Naquele momento...



Title: Cogitari Ancilla
Author name: Jesse Kimble
Author email: [email protected]
Category: Drama
Rating: PG–13
Spoilers: PS, CoS, PoA, GoF, OOTP, Departamento de Mistérios.
Shippers: Harry e Hermione, um pouquinho de Draco e Gina.
Summary of the chapter: Duas palavrinhas: Harry e Hermione. Esse casalzinho está me dando tanto trabalho... mas não os culpo, separei eles por um ano... de qualquer forma, a relação deles não é mais a mesma e... ah, sei lá, sou péssima pra criar resumos e títulos pros capítulos. E, como sempre, o Harry tem que apanhar...
Disclaimer: Harry Potter não é meu, é da tia Jo e ponto.
A/N: Música de inspiração: só podia ser da Alanis, né? Apesar de não poder ter ouvido essa música que eu amo enquanto escrevi o cap, quando eu estava quase terminando ele me lembrei que essa música diz exatamente o que eu quis passar sobre H/H. Espero que vocês gostem.
A/N 2: Bem, o Lupin, meu queridinho, finalmente reaparece neste capítulo que foi o que demorei mais tempo para escrever, mesmo, quase duas semanas, nunca demorei tanto assim, mas paciência, né? Pelo menos terminei. Bom, agora eu vou indo porque tenho que pensar em quem morreu na batalha do capítulo 8 do Dpto de Mistérios. Acreditem ou não, ainda não decidi. Vamos ver o que saí na hora... *AINSLEY MUITO FELIZ POR PODER USAR O CAPS LOCK NESSE CAPÍTULO!!! VOCÊS NÃO SABEM COMO ISSO É RECONFORTANTE...*
A/N 3: Bem, quero agradecer a todos que comentaram a fic. Marília Weasley: acredite, eu tb tô ficando louca pra saber o final. Sabrina Potter: não se preocupe, não pretendo parar, talvez demore um pouco para escrever, mas eu vou terminar essa fic!! Sketch: está aí o próximo capítulo. O capítulo quatro já foi pra betagem, provavelmente sexta eu libero ele para vcs, ok? Amanda Neves: que bom que vc está gostando, à propósito, vc tem o mesmo sobrenome dos meus primos.




Capítulo Três – Naquele momento...



“We thought a break would be good for four months we sat and vacillated

We thought a small time apart would clear up the doubts that were abounding

At that particular time love encouraged me to wait

At that particular moment it helped me to be patient

That particular month we needed time to marinate in what "us" meant”

–– Alanis Morissette, “That Particular Time”





***



– Você sabia? Que Malfoy é professor em Hogwarts? – complementou Harry, vendo que ela não entendera muito bem a que ele se referia.

Foi a primeira pergunta que ocorreu a Harry quando ele viu Hermione saindo da lareira da sala. Ainda não tinha conseguido assimilar a informação que Dumbledore lhe dera poucos minutos antes de voltar para a escola.

– Draco? Sabia. Jantei ontem na Toca, ele e Gina estavam lá. – respondeu Hermione, tirando as cinzas que cobriam sua roupa.

Depois de sacudir o cabelo para tirar os vestígios da lareira, Hermione pôs-se a admirar Harry por alguns segundos antes de correr para ele e envolver seus braços em torno do pescoço dele.

– Hermione, calma! Você vai me sufocar! – reclamou Harry, claramente desconfortável, desvencilhando-se da garota e arrumando o capuz, que ela quase retirara sem querer.

– Ah! Harry... eu fiquei tão preocupada! – falou ela, sorrindo e reaproximando-se dele.

Harry ficou um pouco desconfortável quando ela sentou-se no sofá ao seu lado, mas preferiu tentar esconder esse fato.

– Não devia, eu estou bem. – falou Harry, surpreendendo não só Hermione, mas também a si mesmo, com a frieza da própria voz

– É que quando descobrimos que Comensais tinham entrado lá-

Hermione parou de falar; Harry tinha encoberto a mão dela com a sua e a observava, um pouco chateado.

– Não vamos falar disso... – pediu ele.

– ‘tá bem. Quer dizer que você passa um ano fora e a primeira coisa que consegue perguntar é se o Draco virou professor?

– É que isso me surpreendeu. Mas esquece, é besteira. – respondeu Harry. – As coisas mudaram muito enquanto estive fora?

– Tirando o fato que Draco agora é um dos Weasley, que você é um bruxo com Ordem de Merlin, Primeira Classe, que o nosso mundo está em paz e que a Ordem da Fênix não é mais necessária, as coisas não mudaram muito.

Harry sorriu por um momento enquanto a observava.

– Quero dizer com você, Mione.

Harry perguntou isso, mas ambos pareciam evitar a resposta. Estavam ansiosos para conversarem como antes, para trocarem confidências, para ficarem juntos novamente, mas agora, sentados ali um ano depois, isso parecia fazer parte de um passado tão distante, algo tão diferente do momento em que eles estavam vivendo.

– Ah...

– Você ainda mora em Hogsmeade? – perguntou Harry, comtemplando-a. O rosto carregava uma expressão séria, muito diferente da que ele exibia há poucos minutos.

– Moro. – respondeu ela, com os olhos grudados nos dele, perguntando-se mentalmente até onde aquele assunto prosseguiria.

– Ainda está sozinha? – perguntou Harry, calmamente.

Hermione mexeu-se na poltrona e confirmou acenando lentamente com a cabeça. Harry passou a observar a tapeçaria que cobria o chão da sala, punindo-se mentalmente pela idéia maluca que tivera. Como ele pôde considerar a possibilidade de ficar com Hermione agora? Como se tudo fosse tão simples assim e ele simplesmente pudesse voltar a ter uma vida normal – se pudesse ser chamado de “normal” o jeito que ele vivia antes.

Era ignorância querer algo assim, ele tinha algo mais importante para fazer do que tentar retomar sua vida. Precisava acabar com Voldemort de uma vez por todas, ou pelo menos encontrar uma forma de se livrar dele.

– Você vai voltar para casa? – perguntou Hermione, obviamente referindo-se a casa em Hogsmeade.

– Dumbledore acha melhor que eu fique aqui.

– Eu também posso ficar, se quiser.

– Não! – retorquiu ele. – Desculpa, só que eu prefiro...

– Tudo bem. – falou Hermione, tentando entender porque não estava mais à vontade conversando com Harry.

– De qualquer forma, não vou ficar sozinho por muito tempo. Dumbledore insiste em convocar uma nova reunião da Ordem depois do que aconteceu.

– O que aconteceu?

– Depois de, você sabe, do plano não ter dado muito certo.

– Como assim não deu certo? Você derrotou Voldemort, não? Então como não deu certo? Você diz isso porque a porta foi aberta?

– Eu sobrevivi. Por isso o plano não deu certo. – Harry riu da ironia. O plano falhou porque o menino tinha sobreivido.

Hermione não perguntou mais, acreditando que Harry sabia que ele lhe contaria se quisesse. Ela ficou parada, o observando. O sorriso que ainda estava no rosto de Harry não era o mesmo que ela conhecia. Ela já tinha visto Harry sorrindo milhões de vezes, mas agora ele estava muito diferente.

A capa negra que ele vestia e que também encobria sua cabeça fazia sua pele parecer ainda mais branca do que o normal. O cabelo dele estava estranho, comprido até a altura dos ombros e algumas mechas caíam sobre seus olhos, que não tinham o mesmo brilho de antes.

– Senti sua falta. – murmurou Harry, tirando-a de seus pensamentos e acariciando o rosto dela gentilmente.

Hermione o mirou, cheia de ternura e Harry finalmente percebeu o que estava fazendo. Transtornado, como se tivesse levado um choque, ele rapidamente se levantou, afastando-se dela e indo até a janela.
– O que foi? – perguntou ela, também se levantando, preocupada.

“O que foi? O que foi é que eu sou um fraco, esse é o problema. Eu preciso tanto de você que mesmo sabendo que não podemos ficar juntos, não consigo manter você afastada, Hermione,” pensou Harry antes de responder, hesitante.

– Nada. Desculpe, eu não devia, eu não posso... Quero dizer, eu fiquei longe um ano, você provavelmente... você deve estar com alguém agora e eu...
– Você...? – insistiu Hermione.

– Eu não estou pronto para isso, desculpa, Mione.

Ela baixou os olhos, pensativa.

– Você ainda está com raiva de mim? Por eu ter matado Bellatrix?

– É claro que não! – admirou-se Hermione – Como pode pensar uma coisa dessas?

– A última vez que nos vimos, você disse que eu tinha te decepcionado.

– Ah, Harry, você realmente levou a sério? Eu falei sem querer, sem pensar. Eu não quis dizer isso. Como eu poderia estar com raiva de você depois do que você fez?

– Eu não matei Voldemort, Hermione. – Harry murmurou pausadamente, sem coragem de encarar o desapontamento que deveria estar estampado no rosto dela. – Eu matei o corpo dele, só isso.

– Então você ficou preso naquela sala com o espectro de Voldemort? Por isso não queria que a porta fosse aberta.

– É, depois que matei o corpo ele virou um espectro. – respondeu Harry, melancólico.

– E como os Comensais conseguiram tirá-lo de lá?

– Eu não vi. Taparam meu rosto. – declarou Harry sem mentir. Ele realmente não tinha visto como os Comensais os tiraram de lá, embora soubesse exatamente o que tinha acontecido.

– O que você acha que ele vai fazer agora? Tentar possuir alguma cobra ou coisa parecida? Lembro que você falou algo assim.

– POR QUE EU TENHO QUE ADIVINHAR TUDO QUE VOLDEMORT PRETENDE FAZER? - SÓ PORQUE EU TENHO UMA CICATRIZ BABACA NA MINHA TESTA QUE ME LIGA COM AQUELA COISA-

– Harry, não briga comigo. – implorou Hermione com lágrimas formando-se em seus olhos enquanto ela colocava a mão embaixo do capuz e bagunçava um pouco mais os cabelos negros dele, tentando acalmá-lo.

Quando Hermione parecia ter alcançado seu objetivo, Harry a empurrou para longe e falou com a voz mais controlada possível, sem querer agredi-la.

– É melhor você ir embora.

– Você quer isso?

– Por... favor.

Hermione fechou os olhos, conformada e se dirigiu à lareira. Harry subiu a escada impetuosamente, agradecendo em pensamento por ela não ter insistido. Não agüentava mais o esforço que fazia para manter uma conversa normal com ela. A voz de Voldemort não o deixava em paz, sempre fazendo comentários mordazes e dando ordens que, ele sentia, não deveriam estar sendo contestadas.

Subiu a escada com passos pesados, procurando fazer com que aquele barulho o distraísse daqueles pensamentos enjoados que estavam deixando-o maluco. Bateu a porta do quarto, tirou o capuz e jogou-se de bruços na cama de casal, tapando a cabeça com o travesseiro, em uma tentativa doentia de fazer Voldemort se calar.

“Como você ficava quieto antes, sua coisa? Por que você não cansa logo? Pare com isso! O que posso fazer para você parar com isso? Preciso desacordar você, como eles fizeram comigo.”, murmurava Harry, sua voz sendo abafada pelo colchão.

“... como eles fizeram comigo... uma poção... talvez Snape possa ajudar, talvez quando ele vier hoje, para a reunião da Ordem...”

– Harry? – chamou alguém à porta do quarto, fazendo-o calar-se.

– Quem é? – perguntou Harry, sem mover-se.

– Sou eu, Lupin.

Harry virou-se devagar, tomando cuidado para manter seu segundo rosto encoberto.

– O que você está fazendo aqui, Lupin?

– Dumbledore me contou que você estava aqui. Eu vim ver se você precisa de alguma coisa.

Harry novamente ergueu o capuz e sentou-se na ponta da cama, desconfortável com a presença de Lupin. Não queria que ele percebesse o que estava escondendo.

– Hermione também veio.

– E como estão as coisas entre vocês? – perguntou Lupin, também se sentando na cama.

– Sinceramente? – perguntou Harry retoricamente, distraído com um pequeno corte que tinha na palma da mão – Não sei. Como deveriam estar depois de um ano longe, eu suponho.

– Você ainda gosta dela?

Harry levantou os olhos para encarar Lupin. Por que ele fizera uma pergunta óbvia como essa? É evidente que ele ainda gostava de Hermione. Como poderia ter deixado de gostar dela, de sentir saudades daquele jeito meigo e compreensivo que só ela tinha?

– Eu estou apaixonado por ela, não sei como posso suportar o fato de que ela vai passar mais um segundo longe de mim. O fato de não poder conversar com ela, de explicar tudo que está acontecendo. Eu gosto dela. Eu preciso dela.

Lupin riu. Harry parecia realmente abalado pelo fato dela ter ido embora.

– Então por que você não diz isso para ela? Por que não explica o que está acontecendo?

– Porque eu não posso. – começou Harry, agora andando de um lado para o outro no quarto e encarando Lupin, como se fosse quase impossível Lupin compreender o que ele dizia – Porque não adianta eu contar tudo para ela. Eu sei que quando eu fizer isso ela vai... eu não sei o que ela vai fazer, mas eu não posso envolvê-la nisso, não entende? É muito horrível, muito complicado. – fazendo uma pequena pausa, Harry respirou fundo e sentou-se novamente – Eu imagino o que ela deve ter sofrido quando achou que eu estava, bem, morto... eu só... não posso fazer ela passar por isso de novo.

– Por que você acha que vai passar por isso de novo? Você acha que vai morrer, Harry? – perguntou Lupin, encarando Harry seriamente.

– Não sei, talvez isso aconteça, não sei, mas a questão não é essa.

– E qual é a questão?

– Eu não sei se eu quero continuar sendo amigo dela se eu não posso ficar com ela. Há certas coisas que não permitem... ah, isso é tão complicado!

– O que está acontecendo, Harry?

– Desculpa, Lupin, eu não estou pensando direito. Esquece isso, ‘tá bom?

– Como queira. Eu trouxe algumas roupas para você e um pouco de comida, já que a dispensa estava vazia.

– Obrigado.

– Se precisar de alguma coisa, é só me mandar uma coruja. – Harry abriu a boca para perguntar onde ele conseguiria uma coruja naquela casa, mas Lupin foi mais rápido – ou me chame por Pó de Flu.

– Onde você-

– Escritório Internacional de Direito em Magia, subdivisão 4, setor B. – respondeu Lupin, sorrindo.

– Certo. Então acho que nos vemos de noite.

– É. Até mais, Harry. – respondeu Lupin, fechando a porta.

Harry ficou novamente sozinho no quarto – ou quase sozinho. Aquela voz fria e irritante ainda perturbava seus pensamentos. Cansado de esperar até a noite, Harry aproximou-se da enorme estante que estava postada na continuação da parede da janela e separou os livros de poções. Ele sempre fora uma negação nessa matéria, mas era uma emergência. Antes isso do que humilhar-se contando à Snape o que tinha acontecido.

Sentado ali mesmo, no chão, ele começou a analisar os únicos três livros que encontrara. Mas não havia nada de importante no primeiro... no segundo, só poções que ele já conhecia... no terceiro, poções para torturar as pessoas (Harry sentiu um arrepio quando abriu este).

Frustado com o resultado da busca, ele fechou com força o último livro e o jogou no outro lado do quarto. Ele não sabia mais o que fazer, só queria que Voldemort dormisse, que a sua cabeça parasse de doer e que pudesse novamente controlar totalmente os próprios pensamentos.

Para a infelicidade de Harry, nenhum desses desejos parecia possível de ser realizado naquele momento. Ele cerrou os punhos e encostou a cabeça na parede, mordendo o lábio inferior. A pressão na sua cabeça aumentou tanto que Harry soltou um grito que ecoou pela casa vazia; um dos únicos atos conscientes que conseguiu praticar. O quarto a sua volta aos poucos se tornava embaçado, como se tivesse se enchendo de fumaça. O ar pesava, tornando quase impossível uma completa oxigenação do sangue que corria quente por suas veias.

Seu peito doía pelo esforço feito para respirar. Ele curvou-se até que sua cabeça encostasse em seus joelhos. As mãos comprimiam as próprias têmporas e o grito que ainda saía de sua garganta era algo impensado, automático, desesperado.

Aflito, Harry lutava o quanto conseguia, sabendo que no momento que perdesse a consciência, Voldemort venceria e dominaria seu corpo. Inconscientemente, sabia que a única forma de impedir isso seria se não houvesse um corpo para ser dominado, se ele morresse.

Com os olhos fechados, Harry sentiu algo pastoso molhar suas pálpebras. Abrindo os olhos, viu que algo vermelho escorria por seu rosto. Sangue. Partia de seus pulsos, que estavam abertos, cada um com um longo corte longitudinal. Fraco demais para levantar-se, ele, sem sucesso, procurava parar o sangramento com as próprias mãos.

Quando estava a ponto de perder a consciência, sua cicatriz começou a doer. Aos poucos, foi esquecendo da dor que sentia na cabeça e passou a concentrar-se somente na marca que queimava em sua testa.

A visão do quarto escuro entrou em sua mente. Então, o som do vidro quebrando. Era uma sensação esquisita, parecia que o ar tinha renovado-se, mas ao mesmo tempo, ele estava totalmente incapacitado. Sabia onde precisava ir e o que precisava fazer, mas não tinha controle dos próprios movimentos. A hemorragia em seus pulsos e a fraqueza que sentia se tornaram desimportantes no momento em que ele mergulhou na escuridão.




~~~~~ Next Chapter ~~~~~



P.S.: Repito mais uma vez: vocês não imaginam o trabalho que esse cap me deu. E tava com ele prontinho, com seis páginas, e então tive mais idéias malucas e reescrevi boa parte dele. Aí meu lindo Word deu erro... E APAGOU TUDO!! *Ainsley se recompondo* Então tive que digitar de novo, mas não ficou a mesma coisa... paciência, pelo menos dessa vez ficou maior, espero que apreciem isso e vejam como uma compensação pelo tempo que fiquei sem atualizar...

P.S. 2: É, parece que não estou perdendo meu “timing” como eu tinha pensado, continuo conseguindo cortar os capítulos na melhor parte, hehehe.

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