NOVIDADES



Alguns podem pensar que seja apenas uma implicância infundada, mas não é. Eu não entendo como as pessoas não percebem que não é. Quer dizer, eu sei que o Tiago é o "senhor popular" dessa escola, eu sei que ele pode ter o seu batalhão de fãs, que só servem para inflar ainda mais o ego dele, diga-se de passagem. Mas eu, Lílian Evans, não vejo nada de mais naqueles cabelos rebeldes e olhos castanhos marotos.
Vocês querem saber quem é Tiago Potter? Pois bem, eu digo. Tiago Potter, ou apenas Potter, como eu o chamo, é o garoto mais arrogante e...e...e chato que eu já conheci. Popular, sim. Mas isso somente porque consegue jogar Quadribol tão bem quanto poucos que eu já vi. Não que eu tenha visto muito, mas não posso negar que o garoto tem talento. E só por causa disso ele acha que tem o direito de andar pelo castelo azarando as pessoas apenas para o seu próprio divertimento. Nojento! Pior, ele faz isso e acha que é engraçado! As pessoas me dizem "Lily se divirta!", mas como eu vou me divertir com isso?
Para completar a descrição da personalidade do Sr. Potter, eu só posso dizer que ele não tem respeito por nenhuma garota dessa escola. Eu precisaria de milhares de mãos para poder contar nos dedos com quantas ele já saiu. Mas o que mais me aborrece é: porque todo mundo continua achando ele um cara legal?
Eu não teria nada a ver com isso, e faria questão de passar longe de Potter se isso valesse para ele também. Eu não sei quando começou essa obsessão, mas eu não sei porque esse senhor que começa a ocupar o quarto parágrafo desse diário NÃO PARA DE ME CONVIDAR PARA SAIR! Porque eu? Eu poderia pensar que ele havia me "pegado para cristo" se essa tortura só durasse um dia! Mas não, são anos! Eu estou entrando no meu sétimo, e último ano, em Hogwarts e sabe qual é a primeira coisa que escutei quando sai do trem?
"Evans!" A minha única reação quando vi quem me chamava foi revirar os olhos e bufar em desagrado. Por alguma razão, Potter se divertiu com isso porque o seu sorriso, que já era perturbadoramente desagradável, se estendeu para os seus olhos.
"Potter! Nada melhor do que começar o ano falando com você...". Eu disse e comecei a andar o mais rápido que pude para uma das carruagens. Com sorte, eu me trancaria em uma antes que ele pudesse falar mais alguma coisa. Ou pior, me convidasse para sair de novo. Tremi com aquele pensamento, se fosse isso a vida seria mesmo muito injusta!
"Eu sei...". Ele respondeu ainda sorrindo e me fez revirar os olhos mais uma vez. "Evans!" Ele me fez parar me segurando pelo braço. E eu admito que o meu passo havia ficado consideravelmente mais veloz depois daquela resposta.
"O que?" Eu respondi começando a ficar irritada! Quero dizer, ninguém merece! Tiago Potter logo no começo do ano era muito para mim.
"O que aconteceu na sua casa essas férias?". Que espécie de pergunta era aquela? Se eu não conhecesse o Potter eu juraria que ele estava interessado nas minas férias.
"O que é Potter? Tentando disfarçar alguma coisa? Já sei! Você fez uma aposta com os seus amigos de que conseguiria falar mais de cinco minutos sem que eu começasse a o xingar". Aquela me parecia a única explicação plausível.
E eu fiquei definitivamente irritada quando vi a reação dele. Ele revirou os olhos, mas ainda continuou sorrindo como se o que eu tivesse dito fosse extremamente sem sentido. "Nada disso Lily! Recado da McGonagal.". Lily? Desde quando ele me chamava de Lily? Mas eu nem tive tempo de ralhar com ele por causa disso. Para falar a verdade, ele foi tão rápido que eu não pude evitar. Só voltei a mim quando ouvi meu próprio berro: "POTTER!". Tiago Potter havia me dado um beijo na bochecha sem autorização e falado comigo como se fossemos amigos! Ele já estava bem longe quando eu consegui reagir, mas eu tenho certeza de que ele escutou e ainda continua escutando o meu berro. Na verdade, eu havia ficado tão furiosa que fiquei alguns segundos olhando ameaçadoramente para o nada, o que sem dúvida deve ter me dado um aspecto de louca. Levei ainda mais tempo para perceber que continuava com o papel que Potter havia me dado, e que esse, pobre do papel, encontrava - se totalmente amassado e levemente rasgado.
“Lílian Evans”,
Peço que venha a minha sala o mais rápido possível.
M.M ““.
Eu confesso que fiquei intrigada com aquilo. O que afinal Minerva poderia querer comigo? Não era como se eu fosse uma aluna como Potter, que recebia detenção logo no primeiro dia. Aliás, eu nunca havia recebido uma detenção. Aquilo me deixou apavorada! Lílian Evans e detenção, para mim, não cabiam não mesma frase.
Eu caminhei insegura até a sala de McGonagal. Quando entrei percebi que não era a única que havia sido chamada. Um garoto, que parecia ter a minha idade, sorriu levemente ao me ver. Ele parecia estar cansado, até mesmo doente, mas eu não mencionei isso. Apenas sorri de volta enquanto uma luz se acendia na minha cabeça. Remo Lupin, um dos marotos. Como eu pude não o reconhecer?
"Remo. Você está bem?". Eu perguntei porque o garoto parecia estar mesmo se sentindo mal.
"Eu vou ficar bem”.Ele respondeu bem simpático. Disse-me que estava doente. 'Gripe forte apanhada nas férias' segundo suas próprias palavras.
Eu disse um "Espero que você melhore”., Mas acho que foi abafado pelo estrondoso barulho da porta da sala se abrindo e duas figuras entrando desastrosamente. Logo em seguida Minerva apareceu e definitivamente não parecia feliz.
"Black, Potter! Vocês esperam enquanto eu resolvo o tumultuo que vocês causaram e depois volto para resolver o problema da Evans!" Ela falou aquilo tudo tão rápido que eu duvido que qualquer um naquela sala conseguiu entender todas as partes. Mas eu ouvi muito bem as palavras "problema da Evans!”.
"Problema?". Eu perguntei para o nada (aparentemente falar com o nada estava sendo, para mim, o acontecimento do dia), porque a professora já havia saído.
"Aluado, o que você está fazendo aqui?". Potter, o próprio, perguntou.
"Definitivamente não pela mesma razão que você dois. Almofadinhas, Pontas, já?"
"Quebrando recordes meu caro Aluado" Black respondeu, e assustadoramente parecia orgulhoso do que dizia. Não era preciso ser gênio para saber que aqueles dois iriam levar uma detenção. No primeiro dia, para não quebrar a tradição. Uma hora antes que no ano passado, para quebrar o Record.
Eu me virei e fiquei encarando a mesa da professora enquanto ouvia aquela discussão. Tudo que eu menos queria é ter o Potter falando comigo pela segunda vez em um mesmo dia.
"Ainda brava comigo Evans?" A única coisa que eu pude fazer foi pensar 'Eu nunca mais penso numa coisa que não quero que aconteça se ela tiver chance e estiver próxima de acontecer, porque se eu pensar ela acontece.'
"Cale a boca Potter, eu não quero berrar de novo com você”.Eu prezo as minhas cordas vocais.
"Eu não estou dizendo nada Evans”.
"Então eu já cheguei ao cúmulo de ter alucinações”.
"Porque você é sempre tão difícil?" E pela primeira vez no dia ele parecia irritado. Devia me parabenizar por isso? Havia deixado Tiago Potter sentir um miligrama da irritação que ele me causava.
"Potter..." eu me virei decidida. "Você que é persistente demais!”.
"E você quer saber porque eu sou tão persistente?" Ele estava mesmo bravo. Aproximou-se ameaçadoramente de mim.
"Eu adoraria, Potter”.
"Porque eu GOSTO de você”.
Os amigos dele pareciam bem chocados e eu estranhei isso, mas eu? Eu estava a ponto de soltar uma gargalhada longa e estrondosa. É claro que ele gostava de mim. Gostava como qualquer um gosta quando não consegue alguma coisa. Às vezes, eu achava que seria melhor aceitar de vez o convite do Potter, porque assim ele me deixaria em paz. Mas então a razão e o meu orgulho me cobravam a minha sensatez, e eu respondia como sempre: não!
Não, não gosta Potter. Eu pensei calmamente.
"Finalmente!" McGonagol entrou apressada. "Evans. Primeiro você!”.
"Sim senhora”.Eu respondi prontamente.
"Vamos direto ao assunto. Você tem alguma noção do porque a sua casa não conseguiu receber as cartas de Hogwarts?”.
"Oh, Petúnia”.E comecei a entender o ponto que a professora queria chegar.
Petúnia, minha irmã mais velha, havia instalado ao redor da casa o que ela chamava de 'Bloqueio a anormalidades'. Esse pacote de medida adotado pela doida incluía empecilhos ao pouso de aves no teto da casa, grades nas janelas e uma vigilância acirrada. Eu já havia me convencido de que minha irmã era louca, e meus pais também não estavam nada satisfeitos com a perfeita Petúnia. Mas ela era escandalosa, era mimada. Meus pais a controlavam como podiam e pediam a mim colaboração. Para não piorar as coisas. Mas fui eu quem teve que ir com os olhos vendados ao beco diagonal. Rezar para encontrar alguém que conhecia e conseguir comparar o material do sétimo ano.
"Minha irmã mais velha tem uma espécie de, como eu diria, aversão a tudo que envolve magia”.
"O que?" Tiago falou do fundo da sala.
"O Sr. fique bem quieto Sr. Potter”.
"Então..." Eu continuei "Ela er... instalou coisa que impediram que as corujas me entregassem cartas. Resumindo bem, é isso”.
McGonagal pareceu mesmo preocupada, mas só me disse "Espero que resolva os seus problemas familiares Lílian”.
Eu murmurei um "Não se preocupe”.Muito envergonhada por Potter e cia estarem ouvindo aquela conversa.
"Então se é só isso..." Eu comecei querendo me livrar logo daquela situação.
"Espere um momento Srta. Evans”.McGonagal cruzou as mãos e as colocou elegantemente em cima da mesa.Eu sempre noto isso, porque ela sempre fica com uma cara um tanto quanto assustadora.
"Certo”.Eu respondi insegura. O que mais faltava acontecer hoje?
"Você não pode receber as cartas de Hogwarts, então não foi possível lhe avisar de seu novo cargo”.A professora sorriu.
"Cargo?" Eu perguntei cada vez mais confusa.
"Exatamente Srta. Evans. Você é a mais nova monitora chefa de Hogwarts”.
"Como é que é?" Eu falei alto de mais meu pensamento. "Er... quer dizer, nossa!" McGonagal fez uma cara nada satisfeita, mas ignorou o meu comentário. Graças a Merlin!
"Pedi para que o Sr. Lupin viesse aqui para coloca-la a par de suas obrigações. Já o informei do necessário antes da sua chegada”.
"Aluado, que decepção..." Black falou do fundo da sala.
"Realmente. Um maroto monitor chefe. Nunca pensei que fosse ver isso na minha vida”.Tiago completou com aquela voz de mãe quando está totalmente desgostosa. Afinal, eu pensei maldosamente, Tiago devia aprontar tanto que conhecia todos os tons de reprovação de sua mãe.
Remo apenas sorriu como quem estava segurando o riso (provavelmente por causa da presença da McGonagal) e balançou a cabeça negativamente.
Depois daquele pequeno show eu apenas perguntei a professora se podia sair e ela me autorizou. Logo em seguida Lupin também foi liberado.
Aquele ano havia começado realmente bem agitado. Primeiro Potter e aquela novidade. Quer dizer, eu era apenas uma Lílian Evans. E o que mais me preocupava é que agora, querendo ou não, eu teria que ficar de olho no Potter. Ele e o Black eram os maiores encrenqueiros daquela escola. Porém duas coisas me consolavam. Primeira, eu poderia puni-lo pelos seus atos. Segunda, o monitor chefe era um dos melhores amigos dele. Alguma coisa, afinal, teria que dar certo.
Enquanto eu pensava em tudo isso, Remo e eu íamos caminhando até o salão comunal com ele me passando todas as informações que eu deveria saber. Eu me senti culpada quando me dei conta que não havia escutado nada. Resolvi não pedir para ele repetir, já bastava eu ter feito o garoto falar aquele mundaréu de coisas uma vez. Então basicamente eu sou uma recém monitora chefe que não tem idéia do que tem que fazer. Começou muito bem Lílian Evans!
Para completar o meu desânimo, o culpado por eu não saber o que fazer e que ocupou, quase que totalmente, quatro páginas desse diário entrou no salão comunal bem na hora que Remo acabava de me passar às instruções.
"Remo Lupin nós queremos falar com você!”
Eu resolvi que era hora de ir embora. Não agüentaria TRÊS conversas com Tiago Potter no mesmo dia.
"Certo. Eu vou indo então Remo".Eu me despedi rezando para não ter chamado atenção, e me direcionei para as escadas que davam acesso aos dormitórios o mais rápido possível.
"Lily" Eu ouvi aquela voz me chamar. Resolvi encarar como uma alucinação.
"Evans”.Ele me chamou novamente.
Eu já estava no meio da escada. Quero dizer, mais um pouquinho e eu sairia vitoriosa.
"Potter..." Eu respondi desanimada.
"Só para não quebrar tradições”.Ele começou. "Quer sair comigo?" Ele perguntou sorridente.
Por tudo que era mais sagrado! Eu merecia? Eu tive um dia definitivamente cansativo, fiz de tudo para não ouvir aquela maldita pergunta, e quando eu estava quase lá, longe do perigo...
"Hum... deixe me ver, Potter. Você quer a resposta totalmente irritada, a calma, a completamente chateada ou a que eu apenas reviro os olhos e te dou as costas?"
"Eu?" Ele começou marotamente "Bem, eu gostaria de um sim e um beijo!"
Eu o lancei o olhar mais furioso que consegui e praticamente berrei um "Cale a boca, Potter!”
Agora eu estou aqui, deitada em minha cama e desejando que o tempo não passe para que eu não tenha que levantar amanhã para ver o sorriso nem o resto todo de Tiago Potter.

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