Sonho
N/A: A demora é uma dádiva, não acham? /começa a correr das bananas, maçãs, alfaces, tomates, abóboras, uvas, azeitonas, alfafas, chucrutes, nabos, quiabos, pepinos, laranjas, melancias, morangos, pêssegos, batatas, cebolas, abacates, berinjelas, beterrabas, melões e pinhões jogados pelos leitores/. Bom... ii’ acho que nem adianta pedir desculpas, né?
Porque a demora foi culpa da minha sem-vergonhice, que quem não me conhece não pode imaginar, e quem me conhece sabe só metade. Eu sou muito, muito sem-vergonha. É claro que...
Ah, deixa pra lá. Não quero ser morta hoje @_@
Anyways, valeu aos comentários =D quando der, eu abro uma página só pra responder, ok? É que eu nem deveria estar aqui. Estou ocupada até o último fio de cabelo =S
Espero que gostem desse capítulo, que, apesar de BEM pequeno, é uma das chaves da história. Há. Só espero que, depois de ler esse quarto capítulo, não coloquem um final feliz na cabeça. Meu final é algo completamente diferente do que vocês imaginam, tenho certeza.
Querem uma pista?
NÃO VOU DAR!
MuAHAHAHAHHA.
Amo vocês nira*
PS: ia me esquecendo. Se pelo menos 25 pessoas diferentes comentarem, eu posto o capítulo quinta-feira SEM FALTA. Há.
(Conspiracy Acoustic - Paramore)
IV – SONHO
Sirius Black bufou, irado, enquanto atravessava os frios corredores de Hogwarts à noite. Estava completamente enrolado num casaco azul-marinho sobre o uniforme, que não o protegia totalmente do frio repentino que penetrara as paredes do castelo. Por que tivera de arrumar uma detenção no mesmo dia e horário de seu primeiro encontro com Marlene, que fora conseguido com tanto esforço? Não havia nenhuma justiça no mundo, para ele. Se houvesse, a detenção seria marcada para o próximo dia, no mínimo. Mas não. Tinha que ser naquele dia. Quase como se estivesse marcado...
Sacudiu a cabeça. Estava pensando demais em destino e futuro. Talvez fosse o efeito da detenção.
- Entre, Sr. Black. – Soou a voz do professor, quando ele chegou à porta. – Boa noite.
Ele não precisou falar duas vezes. Sirius não queria se meter em mais uma confusão.
Numa confortável cama de monitora, Lily dormia profundamente, afundada nos mais diversos sonhos. Fora um dia muito cansativo, então apenas jantara e seguira logo para a cama; seu corpo cansado parecia chamar por um colchão fofo e um travesseiro quente. E sua mente precisava de um belo descanso.
Estava apaixonada, afinal? Obcecada? Iludida? Que tipo de sentimento era aquele que preenchia seu coração de um modo tão exato e firme que ela não sabia mais se controlava o sentimento ou era controlada por ele?
Dúvidas, dúvidas e mais dúvidas. Ultimamente, era só o que tinha na cabeça. Não conseguia pensar em mais nada; as lições de casa lembravam o olhar dele, as explicações dos professores lembravam o jeito como ele segurara sua mão naquele dia e até as nuvens pareciam refletir sua voz dura e fria. Era uma completa e boba apaixonada.
Paixão? Não seria, melhor dizendo, amor?
- Vamos, Potter. Deixe de ser molenga. Tenha atitude. – Murmurou Jean, perigosamente, tentando se aproximar do sonserino no sofá confortável do salão comunal.
Os olhos de James expressavam um seco “deixe-me em paz”, mas ela não parecia notar. Estava grudada no rapaz desde que ele pisara no salão, e não o deixava em paz, com longos monólogos sobre seus antigos namorados e coisas mais fúteis ainda. Talvez não estivesse acostumada a saber o que fazer orientada por um par de olhos.
- Não sei que atitude. – Ele rosnou, impaciente, mantendo o olhar fixo na lareira que estava em sua frente.
- Você não é tão bobo assim.
James abriu um sorriso irônico, que não chegou até seus olhos cinzentos.
- Te juro que sou bobo ‘assim’. Agora me deixe em paz. – James respondeu, trincando os dentes para não falar algo pior.
- E se eu não te deixar em paz, bonitão? – Ela sibilou, apoiando-se sobre as mãos perigosamente próximas de James.
Pela primeira vez, ele abriu um sorriso sincero.
- Ah, bonitona, então eu vou ter que... improvisar.
Lily sentou-se em sua cama, de sobressalto.
- Eu preciso parar de ter esses sonhos. – Murmurou febrilmente, colocando uma mão na testa e deixando o suor frio escorrer livremente.
Notou que arfava, e suas roupas pareciam coladas e pregadas em seu corpo. Então se levantou, pegou uma roupa qualquer e foi em direção ao banheiro.
- Merda, merda, merda... – Resmungou, batendo a porta e abrindo a torneira rapidamente, enquanto as roupas escorregavam de suas mãos e caiam levemente sobre o chão de pedra.
Tampou o ralo e deixou a pia se encher até a metade. Então pegou um punhado de água nas mãos trêmulas e pálidas e molhou o rosto e boa parte do cabelo, sentindo um leve choque por causa da temperatura fria. E ficou assim por algum tempo, até se acalmar. Fechou a torneira e tirou a tampa do ralo, deixando a água escorrer, e então começou a se despir, pronta para um belo e relaxante banho quente. Nada como água bem morna para organizar as idéias.
Sendo assim, entrou no boxe e deixou a água escorrer livremente por seus cabelos ruivos, já molhados pelo suor frio. Bom, se aquele banho não fosse lhe ajudar a melhorar, pelo menos não pioraria.
James Potter colocou as mãos nos bolsos do moletom velho que vestia e começou a andar pelos corredores de Hogwarts, envolvido em seus pensamentos confusos. Lembranças de um passado sombrio teimavam em se apertar contra sua cabeça, fazendo-a girar e girar.
Não estava se sentindo muito bem. Um estranho formigamento dançava por entre suas mãos, e ele não sabia como fazê-los parar. Estavam cada vez mais freqüentes. Mas, bom, não devia ser nada... Estava acostumado a sentir sensações estranhas no corpo... Provavelmente um tipo de doença herdada do pai, que quase sempre estava no hospital.
Qualquer um que olhasse para o sonserino naquele momento notaria que seus olhos pareciam estranhamente parados, como numa fotografia em preto e branco. Falariam que o motivo era um tipo de meditação, que ele fazia sempre, mas estariam completamente errados. Naquele dia, especialmente naquele dia, o motivo era completamente diferente.
Era um motivo que nem mesmo ele conhecia.
James andou e andou por muito tempo, enquanto as horas pareciam se arrastar pelas frias paredes de pedra de Hogwats. Suas pernas já estavam ficando extremamente doloridas nos joelhos, porque estava subindo as escadas do sétimo andar pela segunda vez. Subir e descer todas as escadas do castelo não era uma tarefa muito fácil.
E, justamente quando ele pisou no último degrau, uma outra pessoa surgiu no outro lado do corredor. Desnecessário dizer quem era.
- James? – Exclamou Lily, andando rapidamente até ele. – Que surpresa! Eu sempre pensei que os Sonserinos ficavam só nas masmorras...
O rapaz não respondeu. Estava mais ocupado em observar os sapatos.
- Você está ok? – Ela indagou, cruzando os braços, arrepiados por estarem descobertos, e avançando alguns passos. – Não parece muito legal.
Demorou algum tempo até que ele levantasse a cabeça e deixasse à mostra seus olhos escurecidos pela baixa luz do corredor.
- Você está com frio. – Comentou ele, numa voz casual, como se não tivesse ouvido nenhuma pergunta. Geralmente era assim. Não gostava de falar muito de seu humor.
- Eu sei. – Lily assentiu levemente. – Esqueci de pegar um casaco depois do banho.
- Você... – James começou, ainda naquela voz anormal para seus... Padrões... – tem hábitos bem esquisitos para uma grifinória.
- Esquisitos?
A ruiva coçou a cabeça, confusa.
- Ué... Por que diz isso? – Perguntou, franzindo a testa e voltando a cruzar os braços.
- Porque você é diferente. Só por isso. – Lily manteve a feição séria, não sabendo se era um elogio ou uma ofensa. – Mas deve colocar um casaco. Hoje a temperatura deve estar quase negativa.
James levantou totalmente a cabeça, e começou a movimentar as mãos dentro dos bolsos. Estavam formigando cada vez mais.
- Você está... se preocupando... comigo?
Pela primeira vez, ele pareceu desconcertado.
- Que diabos...?
- Não, não fale nada! – A ruiva abriu um sorriso estranho. – Pela primeira vez, eu não quero que você fale. E isso é uma coisa bem rara.
Ele apenas assentiu, batendo os pés no chão frio.
Por alguns minutos, ficaram apenas se olhando, como se não houvesse nada mais a fazer. Lily parecia desafiá-lo a sorrir, com os lábios curvados num sorriso maroto, e James apenas a encarava com a cabeça meio inclinada para a direita. Poderiam jurar que estavam vendo quem piscava primeiro.
- Que coisa mais idiota de se fazer. – Riu ela, soltando uma gargalhada alta. – Olhar um para o outro como duas crianças!
- É uma brincadeira boa. – James se inclinou para frente, já que a ruiva era mais baixa que ele. – Não acho que seja só de criança.
- Wow. Você está realmente se revelando hoje.
- É a primeira e última vez.
Lily arqueou as sobrancelhas.
- Você já pensou em ser mais gentil comigo? Sabe, eu estou passando frio por sua causa.
O gesto que James fez foi o mais próximo de uma gargalhada que Lily já vira. Agora, pensou ela, só preciso fazê-lo sorrir de verdade.
- Está livre para ir embora. – Ele declarou, em voz baixa. – Eu não te pedi para ficar aqui.
- E é justamente por isso que eu estou aqui.
James recuou alguns passos, resignado, e aproveitou para fechar bem os olhos, que já estavam começando a arder.
- Você é bem difícil de entender, sabia? – Argumentou, voltando a olhar para ela.
- Você é mais! Nunca fala uma frase grande. É sempre uma frase pequena, que na maioria das vezes tem alguma alfinetada. – Lily exclamou, com uma voz estranha. – Oh, vamos. Eu já posso ser considerada sua amiga, não posso?
Ele considerou a questão.
- Eu não tenho amigos, Evans. Eu não preciso deles.
Lily suspirou; aquela “aproximação” estava sendo mais difícil do que ela imaginara que seria, desde o primeiro dia em que o viu.
- Diga: você é um robô ou um humano?
- Ah, isso eu não posso te responder. Você tem que descobrir sozinha.
Ela quase se engasgou com a própria saliva; ele tinha falado duas frases completas? E estava a desafiando? Não, não era possível.
- Você está me desafiando? – Resmungou ela, incrédula.
James se virou para voltar para as masmorras onde ficava seu dormitório.
- Você pergunta demais.
Então, ele saiu andando calmamente, começando a sentir-se levemente nervoso pelo fato de que o formigamento nas mãos continuava.
Lily já estava preparada para aquilo, mas não para o que viria a seguir. Pois James, num gesto ágil, tirou o moletom e se virou novamente, com a sombra de um sorriso estampada no rosto.
- Ia me esquecendo. – Ele jogou o moletom para a ruiva, que o segurou, estupefata. – Não fique passando frio à toa. Se você morrer congelada, vai deixar de aproveitar muita coisa.
Ele pareceu dar uma piscadela, e logo desapareceu pelas escadas longas e frias. E não precisava falar duas vezes. Lily não queria deixar de aproveitar certas coisas...
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