana que passaria com Blaise. Se eu soubesse...
NO RESTAURANTE
Eles acabaram de almoçar. Comeram moqueca de camarão e tomaram refrigerantes. Harry resolveu experimentar a caipirinha. Uma bebida típica brasileira.
Harry – Notou alguma coisa diferente?
Gina – Não... Me parece uma cidade de praia comum
Harry – Eu também não... Mas pela conversa que tive com o recepcionista. Andam acontecendo coisas estranhas.
Gina – Eu vou dar uma olhada nas lojinhas de artesanato. Quem sabe eu descubro alguma coisa.
Harry – Vou com você
Gina – Não... Fique e tente conversar com os garçons. Geralmente eles sabem tudo que acontece.
Gina dirige-se a loja de artesanato. De lá pode ver Harry pedir outra caipirinha e conversar com o garçom
Ela começa a examinar as mercadorias e aproveita para estabelecer conversa com a vendedora.
Gina – vocês costumam vender bastante, não?
Vendedora – Esse mês as vendas caíram um pouco (suspira). Mas espero que melhore. De onde a senhora é?
Gina – Inglaterra. Vocês costumam receber muitos turistas do meu país?
Vendedora – Sim... Há mais ou menos um mês. Uma mulher inglesa esteve aqui. Meio estranha ela...
A vendedora continua falando, mas Gina não está prestando atenção. Ela olha para a mesa de Harry onde há uma garota conversando com ele.
A garota usa um biquíni mínimo e se insinua claramente pra Harry. Gina fica vermelha. Quem ele pensa que é?
Ela para atônita. Ciúmes... Não. Definitivamente não! Mas também com esse biquíni. Até uma estátua de pedra olharia.
Gina, num impulso, pergunta para a vendedora – Vocês vendem biquínis?
Vendedora – Claro! Biquínis brasileiros fazem o maior sucesso. Pega o mostruário e passa a falar dos biquínis
Ela sai da loja com um embrulho na mão. Dirige-se a mesa onde Harry está. A garota está sentada com ele e passa o tempo todo sorrindo.
Harry vê Gina caminhar em sua direção. Eu conheço esse olhar... Pensa. Ta na cara que Gina não gostou de ver essa garota na mesa. Mas o que eu posso fazer? Tenho que me aproveitar para conversar com o máximo de pessoas e se a garota veio até a mim...
Ele se levanta e abraça Gina – minha esposa – diz para a garota sem largar a ruiva.
A garota murmura um cumprimento e se levanta meio desconcertada.
Gina – Estou cansada. Podemos ir para o hotel?
Harry (sorrindo) – Cuidado! Podem pensar que você está com ciúmes.
Começa a anoitecer. No caminho para a pousada Harry e Gina vêem várias pessoas em cima de um morro.
NA POUSADA
Gina vai para o quarto sem falar com Harry. Ele aproveita para conversar um pouco mais com o recepcionista. Sabe que se entrar agora vai ser briga na certa.
Harry (para o recepcionista) – Quando estava voltando vi várias pessoas em cima de um morro
Recepcionista – É a duna do por do sol. Ela é famosa aqui em Jeri. Pena que hoje vocês perderam. Mas não podem deixar de ver o nosso por do sol. É lindo.
Harry – Amanhã nós vamos. Vou entrar agora. Minha esposa está me esperando
O recepcionista lança a Harry um sorriso de cumplicidade. Ele sabe como são casais em lua de mel...
Harry entra Gina está deitada. Com os olhos fechados
Harry fica olhando, contendo a vontade de passar a mão em seus cabelos. Ele resolve tomar um banho frio. Acho que vou precisar de muitos...
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