Epílogo: Just like Heaven



Epílogo




Just like heaven




No alto da primeira página do Profeta Diário de terça-feira, dia 5 de outubro de 1999, via-se uma foto de Harry Potter beijando, de forma pouco inglesa, uma jovem em pleno Beco Diagonal. A manchete:

Fisgado!
É isso mesmo. Quer saber por quem? Rita Skeeter conta tudo em Bruxedos e Babados, o caderno central do Profeta.


– Você pediu – resmungou Rony à mesa do café.

Harry se limitou a um suspiro indiferente, enquanto Hermione abria o jornal nas páginas centrais.

– Que ótimo – ela ironizou – não bastavam as fofocas normais que esse jornal inventa, agora eles têm uma seção especializada. Aff...

– Obrigado Monstro – Harry aceitou a xícara de chá servida pelo elfo, que também colocou um prato de ovos mexidos na sua frente. Por algum motivo que o rapaz não alcançou, Monstro só resmungou de volta e se afastou. – Eu vou querer saber o que está escrito aí dentro? – perguntou para Hermione escondida atrás do jornal. Ela tinha dormido novamente no largo Grimmauld. Parecia um hábito de longa data, os três juntos, embora houvesse, sem dúvida, a novidade de ela, agora, ocupar o quarto com Rony, e uma ou outra cena constrangedora, que Harry tentava com afinco evitar ser testemunha. De fato, era quase como se ela estivesse morando com eles, pois a mãe dela vivia viajando e a diferença dos mundos das duas as tinha feito terem vidas bem diferentes.

– Querer não, mas devia.

– Lê logo – falou Rony se servindo de uma quantidade tão absurda de torradas que Hermione o olhou franzindo a testa. – O que foi? Estou com fome, tá? E não faça essa cara, você sabe o mot... – Hermione enfiou uma das torradas dentro da boca do namorado sem nenhuma cerimônia. O rapaz engoliu, mas não conseguiu evitar um olhar cúmplice para Harry. Durou menos de um segundo, depois ele fechou a cara. – Nemjem! Indatôbrajococê!

– Eu percebi – disse Harry sem parecer nem um pouco afetado com a "brabeza" de Rony. O amigo ficara chocado com o anúncio da noite anterior, como se Harry estivesse pretendendo uma pegadinha ou algo assim. Contudo, Harry conhecia Rony suficientemente bem para saber que ele tinha gostado da atitude séria do amigo. E, das caretas de Rony, Harry não tinha medo. – Mione, por favor?

– Ok.

Harry Potter (19) conhecido como o menino-que-sobreviveu, o eleito, o herói, parece ter finalmente encontrado a metade da sua laranja, ou será que não? Um ano depois da guerra e o jovem mais admirado do mundo bruxo vinha se mantendo afastado de qualquer relacionamento estável. Há algumas semanas, essa repórter noticiou que a jovem Bridget Mansfield (20) havia conquistado o seu coração. Ao menos foi o que pensaram todos os que os viram na festa da Confederação Internacional dos Bruxos, realizada no romântico castelo de Chenonceau (França) em agosto passado. Porém, Harry Potter se mostrou um homem volúvel e, sem cerimônia, dispensou a antiga colega de escola. Uma atitude que não se esperaria de um bruxo com a história dele.

– Eu juro que um dia ainda esqueço a minha história e faço picadinho dessa gárgula velha – Harry mordeu m pãozinho com raiva.

Hermione leu algumas linhas à frente e abriu a boca indignada.

– Se quiser ajuda é só chamar. Essa filha da...

– Mione! – exclamou Rony horrorizado.

– Qual é Rony? Você vive dizendo palavrões o tempo todo.

– Eu sim – ele se defendeu –, mas você dizer é algo contra a natureza.

A garota rolou os olhos.

– É? Então escute isso aqui.

Na festa, já se pode notar o estranho comportamento de Harry Potter, quando ele saiu correndo atrás de sua "amiga" de longa data, Hermione Granger (25) (Hei! Eu não tenho 25! Ah como eu odeio ela! Mione. Tá! Vocês não viram o resto.) Poucos dias depois, Bridget Mansfield recebeu a mim, Rita Skeeter, em seu gracioso apartamento em Londres e me contou tudinho. Muito emocionada, ela me relatou toda a história do estranho rompimento de seu namoro com o Eleito. (Eu nunca namorei com ela!) Bridget me contou a forma cruel como o jovem, que tantas vezes foi heróico, destruiu as suas inocentes e doces ilusões, dizendo-lhe, sem o menor tato, estar apaixonado por outra.

Mas quem seria a misteriosa garota a controlar os desejos de Harry Potter? Minhas apostas voltaram para a ambiciosa Srta. Granger que, como todos sabem, não só já teve um caso com Harry Potter e Vítor Krum ao mesmo tempo, como também possui uma insidiosa ascendência sobre o menino-que-sobreviveu desde tenra idade.
(Viu como não sou só eu que me lembro do Krum?) Mas se alguém esperava um romance entre os dois amigos de infância, a realidade se mostrou dura e decepcionante. A Srta. Granger pode ter sido o pivô do término do namoro entre Harry Potter e Bridget Mansfield, mas ela não quis mais que isso. Seguindo o seu jogo, a "amiga" iniciou um namoro tórrido com o melhor amigo de Harry Potter, Ronald Weasley (19). As fotos do casal, abaixo, foram tiradas na saída do Ministério e mostram tanto a relação explícita entre a Srta. Granger e o Sr. Weasley, como o óbvio desconforto de Harry Potter.

Rony olhou a foto por cima do braço de Hermione.

– Verdade. Você está com cara de enterro.

– Harry tinha acabado de terminar com a Gina.

– Como você sabe?

– Eu me lembro da roupa que eu estava usando – disse Hermione sem lhe dar muita trela. – Essa nojenta! Só porque se registrou como anímaga acha que agora pode... Grrrr... Esperem só! Eu...

– Mione – pediu Harry – sabemos quem a Skeeter é. O que mais ela diz?

Com as feições contraídas de fúria, Hermione voltou os olhos ao jornal.

E a garota beijada, tão apaixonadamente, por Harry Potter ontem à noite no beco Diagonal? Quem é ela? Bem, meus caros leitores, esta não era ninguém menos que Ginevra Molly Weasley (18), irmã do mesmo Ronald Weasley. Se é amor? Quem pode saber? Da parte de Harry Potter, talvez sim. Afinal, a Srta. Weasley, pelo que se pode apurar, sempre foi famosa por sua atuação no Quadribol escolar – inclusive há boatos de que será contratada pelo harpias de Holyhead para a próxima temporada (mais na pag. 13) – e por sua popularidade com os rapazes (leia sobre os inúmeros namorados de Gina Weasley na contracapa). Talvez não. Afinal, Harry Potter já mostrou que é difícil de ser fisgado, como atestam Cho Chang e Bridget Mansfield (mais sobre os relacionamentos do Eleito no box desta matéria) e, bem, nunca se sabe qual será a decisão sobre seus namoros a ser tomada pela sua "mui amiga" Hermione Granger.

– Certo – disse Rony com uma careta – você pode xingá-la do que quiser. Ela merece. Essa vaca!

Hermione tremia de indignação.

– Ah, mas ela não perde por esperar, eu vou... vou...

A porta da cozinha abriu e Gina entrou.

– Bom dia... Nossa, pelo visto vocês já leram a matéria da Skeeter, não é?

Ela se aproximou da mesa e Harry abriu espaço para ela sentar no seu colo. Gina lhe deu um beijo longo, enquanto Hermione rosnava do outro lado da mesa.

– Ela pegou pesado – reclamou Rony.

– Nem me fale. Fiquei furiosa quando li. Depois tive de me acalmar para poder acalmar a mamãe. Ela sim ficou subindo pelas paredes. Mas era de se esperar, não era? – comentou Gina. – Skeeter tem pavor da Mione, acha que notícias escabrosas sobre o Harry vendem mais do que qualquer coisa, adora a fama de destruidora de reputações e, não tem muita simpatia por mim desde o baile de Chenonceau. Acho que só salva você Rony.

O rapaz negou com a cabeça e abraçou uma bufante e indignada Hermione. Harry achou melhor mudar de assunto.

– E aí? Sua mãe se acalmou? Digo, com a gente.

– Ah sim. Veio me acordar com café na cama hoje. Queria discutir o vestido. Não se preocupe, amor. Ela foi sincera ontem quando disse que sempre esperou, sempre quis, mas que estava assustada com a nossa pressa. Foi por isso que ela pareceu nervosa quando contamos. Ela só não quer ver os bebês dela – Gina lançou um olhar para o irmão – crescidos tão rapidamente.

– O que você falou para ela na cozinha? – quis saber Harry. – Ela voltou mais calma, depois que vocês foram até lá pegar petiscos para tomarmos com o Hidromel que seu pai abriu, para comemorar.

Gina inclinou a cabeça e fez uma caretinha.

– Eu joguei um pouquinho baixo.

– O que você chama de um pouquinho baixo? – quis saber Rony subitamente interessado.

– Disse que ela casou com a minha idade.

– Isso não chega a ser jogar baixo – falou Hermione, mais calma.

– Eu disse que pelo menos não estava casando com o meu filho mais velho encomendado.

– Gina!

A indignação veio de Harry e Hermione. Rony riu.

– Ela odeia que a gente comente isso. Vem sempre com: eram os anos sessenta, ou nós nascemos um para o outro e vocês não tem nada a ver com isso. Ou, a minha favorita, "Artur! Por que diabos você contou isso para os garotos?"

– E o papai responde – Gina se empertigou para imitar a voz do pai. – "Molly querida, eles sabem fazer contas. Quem falou da data do casamento foi você e não podemos mentir a data do nascimento do Gui." – Os dois irmãos dividiram a piada particular até Gina voltar a ficar séria. – Ela ficou bem mais mansa depois disso, não se preocupe. Além do mais, você tem duas vantagens sobre todas as pessoas que vieram a casar com os filhos dela.

– É mesmo? Quais?

– Ela te ama como se você fosse um de nós e você é genro e não nora (sinto muito, Mione). Então, se prepare para ser mais mimado do que já é.

Harry sorriu.

– É, mas se você comprar àquela casa perto da Toca, que ela sugeriu, só para agradar a sogrinha, – falou Rony – eu rompo relações com você.

Um prato caiu no chão com estrondo. Monstro o tinha deixado cair e quando todos se voltaram para ele, sem se controlar, o elfo caiu no choro. Os quatro jovens se aproximaram apavorados perguntando o que havia acontecido.

– Harry Potter vai embora de novo – berrou o elfo. – Monstro vai ficar sozinho com sua senhora. Monstro não se importa, meu senhor sabe o que faz, mas... – ele nem conseguia falar de tanto que soluçava. Era a declaração de amor mais inusitada que Harry já havia recebido e, certamente, de uma fonte inesperada. Ele trocou um sorriso com Gina e depois se ajoelhou diante do elfo.

– Monstro, eu não estou pensando em deixar você para trás. Sei que adora esta casa e você pode vir e dormir aqui e ficar aqui quantas horas você quiser. Mas se você concordar, Gina e eu ficaríamos muito felizes em contar com a sua ajuda para organizarmos o nosso novo lar.

Hermione aprovou com a cabeça as palavras de Harry e Monstro parou a choradeira. O rosto enrugado tinha uma expressão de alívio e beatitude.

– Meu senhor, vai levar o Monstro?

– Se você quiser ir conosco.

Monstro saltou no mesmo lugar e seus olhos se focaram em Gina como se nunca a tivesse visto.

– E a menina Weasley vai ser a minha senhora.

– É – confirmou Gina completamente sem jeito, parecia jamais ter pensado naquilo.

– Sim, ela será Monstro – garantiu Harry.

O elfo manteve os olhos grandes nela por um longo tempo e depois, lhe deu o que pareceu ser um quase sorriso com os dentes feios e gastos.

– Então eu preciso saber tudo o que a minha senhora gosta – disse muito afirmativo.

Harry se ergueu e enlaçou Gina com o braço.

– Não se preocupe, Monstro. Vamos fazer essa listinha juntos.




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Manchete do Profeta Diário de segunda-feira, dia 18 de outubro de 1999. Uma foto do castelo bruxo mais famoso da Grã-Bretanha cercado por curiosos e repórteres.

Mistério em Hogwarts!
Aurores, o Ministro da Magia em pessoa e Harry Potter, ingredientes explosivos para um sábado na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Você achava que não havia mais o que temer? Então leia a história central desta edição.


– Se ela falou alguma coisa contra os meus filhos de novo... Juro que vou transformá-la num iaque tão fedorento que ela terá de ficar a quilômetros da civilização.

O Sr. Weasley, de quem ela tinha tomado o jornal assim que chegou, apenas cruzou as mãos sobre o colo e se embalou na cadeira de balanço.

– Skeeter parece ter mais raiva de Harry e Hermione que dos garotos.

– De quem você acha que estou falando, Artur?

O marido deu um pequeno sorriso de assentimento antes de falar.

– Pensei que você tinha tirado o jornal das minhas mãos para ler a notícia para nós dois.

– Sim, sim, espere. – Ela abriu o jornal e ajeitou os óculos sobre a ponte do nariz. – Os dois estavam na sala da Toca, em frente à lareira crepitante. – Aqui!

Nossas fontes informaram que a movimentação teve início nas primeiras horas da tarde de sábado, 16, passado. Harry Potter, o Ministro da Magia Kingsley Schacklebolt e mais uma grande quantidade de bruxos – dos famosos amigos de Potter até figuras completamente desconhecidas da seção de Aurores do Ministério da Magia – se deslocaram da aldeia de Hogsmead para a escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. O inusitado da situação colocou em alerta toda a impressa britânica.

– É interessante como ela distorce as coisas – comentou Artur. – Quem colocou a imprensa em alerta foi ela e só porque achou que mais pressão a faria descobrir o que estava acontecendo.

– Sim – rosnou a Sra. Weasley de mau humor – e ela só soube porque tem seguido o pobrezinho do Harry dia e noite. Aquela vadia doente!

– Molly...

– Certo.

Após horas de especulação e uma explosão que foi ouvida do lado de fora do castelo, o Ministro Schacklebolt concordou em conceder uma coletiva para a imprensa diretamente do Salão Principal do castelo. A coletiva, porém, por decisão do Ministro só foi realizada ontem à tarde, o que deixou por horas o povo bruxo da Grã-Bretanha sem saber o que estava acontecendo. Notícias sobre crianças feridas, um monstro à solta no castelo, a morte de Harry Potter e até mesmo do retorno daquele sobre-o-qual-ainda-não-se-deve-falar, correram de boca em boca deixando apreensivos todos os que se amontoavam nos portões do castelo.

– Quanto você quer apostar que tem dedo dela nesses boatos?

– Nem um sicle, Molly. Ela com certeza espalhou todos eles. Continue.

– Humpf! E como será que ela soube que houve feridos?

– Ela deduziu por causa da explosão.

Molly largou o jornal sobre o colo.

– E a sua perna como está?

– Em perfeito estado, querida. Pomfrey a emendou imediatamente.

– Você tem que se conscientizar de que não é mais um menino Artur! Não pode se meter nessas coisas – ela o arreliou.

– Já fiquei tempo demais sentado em casa enquanto Harry e Rony se arriscavam Molly. Essa foi a primeira vez que eles me incluíram, eu não ia deixar os dois sozinhos.

A mulher sorriu toda orgulhosa e se inclinou para lhe apalpar o braço.

– Você foi muito corajoso, meu bem. Nem sei o que teria acontecido se você não tivesse puxado Harry quando aquilo começou a desmoronar.

– Não foi nada demais Molly. Na verdade, acho que fui imprudente, pois foi Harry quem conjurou o escudo que nos protegeu. Aliás, você teve notícias deles está manhã?

– Gina me enviou uma coruja. Disse que ele está bem. – Ela fez uma expressão preocupada. – Espero que Rita Skeeter não faça uma matéria escandalosa se descobrir que Gina passou a noite no largo Grimmauld. Talvez devêssemos tê-los trazido para cá.

– Rita Skeeter não tem nada a ver com isso – sentenciou Artur. – E o irmão de Gina também mora naquela casa.

Molly olhou o marido por cima dos óculos, com uma expressão descrente.

– Eles vão se casar em breve, Molly. Rita Skeeter que invente histórias para vender jornais. As pessoas não acreditam mais nela como antes. Todos admiram Harry e querem vê-lo bem. Além disso...

Ele parou com uma expressão conformada.

– Eu sei, eu sei... – concordou Molly – eles estão felizes, o Harry merece, mas a minha Gina ainda é tão menina.

– Só para nós, Molly, só para nós. Vamos, meu bem, não chore – ele lhe estendeu prontamente um lenço. – Continue a ler, sim?

A mulher aspirou fundo e voltou a pegar o jornal novamente.

Finalmente, na tarde de domingo, as autoridades bruxas concordaram em dar as informações que a sociedade demandava. Segue abaixo a transcrição completa do pronunciamento e da coletiva concedida pelo Ministro Kingsley Shacklebolt (a maior parte dos comentários foi retirada por exigência do Ministério, que considerou que estes ocultavam e distorciam fatos. O Profeta Diário, órgão que dá voz à população bruxa da Grã-Bretanha faz aqui sua manifestação a favor da liberdade de imprensa).

– Liberdade de imprensa, pois sim? – resmungou Molly. – Tenho certeza de que ela tinha enchido isso aqui de veneno, aquela...

– Querida, prossiga – pediu Artur carinhosamente.

‘Boa tarde Senhores, senhoras! Eu gostaria de dizer algumas palavras antes de abrir para perguntas. Há cerca de uma semana, o Ministério recebeu uma informação sigilosa e preocupante. Uma investigação levada á cabo por nossa seção de Aurores havia descoberto que o bruxo das trevas conhecido como Voldemort, que tantos horrores causou há cerca de um ano atrás, poderia ter deixado magias perigosas e comprometedoras e que estariam em Hogwarts. A preocupação do Ministério com a segurança de nossas crianças e do mundo bruxo ocasionou a ação empreendia ontem à tarde por Aurores, funcionários Ministeriais e professores da escola. Devo informar que o resultado foi totalmente satisfatório e que hoje, posso afirmar, com plena segurança, que eliminamos esta ameaça.’

Nesse momento, um rebuliço entre os jornalistas, deu início às perguntas.

– Ministro, Rita Skeeter do Profeta Diário, me parece que o seu pronunciamento teve uma boa dose de enrolação. Afinal, de que perigo o Ministério supostamente nos livrou?

– Um
nome de poder, Srta. Skeeter.

Um ohh coletivo varreu a platéia.

– O Sr. Ministro está querendo nos dizendo que Aquele-que-ainda-não-deve-ser-nomeado fez um nome de poder? (Mais informações no box desta matéria).

– É exatamente o que estou dizendo. Nossos investigadores chegaram à conclusão de que Voldemort não apenas fez um nome de poder como o escondeu em Hogwarts. E foi essa a ameaça que eliminamos.

– Ministro, Charlotte Barry do Semanário das Bruxas, quem esteve envolvido na investigação?

– Nossa equipe de Aurores.

– Correm boatos de que Harry Potter esteve envolvido.

– Harry Potter é membro da equipe de Aurores do Ministério.

– O senhor não respondeu...

– Sim, eu respondi.

– Sr. Ministro, Dennis Crevey d’A Folha Bruxa Internacional, o que foi a explosão ouvida do lado de fora da escola?

– A explosão se deveu a destruição do lugar onde o nome de poder estava escondido.

– Que lugar era esse?

– As lendas sobre esta escola chamavam aquele lugar de Câmara Secreta.

– O senhor só pode estar brincando Ministro. Todos sabem que a Câmara Secreta construída por Salazar Slytherin, nesta escola, é uma fantasia. Uma historinha para assustar crianças levadas e nascidos trouxas. Eu mesmo procurei a Câmara quando estudei aqui.

– Eu não duvido, Srta. Skeeter. Mas a Câmara é uma realidade. Foi descoberta por Harry Potter e Ronald e Gina Weasley há sete anos.

– Mas e o monstro que diziam habitar a Câmara?

– O Sr. Potter o matou, Srta Barry.

– Hahaha, isso é uma piada Ministro? Quer nos fazer acreditar que havia nesta escola uma Câmara Secreta com um monstro de mil anos e que Harry Potter matou este monstro?

– Não Srta. Skeeter. Longe de mim quer fazê-la acreditar em qualquer coisa que não sejam suas próprias notícias. Estou apenas relatando a verdade. Alguém tem outra pergunta?

– Eu! Lino Jordan, Rádio Bruxa Britânica. Ministro, o senhor poderia nos descrever de que forma o
nome de poderfoi encontrado e destruído?

– Bem, Lino, não há porque esconder. Coisas assim devem ser divulgadas para que possam ser estudadas e evitadas. A ignorância jamais salvou os bruxos de coisa alguma. Vou relatar o que aconteceu. O grupo que se dispôs a participar desta ação desceu até os patamares abaixo das masmorras da escola, o lugar onde, sob o lago, foi construída a Câmara Secreta por Salazar Slytherin. No centro da Câmara encontramos esqueleto do basilísco que anteriormente habitava o lugar.

– O monstro era um basilísco?

– Sim, Srta. Barry. Bem, começamos as buscas e acabamos encontrando o lugar onde nome de poder estava escondido dentro de uma imensa efígie de Slytherin que foi esculpida lá em baixo.

– Quem encontrou, Ministro?

– Harry Potter e Gina Weasley, Sr. Creevey. Os dois já haviam estado nas partes mais profundas a Câmara. Foram eles que nos guiaram até o cofre onde o
nome de poderestava guardado. A seguir e reunindo os esforços dos bruxos presentes, o nome de poder foi destruído.

– Ministro... er, Paula Mantegna da Rede de Notícias Bruxas para a América Latina. Sabe-se que o nome de poder deve ser alojado em um substrato mantido vivo por meio de magia ou de enorme fragilidade, pois a resistência do frágil ao tempo é o que produz a força do bruxo.

– Exatamente. Vejo que fez a lição de casa Srta. Mantegna.

– O senhor poderia nos dizer qual o substrato usado... é... nesse feitiço.

O Ministro fez uma pausa, tomou um longo copo de água e uma movimentação ao fundo informou aos jornalistas que o meio-gigante Hagrid, conhecido amigo de Harry Potter, se retirou do local com o rosto escondido em um lenço de proporções imensas.

– O substrato usado foi um coração de unicórnio.

A comoção tomou conta dos presentes.

– Há certeza disso?

– Infelizmente sim, Srta. Mantegna. O coração foi identificado pela Srta Lovegood e pelo Professor Hagrid.

– Ministro?

– Sim, Lino.

– Quem destruiu o substrato? Podemos saber?

– Com certeza. Depois de tomadas todas as medidas de segurança cabíveis, Harry Potter exercendo sua função de Auror foi o responsável por transpassar o coração com um punhal, tendo a ajuda de Neville Longbotton. Eu mesmo e a Srta. Granger, que nos acompanhou, fomos responsáveis por apagar definitivamente o
nome de poder, destruindo a pedra em que ele foi escrito e que fora colocada dentro do coração do unicórnio.

– Então, o Harry salvou o dia de novo, não é?

– É o grande talento dele como sempre soubemos, Lino.

– E a explosão?

– Bem, Sr. Creevey, nosso trabalho liberou poderosas quantidades de magia e o teto da Câmara cedeu. Além do desmoronamento, o lugar foi invadido pela água do lago. Devo ressaltar que a coragem e a habilidade dos homens e mulheres lá embaixo permitiram que todos saíssem vivos de lá.

– Ou seja, ninguém pode comprovar que ele existiu, não é?

– Se quiser promover uma excursão subaquática, Srta. Skeeter, peça permissão à diretora. Tenho certeza de que os sereianos acharão sua visita encantadora. Sim, Srta. Barry?

– Onde está Harry Potter agora? Por que ele não veio participar da coletiva? Ele se feriu? Devemos nos inquietar com o seu estado de saúde?

– Fico sensibilizado com a sua preocupação, Srta. Barry. Mas posso afirmar que Harry Potter encontra-se muito bem, assim como todas as pessoas que participaram da ação. Tivemos apenas escoriações leves, prontamente cuidadas pela eficiente enfermeira da escola, Madame Pomfrey.

– Ainda assim, Ministro. Gostaríamos de fazer algumas perguntas diretamente para o “Herói”.

– Eu tenho certeza disso, Srta. Skeeter. Mas Harry tirou licença para tratar de assuntos pessoais e, por recomendação médica, irá descansar alguns dias, em casa, sob os cuidados dos amigos e da noiva.

– Então é verdade? Harry Potter está mesmo de casamento marcado com Gina Weasley?

– Isso não é um assunto ministerial, Srta. Mantegna e tampouco dessa coletiva.

– Mas é verdade? Podemos noticiar isso, Ministro? Ou é só um boato?

– Sr. Creevey, acho que apenas a família pode confirmar uma coisa dessas.

– E quando será o casamento?

– A pergunta quando é irrelevante se não soubermos onde, não é mesmo, Sr. Ministro?

O Ministro ignorou as duas últimas perguntas, feitas por Dennis Creevey e por esta repórter, deu a coletiva por encerrada e, em seguida, a imprensa foi convidada a se retirar da escola. A diretora pareceu achar que atrapalharíamos os estudantes se fizéssemos perguntas sobre o que aconteceu no sábado. Ou, talvez, tenham querido nos esconder os ferimentos que a explosão causada pelo Ministério na escola tenha infligido a crianças inocentes. As perguntas continuam. Afinal, quem e de que forma chegou à descoberta do nome do poder feito pelo pior bruxo das Trevas dos últimos mil anos? A repetição do nome de Harry Potter tantas vezes nessa entrevista não deixa margem para dúvidas. Será que o menino-que-sobreviveu continua a guardar segredos? Que outras macabras magias o chamado Lorde das Trevas terá deixado como uma herança do mal? Até que ponto podemos confiar que o novo Ministério está se empenhando em nos defender? Ou será que continua a deixar tudo nas mãos de seu “garoto dourado”?

Mas todas estas perguntas, agora, parecem ter ficado apagadas pela nova grande fofoca do mundo bruxo. Harry Potter vai se casar! Quando? Onde? Mais mistérios. E se você não pensa sequer em ser convidado para o enlace, confie, Rita Skeeter vai trazer todas as notícias em primeira mão para você.


– É, ela vai tentar – suspirou Artur.

– Nem que ela se transforme numa mosquinha, ela vai entrar no casamento da minha filha!

– Ela pode ser transformar num besouro.

Molly se ergueu e com um floreio de varinha conjurou um mata-moscas vermelho enorme. Pegou-o pelo cabo e bateu na mesa com violência.

– Ela que tente.



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Manchete do Semanário das Bruxas, edição da primeira semana de fevereiro de 2000. Nela, uma imagem em preto e branco da costa da Grã-Bretanha encimada por um fosforescente e piscante ponto de interrogação.

Capa:
Onde?
A pergunta de todos os bruxos britânicos parece que não será respondida antes da realização do mais comentado casamento do século. Todos os mistérios do enlace entre Harry Potter e Gina Weasley na pág. 12.


Matéria:
Cenas de um casamento, por Charlotte Barry.
Primeiro foi o furo de reportagem de Rita Skeeter anunciando que, finalmente, Harry Potter havia se rendido aos encantos da bela Gina Weasley, irmão de seu melhor amigo, Rony Weasley. Depois vieram os boatos sobre um casamento próximo entre os dois. O próprio Ministro da Magia, inadvertidamente, confirmou esses boatos em uma coletiva em outubro passado. Desde então, o mundo mágico parece ter se incendiado com a curiosidade sobre o evento.

Não bastasse a notoriedade do noivo, as impressionantes atuação de Gina Weasley na pré-temporada do campeonato nacional fizeram apenas crescer a avidez do público sobre os detalhes envolvendo o casamento. Em poucos meses, e mesmo antes de estrear na liga profissional, a futura Sra. Potter já foi alçada às categorias de promessa, revelação e, claro, musa do esporte.

No entanto, para a decepção da maioria, um verdadeiro muro de segredo e proteção se ergueu em torno dos noivos. Mesmo repórteres com grande “tenacidade” investigativa, como a própria Rita Skeeter – autora do furo inicial – não conseguira saber mais sobre a data que um vago “fevereiro”. Logo, o casamento mais esperado e comentado que se tem notícias pode acontecer a qualquer momento. Pode estar ocorrendo agora, enquanto você lê esta revista!

Detalhes? Nenhum. Nada vazou. E não é apenas do local da cerimônia que estou falando. Nada se sabe sobre a decoração ou sequer sobre o vestido da noiva. Entrevistada por Paula Mantegna, Madame Malkins, uma das mais importantes modistas bruxas de Londres, jura que não é ela quem o está fazendo. Correm boatos de o vestido estar sendo feito na França por Lefaton, o renomado costureiro, que teria sido apresentado á noiva por sua cunhada francesa, Fleur Delacour-Weasley. Mas nada foi confirmado e há quem garanta que Gina se casará com um vestido feito em um ateliê chique, mas do lado trouxa da capital inglesa.

Nosso colega Denis Creevey conseguiu umas palavras da noiva em dezembro, logo após a sua estréia no Harpias de Holyhead num amistoso contra os Tornados. Embora Gina afirmasse que só responderia perguntas sobre Quadribol, o astucioso jornalista conseguiu que ela respondesse esta:
”Srta. Weasley como vai conciliar o seu casamento, que todos dizem ser para logo, com a sua carreira no esporte?” Sem se abalar, a resposta da musa esportiva calou a boca de muitos boateiros de plantão. “Normalmente. Acho que não terei nenhum problema com isso até começar a pensar em ter filhos.” Porém, quem esperava que ela fosse aprofundar o assunto, se frustrou, e os repórteres que continuaram a perguntar foram ameaçados por Guga Jones de serem expulsos do local.

Os convidados também são um mistério. Nem sabemos se convites foram enviados. E, se alguém recebeu, nega terminantemente.

Lino Jordan, o único jornalista com uma ligação próxima da família Weasley, tem se mantido fora das buscas pelas notícias do casamento do século. Aliás, especula-se que ele tenha sido um das fontes de boatos que levaram repórteres e curiosos a viajarem para a Groenlândia e para a Ilha da Madeira em busca de falsas cerimônias do enlace Weasley-Potter.

O Ministro da Magia, Kingsley Schacklebolt, que nunca fez segredo nem de sua admiração nem de sua amizade com o Eleito, disse em seu programa de rádio semanal: Os bruxos e o Ministro, que não responderia nem uma pergunta sobre o casamento Weastter (como as revistas têm chamado), mas que não se negaria a falar de impostos e contas públicas. A audiência do programa baixou 8 pontos.

Foram colocadas vigilâncias, por jornalistas, fotógrafos e curiosos, próximas a Ottery St. Catchpole, onde mora a noiva – ao que parece a casa foi novamente escondida, como ocorreu durante a guerra – e também ao largo Grimmauld, no sul de Londres, onde se sabe que Harry Potter herdou a antiga mansão Black, embora ninguém que não tenha sido expressamente convidado consiga localizá-la. Houve quem tenha colocado postos em Hogwarts e Hogsmead. Mas após a diretora da escola, Minerva McGonagall, ter azarado Rita Skeeter por perseguir alunos para saber se havia preparativos no castelo, o entusiasmo pela região arrefeceu.

Está repórter tem as suas apostas em Godric’s Hallow, local onde Harry Potter nasceu. Mas até agora nenhuma movimentação que sequer indique uma cerimônia ou uma festa foi vista.

Assim, se você não recebeu nenhum convite até agora ou não receber, pelo menos, até o final desta semana, é melhor desistir e aguardar para que algum bruxo tenha a sensibilidade de publicar fotos do casamento. Isso porque, como eu, vai ser apenas assim que você poderá estar presente. A não ser que você esteja desenvolvendo algum novo tipo de mágica. Nesse caso, mande uma coruja para a redação. Estamos desesperados por aqui.




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– Minha senhora Morgana de todas as fadas... Gina... Você está...

Os olhos de Artur diziam mais que as palavras.

– Obrigada papai.

Ele se aproximou e beijou-a na testa.

– Estão todos esperando você.

Gina se virou e conferiu sua imagem uma última vez no espelho. Estavam numa saleta contígua à entrada de uma pequena igreja rural situada no povoado de Mould-on-the-Wold.

Fora uma grande dor de cabeça escolher o lugar para se casarem, e Gina tinha certeza de que Harry ainda se ressentia um pouco por não poder realizar a cerimônia em Godric’s Hallow. Contudo, nenhum deles jamais pudera imaginar no que tudo aquilo havia se transformado. Uma verdadeira febre em torno do casamento do século, do enlace Weastter, como a imprensa apelidara. Gina sacudiu brevemente a cabeça para afastar aquilo da mente. Se perguntava se as pessoas não tinham nada melhor para fazer. Viver as próprias vidas, por exemplo.

Depois de muitas discussões, a igreja de Mould-on-the-Wold parecera perfeita. Não era tão distante de Godric’s Hallow e Harry ainda poderia ter a sensação de que seus pais e Dumbledore – que nascera nesta aldeia – estariam presentes. Por outro lado, essa era uma das únicas que tinha um padre bruxo. Gina o achara encantador ao conhecê-lo. Lembrava muito o fantasma do Frei Gorducho da Lufa-lufa. Ele rira da comparação, pois disse que o fantasma fora praticamente seu melhor amigo durante o tempo em que freqüentara Hogwarts.

A moça do espelho sorriu de volta para ela e Gina alisou o vestido em frente ao corpo. Nunca imaginara que Muriel guardasse uma coisa tão bonita e tão diferente dela própria. Fora o vestido de casamento de sua filha, Madelaine, e, surpreendentemente, a tia havia consentido que Gina mudasse algumas coisas para tornar o modelo mais atual. Não fora preciso muito. Gina se encantara com a simplicidade delicada do vestido. Nada de caudas pomposas ou bordados engenhosos e saias cheias de babados e mais babados. Era apenas branco, liso e elegante, o que contrastava e destacava o seu longo cabelo vermelho. Gina achou que o corte esguio a deixara até mais alta ao seguir a linha do corpo e abrir um pouco na saia. A partir dos quadris o tecido se cobria de renda chantily até as mangas compridas, porém a pele ficava à mostra acima do busto, onde o tecido falhava e os ombros apareciam completamente descobertos. A tiara da família encimava o cabelo sem véu e tramado com pérolas, flores minúsculas e fios de prata. Gina a ajeitou um pouquinho, lembrando que Muriel exigira que ela a usasse: “Está se casando com Harry Potter, menina! Não com um qualquer!”

– Está perfeita, meu bem – disse Artur às suas costas. – Vamos?

Ele lhe ofereceu o braço e Gina enganchou sem conseguir dizer qualquer coisa. O pai pressionou seus dedos gelados e sorriu.

– Hum, eu não devia estar apressando você, não é? Na verdade, devia estar perguntando se você não quer ir para casa, tomar uma xícara de chocolate quente e ouvir uma história antes de ir dormir agarrada naquela sua boneca velha.

Ela só conseguiu rir um pouco, mas novamente não achou palavras para dizer.

– Então – ele inclinou o rosto para olhá-la de frente – nenhuma chance de você voltar a ser a minha garotinha?

Gina teve a impressão de que seus olhos a traíram, mesmo que seus lábios apenas sorrissem para o pai.

– Ok, ok. Não chore. Sua cunhada Fleur me mataria se você entrasse borrada depois de passar tanto tempo maquiando-a. Não falo mais da boneca, nem a chamo de velha. – Ele voltou a se empertigar, pigarreou e piscou várias vezes, os olhos muito brilhantes por trás dos óculos de aro de tartaruga.

– Papai...

– Não se preocupe, minha querida. Estou bem. Mais feliz do que posso dizer. Tem coisas que os pais sabem, entende... Acho que sempre soube e fico muito feliz que seja o Harry. O rapaz tem uma sorte danada – ele se esforçou para sorrir.

Ela deu um risinho nervoso, mas finalmente a pressão na sua garganta lhe deixou responder alguma coisa.

– Fred e Jorge não acham isso. Disseram que o Harry não sabe a fria em que está se metendo.

Gina achou que o pai daria contra os dois irmãos, mas ele sorriu largo e colocou a mão no trinco da porta que levava à nave e pressionou-o para saírem.

– Oh, eu acho que ele sabe exatamente...

– Papai!

– E está ansioso.

As portas abriram e os rostos sorridentes de Hermione e Luna, suas damas de companhia, foram a última coisa realmente nítida que Gina viu. As duas moças caminharam a sua frente e alguns segundos depois – Gina não saberia precisar quantos, porque seu coração tinha saído do controle, aumentando de tamanho dentro do peito – o pai a forçou suavemente a andar para segui-las.

A igreja lhe pareceu vazia, embora ela pudesse a cada passo localizar rostos e mais rostos conhecidos e sorridentes. Porém, nunca, no futuro, se lembraria dos detalhes. As flores que tinha escolhido com tanto cuidado lhe foram invisíveis. E nem chegou a perceber a beleza das esculturas de gelo permanente, dispostas nas laterais da nave. Elas imitavam árvores de galhos secos e tinham sido iluminadas por minúsculas fadas de inverno – presente de Vítor Krum, que Harry não pudera deixar de convidar para o completo desespero de Rony. Registrou vagamente a sombra de Hagrid, num canto extremo da igrejinha, assoando violentamente o nariz e lhe acenando e mais adiante havia uma estranhamente emocionada Professora McGonagall. Na primeira fila, Neville e Ana Abbot com grandes sorrisos e mãos dadas. No altar, a primeira coisa que Gina viu foi a mãe. Molly chorava sem reservas, amparada por Gui que havia entrado com ela na igreja. Localizou Rony sorrindo nervoso e alargando o colarinho a cada dois segundos.

Harry estava lá. E depois de encontrá-lo, Gina não se lembrava de mais nada que não fosse ele. O sorriso, os passos até ela, o aperto de mão e o abraço em Artur, a mão quente dele envolvendo a sua completamente gelada, o caminhar unido até o altar, as primeiras palavras do sacerdote chegando de muito longe.

– Queridos amigos... Estamos aqui hoje para celebrar a união destes dois jovens...

Harry se inclinou até estar perto do ouvido dela.

– Talvez... – sussurrou – devêssemos ter fugido.

Gina só conseguiu dar um risinho nervoso e concordar. Tentou com afinco ouvir as palavras que eram ditas, mas tinha certeza absoluta de que não se lembraria de nenhuma delas mais tarde. Mal compreendeu os votos ditos por Harry e os dela saíram mecânicos porque ela se perdia cada vez que olhava nos olhos dele. Quando o sacerdote sacou a varinha e lançou as fagulhas douradas que circulavam os noivos, Gina finalmente sorriu solta e feliz. Harry colocou as mãos na sua cintura e se inclinou para beijá-la. Algo explodiu à volta deles e Gina não conseguiu nem mesmo localizar o som: palmas? Gritos? Fogos? Coisas choveram sobre eles, mas novamente os olhos de Gina não conseguiram ver se foram flores, balões, arroz, ou tudo isso. Só conseguia ver Harry. Só conseguia saber que não conhecia nenhuma palavra capaz de definir o que estava sentindo. Só conseguia se perguntar se ele estaria tão feliz quanto ela.

Harry abraçou-a e a ergueu alto, o barulho do mundo explodindo em torno deles não deixou que ela identificasse as palavras. Ele acenava, ria, cumprimentava, voltava a abraçá-la. Várias pessoas a abraçaram, e Gina as identificou mais pelo calor que pelos rostos borrados: Hermione, sua mãe, Luna, seu pai, seus irmãos, um a um.

Quando enfim conseguiram se mover para fora da igreja, indo em direção à tenda branca e aquecida preparada para a festa, foi que finalmente pode ouvir alguma coisa do que lhe diziam. Harry voltou a falar no seu ouvido.

– Está gostando?

– Muito!

– Feliz?

Ela riu e confirmou com a cabeça.

– No céu.

– Certo – o sorriso dele parecia ser a única coisa capaz de controlar seus reflexos e o coração desordenado. – Então me avise quando for a hora.

– Hora? Hora de quê?

– De raptá-la, Sra. Potter.




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N/B Sônia: Certo, está todo mundo achando que enlouqueci, aqui! Estou rindo, chorando e falei pro chefe me deixar em paz, sem muitos rodeios e tudo ao mesmo tempo! =O – Rio de prazer e encantamento com a leitura deste sucesso estrondoso de minha Anam Cara, que é “Just”! Desde a primeira linha até a última, caracterizações perfeitas, humor refinado, cenas de amor inesquecíveis, e, sempre, o seu talento latente em cada palavra, sua imaginação fecunda nos levando longe! Perfeito!!! - Encho os olhos de lágrimas porque, além da emoção pertinente à ocasião casadoira - ;D -, eu sei que é o final desta fic, e já tenho saudades! - Mandei o chefe me deixar em paz, porque estou curtindo as emoções finais de Just Like Heaven ao mesmo tempo em que antecipo as das próximas fics da Sally que estão a caminho, e isto, com a graça de Merlin, me toma toda a atenção! - Amada Sally, obrigada novamente pelo privilégio de acompanhá-la nestas viagens potterianas fantásticas com que nos brinda! Eu sempre aprendo muito com você! =D – Que Merlin e todas as divindades literárias continuem protegendo-a e tendo-a como favorita! Te amo, irmã! Até a próxima! – E mais uma vez... Chave de ouro, amiga! FECHASTE COM CHAVE DE OURO! SUUUUUUUUUUUCEEEESSSSSSOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO!!! =D



N/A: Então é isso, gente. A Just finalmente chegou ao final. É a terceira fic que eu TERMINO, acho que estou ficando boa nisso, rsrs. Sem brincadeiras, é muito bom mesmo finalizar uma história, vê-la completa, com todos os elementos que a gente imaginou.

Neste epílogo, a música é, claro, Just like Heaven, mas não com o The Cure, e sim na versão da Katie Melua que vocês podem ouvir no meu Multiply

O interessante, e não sei porque resolvi contar isso agora, é que esta fic quase morreu na casca. Ela morou seis meses na minha cabeça antes de vir para a tela do computador e a primeira versão teve um capítulo inteiro escrito. Mas, quando eu mostrei para a Belzinha, ela foi maravilhosa e me disse que não gostou. Estava certa. Seria totalmente errado escrever com aquele primeiro roteiro. Eu não queria desprezar o livro seis, mas também queria fazer Harry e Gina se aproximarem de novo, como se nada houvesse ocorrido antes. Foram mais dois meses pensando. Então, um dia no MSN com a Geia e o Bernardo eu contei para eles, muito insegura, sobre a idéia da fic. O incentivo deles foi fundamental. Escrevi um capítulo e a Sônia Sag leu e aprovou. Com o aval desses três resolvi me aventurar. Depois, mais três pessoas importantes tb aprovaram: o meu “editor”, minha beta Darla e a minha amiga Charlotte Ravenclaw.

Estou contando isso para que vocês saibam que sem essas pessoas, essa fic não teria sido postada e eu quero muito agradecer a elas agora que a jornada chega ao fim.

A Just like Heaven certamente me surpreendeu. Assim como a My Girl me surpreendeu. A primeira fic, eu escrevi por causa de uma música que não me saía da cabeça, mas consigo ver nela o quanto eu ainda precisava aprender sobre escrever um romance. Logo, a Just apareceu como uma forma de continuar treinando e estudando como escrever algo romântico. A aceitação da fic foi o meu prêmio. E a minha surpresa foi a de ver quanta gente passou a se declarar apaixonado pela fic.

Assim, agradeço enormemente a leitura, o apoio, o incentivo, a compreensão e, ao que mandaram recados, aos comentários de vocês. Esse carinho todo é que fez a alma desta fic. Sou eternamente grata e devedora de vocês.

Também sentirei falta da Just. Muita mesmo. Mas, como não consigo ficar parada, já estou com novos projetos. O maior deles se chama A Floresta das Sombras e é uma fic num Universo Alternativo (embora com muitas ligações com o universo da tia Jô). Sei que nem todo mundo curte esse tipo de experiência e eu compreendo perfeitamente. Demorei muito a gostar de UA e até hoje tenho restrições há muitas coisas. Ainda assim, fica aqui o convite para os que curtem minha forma de escrever de darem ao menos uma chance para essa nova história. Será uma honra e um prazer contar com a leitura de vocês. O link é este abaixo.

http://fanfic.potterish.com/menufic.php?id=26923


Há algumas semanas também publiquei uma short. Trata-se de uma idéia que tive relendo RdM, um missing moment do livro sete que escrevi como se fosse um capítulo. O título é Sobre Heróis e Fantasmas e quem quiser dar uma olhada, o link está abaixo.

http://fanfic.potterish.com/menufic.php?id=27206


Mais planos? Sim. Mais planos.
Ainda tem mais uma short que quero escrever, ligada diretamente à RdM. Creio que deve sair logo depois do primeiro capítulo de A Floresta das Sombras. Assim, que estiver pronta, eu aviso na Comu das fic no Orkut e no Multiply.

E, bem, alguém disse: faz outra no mesmo estilo. Pois é. Essa idéia já vem rondando a minha mente. Mas para minha imensa surpresa ela não apareceu com uma H/G e sim como uma James e Lily. Sim, eu sei, a história é triste demais, mas se tornou irresistível para mim. A fic veio quase pronta na minha cabeça. Não prometo nada antes do segundo semestre, mas quem se interessar, aguarde.



Aos que amaram ler esta fic tanto quanto amei escrever, meu beijo e meu até breve.
Sally

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