O teste de quadribol
O dia tinha começado mal. Ele estava de péssimo humor, pois tinham feito uma coisa que ele odiava: tinham o acordado cedo. E ser acordado cedo o deixava de mau humor. De quem será que ele puxara essa característica? Talvez sua falecida mãe não gostava de acordar cedo. O fato era que ele estava tomando café as sete da manhã de um sábado, para ver o teste do seu time. E a pior coisa do mundo era acordar cedo num sábado. Não que ele não quisesse ver o teste do filho de Harry Potter, mas era horrível acordar cedo.
Desceu as escadas do castelo que davam para o pátio. O sol estava perfeitamente disposto, bem alto no céu. Ele só havia jogado com o time nos treinos, e seu primeiro jogo oficial seria junto com o filho de Harry Potter. Aquilo fez o humor dele melhorar. Pelo o que ele tinha pesquisado em alguns livros atuais sobre quadribol, o fato mais lamentado do século era de que Harry Potter não seguira o mesmo caminho do famoso apanhador Vítor Krum. E foi por opção própria. O quê o cara tinha na cabeça para se tornar um simples auror, se podia ganhar o mundo sendo apanhador dos melhores times de quadribol do mundo? Tudo que ele lera era impressionante. O cara tinha até voado numa vassoura para se safar de um dragão rábeo cornêgo húngaro, com não apenas um pomo pequeno na mão, mas sim um ovo de ouro de uns trinta centímetros de comprimento. Que habilidade fantástica, pensou Deivid. Ele queria seguir passos parecidos, com a diferença de que ele aceitaria a fama numa boa.
Chegou ao gramado do quadribol, o capitão do time, Alexandre Pimos, já estava lá.
-Olá capitão!
-Oi Deivid, Paulo já falou comigo, e foi buscar os novatos para o teste.
-Novatos? Não tinha apenas uma vaga? Alguém saiu do time?
-Não seja bobo! Se alguém tivesse saído do time, eu chamaria alguém com mais porte. Nós já temos os dois artilheiros novos que precisávamos, você e Paulo. Os dois batedores do quarto ano, Carla e Francisco. O goleiro que sou eu, que já estou no quinto ano, só falta o apanhador.
-Então quem se atreveu a disputar a vaga com o filho de Harry Potter?
-Olhe com seus próprios olhos... Eles estão vindo aí com Paulo.
Deivid olhou para trás.
-A própria filha de Harry Potter?
-Só ela poderia ser capaz de disputar essa vaga com seu irmão.
Deivid não acreditou. Sua boca ainda estava aberta de surpresa, enquanto Paulo se aproximava com os dois irmãos gêmeos. A garota era muito diferente do irmão, que era uma cópia do pai quando mais novo pelo o que ele vira nas fotos de alguns livros, jornais e revistas. Ela tinha feições muito mais delicadas, seu cabelo vermelho escuro contracenava com a pele branca e algumas sardas pouco visíveis. Os olhos dela eram verdes, e o fitavam com destreza.
-Olá – disse ele, meio nervoso.
-Oi – disse ela, em tom seco. Como ele não adivinhou? Ela era filha do cara mais famoso do mundo bruxo, devia se achar mais do que os outros por isso.
-Olá – disse todo sorridente, seu irmão. – Me chamo Tiago. Qual seu nome?
-Ah... Oi! Meu nome é Deivid.
-Prazer em conhecê-lo!
Tiago parecia muito legal perto da irmã. Devia ter puxado mais ao pai, pois pelo o que Deivid lera, Harry Potter quando amigo de alguém demonstrava muito carinho. Vivia arriscando a vida pelos amigos. A garota não tinha cara de quem faria isso.
-E você deve ser a Sabrina Weasley Potter, certo? – perguntou o capitão do time.
-Sim – respondeu ela, com um sorriso curto.
-Vamos começar o teste então?
-Claro!! – disseram Sabrina e Tiago juntos.
-Esperem por nós, não queremos perder este espetáculo.
Era Carla, com seus cabelos compridos e loiros amarrados num coque que estava preste a se desfazer. Ela era muito bonita, e muito cobiçada na escola, mas Francisco já havia conquistado seu coração há sete meses atrás. Para Deivid não tinha tanta diferença os olhos azuis claros dela, ele preferia pensar em quadribol, mas alguns amigos do capitão não aceitavam ainda a batalha perdida para Francisco.
Francisco vinha logo atrás, ao encalço da amada. Ele tinha cabelos pretos e olhos azuis marinhos, sua pele branca pálida assim como a de Carla. Ele era bem atrapalhado com as coisas, estava carregando duas vassouras, e mais uma sacola com um uniforme novo que ia pertencer a quem passasse no teste. Se debatendo, ele corria para alcançar Carla, que era ágil e esperta. Os dois formavam um belo par de batedores, quando estavam no céu, em campo mostrando suas habilidades. Deivid olhava todos os jogos com uma vontade insaciável, desde que entrara na escola.
Tentou entrar no ano letivo anterior como apanhador provisório no final do campeonato de quadribol, mas foi escolhido outro garoto mais velho no seu lugar, que também não ficou muito tempo. O time da Grifinória não andava tendo sorte com os seus apanhadores e o pomo de ouro. Mas ao que tudo indicava iriam vencer o próximo jogo.
-Bem, vou tentar resumir a história para vocês dois – começou a dizer Alexandre se dirigindo aos gêmeos. – Há três anos já trocamos quatro vezes de apanhador, e eu nem era capitão ainda, quando eu assumi, o problema de não ter apanhador fixo persistiu. Isso se deveu a problemas como no primeiro caso, de término dos anos escolares, no segundo caso, desistência, no terceiro caso, troca de escola, e no ultimo, o cara era péssimo apanhador, mas era o melhor que tínhamos naquela época, aliás no final do ano letivo passado, ou seja esse ano em abril.
Ele deu uma pausa, olhou para a cara do Tiago de despreocupado,e para a de Sabrina de interessada. E continuou:
-Então como vocês devem saber a entrada de vocês aqui dentro de Hogwarts provocou um burburinho no pessoal da Grifinória e em todos que torcem pelo nosso time. Não é surpresa pra ninguém que vocês são filhos do melhor apanhador que essa casa já teve.
Deivid notou o olhar de superioridade de Sabrina, ele estava torcendo para que Tiago entrasse no time. Não ia suportar a cara daquela garota por muito tempo.
-Por isso vocês foram convidados...
-Desculpa interromper – começou Tiago – Mas você quis dizer, que eu fui convidado... Minha irmã veio porque quis.
Pelo contrário do que Deivid pensou, Sabrina se manteve na mesma posição de antes, tranqüila, esperando as próximas palavras de Alexandre. Aquilo fez a visão dele sobre ela mudar um pouco, ela pareceu mais humilde naquele momento, como se estivesse obstinada com algo.
-Chega de enrolação! – decidiu Alexandre. – Vamos ao que interessa! Eu sei que vocês já conhecem todo o procedimento, então vocês só têm uma coisa a fazer...
Alexandre se agachou, abriu o baú onde ficavam as bolas de quadribol, e pegou a menor, a mais rápida: o pomo de ouro.
-Francisco entregue uma Firebolt pra cada um. Essas Firebolt são de um modelo bem antigo. Quem vencer terá que comprar sua vassoura. Eu recomendo um modelo mais novo que esse.
-Isso é uma Firebolt 2005? Papai tem em casa a sua velha e uma nova. A velha é uma Firebolt 2000, a sua nova é uma Firebolt Potence, a última lançada agora, que voa numa velocidade tão grande que nenhum trouxa seria capaz de ver.
Era Sabrina falando, ela parecia entender muito de vassouras.
-Isso mesmo, mas não precisa comprar uma Firebolt Potence. Quem ganhar pode comprar uma Firebolt Ganance, que possui amortecimento de queda e quase acompanha uma Potence.
-É, mas não possui antifeitiço igual a uma Potence – retrucou Sabrina.
-Bem vamos ao teste! Só fiquem em campo Tiago e Sabrina, o resto sai e assiste na arquibancada, que eu já vou para lá.
Todos saíram. Deivid resistiu, mas teve que sair.
-Quando eu contar até três vou largar o pomo. Montem nas vassouras e tentem pegá-lo. Quem me trazer o pomo de ouro na mão, vence.
Deivid ficou nervoso, era como se ele estivesse lá. Ele, quando fez seu teste no final do ano letivo passado, fez para apanhador e artilheiro. Passou somente na segunda opção, mas o nervosismo foi igual nas duas tentativas. Mesmo que ele não tenha precisado jogar como artilheiro, e sendo que teria que ter jogado como apanhador. Sua mente torcia por Tiago, mas seu coração parecia sussurrar para ele que quem devia vencer era a Sabrina.
-Quando eu contar três, vou soltar o pomo. Um. dois, três...
O pomo saiu em disparada para o céu. Parecia um relâmpago. Sabrina fora mais ágil ao montar na vassoura e decolar vôo. Mas Tiago chegou em instantes ao seu lado. Foi tudo muito rápido na opinião de Deivid. Em menos de um minuto o pomo já estava na mão de Alexandre. Não era mentira que os gêmeos Potter haviam chegado para marcar a história da casa Grifinória.
-Como vocês dois fizeram isso? Eu ainda não entendi. – perguntou pasmo o capitão do time.
-Parceria que não foi. Eu não ia combinar com esse idiota de juntos pegarmos o pomo. Não mesmo! – falou Sabrina um pouco irritada.
Alexandre pigarreou um pouco antes de falar.
-Se eu tivesse olhado para as manobras com as vassouras, teria perdido o momento crucial que decidiu quem tocou no pomo primeiro. Essa foi boa. Cada um pegar uma parte desse pomo minúsculo. Mas quem tocou nele primeiro, foi você Sabrina.
A menina abriu um sorriso de vitoriosa.
-Então eu estou no time? Nossa! Meu pai precisa saber disso.
A reação de Tiago foi de desapontamento.
-Legal! Perdi para uma garota, e pior... É minha própria irmã.
-Quem disse que você perdeu? Se ela precisar ser substituída chamarei por você sem teste nenhum! O que eu vi aqui nunca ninguém viu antes! Impressionante!
Alexandre parecia contente demais. Deivid teve que rir.
-Eu não vou precisar ser substituída. Ainda mais quando papai me der uma Firebolt Potence. – Sabrina riu. Seu sorriso juntamente com seu olhar penetrou nos olhos de Deivid. Ele ia ter que aturá-la nos treinos. Garotas eram imprevisíveis na sua opinião. Ele ia manter distância dela, tratá-la com indiferença, para que pelo menos com ele, ela não se metesse a besta.
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