Salas Vazias e Comensais

Salas Vazias e Comensais



Title: Cogitari Ancilla
Author name: Jesse Kimble
Author email: [email protected]
Category: Drama
Rating: PG-13
Spoilers: PS, CoS, PoA, GoF, OOTP, Departamento de Mistérios.
Shippers: Harry e Hermione, sempre! Provavelmente apareça Draco/Gina.
Summary of the chapter: Foram Comensais da Morte que o tiraram daquela sala? Mas por quê? Para quê?
Disclaimer: Harry Potter não é meu, ele faz parte da conspiração estadunidense, mas como eu já disse, votem em mim que eu resolvo a situação rapidinho!
A/N: é incrível como todos conspiram para que eu não escreva essa fic... primeiro, meu cérebro não funcionava direito e eu não consegui escrever mais de três páginas. Então, quando eu finalmente me inspirei, dobrei o tamanho dela e aprendi a enrolar, alguém tinha que vir com uma notícia horrível pra acabar com o meu humor... tá aí a explicação pra demora do capítulo e pro fato de ele ter ficado uma droga!




Capítulo Um - Salas vazias e Comensais



“I didn’t hear you leave, I wonder, how am I still here?

I don’t want to move a thing, it might change my memory

Oh, I am what I am, I’ll do what I want, but I can’t hide

I won’t go, I won’t sleep, I can’t breathe, until you’re resting here with me

I won’t leave, I can’t hide, I cannot be, until you’re resting here with me”

-- Dido, “Here With Me”





***

Ela estava visitando a casa dos Weasley. Sempre fizera isso. Por um tempo, não fizera isso com tanta freqüência, porque Harry tentava o possível para se manter afastado dos Weasley desde que Rony morrera e também porque doía muito ver a Toca sem ver o Rony, era como se algo faltasse... demorou algum tempo até que ela aprendesse a aceitar isso. Agora Harry também morrera. Há um ano ele tinha decidido entrar no Departamento de Mistérios. Há um ano ele tinha sacrificado-se para derrotar Voldemort.

É irônico que isso precisasse ter acontecido para que ela se reaproximasse daquela família que ela considerava como sua. Agora ela podia passar longas tardes conversando com Molly ou trocando confidências com Gina como se fosse algo absolutamente normal, como se não houvesse uma ausência pesando sobre eles. Ou duas. Fora o jeito que ela encontrara de não deixar toda sua juventude para trás... de lembrar das férias que ela passava na Toca, com Rony falando sobre quadribol quase todo o tempo e Harry se admirando com as invenções bruxas que havia na casa do amigo.

Para Hermione, parecia que muito tempo tinha transcorrido desde o dia que Gina descera a escada de camisola, correndo para ver “o famoso Harry Potter”. Agora não era mais aquela garota de onze anos que estava a sua frente. Era uma mulher, com os mesmos vívidos cabelos ruivos, casada com quem ela menos imaginaria naquela época. O que mesmo que ela estava dizendo? Hermione novamente tinha perdido-se na conversa, isso acontecia freqüentemente...

Ah, sim! Ela estava contando sobre o novo emprego que tinha arrumado no Ministério. Era no Ministério, não? Que diferença isso faria? Não se interessava pelo Ministério há tanto tempo...

- Está me ouvindo, Hermione? - perguntou Gina, com a expressão preocupada.

- Não... desculpe, Gina, eu estava distraída. - murmurou Hermione, arrependida. Por Merlin! Será que ela conseguiria prestar atenção na conversa da amiga por míseros cinco minutos? - O que você estava dizendo?

- Sobre o meu novo trabalho na Comissão de Justificativas Dignas de Trouxas... - ela recomeçou, mas foi interrompida pelo choro do bebê que estava no quarto de cima - Ah, depois a gente conversa, vou ver o que o Matthew quer. - disse ela, subindo para acalmar o filho.




***

Eles me trouxeram por uma chave de portal. Só pude identificá-la pela característica sensação que causara em meu estômago. O problema da chave de portal é que por causa dela não tenho a mínima idéia de onde estou. Posso estar a quilômetros do Ministério da Magia ou não ter saído de Londres. Quando cheguei, eles finalmente tiraram meu capuz e pude identificá-los; eram realmente Comensais.

Estávamos em um grande salão. O chão resplandecia, feito de lustroso mármore negro. Há uma única porta que se abria para alguma parte obscura daquilo que deveria ser uma casa. Muitos Comensais estavam espalhados pelo salão quando um aproximou-se e forçou uma poção por minha garganta.

Em pouco tempo, meus sentidos foram se esvaindo, como se tivessem tornado-se complexos demais para que eu interpretasse as mensagens que me enviavam. O murmúrio dos Comensais se espalhava pelo ambiente e começara a me deixar tonto - aquele salão tão amplo começou a se tornar tão abafado.

Eu estava inconsciente quando me trouxeram para este quarto; não lembro do que fiz para chegar aqui. Chamo de quarto, mas parece uma cela ou uma masmorra. As janelas estão trancadas com pesados cadeados. Eles tiraram minha varinha para impedir-me de tentar abri-las.

As paredes eram de pedra e o chão era tão gelado! Ao menos deixaram alguns cobertores, empoeirados, aos pés da cama. Tenho vontade de me embrulhar neles e ficar ali, sem pensar em mais nada.

Decidi deitar na cama. Meu corpo estava exausto, como se não repousasse há semanas. Todos os sentimentos e sensações que tinham sido esquecidas durante o tempo em que fiquei preso estavam voltando; minha roupa parecia não ajudar em nada contra o frio existente naquela casa. O colchão era duro e mofado mas quando deitei, senti que anos tinham passado sem que eu descansasse apropriadamente.




***

Molly insistira tanto que Hermione acabara aceitando jantar na Toca. Os gêmeos apareceram no final da tarde, depois de encerrado o expediente nas Gemialidades Weasley, no Beco Diagonal. Eles estavam tão ocupados ultimamente que fazia tempo que Hermione não os encontrava.

Draco também juntou-se a eles. Chegou atrasado, quando todos já estavam jantando. Hermione nunca pensou que chegaria o dia que ela veria Draco preocupado por se atrasar para o jantar com os Weasley, mas era exatamente isso que ela estava vendo agora.

- Achei que você tinha ido direto para casa. - comentou Gina, quando Draco sentou-se à mesa.

- Eu disse que viria, não disse? Só demorou um pouco mais do que o esperado. Houve, hum, um incidente no Ministério.

- Um incidente? Espero que não seja por causa daquele gás Garroteante que o Kingsley comprou semana passada. - falou Fred rindo.

- Um gás Garroteante? Vocês venderam um gás Garroteante à um Auror? - perguntou Molly, pronta para começar a brigar com os gêmeos.

- Não foi o gás, hum, Garroteante que vocês disseram. - perguntou Draco com a voz mais arrastada que o normal. - Uma porta do Departamento de Mistérios foi aberta.

Molly imediatamente calou-se e, assim como todos os outros que estavam presentes, observou Draco com curiosidade.

- O que você quer dizer com “uma porta do departamento de Mistérios foi aberta”? - perguntou Hermione com extrema cautela, sem ter certeza se queria ouvir a resposta.

- Quero dizer que, durante a noite, Comensais entraram no Ministério e libertaram quem estava preso na sala do Espelho de Ojesed.

Libertaram Harry? Então porque ninguém lhe dissera antes? Por que ele não viera visitá-la? Ah!, que idiotice, ele não deveria saber que ela estava na Toca; provavelmente fora até Hogsmeade procurá-la. Ela teria que voltar para lá o mais rápido possível. Seu coração acelerou-se ao pensar na possibilidade de ele estar esperando-a.

- E tinha alguém vivo quando abriram a sala? - perguntou Molly, confundindo completamente os pensamentos de Hermione.

“Tinha alguém vivo?”, repetiu para si mesma, enquanto a idéia que ela mais temia tomava forma na sua mente. Um ano passara-se e ninguém nunca tinha entrado naquela sala. Era quase impossível que um ser humano sobrevivesse tanto tempo trancado, sem encontrar ninguém, sem ver a luz do sol, sem alimentar-se. Bom, talvez Voldemort estivesse vivo, ele não deixara há muito tempo de ser humano?

- Não sabemos, quando chegaram a sala estava vazia.

Não encontraram o corpo dele? Então ele ainda estava vivo. Tinha que estar, ela sentia isso. Hermione imediatamente levantou-se, murmurou alguma desculpa e desaparatou; precisava voltar para casa imediatamente.

A casa estava tão silenciosa quanto sempre estivera. Hermione não se deu ao trabalho de acender velas para iluminar a sala onde estava; o fogo que agora ardia na lareira era suficiente. Assim, no escuro, ela não teria que ver a brancura imaculada das paredes e encarar a solidão que a cercava.

Ela ficou jogada no sofá, sem vontade de deitar na cama de casal que, ela tinha certeza, pareceria tão grande e vazia naquela noite. Seu sono fora inquieto, cheio de pesadelos onde Harry estava vivo e voltava para culpá-la por tudo que tinha dado errado.

Dado errado? Como algo poderia ter dado errado? Segundo Dumbledore, segundo o próprio Harry, cada ato daquela noite fora planejado durante dois anos. De qualquer forma, Harry estava morto, ela não conseguia mais pensar o contrário.

No meio da madrugada ela levantou-se e censurou a si mesma por não ter tomado uma poção do sono antes de dormir. Alguns minutos mais tarde, lembrou-se porque fizera isso: a poção do sono acabara na noite anterior.

Depois de preparar um pouco de chá, ela pegou um cobertor e enrolou-se, sentando novamente no sofá onde ficou até a manhã seguinte.




***

Não imagino quanto tempo se passou - esta sala é tão isolada quanto a que eu estava preso antes. Só sei que muito tempo depois, fui acordado. Meu corpo todo parecia ter sido surrado, era quase como se eu estivesse completamente dormente, apesar de consciente. Um dos homens encapuzados entrou no quarto... não consegui vê-lo direito, minha visão estava embaçada, meus olhos ainda não tinham se acostumado com a luz.

Disse-me que estavam fazendo isso por seu mestre e que era melhor eu agir como eles queriam para prevenir “incidentes”. Eu estava tão entorpecido, tão exausto, que não consegui pronunciar nenhuma palavra que contradissesse aquilo. Então, vi tudo escurecer - ele tinha coberto meu rosto. Uma mão segurou meu braço, puxou-me e levou-me à outra sala, talvez a mesma de antes, pois parecia ser grande o suficiente para abrigar dezenas de pessoas, mas só posso supor pelo que meus ouvidos me diziam.

Eles conversavam com Voldemort. Meus ouvidos doiam a cada palavra que eles diziam, talvez por ter passado tanto tempo sem usá-los. Entendi pouco, Voldemort estava furioso com seus servos por eles terem o deixado sozinho por tanto tempo.

Um dos Comensais murmurava alguma explicação, não ousando falar mais alto que seu mestre. Dissera que recentemente descobrira que o Lord estava vivo e que antes disso, todos afirmavam o contrário.

Voldemort parecia não acreditar, ou não se importar, com as palavras do Comensal. A raiva tinha tomado conta dele, enfraquecendo tanto a minha mente. Ouvi-o preparar-se para torturar alguém, pude senti-lo usando o meu braço para alcançar a varinha. Uma das sensações mais terríveis que já tinha sentido, parecia que eu estava perdendo o controle do meu próprio corpo. Se ao menos eu não fosse tão fraco, poderia ter resistido e ter dominado a varinha. No momento em que ele pronunciou o feitiço, tudo ficou negro...




~~~~~ Next Chapter ~~~~~


P.S.: Vocês já se acostumaram com meus capítulos curtos, certo? É que se eu começo a fazer capítulos longos demais, eu demoro pra atualizar e acabo desistindo da fic... é uma maneira de dizer: são só seis páginas, você escreve isso em uma noite, não se preocupe em enrolar muito porque no final tudo dá certo...
Bom, já postei uns cinco capítulos da "Departamento de Mistérios" e os dois primeiros da "Cogitari Ancilla" tudo no mesmo dia, então mer perdoem pela demora que ocorrerá na atualização. Tô em função da mudança (de cidade) e vou ficar um tempo sem telefone então... tenham paciência comigo!

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