• Deus Grego



Capitulo Um - Deus Grego

Aquela era uma aula insuportável. Por alguns motivos básicos:
- Estava um frio enorme naquela maldita sala de poções;
- Era AULA de Poções;
- Snape era o PROFESSOR de poções;
- Era o diretor da Sonserina;
- Odiava Harry;
- Tirou pontos de seu amigo, Rony, só porque ele coçou o nariz enquanto estava cortando um ingrediente para a poção mais complexa que qualquer um deles havia feito. Ou, pelo menos, tentado fazer;
- Era uma largatixa desnorteada, um babuíno mongol, um filho da put...

Mas, infelizmente, os pensamentos de Harry foram interrompidos por uma forte cotovelada de Hermione, que estava ao seu lado.
- Harry – ela implorou, olhando do professor para Harry e de Harry para o professor – Pelo amor de Merlin! Será que dava para se concentrar pelo menos um minuto no que o professor está falando?
- Falou não, Mione – falou, de mau humor – Relinchou. E não, não dá; os meus neurônios simplesmente não conseguem ficar uma hora e meia ouvindo essa... aula.
- Se é que podemos chamar isso de aula – completou Rony, que agora olhava espantado para a sua poção (que deveria estar vermelha, mas havia adquirido um tom verde. E estava, perigosamente, borbulhando). – Eu não entendi nada do que ele disse!
- Claro que não! Você não prestou atenção á uma sequer palavra que Snape falou. Como poderia entender?
Mas Harry nem queria mais ouvir uma palavra dos dois. Estaria para começar uma briga. Ele rolou os olhos e começou a preparar a sua poção, já imaginando a sua nota. No máximo, um ‘Sub-Trasgo’.


Sabe qual era a vontade dela naquele momento?
Pular no pescoço daquela tartaruga velha que estava dando o que ela chamava de aula. O que havia dado em Dumbledore para contratar ela como professora? Achava apenas que o velho diretor deveria ter tido um surto: ‘Huum. Lúcio Malfoy já não tem argumento para me tirar da diretoria, já que está tudo bem. Que tal colocar um pouquinho mais de ação nessa história? Acho que vou colocar uma velha caduca para ensinar a matéria mais besta e ridícula do mundo: Adivinhação!”. E advinha quem ele tinha achado? Isso mesmo; a professora Trelawney.
Somente naquela ‘aula’ – sim, porque Gina Weasley se recusava a chamar aquilo de aula -, a professora havia dito que a menina ia morrer cinco vezes (isso mesmo; CINCO vezes!) e que, se por acaso sobrevivesse, iria ter um futuro horrendo.
Bom, ninguém poderia gostar daquela criatura, não?
- Gina! – uma voz a chamava. – Gina! – Falou mais alto. – Virginia, merda!
- O que é, Juliette? – exclamou, lançando um olhar fuzilante á melhor amiga. - Será que dava para você deixar eu manter a minha ‘mente’ longe dessa porcaria de aula?
- Não, não dá não. Não se você continuar babando assim, como você está. E ainda por cima, na frente da professora.
Ai então ela se deu conta: Estava realmente babando. E babando muito.
- Ah, me deixa! – exclamou irritada – Eu já estou aqui, aturando esse inferno de aula, e você ainda fala tão baixinho que eu acho que os centauros sanguinários lá embaixo ouviram. Da próxima, você fala um pouquinho mais alto, para o som entrar pela água e chegar aos ouvidos da Lula Gigante.
- Calma, Gina. Eu só estava tentando ajudar. Que bicho te mordeu hoje?
Foi quando o sinal indicando que as aulas do dia haviam acabado tocou, e elas se viram livres daquela prisão que fedia tanto a fumaça perfumada que serviria de tóxico para matar um trasgo adulto.
- Advinha: uma mosquinha chamada Harry Potter; de novo. – ela falou, enquanto andavam pelo corredor, seguindo para a sala comunal da Grifinória - Ai... Eu não consigo evitar. Simplesmente, não posso.
- Gina. Eu já te falei: Esquece o cara... – ela falou, com um tom de voz preocupado. – Ele pode ser o maior gato e...
- Gostoso, lindo, maravilhoso, carinhoso, perfeito... – completou Gina, com o olhar sonhador.
- Ele pode ser o maior gato – continuou Juliette, como se Gina não a tivesse interrompido – Mas ele é um galinha, Gi. E você não conseguiria viver com um cara galinha desses. Não mesmo. Além disso...
- Além disso, eu sou uma menina feia, baixinha, gorda. Não atraio as atenções para mim. Sou tímida, pobre e, ainda por cima, não sei ser... Sensual.
Porém, quando Julie abriu a boca em protesto, elas escutaram a voz mais detestável do mundo – na opinião de Gina, claro.
- Ora, ora, ora. Se não é a cabeça de fogo mais babona que eu conheço. Cuidado, hein, Weasley. Vai acabar apagando o cabelo com o próprio cuspe. – esganiçou Cho Chang, a menina que tinha o prazer (sim; o prazer) de namorar Harry Potter.
- Cala boca, Chang. É melhor para todo mundo. Porque você não precisa ser escaldada e nem eu, gastar a minha saliva. – Falou ameaçadoramente Gina, dando um passo pra frente e encarando a sua rival. Chegou à conclusão de que elas eram bem diferentes.
Cho Chang era a menina ideal (fisicamente; porque intelectualmente, até uma minhoca conseguia superar a garota). Ela era alta, tinha cabelos pretos, lisos e compridos, unhas grandes e bem feitas, seios fartos, barriga reta, pernas grandes e bem torneadas. Usava um uniforme que, segundo Julie, eram do tamanho Mini Micro Pequeno (MMP), expondo quase todas as partes do seu corpo. Sem esquecer, é claro, que era esnobe e não amava Harry. Amava o seu dinheiro e sua fama – para revolta da ruiva, que estava bufando de raiva á sua frente.
Já Virginia Weasley, como falei antes, era bem diferente. Era mais baixa do que Cho – media 1.70 cm -, tinha os cabelos ruivos e compridos, mas mal cuidados. Usava uniformes pelo menos três vezes maiores do que ela precisava, as unhas eram roídas e tinha sapatos baixos e velhos. Mas se tinha uma coisa de que Gina se orgulhava era do seu rosto; em especial, a sua boca. Ela era vermelhinha, independentemente da situação. E, quando contorcida no mais sincero sorriso, poderia conquistar qualquer um. Mas ela não sabia disso; ainda.

- Pelo jeito, você não tem mais baba para gastar – falou Cho – Na aula de Adivinhação, você já gastou toda!
- Olha aqui, sua meninha sem... – começou Gina, avançando sobre Chang, mas sendo segurada por Julie.
- Não vale a pena, Gi. – sussurrou no seu ouvido.
- Eu estou morrendo de raiva, essa menina ta me provocando e eu estou doida, doida mesmo, para bater nela. – murmurou Gina, se soltando dos braços da amiga.
- Sendo segurada pela amiguinha, Gininha? – caçoou Chang.
E riu. Parecendo uma hiena que está prestes a ter um ataque cardíaco.
Gina sentiu o sangue ferver ao ver muitos corvinais e sonserinos rirem da piadinha da lesma empacada que estava na sua frente.
- Eu vou te matar! – gritou Gina, dando mais um passo e chegando perigosamente perto da chinesa. Ou será que era japonesa? Tanto faz; é tudo a mesma coisa.
- Se segura aí, sua filha duma pu... – falou Chang, recuando um passo para trás ao ver a proximidade da ruiva.
E... PAAAAC!
Gina não havia dado um tapa na cara de Chang; mas sim um murro. Um murro bem dado e que deixaria, sem dúvidas, conseqüências – como, por exemplo, um nariz quebrado ou torcido.
- Olha aqui, sua imprestável de quinta categoria. – falou ela, num tom falsamente doce, mas venenoso – Primeiro: você lave essa sua boca toda antes de falar de pessoas que não sejam da sua laia; quanto mais, quando se trata de uma pessoa da MINHA família – Falou, olhando-a com um olhar superior. E continuou: - Segundo: Você nem conhece a minha mãe para falar essas coisas dela, ainda mais quando ela está aqui para se defender. Agora eu tenho certeza da covarde que você é – Vários alunos foram se aglomerando em volta das duas. Inclusive Harry, que assistia á tudo atenciosamente. – E terceiro, Chang: Graças á Merlin, eu não sou a sua irmã para você está apelidando a minha mãe com esses adjetivos nada educados.
Se eu dissesse que Gina foi aplaudida durante 5 minutos por todos ali presentes, eu estaria sendo realista. Ela foi elogiada até a entrada do seu dormitório, quando alegou estar cansada e que precisava dormir um pouco.
- Uau, Mione! Você viu o show que a Gina deu lá embaixo? Foi maravilhoso! – exclamava Rony, tentando falar o mais baixo possível, para não ser ouvido por Harry, que estava sentado em uma das cadeiras próximas á eles. – A Cho-rona bem que precisava ouvir umas...
- Tudo bem, Rony – Falou Harry, ríspido – Pode falar alto. Eu também vi o espetáculo que foi minha namorada sendo, literalmente, esculachada. Não que ela não tenha merecido; mereceu sim – disse, jogando os cabelos para trás, num gesto que fez todas as garotas ali presentes suspirarem. Menos, é claro, Hermione – Mas eu não acho certo vocês dois ficarem comentando, para não dizer xingando, a Cho toda. Não são vocês que têm que gostar dela. Sou eu.
Mione ficou de queixo caído, enquanto Rony ficava mais vermelho a cada palavra que o amigo falava.
- Então – falou Rony, com um olhar incrédulo – Você acha certo essa... Garota xingar a nossa mãe? A MINHA mãe?
- Não, Ronald – disse Harry, impacientemente – Eu disse que achava certo o que Gina fez; ela merecia. Afinal, Molly é como uma mãe para mim. Mas errados estão os dois em falarem mal da minha namorada – ele frisou bem a palavra minha – pelas minhas costas. E, ao notar o olhar de desentendimento de Rony, ele acrescentou, provocativo: - Entendeu ou quer que eu desenhe?
- É, Harry – falou Mione, num tom decepcionado – Nós achávamos que você não tinha mudado completamente. Mas acho que nunca mais veremos o Potter carinhoso e amigo que você era antes de se misturar com esse tipo de gente.
- Esse tipo de gente, Harry, que só liga para as coisas mais fúteis do mundo: beleza e atenção. Só. E sinto muito em lhe informar, meu amigo, que agora você já é um deles. Um superficial sem ideal algum. – falou Rony, se levantando e indo ao dormitório, enquanto Hermione falava, olhando-o nos olhos.
- E cuidado: Você pode acabar perdendo o seu bem mais precioso. Os amigos que você conquistou quando ainda era uma pessoa decente. – concluiu – Boa noite.

- Gi! Mas que coisa incrível foi aquela lá embaixo? – Perguntou Julie, pulando na frente da ruiva.
- Huum. – disse Gina, fingindo que estava pensando numa resposta – Eu acho que foi uma maneira incrível e satisfatória de extravasar a minha raiva. Da raiva que eu sinto por aquela ave-depenada-que-acabou-de-se-soltar-do-óleo-de-um-mar-distante-e-que-está-voando-e-metendo-a cara-no-chão-porque-não-consegue-mais-bater-as-asas-graças-a-presença-de-suas-enormes-tetas. – concluiu ela, num fôlego só.
- Nossa, Gi. Esse apelido tem que entrar para o livro dos recordes. – comentou Julie, que rolava na cama de tanto rir. – E sabe porque?
- Por ser o maior já inventado e por ter sido dito num só fôlego por uma menina que está no seu 6º ano na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts?
- Não. Por ser o mais bem colocado e realístico que eu já ouvi na minha vida.
- É. Mas isso não foi exatamente um ponto ao meu favor no requisito Harry Potter. Cara, a mongol é namorada dele, por mais difícil que seja de se acreditar! – falou Gina, parando imediatamente de rir, e se sentando na cama.
- Ah, Gina; qual é? Aquela menina mimada chamou sua mãe de um nome ‘bem educado’. Você TINHA que revidar. – E quando Gina abriu a boca para falar, ela continuou – O que você prefere: Sua mãe sendo insultada ou você agradando um menino que...
Mas ela parou no meu da frase; se arrependeu naquele instante.
- Que o que? Fala! Com quem eu não tenho chance nem nunca terei? – falou ela se levando da cama e olhando a amiga com um olhar cheio de culpa – Você acha que eu escolhi nascer assim? Hein, Juliett Hardword? Você acha?
- Calma, Gina! Eu não quis dizer isso.
- Mas disse. – falou, num murmúrio – E, quer saber? O pior de tudo é que é verdade. Enquanto eu fico aqui, o amando a distancia e em profundo segredo, ele fica lá, se esfregando na Chang. Ou melhor: Ele tem o chão que pisa lambido por todas ou quase todas as meninas nesse inferno de castelo.
- Ora, cale a boca, Virginia Weasley! – falou Juliett, já impaciente – Você fica aí, se fazendo de pobre coitada. Mas, se você quisesse, eu te faria uma transformação que deixaria o nosso herói de queixo caído e aos seus pés. Mas você já disse que não. Qual é o seu problema, Gina? Você não quer ser mais feminina, só usa essas roupas enormes. Nunca sai sem roupa do banheiro... Vamos. Deixe-me ver o que a tão conhecida pimentinha Weasley tem para nos mostrar. – concluiu.
Juliette tinha intimidade o suficiente com Gina para ela não ver um segundo sentido nessa frase. A ruiva sabia que Julie era apaixonada por alguém. Um alguém que ela conhecia muito, muito bem.
- Eu vou te explicar porque é que eu não quero mudar para deixar Potter aos meus pés. – disse Gina, olhando profundamente nos olhos azuis da amiga – Ele tem que me querer como eu sou. E não como uma Barbie que acabou de sair do petshop. E não faça essa cara para mim – disse ela rispidamente, quando viu que a outra iria protestar – Claro que com você é diferente. Você não é Barbie; nem cachorra para sair de um petshop. Mas a maioria das garotas que mudam por um homem são umas verdadeiras vacas. Quer dizer, olhe para você. – Disse Gina, apontando para o corpo da amiga – Cara, você era horrível; mas, por dentro, era essa menina maravilhosa que eu conheço até hoje. – Julie fez uma cara de quem não tinha entendido muito bem, e Gina resolveu ser mais clara e objetiva – Normalmente, quando uma menina muda o seu EU físico por um homem, ela muda a sua mente também, o seu modo de pensar; ele fica fútil e só pensa em banalidades. Você não. Você continua a mesma de sempre; só que, agora, com o corpo que qualquer menina jamais desejou.
Quando Gina percebeu, a amiga já havia pulado em sua cama e lha dado um monte de beijos na bochecha.
- Ob-brigada, Gi. – disse, agradecida, deitando no colo da ruiva - Mas, se eu não mudei internamente, porque você mudaria?
E realmente, Juliette havia mudado. E muito.
Antes, ela era uma menina alta e magricela. Usava óculos fundo de garrafa e roupas enormes. As pernas não eram depiladas, e o cabelo era crespo demais; por isso ela sempre usava-o preso. As unhas eram bem cuidadas, mas não eram pintadas com esmalte algum. Ou seja: Uma menina nada, digamos, atraente.
Mas, ao conhecer Jim Klaiter (um dos garotos mais bonitos da escola, depois de Harry Potter e Draco Malfoy), ela se apaixonou. E percebeu que a ‘toupeira míope’ – apelido que havia dado ao garoto quando percebeu que ele nem sabia que ela existia – só conseguiria saber da sua existência se ela... Mudasse. E mudasse para melhor.
A sorte dela é que era de uma família bem rica, e eles puderam bancar tudo: O dermatologista, a manicure, o cabeleireiro, a depiladora, a nutricionista, a costureira... Bem, fez uma transformação geral na amiga.
O resultado? Além do inicio de namoro com o Jim – que ia de vento em poupa -, a amiga havia se tornado uma deusa. Os cabelos crespos haviam sido alisados, tratados e encompridados, e agora formavam belas madeixas castanhas claras e que iam até um pouco abaixo do peito. O rosto havia se libertado das espinhas e os dentes, haviam sido tratados; estavam brancos e retos. O corpo havia sido bronzeado artificialmente e a sua dieta balanceada.
- Hei, Terra chamando Gina. Alô! – ouviu a voz de Julie ir se aproximando, até a ruiva voltar a realidade. – Aleluia! Pensei que você tinha entrado em coma. Você me assustou; sua cara tava parecendo a do Seboso!
- Pera lá! Eu não sou tão feia assim, vai. – falou, fechando a cara como uma criança que havia acabado de perder o seu balão favorito. – E porque eu não vou mudar? – falou, erguendo uma sobrancelha - Porque o Jim é gente boa, Julie. Ele é carinhoso, gentil, e não dá corno. – falou, soltando um suspiro – O Harry ás vezes me faz pensar que não vale a pena. Sabe? Apesar de ele ser o perfeito Deus-Grego... Eu não quero mudar para me tornar uma daquelas garotas fúteis que só pensa em comprar, em meninos e... Em meninos de novo. – E quando viu que a colega ia revidar, falou em tom direto – Eu estou cansada, ta legal? O murro que eu dei no avestruz chinês hoje me gastou muita energia. Boa noite, Julie.
- Boa noite, Gi – disse, derrotada, e indo pegar o seu pijama. – A propósito: um dia desses, eu vou lançar um feitiço nessa maldita porta do banheiro. Eu vou ver esse seu maldito corpo que você faz tanta questão de esconder.
E, com uma puxada forte na cortina e um gesto obsceno com o dedo, Gina foi dormir. Ou, pelo menos, tentou.


Era tarde da noite e Harry estava sozinho na sala comunal da Grifinória. Seu olhar estava perdido nos restos de chamas que ainda existiam na lareira á sua frente. Ele estava pensando; pensando no que dissera hoje á Rony e Hermione e o que eles lhe deram com resposta. Será que ele havia mudado tanto assim?
Mas é claro que mudou, seu estúpido!, Gritou uma vozinha na sua mente.
Claro que não! A vida é diversão. Não dê bola para essa vozinha chata não!, Retorquiu outra, essa ainda mais irritante.
Primeiro: Eles já falaram para o Harry aqui que achavam que ele poderia se decepcionar com Chang. Mas o otário aqui ouviu? NÃO! Ele ainda pensando demais em outras coisas. Segundo: Ela xingou a ‘segunda mãe’ do garoto aqui! E terceiro: Você não compartilha os seus segredos com mais ninguém Harry. Não dá mais valor aos seus amigos!, Falou novamente a primeira voz, com um tom sábio e irritado.
Mas quem mandou aquela tal de Gina se intrometer?, Falou a irritante.
Foi Cho que começou! E não ela!, Respondeu.
Enquanto isso, Harry achava que estava pirando.
- Potter, o seu forte não é pensar – falou para si mesmo, sacudindo a cabeça para tentar livrar as ‘vozes’ da cabeça dele – Começar a ouvir vozes também já é demais. E mais: Duas vozes. Inimigas.
Assim, pensando no que os amigos disseram e dando mais razão á voz ‘sábia e irritada’, ele adormeceu. E sonhou com coisas que envolviam a sua namorada, Gina e um tatame.


Estava escuro. Escuro demais. Ela não conseguia enxergar nada á sua frente. Existiam muitas portas no corredor em que ela se encontrava, mas todas estavam trancadas. Em vez de paredes ao lado das portas, havia estantes. Estantes e mais estantes de livros. Todos pretos e de aparência velha e pesada.
Ela corria por um enorme corredor, mas ele não tinha fim. Tentava puxar os livros das prateleiras, mas eles pareciam estar grudados no fundo delas. Não conseguindo se conter, gritou desesperada.
- Socorro! Tem alguém aí? Socorro! – falou, amedrontada, se encostando a uma das estantes.
Mas o seu segundo grito por ajuda foi sufocado por uma risada. Uma risada que a fazia estremecer, como uma cobra que descia desde a sua nuca até a ponta dos pés.
- Olha quem está aqui! Estava com saudades, Virginia.
Gina reconheceu, imediatamente, aquela voz. Aquela voz que tomou conta do seu corpo no seu primeiro ano em Hogwarts.
- Tom? Tom Riddle?- gritou, assustada. - O que é que você está fazendo comigo? – perguntou desesperada, olhando em volta para ver se achava alguma saída - Me deixe sair! Eu quero ir embora...
- Eu te deixarei ir, garota. Mas somente se você me disser onde está o livro - Ele falou, a voz chegando cada vez mais perto da ruiva, que a essa altura já havia permitido as suas costas de escorregarem pela estante e ficar sentada no chão. Tudo parecia girar á sua volta.
- Que livro? Do que é que você está falando? – perguntou, não fazendo a menor idéia do que ele estava falando – Pelo amor de Merlin, me deixe ir!
- Não! Diga-me onde está, Virginia. Diga-me que eu a deixo ir. Eu sei que você sabe onde ele está! Diga-me! – gritou. E Gina estremeceu mais uma vez.
- Eu juro que não sei do que está falando! Deixe-me em paz! – implorou.
- O livro sobre as Horcruxes, minha querida. O livro que pode me fazer um ser imortal – ele falou, com a voz mostrando impaciência.
E Gina sabia que quando Voldemort estava de mau humor ou impaciente, era porque as coisas não iriam ser, exatamente, divertidas.
- EU não sei! – afirmou – E, mesmo que eu soubesse, eu não te diria. Não mesmo!
- Ora, ora! – exclamou ele, com a voz mais maldosa – Vejamos se esta marca te faz recordar quem manda aqui, Weasley. Eu acho melhor você começar a se comportar como há cinco anos atrás. Se não... Dê adeus á sua tão prezada família.
Um segundo depois, Gina sentiu a pior dor que já sentira em sua vida. Foi como se um canivete invisível tivesse cortado a sua barriga, á esquerda e um pouco abaixo do umbigo.
A última coisa que se lembrava foi de ter visto uma cobra passar por perto dela. Depois, a voz foi se afastando, afastando... E, quando percebeu, já estava de volta ao quarto; suando, gelada e sangrando.


Não. Aquilo não poderia estar acontecendo.
- Calma Virginia – disse para si mesma. – Aquilo foi só um sonho.
Mas algo lhe dizia que não. Que aquele corte mostrava á ela o inevitável: Voldemort voltara. E pior: Para machucá-la e para usá-la; novamente.
Dali, ela foi direto para o banho. Lavou o machucado, penteou o cabelo, mas não se importou se ele estava solto (ela sempre o usava preso), nem com a roupa que estava – era uma calça jeans colada e uma blusa laranja de manga três quartos. Calçou a sua sandália de dedo e desceu para o salão comunal da Grifinória, ainda segurando um pano úmido no local ferido. Sem saber, é claro, que ele já estava sendo ocupado por certo moreno de olhos verdes.

Ela desceu as escadas ainda tremendo. Que tipo de sonho ainda era aquele? E o que é que Tom Riddle ainda queria em sua mente? Que diabos de livro era aquele? Porque é que ele não perguntava ao Harry?
Talvez porque eles sejam arquiinimigos, e Voldemort não queira que Harry saiba sobre a existência desse livro!, Pensou.
- O que é que aquele monstro quer de mim? – sussurrou – Eu já fui usada e quase morta apenas para realizar um dos seus desejos. Porque é que ele não me deixa em paz?
- Falando sozinha, Virginia? – uma voz sexy murmurou, perto dela.
Ela não precisava nem virar para saber de quem era aquela voz. Ela sonhava com o seu dono todas as noites (certo; quase todas) e ele era a sua fonte de felicidade, mesmo que não soubesse disso.
- Potter. – falou friamente, mas, ao virar, perdeu a voz. Não sabia onde é que tinha metido aqueles sonzinhos que ela emitia com a boca. Muda. Mas com razão.
Harry estava usando uma calça preta jeans folgada, juntamente com uma blusa vermelha de manga comprida (que havia sido puxada até a altura do cotovelo devido ao calor perto da lareira). Ainda usava um tênis preto mesmo que, naquele momento, estava tirando-os de seus pés. O cabelo preto e rebelde estava comprido; roçava na altura das bochechas. E os olhos; que olhos! Os olhos onde Gina se viu perdida inúmeras vezes. As íris eram penetrantes, e Gina as sentia olhando-a. O corpo? A barriga era malhada e reta, os ombros largos e os braços fortes. Pernas grossas e bronzeadas. Simplesmente, a cópia da perfeição.
- Eu... – gaguejou, sentindo que a sua voz traidora havia, finalmente, voltado – Eu não sou a única. Caso não percebeu ainda, você também é pego dando uma de doido.
- Sim. Mas não de madrugada, quando EU estou aqui e você desce de uma escada, tremendo, com um pano molhado na barriga, de cabelo solto e com uma roupa... Normal. – Parou de falar. E, simplesmente, arregalou os olhos.
E, pela primeira vez na sua vida, Harry Potter perdeu a fala. Ficou olhando Gina com um olhar penetrante. Mas ele se assustou porque gostou do que vira; e gostou muito.
Ela tinha pernas grossas, firmes e bem torneadas. A barriga era reta e a sua cintura era fina. Seus seios não eram nem grandes demais nem pequenos; eram ideais. Mas ela escondia isso tudo por debaixo das enormes roupas que usava como fardamento da escola.
- Huum. – Falou, sentindo-se mais seguro - Está melhor assim, Virginia. Solte os cabelos; você tem bonitos cabelos.
- Com certeza vou soltar, Potter – Disse Gina, se largando em uma poltrona e olhando-o nos olhos – Para o quê? Para a lambisgóia nojenta de a sua namorada ficar me chamando com mais intensidade ainda de... Como é mesmo? Ah, lembrei: Cabeça de fogo? – falou ela, com um misto de raiva e de desdém.
- Calma, Virginia. Eu só estava fazendo um elogio. – Ele respondeu, com um ‘quê’ de divertimento na voz – Mas não se preocupe. Vou ter uma conversinha com Cho. – falou.
- Ah, grande idéia, Menino-que-Sobreviveu! – falou, irônica – Essa sua namorada não te obedece, Potter. Você não vê? Ela está sempre querendo saber sobre os meninos lindos e maravilhosos que estão solteiros em Hogwarts para ela correr atrás. E advinha o que ela faz depois? Ela te dá CORNO. – falou, com a sobrancelha erguida – Legal isso para a sua alta reputação na Escola, hãn?
- Não que isso te interesse, não é, Virginia? – falou Harry, perdendo aquela diversão na voz, seus lábios firmes contorcidos numa linha séria– Assim, eu vou até pensar que você está se importando comigo.
- Longe disso, Potter – falou, se levantando da cadeira – Eu quero é distância de você. Eu quero é que a vaca da sua namorada se ferre. Eu quero que vocês apenas me deixem em paz, e parem de zombar comigo pela minha aparência – falou, recobrando o fôlego e olhando-o nos olhos– Eu quero que vocês, todos vocês, dêem menos importância á beleza exterior da pessoa do que a interior. Eu quero, Potter, que vocês enfiem essa sua superioridade no rabo. – ela falou, se aproximando de Harry, que também já havia se levantado – Eu quero que vocês parem de maltratar os CDF’s só porque eles ligam mais para estudo do que ficar de agarrando no meio do corredor da escola. Não vê a Hermione? Ela, alguma vez na sua vida, lhe pareceu desleal, chata ou até mesmo metida? A Mione não liga para homens, Harry.
- Mas ela pegou o Vitor Krum, Gina... – ele começou, mas logo foi interrompido.
- Sim, ela pegou. Mas ela não colocou isso na frente de tudo. Não foi como você, que quase cola uma faixa na testa com os dizeres: ‘Eu agarrei Kristen Klein’. Nem o Ronald, nem a Hermione, nem eu faríamos algo do tipo. Nem se eu TE namorasse, Harry Potter – falou.
Harry se espantou com a convicção que a ruiva tinha falado aquilo. Sempre que ela o olhava, ela corava. Sempre que ele falava com ela, ela derrubava alguma coisa. Mas hoje... Hoje, ela estava mudada. Diferente.
- Você, o Rony e a Mione combinaram em me dar sermão hoje, foi? – perguntou, se sentando de novo na cadeira. – Os dois saíram fulos da vida hoje comigo.
- Hum. Deixe-me adivinhar por que: Eles estavam comentando sobre o que eu fiz com a Chang hoje – ela falou. Ele apenas afirmou com a cabeça – Ai você não achou justo eles falando da sua namorada pelas costas e reclamou. E eles reclamaram de volta porque você tinha se tornado esse galinha cafajeste que é hoje.
- Como é que você sabe? – perguntou, atônito – E não; eles não me chamaram de galinha cafajeste. Não ainda.
- Porque, diferentemente de você, Potter – ela falou, chegando mais perto dele, e se largando junto ao garoto no sofá – Eu não sou cega. Não sou impedida de enxergar a verdade. O que realmente está acontecendo, Harry, é que você mudou. E mudou para pior. Transformou-se num superficial. – falou.
- Você é igualzinha á eles. – disse Harry, num sussurro. E, vendo que a ruiva entendeu errado, logo acrescentou - Ao Rony e á Mione, quero dizer.
- Claro que sim. E igual ás pessoas sensatas também. – falou, com um ‘quê’ de diversão na voz.
- Eu ainda acho que, um dia, você passa sem me xingar e me chamar de Potter. – falou, colocando a cabeça no colo da ruiva, sem nem pedir permissão. Mas, ao tocar na ferida, ela gritou.
- AIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII! – Ao tirar o pano de cima de ferida, ela percebeu que havia começada a sangra de novo.
- Gi, o que foi isso? – Perguntou Harry, espantado, ao ver o ferimento. Ele estava em carne viva, e tinha a forma de um “V”.
- Na-nada. – falou, logo cobrindo o machucado com a blusa. – Eu tenho que ir, Harry. Boa noite.
- Eu conheço esse tipo de ferimento, Gina – ele disse, com a voz séria e preocupada. Antes que ela pudesse fazer qualquer coisa, ele a pegou no colo e a colocou deitada no sofá. Suspendeu a blusa dela e começou a examinar o machucado.
- Potter! O que você pensa que está fazendo? – perguntou ela, tentando se levantar. Mas foi logo detida por ele, que a segurou pelos ombros.
- Pare, Gina. Por favor. – implorou ele. – Isso daqui, Gina, foi Voldemort quem fez. Não foi? Diga-me, Gi.
- Não. Não foi ele. – mentiu Gina, com medo de que isso pudesse machucar a sua família de algum jeito.
‘ Vejamos se esta marca te faz recordar quem manda aqui, Weasley. Eu acho melhor você começar a se comportar como há cinco anos atrás. Se não... Dê adeus á sua tão prezada família’.
As palavras do Lorde das Trevas soaram na cabeça de Gina e, com um pulo, ela se colocou de pé.
- Não posso. Simplesmente, não posso dizer – ela disse, com os olhos marejados.
Harry não pensou duas vezes antes de perguntar:
- Gi, ele disse que ia fazer algum mal á sua família, não disse? – e se aproximou.
Ela não conseguiu se conter. Simplesmente pulou no pescoço dele e começou a chorar. A soluçar e a murmurar coisas sem sentido, como ‘família’, ‘amo’ e ‘medo’.
Ele apenas retribuiu o abraço e tentou acalma-la.
- Calma, Gi. Vai estar tudo bem. Eu estou aqui. – Disse, sentando-a em seu colo em uma das poltronas ali perto. – Agora, conta para mim como foi esse seu sonho? Talvez eu possa ajudar.
E ela contou. Com cada detalhe, com cada tom de voz que ele usou. E ela ficou extremamente grata por ele não ter interrompido-a nenhuma vez. Apenas ouviu a sua explicação atentamente.
- Tudo bem, Gi. - Ele falou, pegando a varinha do bolso e conjurando algodão e um líquido que ele já vira Papoula usando em seus machucados. – Eu vou passar isso em você. Levante a camisa, por favor.
- Pode ir tirando o dragãozinho da chuva, Potter – ela disse, colocando a mão e segurando a blusa para baixo – Sem chance.
- Ah, qual é, Gina! Eu não me aproveitaria nessa situação. – ele falou, tirando a mãe dela de cima da camisa – Não sou tão mal assim não.
- É mesmo? – falou, erguendo uma sobrancelha – Potter, se eu vir você se aproveitando de meu estado, você vai se arrepender de ter nascido. Ouviu?
- Sim, ruiva. Eu ouvi. – disse, roçando o seu lábio na bochecha dela – Sou cego, e não surdo.
Ele suspendeu a blusa dela e fez todo o trabalho.
- Gina?
- Sim?
- Porque é que você usa aquelas roupas enormes se você tem esse corpo? – perguntou, ao abaixar a camisa dela de novo, sem deixar de sorrir de forma marota.
- Porque eu não quero. – respondeu de mau humor. Sentou-se de frente para Harry e fixou os seus olhos azuis nos incrivelmente verdes dele.
- Certo. – falou ele, num tom de ‘eu me rendo’. – Agora, Gina, eu aconselho você a não ir para as aulas amanhã. Daqui a três horas vai amanhecer e você tem que descansar – ele terminou, se levantando e oferecendo a mão para ela fazer o mesmo.
- Falando assim, até parece que você se importa. – disse, com um sorriso maroto e aceitando a mão que ele lhe oferecera, ficando em pé na sua frente.
- E se eu disser que me importo?
- Vai estar mentindo. – ela disse, rindo.
- E se eu não estiver? – ele perguntou, enlaçando-a pela cintura.
- É nessa hora que eu digo que você pirou – Ela disse ao seu ouvido, fazendo com que os seus lábios roçassem no pescoço do garoto. Foi como se uma corrente elétrica passasse pelo corpo do moreno, fazendo-o sentir arrepios. – Boa Noite, Harry.
- Boa Noite, pimentinha. – e deu um beijinho entre a boca e a bochecha dela. – Sonhe comigo.
- Isso não será sonho. Seria pesadelo.
- Acho que não. – Ele falou, se dirigindo ao seu dormitório, mas com os olhos ainda fixos nela.
- Pois eu tenho certeza que sim. – ela falou, acenando pra ele da porta do dormitório. – Harry?
- Sim?
- Me chame de pimentinha mais uma vez e você vai aparecer morto com um sapato enfiado na garganta. Ouviu?
- Com certeza. Pimentinha.
E ele se acabou de rir quando ela fez um gesto obsceno para ele e fechou a porta do dormitório das meninas.
- Ruiva doida. – falou, subindo as escadas para o dormitório – E gostosa.

~~

Gentee!
Eu espero que vocês tenham gostado! :D
Esse é o primeiro capítulo da minha primeira Fic.
Entããão.. Comentem, por favor!

* Critiquem e me digam no que eu preciso melhorar.
Assim, vocês me ajudam! *

Beijos e até a próxima!
Adii*

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