Murmúrios



N/A: oi gente XD primeiro, quero agradecer os comentários fofoférrimos que vocês me deixaram. Segundo, quero dizer que a fic está caminhando pra sua reta final. Terceiro... Bem, não tem um terceiro.

A N/A é pequena porque a Luh tem que keep on writing, sacam? Então fiquem com mais um capítulo de My Slytherin.

Há.




My Slytherin
VI – MURMÚRIOS





Se arrependimento matasse...

- Vamos, Potter. Deixe de ser molenga. Tenha atitude. – Murmurou Jean, perigosamente, tentando se aproximar do sonserino no sofá confortável do salão comunal.

Os olhos de James expressavam um seco “deixe-me em paz”, mas ela não parecia notar. Estava grudada no rapaz desde que ele pisara no salão, e não o deixava em paz, com longos monólogos sobre seus antigos namorados e coisas mais fúteis ainda. Talvez não estivesse acostumada a saber o que fazer orientada por um par de olhos.

- Não sei que atitude. – Ele rosnou, impaciente, mantendo o olhar fixo na lareira que estava em sua frente.

- Você não é tão bobo assim.

James abriu um sorriso irônico, que não chegou até seus olhos cinzentos.

- Te juro que sou bobo ‘assim’. Agora me deixe em paz. – James respondeu, trincando os dentes para não falar algo pior.

- E se eu não te deixar em paz, bonitão? – Ela sibilou, apoiando-se sobre as mãos perigosamente próximas de James.

Pela primeira vez, ele abriu um sorriso sincero.

- Ah, bonitona, então eu vou ter que... improvisar.

James se levantou e se preparou para sair do salão, mas Jean fora mais rápida e apertara firmemente seu braço esquerdo, ficando de pé também.

- E você é capaz? – Jean indagou, dando um sorriso falso.

- Mais do que você pensa.

- Prove.

O sonserino arqueou as sobrancelhas tão alto que elas quase desapareceram nos cabelos negros e despenteados que caíam em sua testa.

- Jean. Não brinque comigo. – Ele tentou gentilmente afastar a mão de Jean de seu braço...

- Não é brincadeira!

Como se um choque perpassasse o corpo de Jean, ela soltou o braço de James e recuou um passo. Bom, era uma sonserina; não era muito boa em transmitir confiança. Mas se havia algo que James fazia bem, era o ‘dom’ de ler olhares.

E o olhar dela não poderia ser mais sincero.


Bom, James já estaria morto.

Desde o dia em que tivera aquela conversa com sua adorável colega de casa, ela não o deixava mais em paz. Sempre dava um jeito de falar com ele, puxar conversa, dizer “como seus olhos são adoráveis”. Seus sentimentos não poderiam estar mais explícitos.

Explícitos, porém, não correspondidos.

Jogou seu moletom no malão ao lado de sua cama, e, com um feitiço, fechou os cortinados. Não queria alguém bisbilhotando o garoto que fazia Jean Fusett esperar por ele e acabar adormecendo no salão comunal. Ele fazia o que queria de sua vida. Mesmo que isso incluísse corações despedaçados.

O fato, nu e cru, era que James fazia isso com a sonserina porque havia outra coisa tomando conta de suas preocupações.

De suas preocupações e outras coisas, digamos assim...




- You better shape up, 'cause I need a man and my heart is set on you… You better shape up; you better understand! To my heart I must be true¹… - Cantarolava Lily, enquanto uma redação sobre as maiores guerras bruxas durante os séculos XV e XVI se desenhava no pergaminho à sua frente, com base em sua mão direita. Estava tão distraída que nem ligava para o que escrevia, já que a matéria estava mais do que gravada.

- Você devia seguir com a carreira de cantora. – Brincou uma voz alegre e fina, seguida do barulho de uma cadeira sendo arrastada. – Lils Popstar fica super a sua cara.

Lily abriu um sorriso e virou-se para a amiga.

- Não é tão simples, Alice. – Respondeu, mordendo o canto dos lábios. – Ei. Você viu Sirius por aí?

A amiga da ruivinha lançou a ela um olhar desconfiado.

- O Sirius, Lily? – Perguntou, fazendo uma cara espantada. – Eu não sabia que...

Lily rapidamente negou, assustada só com a possibilidade de um dia gostar de Sirius Black.

- Não, não, Alice. Não ele. – Ela sacudiu a cabeça. – Eu gosto sim do Sirius, mas não passa de uma grande amizade. Não mesmo.

Alice soltou uma gargalhada e pegou uma mecha do cabelo escuro, enrolando-a por entre os dedos longos e finos de pianista que tinha.

- Ele é um bom partido, coisa que não encontramos mais por aqu... – Ao ver a expressão sonhadora que tomara conta do rosto de Lily, ela estreitou os olhos. – Hey, hey, hey. Tem algo aqui que você ainda não me disse?

Bom, muitas coisas. Primeiro o fato de que havia sim outro bom partido em Hogwarts; meio calado demais, talvez, mais ainda assim um rapaz que tinha respeito e, claro, beleza. O único defeito que faria alguém torcer o nariz em relação a ele era o fato de ele ser... Sonserino.

- Bem. Ele é sonserino. – Falou Lily, em voz baixa, largando sua pena.

Alice soltou um gritinho de surpresa.

- SONSERINO, LILS? – Berrou, empolgada, saltando da cadeira e fazendo uma cômica cara de desentendimento. – E onde foi parar o negócio de orgulho grifinório? Eu pensei que...

- NÃO! – Gritou Lily, colocando a mão sobre a boca da amiga e olhando em volta, preocupada com os alunos que poderiam ter prestado atenção no grito de Alice. Ela puxou a amiga para cadeira e só a soltou quando ela fez um sinal de que ia falar baixo. – Ficou louca de berrar isso? – Sussurrou, fechando os olhos. – Já pensou o escândalo que vai ser?

A cabeça de Alice maquinava; quem seria o misterioso sonserino por quem Lily estava apaixonada? Ele seria tão ruim a ponto de Lily sentir vergonha de falar de seus sentimentos por ele? Bom... Então só podia ser...

- OHMEUDEUS. – Exclamou ela, num fôlego só. – EU SEI!

Lily arqueou uma sobrancelha.

- Sabe?

- SEI! – Ela se levantou da cadeira, jogando-a no chão novamente, e colocou as mãos na cabeça, arregalando os olhos. – VOCÊ ESTÁ COM VERGONHA DE DIZER DE QUEM GOSTA PORQUE ESSA PESSOA É O SNAPE!

Lily arregalou os olhos com tanta força que achou que eles saltariam a qualquer minuto.

- NÃO! – A ruiva gritou, horrorizada, quando os alunos que estavam no salão começaram a murmurar. – ALICE, NÃO!

Mas era tarde demais, porque a idéia já estava consolidada na cabeça de Alice.

- Oh meu Deus, oh meu Deus, eu nunca pensei que viveria o suficiente pra presenciar minha amiga gostando do nojento do Snape! Como se alguém tivesse a capacidade de ficar com aquele trasgo nojento de sete pernas! Lily, você é louca, eu acho que só pode ser isso... Imagine só beijar aquela boca nojenta! Imagine só o hálito que ele deve ter! Além do mais, e se ele quiser passar a mão no seu corpo? CREDO, eu fico enjoada só de imaginar! OH MEU DEUS, Lily, por que logo ELE? – Alice dizia, em uma respiração só, respirando febrilmente e andando pelo salão comunal.

Desnecessário falar que todos os alunos presentes apontavam para Lily e soltavam risadinhas desdenhosas; Lily e Snape?

- Cale a boca! – Berrou Lily, ficando mais vermelha a cada segundo. – Isso não é verdade! EU NÃO GOSTO DO SNAPE!

- Imagine o casamento de vocês! A lua de mel, o desastre que vai ser. TER RELAÇÕES COM AQUELA... AQUELA COISA! Como você é capaz, amiga? Você está bem? Na perfeita saúde mental? Não está sob o efeito de uma maldição? – Alice virou-se e segurou os ombros da amiga, que pisoteava o chão furiosa até ela. Então, a sacudiu. – Quer uma poção ou algo assim? Um repouso, quem sabe? Um...

- EU JÁ FALEI QUE NÃO GOSTO DO SNAPE! – Gritou Lily, batendo na parede. – EU GOSTO DE OUTRA PESSOA!

Alice sacudiu a cabeça.

- De quem, então?

Lily vacilou, e abaixou a cabeça.

- Alice...

- EU SABIA! – Berrou a amiga, vitoriosa. – Lily e Snape, há! Não negue!

O salão todo começou a gritar coisas maldosas sobre os dois, então Lily se deixou recolher os materiais e subir correndo para seu dormitório, onde finalmente teria um pouco de paz.

E poderia pensar em um modo de acabar com essa grande confusão.




Novembro chegara e, com ele, os dias cada vez mais cinzentos e frios. O inverno daquele ano prometia ser forte e realmente bem frio, então os alunos de Hogwarts adoravam cada vez mais ficar nos salões comunais, aninhados perto do calor da lareira, que já não era suficiente para tanta gente.

Na hora do café da manhã e da janta, muitos alunos preferiam comer suas próprias comidas nos salões, porque o salão principal estava mais frio que o habitual, de modo que ficava cada dia mais vazio.

Exatamente do jeito que James Potter gostava.

Naquela sexta-feira seca e fria, James estava largado no banco da Sonserina que ficava de frente para a parede. Apenas alguns outros alunos sentavam-se à mesa, um pouco mais afastados, conversando em voz baixa. Estava com um moletom diferente, cinza e preto, uma calça de moletom preta e tênis largados e frouxos. Suas mãos estavam extremamente geladas e pálidas, mas estava acostumado. Sua própria casa era bem mais fria que aquilo.

E, naquele frio, pouquíssimas coisas conseguiam causar algum calor. Entre elas, lareiras, varinhas e seus feitiços e as vozes de certas pessoas.




Aquela não era a melhor época da vida de Lily Evans. Todos os dias, por onde passava, as pessoas apontavam para ela e faziam algum comentário sobre sua suposta relação com Snape. A história que Alice inventara vazara pela escola toda, e, depois daquilo, a ruiva nunca mais tivera um momento de paz.

Cansada de ouvir murmúrios por onde passava, ela se retirou ao canto mais vazio da mesa da Grifinória, comendo um delicioso caldo quente. Naquele frio, a única alternativa para se esquentar era correr atrás do calor de comidas e do fogo.

Lily levantou a cabeça. Pouquíssimas pessoas estavam no salão; até a mesa dos professores estava praticamente vazia. Desanimada, levantou-se e começou a tomar o rumo para o sétimo andar, mas parou assim que viu um sonserino tamborilando com os dedos na mesa enquanto comia uma maçã.

Andou até ele, incerta do que fazer, e tocou seu ombro. E, quando ele se virou, sua surpresa não poderia ser maior.

- Lily. – Exclamou, a voz saindo rouca por falta de uso.

- Olá. – Ela deu um sorrisinho. – Posso me sentar aqui com você?

Meio desconfiado, James franziu o cenho.

- Claro. – Disse ele, acenando para o lugar ao seu lado no banco.

A ruiva agradeceu com um aceno de cabeça, e colocou os cabelos para trás com uma das mãos frias.

- O que faz aqui sozinho? – Indagou, vendo que ele estava afastado de todo mundo.

- O que faz aqui sozinha? – James retrucou, sem emoção, voltando a tamborilar na mesa.

- Eu perguntei primeiro. – Lily respondeu, abrindo um sorrisinho que era adoravelmente irritante, na opinião de James.

Ele levantou as sobrancelhas.

- Olha... Eu sempre fui sozinho... Entendeu? – Explicou, ainda sem olhar para ela. – Agora me diga você.

Lily suspirou.

- Fugindo das pessoas. Você chegou a ouvir os rumores, não chegou?

Ele assentiu, levemente.

- Então, é insuportável. As pessoas ficam apontando pra mim como se eu fosse um animal num zoológico, ou algo assim. E eu só... – Tentou achar as palavras, mas não conseguiu. – Só...

Então, James fez algo que Lily nunca ao menos pensara em ouvir dele.

- Eu te entendo.

Levantou a cabeça e olhou bem fundo nos olhos de Lily, de um modo que nunca tinha feito antes.

- Você... Você me entende? – Ela perguntou, esticando o corpo.

Acidentalmente, ao se alongar, Lily deixou sua mão cair em cima da de James, que repousava no banco. Aquilo foi como um choque; não porque as duas mãos estavam geladas, mas sim pela sensação que as mãos juntas causavam no sonserino e na grifinória.

James ficara sem reação. O olhar de Lily estava meio assustado e meio surpreso, como se não tivesse feito aquilo de propósito. Então, sem pensar nas conseqüências, sem nem ao menos pensar no que estava fazendo, ele virou sua mão para poder segurar a mão de Lily e o fez, seus dedos pálidos e fortes passando pela mão dela.

Para Lily, aquele gesto fora como um gole de chocolate quente. Seu corpo experimentou uma sensação totalmente nova, extremamente boa. E, incrédula, ela olhou para as mãos unidas e depois para James.

- Sim, eu te entendo. – Meio encabulado, James passou a outra mão nos cabelos, os deixando mais despenteados do que o normal.

Lily sorriu. E, assim que fez isso, Snape, Malfoy e Goyle entraram no salão, com Jean Fusett trotando furiosa atrás deles.

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