UMA CONVERSA COM OS MAROTOS
Eu estou no salão comunal e supostamente eu deveria estar fazendo a minha lição, mas quem se importa? Eu percebi que a minha melhor terapia é escrever nesse diário, e eu definitivamente preciso de muita, se coisas do tipo que aconteceram há cinco minutos atrás continuarem presentes na minha vida. Eu sei que eu não deveria levar essas coisas em consideração, mas eu simplesmente não consigo. É como se o meu cérebro parasse de funcionar e eu agisse espontaneamente sem ele. Juro, eu devia parar de dar escândalos! Entretanto, se o Potter simplesmente desistisse de fazer da minha vida o seu parque de diversões favorito, eu tenho certeza que as coisas seriam muito mais fáceis...
Número um: no primeiro dia de aula ele me deu um beijo na bochecha como se estivesse autorizado a isso.
Número dois: ele me abraçou, novamente sem autorização.
Uma coisa eu tenho que levar em consideração, ele parou de me pedir para sair! Deve ser uma nova tática. Não sei como ele não entende que ele não tem a menor chance. Eu acho que já deixei isso claro muitas vezes.
Mas vamos direto ao assunto. Eu estava tendo problemas novamente com a minha lição de Transfiguração, mas como todas as outras, eu iria solucionar. Apesar de algumas manifestações de desagrado eu não estava pedindo ajuda, mas o Potter achava que sim.
"Ajuda Lily?"
"Não".Eu respondi sem ao menos tirar os olhos do pergaminho.
"Deixa de ser orgulhosa. Eu sou bom em Transfiguração."
"Potter, eu não me importo se você é o melhor aluno de Transfiguração." Nesse momento eu fiz questão de olhar para ele. "Se eu não conseguir sozinha, eu vou sempre precisar de ajuda!"
"Eu vou estar sempre por perto."
"Agora é que eu estou perdida.". Eu respondi voltando a minha atenção para a minha lição. Mas ele não parecia querer desistir tão fácil, pois puxou a cadeira a minha frente e se sentou. Abaixou a cabeça, quase a encostando-se à mesa, e me encarou.
"O que é, Potter?"
"Eu só quero lhe fazer uma pergunta."
"Pois pergunte." Eu disse e tentei imitar a posição que McGonagal fazia, juntando as mãos e olhando os alunos com cara de 'eu estou muito decepcionada com você'. "Porque você faz tanto esforço para fingir que me odeia, quando obviamente, é mais fácil me amar?"
Eu devia ter matado ele? Pois bem, eu quase fiz isso! Eu não acreditava no que estava ouvindo, era muita presunção para uma pessoa só. Palavras insanas gritavam na minha cabeça, e naquele momento, eu me esqueci de qualquer consideração otimista que eu pudesse ter feito a respeito do Sr. Potter. Egoísta. Egocêntrico. Presunçoso. Arrogante. Grande idiota!
"Potter, é melhor você sair da minha frente, ou eu vou cometer um ato que vai contra todas as leias mágicas de qualquer país.". Mas ele saiu? Não!
"Responda a minha pergunta, e eu saio."
"Eu não vou responder a isso!" Se olhar matasse, eu estaria vendo o velório de Tiago Potter. Porque ele simplesmente não ia embora?
"Medo de alguma coisa Lily? Talvez se apaixonar por mim?"
"Eu vou te matar!"
"Também amo você, Lily". E assim, me deixando parecer uma louca, que berra em pleno salão principal, ele foi embora. Eu odeio, odeio, odeio Tiago Potter!!!!
E agora eu estou aqui, "escondida" na escuridão do salão comunal, numas das mesas de canto, ninguém gosta dessas. Potter está sentado na poltrona mais próxima a lareira, chamando a atenção e conversando com Black e Lupin sobre alguma coisa, que deve ser muito engraçada, porque nunca vi alguém capaz de dar risada mais escandalosa.
Eu sinceramente não consigo pensar que nem Agatha. Potter é quem ele é, e não há nada mais do que isso. E não entendo o que tanta gente vê de divertido nele. Sério, eu sinceramente não me encaixo nos padrões de garotas que ficam com o Potter, então porque ele continua me perseguindo?
Agatha está sentada numa poltrona atrás dos marotos, lendo um livro. Ela, algumas vezes, se desconcentra e espia o 'Aluado' discretamente. Acho que vou para a cama. Uma tranqüila, reconfortante noite de sono é tudo que eu quero.
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Só uma notação horrível antes de dormir.
Fui avisar para Agatha que já iria subir, mas Potter intrometido, ouviu o que eu havia dito e não deixou de se pronunciar. "Boa noite Lily. Sonhe comigo."
"Eu não vou Potter.". Foi minha única resposta.
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Eu queria nunca ter ido dormir. Idéia estúpida dormir. Dormir é horrível! Dormir causa sonhos. Sonhos com Tiago Potter! Não, pesadelos com Tiago potter. Pesadelos terríveis, confusos, agitados, estranhos, insuportáveis. Agatha disse que eu acordei tão pálida que ela quase me confundiu com um fantasma. Ela me fez comer o dobro do que eu costumo do café da manhã, porque senão achava que eu sofria o risco de me desmanchar. Talvez seja por isso que eu não esteja com fome agora, na hora do almoço.
Se eu não tivesse que viver no mundo real todos aqueles encontros com o Tiago, agora eu tinha que transportá-los para os meus sonhos. Pensando bem, em sonhos ainda chega ser pior, porque eu não tenho nem como controlar.
"O que aconteceu na sua casa nessas férias, Lily?". Foi a primeira frase que me veio na cabeça assim que eu fechei meus olhos.
"Um dia você vai ter que perceber que eu sou um cara legal.". A tal que me fez ter uma crise existencial.
"Eu só tinha vindo aqui para lhe pedir desculpas por ter 'me metido na sua vida'". A que me fez pedir desculpas ao Potter.
"Obrigado"
"Eu também amo você, Lily."
"Boa noite. Sonhe comigo"
Só que não foi bem assim. Essas frases passavam como flashs na minha cabeça, sem direção, orientação nenhuma. Sorriso, os olhos do Tiago Potter, tudo! Parecia um filme de terror. Eu mal conseguia respirar.
Eu acordei num pulo. Tentando puxar milhares de centímetros cúbicos de ar ao mesmo tempo. Eu precisava de ar. Eu precisava de paz. Minha cabeça zunia.
"Lily, por todos os santos, você está bem?". Agatha gritou quando me viu.
"Eu sonhei com o Potter, Agatha...". Eu falei baixinho.
"Você o que?"
"Tudo, tudo ao mesmo tempo."
Eu acho que se não fosse pela minha cara de pavor na hora Agatha teria rido, mas ela só disse. "Foi só um sonho Lily. Um sonho estúpido.". Foi a melhor frase que eu ouvi em todo dia. Alívio!
Quando desci para o café da manhã, já estava bem mais recuperada. Respirava normalmente, e não pensava no Potter. Fiquei ainda melhor quando não o vi em parte alguma do salão comunal. Apesar do terrível sonho, o meu dia não tinha começado tão mal.
Segui com Agatha até o salão principal, sentamos aonde sempre costumávamos, e ela começou a falar coisas como "Vamos tome o suco.", "Trate de comer algum doce, açúcar é a melhor coisa para sonhos ruins.". Eu não estava em condições de discutir com Agatha, você realmente precisa ter muito fôlego para isso.
Eu estava estranhando que o outro lado da mesa estivesse tão quieto. Nenhuma risada até agora, nenhuma 'brincadeirinha' de Potter. Apenas quatro marotos muitos concentrados e conversando baixo. Potter, Black e Pettingrew olhavam para Lupin, que às vezes sorria, outras fazia sinal para que eles falassem baixo. Tudo muito estranho.
Agatha também notou, porque entre um gole e outro de suco dava alguma sugestão do que podia estar acontecendo. "Eles devem estar bolando algum plano.", "Inventando algum novo tipo de 'brincadeirinha agradável'", "Só me surpreendo por Remo estar no meio dessa. Ele não devia participar dessas coisas.". Esta última frase ela disse num tom de briga, e eu quase ri.
De repente três dos quatro se levantaram ao mesmo tempo, Tiago, Sirius e Pedro. Eu pude ouvir um tipo de protesto do Remo ("Vocês três nem pensem nisso!"), mas já era tarde de mais, pois eles já estavam no meio do caminho. Eu olhei para Agatha, e ela parecia ter notado a mesma coisa. Eles estavam vindo em nossa direção.
Eu já tinha começado a planejar meu discurso caso Potter me pedisse para sair, ou começasse com qualquer uma daquelas frases dele que tanto me atormentaram durante a noite.
"Olá garotas!". Sirius começou.
"Oi Lily." Tiago se pronunciou bestamente.
"Eu não sei o que você veio fazer aqui, mas pode ir indo.". Eu estava armada, acho que fiquei com medo de qualquer coisa que Potter pudesse dizer.
"Lily, eu realmente adoro ouvir sua voz gentil todas as manhãs, mas hoje eu vim falar com a sua amiga."
"Como é que é?". Agatha, que até agora não estava dando atenção alguma para aquela conversa, se assustou.
"Tiago, deixa que eu falo.". Sirius logo interrompeu. "Nós precisamos conversar com você Agatha."
"Conversar o que?". Ela parecia estar se divertindo com aquilo tudo.
"Conversar, oras...". Ele disse com uma cara de 'eu não posso falar no meio do salão principal'.
"Eu não posso conversar agora. Aliás, nem vocês. Temos aulas".
"Sem problemas Agatha. Você pode falar no almoço?".
Agatha olhou para mim antes de responder, e eu não lembro de ter feito algum tipo de expressão.
"Tá.". Ela disse simplesmente.
"Ótimo" Black respondeu.
Tiago ainda falou um "Te vejo mais tarde Lily.", mas eu mal ouvi. Já havia engatado uma conversa com Agatha.
"O que eles podem querer com você?"
"Como eu vou saber, Lily?"
E até agora eu não sei, apesar dela já estar sabendo. Essa hora supostamente todos os alunos deveriam estar almoçando, mas a comida do castelo hoje não está sendo apreciada. Eu não estou com fome, Agatha foi 'conversar' com os marotos, e mais uns três ou quatro pingados de gente não estão presentes. Pobres elfos domésticos, se esforçam tanto para serem ignorados por toda essa população de estudantes ingratos.
Eu já mencionei esse ano alguma coisa sobre Lucio Malfoy e Severo Snape? Se não, agora estou mencionando! Idiotas! Eles acabaram de passar na minha frente.
"Olá Evans sangue-ruim! Sozinha hoje?”.
"Cale a boca Malfoy!”.
Ele e Snape deram alguma coisa parecida com uma risada, e foram embora dizendo "Com esse gênio também. Quem suporta?".
Muito obrigado! Potter por ter raptado Agatha, me deixando aqui sozinha na hora do almoço.
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