77 Anos



77 Anos


“Tudo o que sabemos sobre o amor, é que o amor é tudo que existe.”
Emily Dickinson


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Aquela casa tinha cheiro de menta assim como Draco, eu me lembro do cheiro de menta no meu travesseiro, isso me traz saudades.

Cold havia acordado cedo naquela manhã, Draco não me dirigira a palavra desde que chegamos na casa de sua mãe, esta no entanto fazia de tudo para me agradar, uma mulher de aparência frágil, mas com uma educação perfeita! Narcisa Malfoy fora uma mãe para mim naquele momento e o carinho que ela tinha com meu filho era quase fora do normal.

- Você não está comendo nada... – A voz delicada de Narcisa falara a mim a mesa de jantar.

Draco me encarara levemente com aqueles olhos enigmáticos, ele repousara o garfo em seu prato enlaçando suas próprias mãos sobre a mesa como se me analisasse e esperasse ansiosamente minha resposta. Respirei fundo e sorri fracamente.

- Estou um pouco sem fome... – Limpei meus lábios com o guardanapo de pano e encarei os olhos azuis da mulher. – Subirei para ver como Cold está... Com licença...

Retirei-me da mesa com o coração na mão, pude escutar enquanto subia as escadas a alfinetada de Narcisa em Draco, dizendo que ele deveria parar de ser tão arrogante e ser mais cortês com a minha pessoa, senti vontade de rir, ela parecia estar falando com uma criança de quatro anos de idade.

Subi até o quarto de meu filho, incrível como aquele já havia virado o quarto dele! Através de magia eu e Narcisa havíamos pintado as paredes e arrumado os móveis a gosto. Cold estava deitado no berço com seus olhinhos abertos, toquei-lhe a barriguinha com meu dedo indicador e fiquei a lhe acariciar até cair no mais profundo dos sonos, quando senti alguém adentrando aquele quarto. Draco caminhara até meu lado e cobrira nosso pequeno com uma pequena manta verde, me olhara sério e fizera sinal com a cabeça para sairmos dali.

Eu o segui até os jardins, ele colocara as mãos dentro do bolso da calça e encarara o céu, lindo e cheio de estrelas, logo virara-se para mim, e eu pude ver o quão magoado ele estava, senti uma tremenda vontade de abraça-lo e jurar fidelidade a ele o resto de minha vida.

- Por que não me contou Hermione? – Ele me perguntara com uma voz rouca.
- Eu não sabia se podia confiar em você...
- Mas confiou o bastante para se deitar comigo! – Ele revoltara-se me encarando friamente.
- Você não havia matado Dumbledore! – Eu falara em meio soluço.
- NÃO FOI EU QUEM MATOU DUMBLEDORE! SNAPE O MATOU!
- Mesmo assim... Draco eu estava grávida, assustada! Uma guerra estava acontecendo! O que você acha que Voldemort faria se soubesse que eu esperava um filho de um de seus comensais!
- Minha mãe já está em segurança Hermione, eu não preciso ser mais um comensal...
- O mundo bruxo jamais vai te perdoar por ter feito aquilo em Hogwarts... – Eu encarara o chão, me sentia fraca perto dele.
- E você? Conseguiria me perdoar? – Ele falara com uma voz arrastada caminhando até a mim.
- Você é o pai do meu filho... – Eu limpara fortemente uma lágrima teimosa que tentava escorrer por minha bochecha.
- Eu morreria por você e Cold, eu te procurei em todo o canto quando soube que havia saído naquela busca a sei lá o quê com o imbecil do Potter e o Pobretão! Sabe o desespero que eu senti se Bellatrix lhe encontrasse antes de mim? Sabe o medo que eu tive de algum comensal te matar por ser uma mera sangue ruim amiguinha do Pottie? Sabe GRANGER?
- Draco eu...
- Você não faz idéia o que é pensar no que pode estar acontecendo com a mulher da sua vida! Você teve sorte deu falar a Rodolphus que lhe alcançaria naquela floresta e lhe mataria friamente!
- E você me mataria?
- Eu já disse! Eu morreria por você e por meu filho!

Eu nunca o havia visto tão límpido e tão determinado, Draco sempre fora forte e naquele momento ele parecia um tipo de guerreiro do bem, e eu o abracei, sim eu o abracei e chorei naquele colo, ele mergulhava sua face em meus cabelos, me abraçara tão forte que pensei seriamente que todos meus ossos se partiriam ali mesmo. Quando ele separara-se de mim me olhara nos olhos e me beijara como nunca, ele havia colocado todo seu sentimento naquele beijo.

- Você seria capaz de e amar amanhã? – Ele me perguntara sério.
- Eu seria capaz de te amar durante toda a minha vida... – Eu respondera firme.

Aquela fora a nossa segunda noite de amor, nos amamos pela segunda e última vez. Ele parecia se empenhar em todo toque, beijo e movimento que fazia e eu me entregara mais uma vez por inteira a ele, e me entregaria por todo o infinito se Merlim assim quisesse.

O dia seguinte fora perfeito, como uma família feliz e comum, Draco era praticamente meu marido e naquele dia ele se empenhara o máximo para cuidar de Cold, Narcisa acabou por tirar várias fotos do filho com o neto, e de mim com os dois. Mas é como dizem, felicidade em tempos sombrios dura menos de um dia e nós tivemos a sorte da nossa durar um dia inteiro.

Quando a coruja branca de Harry chegou até a casa eu me assustei algo estava errado, Edwiges trazia uma carta de meu amigo no bico e nela ele se desculpava por não estar ao meu lado, mas sabia que eu estava bem, pois eu era mais esperta do que todos que ele conhecia. Ele me contara que Gina fora ferida gravemente e estava aos cuidados da Sra.Weasley, na carta ele também dizia que a batalha final aconteceria no dia seguinte e que seria uma honra para ele, Harry Potter me ter ao seu lado naquele último derramamento de sangue.

Draco enfurecera-se com tal carta, enquanto eu acariciava os pêlos de Edwiges ele rasgava a carta de Harry em mil pedaços, eu assistia aquilo tudo sem dizer uma sequer palavra, eu já havia me acostumado com os escândalos dele. Quando ele terminara seu pequeno show eu me levantara e caminhara até ele, dando-lhe um pequeno sorriso e o abraçando.

- Você sabe que não é capaz de me impedir não sabe?
- Por que acha que estou tão furioso? – Ele me perguntara sério. – Cold ficará com minha mãe, vamos juntos para essa batalha...
- Estará ao lado de Harry?
- Quantas vezes terei que lhe responder Hermione! Eu não estou ao lado de Voldemort ou de Potter, eu estou do meu lado, e neste momento o meu lado é você...

Aquelas palavras soaram como uma música muito linda em meus ouvidos, e talvez eu jamais vá escutá-las novamente, dizem que um sentimento pode dar sentido a uma vida, e acho que foi o amor que Draco sentira por mim e Cold que dera sentido a vida dele.

Me despedi do meu filho no dia seguinte, foi a despedida mais difícil para mim, meu pequeno segurara o dedo de Draco e sorrira travesso, eu o beijara na testa carinhosa, Draco me ajudou a limpar minhas próprias lágrimas, Narcisa segurava firmemente meu filho em seu colo e eu sabia que ele estava em boas mãos.

O campo de batalha estava terrível, Draco e eu logo nos unimos a Harry e Rony, meus dois melhores amigos pela primeira vez apertaram a mão de Draco sem raiva ou nojo, os três pareciam sentir respeito um pelo outro, eu chorei de felicidade naquele momento, Draco sorrira debochado para mim e eu jamais me esqueceria daquele sorriso.

A Ordem Fênix se dividira em grupos Draco, Harry, eu e Rony nos encarregaríamos de adentrar o esconderijo de Voldemort e acabar com ele, e assim fizemos, o caminho não foi fácil até o covil daquele maldito, mas nós chegamos lá! Foi como um pesadelo, aquele homem com a face de serpente parecia nos esperar e logo uma sangrenta batalha começara, eu lutava com todas as minhas forças e os rapazes pareciam fazer o mesmo.

Foi quando Voldemort acertara Harry e ele caíra inconsciente, todos nós ali presentes pensamos que Harry havia morrido, Rony urrara de ódio e avançara contra o antigo Lorde das Trevas, o ruivo não teve muito sucesso também já que Voldemort havia usado o feitiço do corpo preso no mesmo. De pé só haviam restado eu e Draco e o loiro parecia querer fazer de tudo para retirar a atenção de Voldemort de mim.

- O jovem Malfoy traindo sua família...
- Eu não estou traindo ninguém Voldemort estou apenas vendo o “meu” lado... – Ele sorria cínico.

Uma batalha fora travada entre Voldemort e Draco, e eu não posso negar que Draco era perfeito duelista, me encarreguei de cuidar de Harry, enquanto Draco parecia brincar de pique esconde com o Lorde das Trevas eu fazia de tudo para meu melhor amigo voltar a vida. Quando Draco caíra cansado eu pensei que estava tudo acabado, Voldemort o mataria, mas Harry acordara.

- FINALMENTE POTTER! – Draco berrara ao ver o corpo de Voldemort voar longe.

Corri até Draco o abraçando fortemente, o feitiço que prendia Rony havia se desfeito e uma batalha entre o bem e o mal era travada. Harry tinha o corpo brilhando assim como Voldemort, os feitiços simplesmente apareciam, eles não precisavam silabar para eles aparecerem. Quando a espada de Godric Griffindor aparecera eu tinha certeza que aquele inferno acabaria, Harry estava mais forte e tinha um sorriso vitorioso nos lábios indescritível, e ele fincara a espada no coração do Lorde.

- ISSO NÃO TERMINA ASSIM!!! – Urrara Voldemort.

O seu corpo começara a incendiar-se e antes que se transforma em cinzas ele apontara a varinha para mim, fechei meus olhos, eu pensava saber o que estava por vir, um jato de luz verde com prata vinha em minha direção como um raio cortando o ar, e eu fui abraçada, o feitiço acertara Draco nas costas e Voldemort virara cinzas em seguida. Harry caíra de joelhos exausto, Draco tremia em meu colo e Rony cambaleava até Harry para ver seu estado.

- Draco... – Eu murmurava o deitando em meu colo.
- Eu estou... – Ele falava fracamente. – Morrendo...
- Não, não está! Nós vamos te levar daqui e vai ficar tudo bem... – Eu chorava desesperada.

Draco tinha dificuldades em respirar e minhas lágrimas pingavam em sua face, Harry com a ajuda de Rony ficara ao nosso lado, meus dois melhores amigos estavam fracos e profundamente magoados, pois sabiam o que estava por vir.

- Tentei deter o Avada Kedrava de Voldemort... – Harry falara tristemente. – Foi em vão, ele só tem alguns segundos a mais de vida, me perdoe Hermione...
- Não... – Eu chorava descompensadamente sobre o corpo de Draco que levara sua mão até meus cabelos cheios.

Eu erguera meu rosto molhado para aquele par de olhos azuis acinzentados que me conquistara, Draco tinha um leve sorriso nos lábios.

- Tomara que o inferno não seja tão quente, o calor acaba com a minha pele... – Ele mesmo naquela situação fazia gracinhas.
- Malfoy, sinto muito... – Rony falara sério.
- Ah não Weasley, daqui a pouco você vai querer me abraçar... – Draco ria sarcástico.
- Você só tem mais alguns segundos Malfoy... – Harry abaixava a cabeça.
- Não precisa ficar contando o tempo para se livrar de mim Potter! – O meu loiro girava os olhos.
- Draco, isso não tem graça... – Eu me lamentava.
- Eu sei que não... – Ele me olhava maroto. – Cuide bem do nosso filho, e faça de tudo para que ele entre na sonserina!
- Draco...
- Você é a minha sangue ruim Hermione... – Ele respirara fundo. – Cuide bem da minha trouxa Potter e você também Weasley!

E eu o beijara, fechara meus olhos e colara meus lábios aos dele, aquele fora o dia mais triste de toda a minha vida e o dia mais feliz da vida de outros. Draco Malfoy e Lorde Voldemort estavam mortos.

Harry carregara o corpo de Draco para fora dali enquanto Rony tentava inutilmente me consolar, muitos bruxos ali abaixaram a cabeça ao nos ver passar. Dois dias se passaram até ter o enterro de Draco, Narcisa estava tão mal quanto eu e meu pequeno Cold parecia nem notar o que estava acontecendo pois ele sorria e dava tchauzinho a todos que passavam por ele. Foi dolorosa a partida dele, afinal ele foi o único que conheci que fazia piadas até antes de morrer, ele conseguia ser irônico até na hora da morte, e eu sinto falta dele todos os dias de minha vida.

Após um mês da morte de Draco eu descobri que estava grávida dele, e oito meses depois dei a luz a uma linda garotinha na qual dei o nome de Melanie. Draco e eu não nos casamos, mas Narcisa me adotou não só como nora, mas também como filha, meus filhos tinham o sobrenome do pai e foram para Hogwarts, Cold adentrara na Grifinória, certamente um desgosto para Draco onde quer que ele estivesse, mas Melanie fora para a Sonserina.

Mais tarde me tornei a primeira mulher a ser Ministra da Magia acabei por não me casar, Harry Potter casou-se com Gina Weasley com quem teve dois filhos ele acabou se tornando diretor de Hogwarts e Gina uma médica de renome. Rony Weasley foi jogar quadribol pelo mundo e casou-se com Luna Lovegood ambos tiveram quatro filhos, Rony virou treinador dos maiores times de Quadribol e Luna uma jornalista famosa dona do Pasquim. Tantos anos se passaram, meus amigos já partiram e aqui estou eu, uma senhora de idade terminando de escrever esse diário contando o que aconteceu realmente em minha vida, contando quem foi Draco Malfoy, contando que ele me salvou de todas as maneiras que uma pessoa pode ser salva e que ele me amou tanto que foi capaz de sacrificar a própria vida por mim.

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Hermione fechara o grosso diário e suspirara fundo o deixando sobre a escrivaninha, ela olhara atentamente para todas os porta-retratos colocados sobre a mesma, neles estavam fotos dela com Draco e Cold bebê, dela na maternidade quando Melanie nascera, dela com Narcisa, ela Rony e Harry em Hogwarts, a família Weasley completa, Gina e ela... Todas as fotos. A velha senhora limpara uma lágrima grossa que brotava em seus olhos, caminhara até sua cama e deitara-se se cobrindo, ela fechara os olhos cor de avelã, entrando no mundo dos sonhos.

Uma mulher de belos cabelos loiros platinados lisos e olhos azuis adentrara o quarto da mãe, segurava um buquê de rosas vermelhas nos braços, logo atrás de si um homem com as mesmas características a seguira.

- Parece que mamãe já adormeceu...
- Hoje seria o dia que ela e o papai se beijaram pela primeira vez... – O homem sorria para a irmã.
- O que é isso aqui? – Melanie colocava o buquê sobre a escrivaninha apanhando o diário. – Cold...

O homem beijara a testa da mãe logo tendo os olhos enchendo-se de lágrimas, ele segurara a mão de Hermione, as mãos sempre quentes de sua mãe estavam frias, ele olhou para a irmã que lia atentamente o conteúdo do livro e tentou não chorar.

- Mamãe conta aqui sua vida com papai... – Melanie fitava o irmão. – O que foi Cold? Está chorando?
- É que finalmente, mamãe foi encontrar o papai Mel... – O homem abraçara a irmã fortemente.

Ambos choraram ao olhar para a velha senhora deitada naquela cama, com os lábios num pequeno sorriso e os olhos fechados.

Longe dali, em um outro plano, em um outro local, o antigo castelo de Hogwarts abria suas portas para alguém, e no salão principal quando suas portas se abriram uma multidão sorrira para uma bela mulher, ela trajava um vestido branco e em suas costas pequenas asas de anjos, os olhos avelã e o cabelo da mesma cor liso.

Ela sorrira ao ver todos seus amigos ali, Harry, Gina, Rony, Luna, Dumbledore na mesa dos professores! Todos estavam lá, todos sorriam para ela, todos abriam passagem para ela, e foi quando ela chegara no centro do salão que ela vira, virado de costas vestido com uma armadura prateada e asas de anjos, ele virara-se para ela olhando num pequeno relógio e sorrindo.

- Está atrasada alguns anos Granger! O que estava fazendo? Hora extra na terra? – Draco dava um de seus sorrisos sarcásticos a ela.

Ela sorrira, sim seu sorriso aumentara cada vez mais ao vê-lo ali, correra para os braços do único homem que amara por completo em toda sua voz, e ele a beijara, todos ali aplaudiram, aplaudiram um casal que demorara 77 anos para se reencontrarem.

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N/A: Olá! Espero que tenham gostado da fic! Eu a fiz mais pensando nos sentimentos do Draco e acho que era um jeito da história dele e da Hermione dar um modo realista as regras da J.K Rowling. Obrigada a todos que leram e comentaram! Beijos imensos

Kitai Black

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