LÁGRIMAS DE SAUDADE ... (capít
INTRODUÇÃO:
Visita a casa Paterna
Como a ave que volta ao ninho antigo,
Depois de um longo e tenebroso inverno,
Eu quis também rever o lar paterno,
O meu primeiro e virginal abrigo.
Entrei. Um gênio carinhoso e amigo,
O fantasma talvez, do amor materno,
Tomou-me as mãos, - olhou-me grave, terno,
E, passo a passo, caminhou comigo.
Era esta a sala...(Oh! Se me lembro! E quanto!)
Em que da luz noturna à claridade,
Minhas irmãs e minha mãe...O pranto
Jorrou-me em ondas...Resistir, quem há de?
Uma ilusão gemia em cada canto;
Chorava em cada canto uma saudade...
(Luís Guimarães)
LÁGRIMAS DE SAUDADE
“Silêncio. Um raio verde corta a escuridão da noite. Um grito que nunca saiu. Uma risada aguda e fria. Rony Weasley sem vida no chão. Um segundo lampejo. Voldemort morto. Harry conseguiu. Acabou.
Um ano se passou. Caia uma chuva fina e gelada lá fora. Ele estava parado na porta, imóvel. Decidiu entrar. Era a primeira vez que ele voltava ali. O salão de entrada estava vazio, seguiu em frente. Subiu as escadas, e encontrou-se na entrada pra sala comunal, suas pernas o levavam mais por costume do que por outra coisa. Não havia Mulher Gorda para receber a senha, na verdade não havia mais quadro nenhum, todos haviam sido retirados. Ele empurrou o retrato vazio e entrou.
Silêncio, tudo vazio, a lembrança dos gêmeos Weasley fazendo bagunça naquele local veio muito forte em sua mente. Nem nas madrugadas em que estivera acordado ali ele se lembrava de tê-la visto tão silenciosa. Subiu para os dormitórios, sentou na cama que um dia fora sua. Lembrava-se perfeitamente de cada canto daquele aposento.
A medida em que andava pelo castelo ele se lembrava de momentos da sua vida. As salas de aula somente com carteiras, a biblioteca sem livros com estantes vazias, o banheiro da Murta, tudo lhe lembrava algo.
Ele foi até o corredor do sétimo andar, passou três vezes pela tapeçaria de Barnabás, mas ao abrir os olhos nada aconteceu. A magia do lugar havia acabado por inteira depois que fechara.
A gárgula em frente à sala de Dumbledore não estava mais lá. Ele subiu as escadas e chegou ao escritório mal iluminado. A sala estava irreconhecível sem aqueles objetos brilhantes e esquisitos mas muito característico de seu antigo dono. Deixou-se ficar por algum tempo ali, parado, sozinho, perdido em lembranças.
Hogwarts nunca esteve tão vazia, nem nos feriados de Natal quando todos iam para suas casas. Não havia fantasmas, não havia quadros, não havia Pirraça, professores ou alunos.
O Salão Principal parecia muito mais comprido que normalmente, as mesas das casas e a mesa dos professores continuavam no mesmo lugar, intactas, vazias. Não havia decoração. Ele caminhou até a mesa da Grifinória, sentou no lugar costumeiro, como se derrepente fosse aparecer o delicioso café-da-manhã de sempre, desejando que Dumbledore surgisse do nada e falasse que tudo não passou de um sonho, apenas um sonho ruim.
Sentiu seu coração despedaçar. Como aquele lugar maravilhoso pudera acabar? Hogwarts foi o primeiro lugar em que Harry se sentiu em casa, onde sentiu ser o seu mundo. Foi ali que aprendera tudo, fizera os melhores amigos, vivera as maiores aventuras.
- Hei, achei que te encontraria aqui.
Harry não conseguia falar parecia que sua voz se recusava a sair.
- Acho melhor agente voltar Harry, isto não está te fazendo bem.
- Hermione, eu ainda quero ver os jardins.
Os dois saíram pela gigantesca porta de carvalho. Harry tinha a impressão de que o tempo refletia seu interior. Ele não estava bravo, revoltado, apenas triste. Do céu caia apenas chuva, sem nenhum relâmpago ou trovão.
Eles estavam nas arquibancadas do campo de Quadribol. Sem se falarem.
- Lembra – começou Harry quase num sussurro – quando Rony ganhou a Taça de Quadribol no nosso quinto ano?
- Ele ficou muito desapontado quando soube que agente foi ver o irmãozinho do Hagrid em vez de assistir ao jogo. – completou Hermione sorrindo levemente com a lembrança.
Pensar no amigo fez a garganta do garoto arder. Sentiu uma dor muito forte no peito, em que se misturava a alegria e uma terrível tristeza. A falta de Rony era constante em sua vida.
- Não acredito que fechou! – falou Hermione chorosa – Passamos a vida inteira aqui.
Aos poucos eles foram se lembrando de tudo que havia acontecido com eles. O cão de três cabeças, o xadrez de bruxo, a poção polissuco, o diário, o mapa do maroto, os dementadores, o baile de inverno, as aventuras na floresta, tudo foi voltando lentamente para suas mentes.
Eles passeavam no jardim sem se importar com a chuva que caia sobre eles. Passaram pela cabana que fora de Hagrid – ele agora morava com madame Máxime e Grope na França em uma grande casa. - Talvez eu acorde e perceba que não foi mais do que um sonho ruim, pensava Harry enquanto andava, talvez um dia reabra, talvez Hogwarts volte a ser a casa de outros garotos, talvez mais amizades eternas se formem aqui.
Parando inesperadamente, Harry voltou-se para a amiga e envolveu-a num longo abraço.
- Isso é tão injusto.- disse ela desabando em lágrimas - Você matou Voldemort, merecia ser mais feliz do que qualquer outro.
- Promete que nunca vai me abandonar Hermione?
- Harry eu...
- Promete?
- Prometo.
Eles se desvencilharam do abraço carinhoso e seguiram em direção ao portão de saída com os rostos úmidos de lágrimas, lágrimas de saudade. Deixando para trás um magnífico castelo, deixando para trás o lugar em que viveram os melhores momentos de suas vidas. Levando consigo nada mais do que lembranças. A maioria guardada em seus corações, mas algumas, gravadas para sempre naquela marca única, gravadas eternamente naquela cicatriz.”
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