CAINDO EM PEDAÇOS



Título: CAINDO EM PEDAÇOS
Autor: Na Snape
Presenteada: Fefa Black
Beta Reader: Roxane Norris
Classificação: G
Aviso(s): Um dramalhão digno de novela mexicana
Gênero/Categoria: Drama
Resumo: O que fazer quando não se tem escolhas?!

CAINDO EM PEDAÇOS

Sentada em frente à lareira, Maggie olhava a lenha em chamas, como se visse sua vida passar ali, bem diante de seu nariz. E era um pouco isso que realmente estava acontecendo, há um ano sua vida só passava, nada realmente tinha valor, o sabor da vida tinha um gosto amargo. Maggie respirava fundo a cada pensamento que vinha a sua cabeça e uma nova lagrima escorria pelo seu rosto, se juntando a muitas outras que teimavam em cair todos os dias.

Esse tem sido um longo ano
Desde que você se foi
Eu tenho estado sozinho aqui
Eu tenho crescido depois de velho
Eu caio em pedaços, estou caindo
Caí em pedaços e ainda estou caindo

Hoje faz um ano que ele foi embora, na verdade faz um ano que ela tinha mandado ele ir embora de sua casa e da sua vida e agora ela tinha uma única companhia para as noites cada vez mais frias e escuras, garrafas de firewhisky. Mantinha todos os seus amigos distantes, não queria a presença de nada nem de ninguém. Um sorriso apareceu por trás de todas as lágrimas, ela percebeu o quanto parecida com ele, ela estava ficando.

O tempo todo estou caindo
Completamente sozinho eu caí em pedaços

- Só? Eu não estou só, em sempre estive só. Maggie sabia que até nos melhores momentos juntos ela estava só, ela amava por dois, ela divertia-se por dois, ela se entregava por dois. – Porque Severus? Eu me entreguei a você de corpo e alma, eu te amei... e te amo... Mais uma garrafa de firewhisky se estilhaçou na parede.

Eu guardo um diário de memórias
Eu estou me sentindo sozinho, eu não consigo respirar
Eu caio em pedaços, estou caindo
Caí em pedaços e ainda estou caindo

A raiva de Maggie aumentou quando ela percebeu que aquela era sua última garrafa, a sua última companhia para toda aquela noite infernalmente interminável. A noite lá fora estava fria, pegou a sua capa e foi atrás de um lugar para se embriagar, a primeira taberna que encontrou em seu caminho, entrou. Ali aparecia estar toda a escoria do mundo bruxo, Maggie não se importou, ela fazia parte daquele submundo. Foi adentrando, queria ficar no canto mais escuro e permanecer só.

Todos esses anos eu experimentei
Ir mais além
Quero as lembranças da morte
Eu estou esperando

Os olhos de Maggie percorreram todo o ambiente, até deparar com uma sombra escura sentada diante do balcão, o coração de Maggie disparou, ela perdeu as forçar, o controle do seu corpo, o copo em sua mão caiu sobre a mesa. – Não pode ser! Hoje não!. Maggie tinha certeza do que estava diante de seus olhos, mas não queria acreditar, há um ano que ela não o via. A mesma aparência taciturna, as mesmas vestes negras, e sabia que se o encara-se encontraria os olhos negros e indecifráveis dele. Ele parecia não ter percebido sua presença, e Maggie pensou em sair, fingir que não o vira, mas seu coração estava preso à imagem daquele. O homem que a deixara em pedaços.

Tentando ignorar todos os sentimentos que vieram a tona, todas cenas que vieram a cabeça. Fechou os olhos querendo apagar tudo aquilo, como se o simples fato de negá-los a fizesse esquecer toda dor e ódio que sentia de si mesma. Ódio por nunca tê-lo esquecido, o ódio por ter deixado ele ir, o ódio de si mesma. Idiota!, pensou, Porque ele nunca aceitou que se amavam? Seus olhos turvavam, sua mente rodopiou. Queria poder fazer o tempo voltar, queria ter tido a coragem de enfrentar tudo, mas era mais fácil sair e bater a porta, trancando tudo lá dentro. As lágrimas correram, apertadas, por entre os cílios espessos. Maggie fitou novamente a figura de preto e se levantou, trôpega, tomando a direção do balcão.

Buscou dentro de si todas as forças, e foi até ele; parou a centímetro de suas costas e tocou vagarosamente os ombros, como já sabendo que estava ali, Severus apenas respirou fundo.

Quero encontrar você
Eu posso te encontrar?
Nós estamos caindo
Eu estou caindo

As lágrimas já corriam sem controle por seu rosto, as mãos estavam tremulas, a voz embargada. - Severus?! Por favor, olhe para mim. Ele não teve nenhuma reação, continuou estático. Maggie se aproximou mais se recostando nele, sentiu que o corpo dele também tremia apesar de sua aparente frieza ela sabia que para ele aquele encontro também não era fácil. – Severus?! Olha para mim, por favor. Ele virou – se calmamente ficando os dois frente a frente, com um olhar misto de ternura e tristeza, tocou – lhe a face ternamente .

Não houveram palavras, o silêncio pesou entre ambos. Os olhos presos por suas almas, o tempo havia congelado naquela imagem. Todas emoções travadas num único gole de firewhisky, a ardência deixando suas gargantas secas, os sentidos entorpecidos. Ele a fitou ternamente, precisava que ela falasse, que as palavras viessem de seus lábios, mas eles estavam mudos. Não havia nada a ser dito.

A mão dela escorregou sobre a pele branca, sabendo que era o último toque, afastou seus olhos dos pretos. Snape não a impediu, não ousou sequer retribuir-lhe o toque, apenas a viu se afastar. Maggie saiu sem dizer a última palavra: Adeus.
O vento frio da noite bateu em seu rosto, atirando o último sopro de felicidade para longe, devolvendo-a a sua realidade. Devolvendo-a aos dias em que nunca estava sóbria para poder sentir o amor que continuaria a queimar dentro de seu peito. Maggie ficou parada no mesmo lugar por alguns minutos, tentando se recompor, respirou fundo, buscou a gota de dignidade que restava dentro dela, limpou a última lágrima e voltou à mesa para continuar seguindo a resto de vida que lhe restou.

O tempo todo estou caindo
Completamente sozinho eu caí em pedaços
O tempo todo estou caindo
Completamente sozinho eu caí em pedaços
O tempo todo estou caindo
Completamente sozinho eu caí em pedaços

(Fall to Pieces – Velvet Revolver)

- Fim -

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