Filme em Preto e Branco

Filme em Preto e Branco



Capítulo 3
Filme em Preto e Branco

“Tu eras também uma pequena folha
que tremia no meu peito.
O vento da vida pôs-te ali.
A princípio não te vi: não soube
que ias comigo,
até que as tuas raízes
atravessaram o meu peito,
se uniram aos fios do meu sangue,
falaram pela minha boca,
floresceram comigo.”
(Pablo Neruda)

Ginny ia passando pelo corredor do segundo andar, embrulhada em um roupão branco e totalmente atrapalhada com a quantidade de maquiagens que havia na caixa de Candice. Elas não esperavam que usasse tudo aquilo! Esperavam? Foi quando quase tropeçou numa figura encolhida junto ao corrimão da escada.
- Lizzie?
- Shhhhhhhh! – a garota pôs o dedo na boca, alarmada.
A ruiva relanceou o olhar para o térreo e viu que Candie tinha uma visita.
- Elizabeth Morgan, você está escutando a conversa dos outros! – ralhou severamente, mas num tom baixo.
A garota girou os olhos.
- Bem vinda ao planeta Morgan. Se a família tivesse um jornal de circulação interna isso não seria necessário, mas como minha idéia foi vetada...
- Você faz o serviço como free-lancer.
- Huumm... – Liz apertou os olhos, deliciada. – Gosto da forma como seu cérebro funciona, Ginny Morgan.
- Mas eu não estou gostando nada. – ela pensou na caixa de maquiagens.
- Shhhh! – Lizzie a sentou com um puxão. – Você está me fazendo perder a melhor parte.
Virgínia se esqueceu de tudo quando viu a visita da tia. Um homem moreno, certamente beirando os quarenta anos. Um homem absurdamente bonito.
- Quem é esse?
- O padrinho do Harry. Sirius Black. – Lizzie estalou a língua, à guisa de assobio.
Ginny espichou bem o pescoço, como uma tartaruga, uma súbita curiosidade mandando suas convicções sobre privacidade para o espaço.
- Então você não virá à noite... – Candice estava sentada de frente ao homem, numa postura um pouco rígida demais, diferente da forma usual de se portar.
- Não, ambos sabemos que não seria muito confortável. Mas achei muito indelicado não me desculpar pessoalmente. – o homem respondeu numa voz bonita, perfeitamente de acordo com seu dono.
- Minha nossa... – um tom de leve sarcasmo pôde ser notado na voz de Candie. - Sirius Black se preocupando com etiqueta.
- As pessoas mudam.
- E mudam muito, pelo visto. – ela alisou os cabelos presos para trás. – Mas quanto a ser desconfortável, não vejo o porquê. Você, de certa forma, faz parte dessa família.
- Harry faz parte, eu não.
- Você o criou. Seria muito bem recebido hoje à noite.
- Haveria buxixos, você sabe. – ele começou uma boa imitação de vozes baixas e excitadas. – “Você viu quem está aqui? O que será que significa isso? Patrick Avery está sabendo?”.
Candice sorriu de lado, desviando o olhar para o outro lado.
- Você já suportou buxixos piores, Sirius.
- Assim como você, Candie. Mas podemos evitar mais alguns. Não gostaria de atrapalhar o seu relacionamento com o Avery. – ele a olhou, tentando esquadrinhar sua expressão, sem sucesso. - A mocinha está em casa? Ou talvez eu possa conhecê-la outro dia, se não se incomodarem com minha presença.
- Você sabe que vovó adoraria te ver aqui mais vezes.
- E você?
De onde estava, Ginny viu Candice não esboçar a mínima reação, e aquilo foi estranho. A tia era afável demais, tão acolhedora que aquela postura seca não se encaixava em sua personalidade calorosa de dama sulina.
- Eu poderia chamar a Virgínia, mas acho que está no banho. E a vovó está descansando. – Candice desconversou sem o menor sinal de lhe dar uma resposta. – Lamento pelo seu tempo, mas acho que terá que conhecer a Virgínia em um outro momento.
Sirius inspirou pesadamente.
- Não faltarão oportunidades. – falou, se levantando de supetão. - E não vim aqui por este motivo.
- Não. Veio apenas ser polido. – ela o imitou, se levantando prontamente.
- É, Candie, apenas por isso. – falou cansado, e antes de sair fixou uns olhos enigmáticos na figura da bela mulher.
Num lampejo rápido daquele olhar, Virgínia entendeu perfeitamente o motivo da curiosidade de Lizzie. Havia fagulhas entre aqueles dois. Era o caso apenas de saber por que.


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Mesas por todo o gramado, pequenas luzes salpicadas por toda parte, um serviço de buffet que deixaria qualquer Nova Iorquino de boca aberta. Garçons em roupas brancas, servindo bebidas geladas à senhoras que fofocavam em vozes descuidadas. Charutos cubanos fumados por homens que pareciam saídos de outra década, homens acompanhados por uma charmosa “prima”, uma alta mulher de meia idade que fumava o seu Cohiba Lanceros(1) com fascinante desembaraço. Crianças correndo por entre as mesas, tornando aquele, um evento de todas as idades. Até uma pista de dança fora improvisada junto à piscina. Não havia um canto da casa que estivesse desocupado. Um canto onde o comentário, “Eu sempre soube. Virgínia Morgan... é claro que Eugênia a traria para casa. Viu como está moça?”, não fosse repetido em todas as suas variações.
E, claro, também havia a “estrela” da festa.
De pé, na entrada do jardim, a “estrela” franziu a testa rapidamente. Com seu vestidinho preto absurdamente caro, presente de Candice, Virgínia mantinha um sorriso fixo no rosto. Anos de treinamento no mundo adulto. Tinha cansado de manter os braços cruzados na frente do corpo, escondendo, encabulada, as curvas que achava não possuir. Certamente não era muito curto ou justo, menos ainda indiscreto, só completamente diferente do que já tinha usado até então, e estava sentindo-se absurdamente desajeitada dentro dele. Por Deus, como Candie a tinha convencido a colocar aquele pedacinho de seda que tinham a audácia de chamar de vestido? Ginny manteve o sorriso para outra foto e olhou ao redor, avaliando que, na verdade, a tia parecia conseguir tudo o que queria. Não tinha convencido a sobrinha a concordar com a “festa da temporada”? E tudo com menos de cinco minutos de conversa? Um vestidinho preto era tirar pirulito de criança.
Mais um flash. Elza Morgan, mãe de Lizzie, tinha contratado fotógrafos, para grande descontentamento de Ginny. Não que a “prima-mãe” não fosse adorável, e suas intenções muito nobres, mas a ruiva estava cansada. Outro espocar de luzes e ficaria cega.
Não que em alguns aspectos a recepção não estivesse sendo deliciosa. Nem em seus sonhos mais loucos teria se imaginado em tal situação, o foco central de tanto afeto. Mas se soubesse que seria tão constrangedor, ela jamais, jamais teria concordado em passar por aquilo. Conhecer a todos de uma vez, se sujeitar a uma curiosidade que era mais que simples afeição. Durante as duas horas em que permaneceu recebendo os parentes, descobriu que os Morgan tinham verdadeira veneração genealógica.
Uma fila interminável de parentes tinha passado por ela, abraçando, fazendo festa, contendo lágrimas discretas, meio que “beijando seu anel”. Devia ser assim a apresentação de um novo membro da máfia, pensou, ou, em uma versão mais simpática, uma variante familiar para receber uma celebridade.
Dezenas de nomes terminados em Morgan e todos tão diferentes entre si... Dezenas de amigos, inúmeros primos, rapazes extremamente atenciosos. Era como ter uma festa de debutante e ser acirradamente disputada para a primeira contradança. Só faltava o carnê de baile.
Theodore, Blaise, Draco, Vincent, Cedric, Oliver e mais uma dúzia de rostos sorridentes que giravam ao seu redor. E ela nem sabia direito quais eram os primos e quais eram os amigos. Nada incomum quando percebia a salada genética da família. Se lembrasse a metade dos nomes, seria milagre.
Toda aquela gente tratando de recepcioná-la com extremo carinho, deixando claro sua alegria e prazer por sua presença. Pena que nada alterava a sensação de ser um objeto exótico em exposição.
- Querida, pausa na tortura. – Eugênia cochichou em seu ouvido. Tinha acabado de dispensar o fotógrafo e sinalizando para que Elizabeth se aproximasse. – Vá aproveitar um pouco da “sua” festa.
Virgínia riu. A mulher tinha suportado com humor resignado a sucessão de parentes animados e suas dúvidas gerais. Uma verdadeira heroína. A própria Candice, dona verídica do evento, tinha se afastado por alguns minutos, com um sorriso de satisfação cansada, de quem tinha cumprido bem uma missão. Ginny notou que ela permaneceu muito tempo na companhia de um atencioso homem grisalho. O tal Avery, se não se enganava.
- Já vieram todos? – a garota olhou para os lados, ansiosamente.
- Acredito que sim. – Eugênia deu de ombros e deixou a seguinte frase no ar. - Ao menos os que seriam bem vindos.
- Existe um nome pra isso, bisa. – Liz se encostou indolente à cadeira da bisavó. - Persona non grata.
- Fico contente que seu vocabulário esteja crescendo. – Eugênia a observou com o canto dos olhos e logo colocou os mesmos sobre a figura loura de um rapaz, não muito distante dali. – Espero que o juízo um dia acompanhe sua eloqüência.
- É a esperança de todos, “vovó”. – as duas riram como se tivessem a mesma idade, e Lizzie se voltou para a prima. – Vamos, garota, você está com cara de quem precisa de uma bebida. Nada forte, bisa. – ela sapecou um beijo na mulher e puxou o braço da ruiva sem cerimônia. – Uma garrafa de tequila e ela volta a ser a mesma.
Ginny se esforçou em não tropeçar no gramado com o saltinho das sandálias novas. Saltos, outra novidade.
- Enquanto descansamos posso aproveitar pra lhe falar das ovelhas negras da família. – Liz sorriu, toda dentes, para um bonito jovem negro que acenou de longe. – Blaise... lindo.
- Alguma das personas non gratas? – Virgínia implicou.
- Não, só amigo. – ela fez cara de quem considerava o fato uma grande pena. - Muito bom para essa família. – troçou.
- Hum, bom como aquele garoto loiro, que não tirava os olhos de você? – Ginny parou por um instante, para ser cumprimentada, pela segunda vez, por um casal aparentado. Um casal incapaz de parar de falar.
Lizzie a resgatou com impaciência, se enfiando com ela debaixo de algumas árvores, um canto abençoadamente vazio e mal iluminado.
- O garoto loiro é da família, como você está careca de saber. – apontou para o rapaz com o queixo. - O abominável Draco Malfoy. Não é exatamente uma ovelha negra. – ela repensou a frase por alguns instantes - Bem, não no sentido que a bisa falou, embora o pai dele não seja flor que se cheire.
- Problemas no paraíso?
- Nah, todo mundo sabe que Lucius Malfoy é um verdadeiro gângster, contrabandista de primeira, mas para mim este não é o problema. – Liz torceu o nariz. - A mãe dele sim... A prima Narcissa é a perua mais insuportável em que eu já pus os olhos.
- Lamento, Lizzie. É pena que não se dê bem com sua sogra.
- Você gosta dos seus dentes? – Lizzie fez a ruiva rir, percebendo que tinha acertado em cheio em algum ponto vital. – Sorte nossa que eles estejam viajando, ou você teria uma boa prova do que estou falando.
- Eles podem estar fisicamente fora, mas pela quantidade de charutos contrabandeados circulando, parecem estar bem presentes, não?
Lizzie lançou a ela um daqueles olhares de extrema satisfação, a aprovando com a cabeça. Tinha dito que bastava apenas mais um pouco de treino e a ruiva jamais pareceria não ter crescido no seio da família.
Voltando-se para um barulho de risadas satisfeitas, Virgínia viu um ruivo alto. Qual era o nome? Mas antes que pudesse se lembrar, sua atenção foi completamente desviada para a acompanhante do rapaz. Ele vinha andando ao lado de uma beldade que fez várias cabeças masculinas se virarem, interessadas.
- Quem é aquela com o...
Liz lançou os olhos para onde a ruiva apontava.
- Aahh, com o Ronald. É a Keisha. Bonita demais, não é?
Realmente, a jovem tinha uma pele negra luminosa e achocolatada, olhos imensos e uma senhora boca carnuda. Não que o primo não fosse atraente, mas a moça parecia tão poderosa, de certo modo tão mais amadurecida, que o rapaz ficava um pouquinho diminuído a seu lado. Virgínia achou difícil assimilar o que uma garota como aquela fazia com o primo.
- São ficantes? – ela disse, incerta. Podiam ser simplesmente amigos.
- Ah, não...
Quando a ruiva já achava acertada sua última suposição, a prima continuou:
- O Ron é só a “vadia”, dela.
- Quê? – a garota achou que tinha ouvido errado.
Elizabeth riu, maliciosa:
- Vadia, passa-tempo, o brinquedinho dela.
Ginny a encarou estupefata, entre a reprovação e o desejo de risadas.
- Vamos, Gin, você não acha que uma garota como a Keisha ia dar trela para o nosso primo cenoura sem um bom motivo. – Liz analisou o corpo do rapaz à distância. - Tá, ele é alto, é beeem bonitinho e tudo, mas dá uma olhada no monumento de mulher.
- E... – a ruiva falou entre as vencedoras risadas. – E o que ele pensa disso? Quer dizer, ele sabe que é a... a “vadia” dela?
- Se ele sabe? – Liz segurou a risada. – Olha pra cara feliz do pobre diabo. Ele adora! Qualquer garoto daria o braço pela oportunidade. Escuta o que eu digo, se essa garota quisesse, montava nas costas dele e brandia o chicote. Se é que ela já não faz...
- Ela deve ter uns... dezessete, dezoito anos...
- Quinze. – disse Liz com tristeza. – Feitos agora em maio. Eu te digo, a natureza não é injusta?
Virgínia examinou a moça, o andar insinuante, as roupas vistosas. Tudo nela era feminino e curvilíneo. Então olhou para Liz, pequena e delicada, mas com curvas de uma perfeita mulherzinha, e finalmente olhou para si mesma. Bem, Lizzie pelo menos era de fato uma garota. Quanto a ela, se não fossem os cabelos e o vestido em que a tia lhe enfiara praticamente à força, passaria fácil por um menino desajeitado.
Que estranho que garotas como ela e Keisha tivessem quase a mesma idade, com uma diferença de meses, e parecessem pertencer a universos tão distantes.
- Sabe, Liz, uma garota como aquela faria boa figura com um homem, ou um rapaz assim como... sabe...
- Como o Harry? – Liz falou, manhosa.
A prima tinha um sorrisinho de lado que Virgínia se apressou em ignorar.
Elizabeth a perscrutou por baixo da franja.
- Fisicamente eles são bem desenvolvidos. – Liz comentou, tentando perceber qualquer traço de emoção nas feições frias da ruiva. - E têm quase a mesma idade. Se você tivesse vindo há quatro semanas teria participado de uma festa de arromba. Os dezesseis anos do Harry vão ficar para os anais dessa família. Claro que, por conta disso, eu quase passo os anos restantes até minha maioridade, trancada num convento. Mas até que valeu a pena. – ela suspirou, meio perdida em lembranças.
Ao notar que a ruiva a observava com curiosa atenção, Lizzie mudou drasticamente de assunto.
- Mas o Harry... é óbvio que ninguém consegue espaço sequer pra chegar perto do troféu humano. Não quando Miss Hiroshima monta guarda como um dragão.
- Pequim.
- Quê?
- Se você está procurando uma cidade, era melhor se fosse na China.
- Bahh, Pequim, Cantão, Nagasaki, por mim a Miss Saigon podia...
Liz interrompeu o que falava de supetão e num piscar de olhos abriu o maior sorriso falso que Virgínia já tinha visto na vida.
- Cho, querida! – ela tinha modificado completamente a entonação. – Estava justamente falando de você.
Ginny voltou a cabeça, vendo o casal mais antipático do planeta parar ao lado das duas.
- É mesmo, Dixon? – Cho não escondeu a ironia. Era evidente que achava estar falando com seres inferiores, sem a menor importância no esquema das coisas. – Não fale muito meu nome, pode gastar.
Ela usava um bonito vestidinho azul e um salto tão fino e alto que quase ultrapassava Harry. Era um milagre que mantivesse o equilíbrio sobre a grama macia.
- Pra você, querida, o nome é Dixon Morgan. – Elizabeth debochou sem o menor sinal de perceber o descaso da outra. – E pode gastá-lo à vontade. É a vantagem do poder.
Aquilo poderia ter rendido boas risadas para a ruiva, isso se o seu “querido” primo não tivesse se postado bem diante dela e, como se não bastasse, a estivesse encarando abertamente. Ele fazia de propósito, tinha certeza. Tudo para embaraçá-la. E estava conseguindo, o cretino. Ficava olhando daquele jeito que... Estava ficando louca ou era aquilo que chamavam de “secada”?
“Não, definitivamente você está ficando louca, Virgínia”.
- Se enxerga pirralha. – Cho provocou Elizabeth. – Suba numa escada ou cresça mais dez centímetros antes de querer falar de igual para igual.
Sem se perturbar, Lizzie recebeu as ofensas como elogios e, empurrando para o lado o braço que a oriental apoiava em Harry, se pendurou no pescoço do primo.
- Se a escada for como esta, querida... o prazer será meu. – ela falou sugestivamente, lançando um olhar falsamente guloso ao rapaz. – Mas o Harry não acha, não é priminho?
Mas o rapaz estava distante, viajando num planeta de cintura fina, seios cheios e quadris arredondados. Um planeta que o vestido reto não ocultava como as roupas de mais cedo. Exceto as pernas, pensou ele, metros e metros de pele descoberta.
Ao sentir um puxão no pescoço, tirou os olhos da ruiva com dificuldade e sorriu confusamente para Lizzie.
- O que é que eu não acho? – estivera tão distraído com Ginny que só ouvira a frase final.
Ele se surpreendeu com a prima, presa como um pingente no seu pescoço. O que aquela espoleta estava fazendo? Por ser como uma irmãzinha mais nova, cheia de traquinagens e artimanhas, Harry adivinhou que só podia ser mais uma implicância com Cho, e ele tinha que confessar que as achava terrivelmente divertidas.
- Ora, garotas pequenas... Estávamos discutindo os prós. – Liz pestanejou, fazendo charme. - Os garotos não gostam? Vocês podem levantar, apertar... É tão mais fácil e leve...
- Ah, nós adoramos... - Harry captou a mensagem e apertou a prima num gostoso abraço, levantando Liz do chão e girando com ela devagar, ao som da música. – Eu adoro. E se um garoto disser a você que não gosta, então ele é louco.
Quando Harry ficou de costas, Lizzie sorriu sonsamente para Cho, que parecia à beira de um colapso nervoso.
Ele a colocou no chão, segurando uma risada, e se voltou novamente para a ruiva.
- E você, Ginny? Também gosta que te peguem no colo?
A garota piscou. Ela não era realmente muito alta, 1,68 segundo o último check-up médico. Também duvidava que fosse crescer mais que isso, mas daí a ser comparada com a prima...
- Pra minha sorte não encontrei muitos garotos dispostos a tentar.
- Sorte? – Harry escarneceu. – Pois eu acho um enorme azar.
- Sorte sim. – ela ergueu o queixo mandando a insegurança às favas. - Sorte deles, já que eu não estaria minimamente disposta a permitir.
Ele se acercou dela com um sorriso maroto.
- Bom, pra tudo tem uma primeira vez... Considere isso como seu presente de boas vindas.
Ele estava quase encostando e Virgínia arregalou os olhos. “Com que diabos... O que ele ia fazer?”
- Harry!!! – Cho obviamente teve o mesmo pensamento. – Já chega!
O rapaz se virou com cara de santo.
- Só estava brincando com a minha priminha...
- Brincando? – a garota cerrou os olhos em duas fendas gêmeas. – Nessa idade isso não é mais brincadeira, meu bem.
- É verdade. – ele sorriu ironicamente voltando o olhar para a espantada Virgínia.
Harry a analisou de cima a baixo:
- Apesar da estatura de Lizzie seria até perigoso, - ele fez cara de piedade. – mas com você... seria pedofilia.
Cho se despiu da irritação numa risada aguda, adorando a clara desfeita do rapaz à prima.
- Vamos, Harry, estou afim de uma bebida. – ela o arrastou fazendo um tchauzinho cínico para a ruiva. – Bem vinda, “priminha”.
Ginny mal registrou os xingamentos de Lizzie.
- Aquela vaca! Nem nossa parente é! – Liz soltava vários impropérios em voz muito alta, olhando de soslaio para o rosto lívido da ruiva. – E o Harry foi um perfeito idiota. Não sei o que deu nele.
- As uvas estão verdes. – uma outra voz feminina sobressaltou as garotas.
- O quê? – Liz apertou os olhos para um canto escuro, logo atrás de uma árvore. – Quem está aí?
Uma garota morena, de belos cabelos cacheados, saiu das sombras e se aproximou com uma taça nas mãos.
- Me desculpem, não queria me intrometer mas não pude deixar de escutar. E você também não fala muito baixo, Lizzie. – Hermione Granger sorriu de leve, bebericando sua bebida.
- Ah, Mione. – Liz sorriu, reconhecendo a garota. – Não esquenta. Foi só a Cho levando o que merece... e o Harry implicando com a Gi. De novo. – ela se virou para a ruiva. – Mione é uma das minhas melhores amigas e não é da família, o que é melhor ainda. Mas vocês duas já foram apresentadas, não é?
As duas assentiram sem deixar de se olhar.
- O que você disse? Sobre... uvas? – Ginny questionou a morena, ainda nervosa e querendo mudar de assunto.
- Ah, não é nada, só uma fábula. – a jovem sorriu querendo deixar pra lá. Pelo que tinha visto, ficara mais do que claro que Harry P. Morgan tinha sido um imbecil sarcástico por desejar exatamente o que não podia ter. Mas não seria ela, Mione, a se intrometer no assunto. Em sua opinião, apesar de muito querido para si, Harry podia ser perigoso demais. – Não se preocupe com o bastardo, ele é um perfeito idiota a maior parte do tempo. Não consegue evitar. – terminou com um sorriso.
Mas Lizzie parecia ter uma visão bem diferente sobre o perigo que Harry poderia vir a se tornar.
- Fábula interessante essa. Uma raposa faminta chega debaixo de uma parreira e vê o cacho de uvas mais perfeito da sua vida, - ela explicou, pela amiga. – mas estava alto demais para alcançar. A raposa tenta durante horas, mas vendo ser inútil, dá de ombros e vai embora, dizendo que as uvas estavam verdes.
- Acho que não entendi a moral da estória. – Virgínia falou secamente.
- Claro que não. – Elizabeth sorriu marota, antes de se voltar para Mione. – Gin, a Hermione é uma amiga muito querida e pode-se dizer que cresceu com Harry e Ron, portanto, se ela está dizendo que Harry é um idiota, pode apostar que é. Pra falar a verdade, todos os garotos são.
Mione balançou a cabeça, em confirmação.
- O que estava fazendo, escondida neste canto, Mi?
- Apreciando a grande verdade da vida. – Hermione fez um gesto com a taça, abrangendo um casal que se sentava colado, perto da pista. – Todo garoto é um bastardo idiota.
Virgínia pôde ver que se tratava de Ron e sua bela acompanhante.
- Ah, querida, sinto muito. – Elizabeth pôs a mão sobre o ombro da outra.
- Você sente? Não devia. Eu tinha que estar mais do que acostumada a essa altura.
- Bom, isso não me parece pertencer ao tipo de coisa que se possa simplesmente ignorar.
- Não. Pena, não é? – Mione ergueu a taça novamente, desta vez num solitário brinde, terminando de beber seu conteúdo com um suspiro resignado. Ou pretensamente resignado.
- Mas isso é uma festa! – ela forçou uma nota de animação. – O que está fazendo que não levou a Virgínia até lá?
“Lá” parecia ser uma das mesas mais movimentadas do jardim, onde se encontravam uma grande quantidade de rapazes e moças bonitas.
- Mi, não sei se é boa idéia...
- O quê? Por minha causa? Não seja boba, Lizzie, sou uma atriz de primeira categoria.- ela piscou. – Tive anos para me aperfeiçoar. Eles nunca vão me ver mais feliz.
E sem esperar pelas duas, Hermione caminhou devagar em direção ao lugar.
- Vamos com ela, acho que está meio alta. – Lizzie falou com uma careta consternada.
- Não está não. Só está machucada. – para Virgínia ficaram mais que claros os sentimentos que a morena nutria pelo seu primo “cenoura”. E também que aquela jovem possuía uma inocência e bondade inatas. Hermione parecia o tipo de pessoa que se sacrificaria de bom grado, apenas para ver um sorriso no rosto da pessoa que gostava. E isso conquistou a imediata simpatia da ruiva.
Quando as duas alcançaram a morena, bem ao lado do amontoado de jovens, Lizzie disse estrepitosamente:
- Vocês já conhecem a dona da festa. Agora, que tal levantarem os traseiros e arranjarem um lugar pra ela se sentar?
Virgínia riu quando três rapazes ofereceram seus lugares ao mesmo tempo. Lugares, que sem a menor cerimônia, as duas amigas ocuparam a seu lado.
O jovem negro, Blaise, acenou gentilmente antes de saltitar até onde estavam Ron e a garota Keisha.
- Já que é um perna de pau, você não se importa se eu dançar com minha irmã, não é “Rony”? – o rapaz deu um ruidoso cascudo em Ron.
- Tenho escolha? – o ruivo coçou o lugar acertado.
- Claro que tem. Dançar comigo no lugar. – o rapaz sorriu meigamente para o amigo. - Prometo ser gentil.
Os rapazes riram e Ron fez uma exagerada cara de nojo.
- Não me leve à mal, Zabini, mas acho que já fiquei com a melhor parte da família.
- Acho bom que pense assim! – a garota exclamou com um sorriso, mas Virgínia pôde notar um certo ar de tristeza em sua voz rouca. - Não demoro, ok?
Os dois irmãos se afastaram rápido, começando a dançar na beira da pista. Faziam uma bela figura juntos. Mas para a ruiva algo na voz de Keisha, tinha soado estranho. Uma animação um pouco falsa.
O que tinha de errado com aqueles jovens, que tinham tudo, riam alegres e descuidados, mas que pareciam sempre estar às voltas com alguma tristeza incalculável? Ela gostaria muito de saber.
Do seu lado esquerdo, Hermione havia ficado sozinha ao lado de uma cadeira vazia, que o ruivo, Ronald, se apressou em tomar posse.
- Quer dançar, Mione?
- Acho que não. – ela respondeu com um sorriso triste. – Na verdade já estou indo embora.
- Indo embora? Não fala bobagem, garota. Ainda vamos esticar em algum lugar.
- Fim de noite pra mim, Ronald. Estou cansada.
- Estamos de férias... vai ter todo o tempo do mundo pra dormir quando estiver morta.
- Ha, ha, ha. – ela revirou os olhos. - Muito engraçado. Mais ainda do que na quarta série, quando você começou a dizer.
- Vamos, Mione... Oak’s Heaven não vai ser a mesma coisa sem você.
- O quê? – ela se alterou imediatamente. - Ronald Weasley Morgan, vocês não vão pegar a estrada há esta hora para Oak’s Heaven. Está me ouvindo?
- Já fizemos antes. – ele sorriu intimamente. Sabia que bastava aquilo para despertar a amiga de sua apatia.
- Não! Vocês não vão! – falou com uma expressão muito dura. – É perigoso.
- As estradas estão muito melhores hoje em dia. – falou manhoso. - E, além disso, quem vai me impedir? – ele sorriu bem perto do rosto dela. – Você?
A morena engoliu em seco, lançando os olhos para outro lado do jardim. Subitamente algo a salvou de fazer uma bobagem.
- Eu não. – ela sorriu maldosamente. – Mas aquela ali, do outro lado do jardim, não é a sua mãe? Hum... Será que eu não devia ter uma conversinha com ela?
Ronald voltou o rosto assustado para o lugar.
- Você não teria coragem...
- Experimenta. Volte a falar que vai para a fazenda.
Ele estreitou os olhos e comprou a briga.
- Mi, querida, - afagou o rosto dela, com um ar tão maroto que deixou a garota arrepiada dos pés à cabeça. – pense bem, é só eu dizer que você se enganou. Acompanhe meu raciocínio, só tem um jeito de me impedir de ir: ficando de olho em mim a noite toda. E isso quer dizer que seu soninho vai ser adiado.
- Chantagista ordinário.
- Só com quem eu amo. – ele se inclinou, dando um beijo demorado na bochecha corada.
Ron pareceu não perceber que ela havia enrubescido como uma papoula. Amigos há tantos anos e, convenientemente, ele não se dava conta do que saltava aos olhos.
- E então, vamos dançar? – o ruivo tentou novamente.
- Não. – ela falou com exagerada frieza. - Porque não convida a Virgínia? Afinal, a festa é pra ela.
Antes que Ginny pudesse negar, um belo rapaz deu a volta pela mesa, praticamente derrapando na pressa.
- Pode deixar que eu faço isso. – ele estendeu a mão para a ruiva. - Sou o Cedric, prima. Cedric Diggory, Morgan por parte de minha avó. Fomos apresentados, mas foi gente demais pra se lembrar de mim.
Ela segurou a mão dele, incerta e mais escarlate do que nunca. Agora rapazes maravilhosos a convidavam para dançar, é? Interessante, de repente o pesadelo estava se tornando sonho.
- Ah, sim... só que acho que não sei dançar.
- Sem problema, eu também não sou grande coisa. – ele riu mais largo. - Vamos só ficar nos balançando e fingindo. Do jeito que todos já estão altos, vão dizer que somos Fred Astaire e Ginger Rogers.
Virgínia abriu um enorme sorriso quando aceitou o pedido. Alguém que também conhecia os filmes antigos... e alguém extremamente atraente, por sinal.
Perto da mesa, um certo loiro também tentava arrastar uma relutante Elizabeth para a mesma pista de dança.
- Já disse que não vou! – ela falou entredentes.
- Lizzie! – ele começou a falar escandalosamente. – Querida, bela, prima Lizzie! Dance comigo, por favor...
- Cale a boca, gralha loura! – ela tentou se esquivar, percebendo, pela cara divertida do mesmo, que ele não ia parar até conseguir o que queria. – Ah! Está bem, Malfoy, uma dança! Uma só! E não ouse pisar nos meus pés.
- Como quiser, linda Mini-Morgan. – ele a levantou, apertando imediatamente sua cintura e fazendo os corpos se unirem um pouco além da conta. Coisa que Lizzie imediatamente notou.
- Estamos no meio de uma festa na Casa Morgan e, se não percebeu, meus pais estão aqui. Os mesmos que, quatro semanas atrás, ameaçaram arrancar cada fio oxigenado da sua cabeça. Quer fazer o favor de deixar espaço para eu respirar? – coisa estranha, mas os demais amigos e primos, pareciam ter feito um paredão na frente dos dois, de modo que não podiam ser vistos do local onde estavam os mais velhos. Lizzie observou o rapaz, de olhos apertados, adivinhando a manobra mancomunada. “Garotos!”
- Hum, Lizzie, quer dizer que se estivéssemos em outro lugar, livre de parentes, você... Eu poderia...
- Se aproveitar de mim?
Ele fez uma cara assombrada.
- Mas querida, é você quem costuma me deixar quase que sem uma única peça de roupa...
- Cale essa boca. – Liz sibilou, dando seu olhar mais feio, que, diga-se de passagem, era muito mau.
- E as roupas de hoje? – ele continuou, sorrindo provocante. – Por acaso gostou?
- O mau gosto de sempre. – ela fez cara de nojo. - Algo que o primo Lucius “assaltou”?
Draco não fez o menor caso, já estava mais que acostumado com as referências à “profissão” lucrativa do pai.
- Quer dizer que não gostou? – ele franziu uma sobrancelha. – Então acho que posso ficar tranqüilo, estas você não vai tentar me tomar no fim da noite.
- Malfoy! – ela esmurrou repetidamente o peito de um Draco, cada vez mais risonho. – Seu filho da...
- Desculpe, pequena, mas está me fazendo cócegas. – ele tentou controlar a furiosa onda de risos. - Juro que não abro mais a boca. Vamos apenas dançar. – ele a girou no próprio eixo, deixando-a um pouco tonta e não afrouxando um centímetro no aperto da cintura.– Só dançar, Mini-Lizzie. Deus sabe que posso ser um cavalheiro, quando persuadido.
Ela podia estar zonza, mas sinceramente duvidava muito da última frase, principalmente por conta daquele sorriso safado nos lábios macios do rapaz.
“Droga, Lizzie”, falou com seus botões, “você não tinha nada que lembrar disso”.

Junto ao bonito Cedric, Ginny tirava proveito de sua festa pela primeira vez na noite. Tinham dito algumas frases sobre os filmes assistidos em comum e conversado sobre o parentesco distante, que o fazia não carregar o sobrenome Morgan. Se divertiam até quando um deles errava o passo e quase acertava o pé do parceiro. Foi empatia à primeira vista.
Quando a música mudou para um ritmo mais lento, Ginny se afastou automaticamente, pensando que voltariam para a mesa. Seu queixo quase caiu quando foi surpreendida pelo abraço macio de Cedric, que a envolveu pela cintura.
A pista meio apertada. Um passo pra lá, outro pra cá. Aquilo era mais fácil... e bem mais agradável do que tinha imaginado.
Ela poderia ter fechado os olhos e curtido a gostosa sensação de sua primeira dança colada a um rapaz, mas sua atenção foi atraída, sem motivo algum, para a passarela de quadrados de laje e grama, bem perto dali.
Seu primo Harry. Furando sua pele, tal a intensidade do olhar.
Toda a magia do momento passou no ato, a dança esquecida, e ela se sentiu extremamente desconfortável nos braços do rapaz. O que o primo estava fazendo? Aquilo era um tipo de brincadeira, por aqueles lugares? Encarar uma garota até enxergar através de sua alma?
O fato dele examiná-la daquele modo, atrapalhando um momento tão interessante, a fez ter infinitamente mais raiva do que as palavras ofensivas de mais cedo. Obviamente, a garota chinesa estava ao lado, bem ao alcance das mãos do rapaz. Por que diabos, então, ele não punha as mãos e os olhos sobre ela e a deixava em paz?
Virgínia o encarou de volta, medindo forças numa raiva gelada, e então uma coisinha espantosa aconteceu. A taça que ele segurava explodiu. Assim, do nada. Vinho tinto espalhado por toda sua roupa e de sua acompanhante, que com o susto, escorregara para o chão, quebrando o salto agulha do sapato.
Por um segundo ele fitou a prima como se soubesse. Mas soubesse o quê? Ela queria perguntar, queria saber. Ela não... ela não poderia ter feito aquilo, poderia?
Harry se abaixou confuso, levantando uma Cho furiosa, mais preocupada com o vestido e os sapatos arruinados do que com qualquer contusão que pudesse ter sofrido. Pessoas se juntaram, garçons colhendo os cacos, familiares com lenços de tecido e papel. Ninguém ferido. Apenas a forte impressão que a fez deixar a pista e seu acompanhante. Tinha sido ela. Aquilo, fosse o que fosse, tinha finalmente fugido ao controle.

XXXXXXX


Jornais sobre a mesa do lanche, mostravam belas fotos da recepção, na noite anterior. Fotos de Virgínia, cercada por Eugênia e Candice, sobre os dizeres: “De volta ao lar”. Mas aquilo parecia não ter muita importância para ninguém na casa. A bisa tinha dado uma olhada de relance e rido, junto com Candie, sobre o vazamento das fotos para a imprensa, “Coisa de Elza, pode apostar”, tinha dito, divertida, antes de se despedir, saindo para uma visita ou coisa do gênero. E a própria Virgínia não tinha se impressionado nem um pouco com a novidade, queria mais é que a festa se tornasse assunto do passado. Seu objetivo, naquele momento, era pôr um ponto final no “acidente”.
Depois da recepção perturbadora, ou fenomenal, segundo a tia, Ginny sofrera o diabo para pôr os pensamentos em ordem. Tinha passado boa parte do dia formulando conclusões sobre o que se lembrava e, de acordo com tudo o que mais prezava, sua facilidade em ser franca consigo mesma, ela dissecou a situação, descobrindo que não estava pronta para aquela singularidade em especial. Achava que se aceitasse ter sido a causadora do pequeno tumulto, atingindo o primo com sua raiva e quebrando aquela taça, então estaria admitindo que não era diferente apenas em sentir e ver coisas demais. Estaria admitindo possuir um poder que fugia a seu controle, que fugia aos padrões da própria família. Um ser à parte. Novamente. Podiam se chamar de bruxos e coisas do gênero, mas em suas cuidadosas inquirições, jamais tinha escutado que qualquer Morgan, mesmo Eugênia, pudesse fazer algo como aquilo.
Ela tinha sacudido a cabeça, em descrença. Não, tinha certeza que fora coincidência. E mesmo que, em hipótese, pudesse ter sido ela a causadora, devia ser um desses eventos isolados e inexplicáveis, pelos quais quase todo mundo passa uma vez na vida. Por isso Virgínia deixou o assunto de lado, esperando que o futuro trouxesse uma solução por si mesmo. Solução que ela sabia não poder encontrar agora.
Estando munida de suas músicas, ela terminou seu suco e desejou o sossego sobre o velho carvalho. Naquele dia, não para pensar, mas para esquecer. Estava saindo sorrateira, quando Candie desviou os olhos do jornal e a chamou:
- Ginny? Indo de novo se aboletar naquela árvore? Assim vou achar que não está mais gostando da nossa companhia. - brincou.
- Não é isso. – falou pressurosa. - Eu adoro a companhia de vocês, de verdade, é só que estou acostumada a ficar sozinha...
Sendo uma garota que crescera cercada quase que apenas por adultos, e tendo por amigos apenas filmes antigos e livros, a novidade de se conviver com gente jovial ainda a confundia. Talvez ela fosse adulta demais em certas coisas e criança demais em outras, tendo um enorme receio de não conseguir expressar o quanto amava a família e o quanto era grata por terem lhe dado uma identidade.
- Ah, querida, desfaça essa de cara de “desculpe, atropelei seu cachorrinho”. – Candice adivinhou a interpretação. - Foi uma brincadeira. Eu me lembro perfeitamente o que é ter a sua idade. Sei que precisa de um tempo só seu para pensar, sonhar acordada, talvez se lembrar de um certo jovem... - ela estalou os dedos, fingindo tentar se lembrar. – Um que é péssimo dançarino, mas que tem um rostinho encantador... Qual é mesmo o nome?
- Você sabe exatamente qual é. – a ruiva riu de lado, sem se incomodar minimamente. – E não foi tão grande coisa pra ficar sonhando.
- Uma pena. Fariam um casalzinho bonito.
Ginny juntou as sobrancelhas, espertamente.
- Por falar nisso... aquele Avery... – ela assuntou, curiosa. – É algo assim... como um namorado?
- Patrick Avery? – Candice sorriu, por trás do jornal. - Acho que posso dizer que somos bons amigos. – ela analisou a sobrinha sobre o papel, decidindo se dava mais alguma informação. – Bem, talvez um pouco mais que amigos, mas não namorados.
Estranho, pensou a ruiva. Se não havia um romance, então porque Candice não negou o fato quando aquele homem, Sirius Black, tinha lançado a indireta?
- Que pena, tia Candie. – ela a imitou, marotamente. – Fariam um casalzinho muito bonito.
As risadas foram interrompidas pelo telefone. Molly, em sua quarta ligação desde o dia anterior. Estavam fazendo progressos, pensou a garota, tinha pensado que os contatos seriam frenéticos e ininterruptos. Até sua mãe podia surpreender.
Elas tiveram uma conversa mais longa que as demais, e embora Molly não se mostrasse excessivamente preocupada, não arredou pé. A ruiva devia voltar para Nova York dentro de dois dias.
- Tia? – Ginny se esgueirou novamente até a mesa, tentando não parecer excessivamente infeliz. – Acho que vou até lá fora.
Candice percebeu que algo a afetara e julgou saber do que se tratava. Toda vez que o telefone tocava, ela se perguntava se viriam as más notícias. Logicamente elas haviam chegado. Conversariam mais tarde, quando Eugênia estivesse de volta. Até lá a garota precisava de tempo.
- Vá, querida. Será bom para você. Ficar sozinha significa que se dá bem consigo mesma.

xxx

Já no alto da árvore, Ginny deixou certos temores se aproximarem. E agora, como conseguiria viver longe da sua gente, longe daquele lugar? Como conseguiria voltar para Nova York e freqüentar aquele purgatório em forma de escola, aquele mundo vazio de sociedade?
A realidade a atingiu como um ar gelado, invadindo sua alma, mas ao contrário de antes, aquilo fez seu temperamento passional se rebelar. Toda ela tinha sido paz, sossego e aceitação. Mas agora a outra Virgínia tinha acordado. Uma Virgínia que não aceitaria mais as coisas como antes. Uma que era mais completa e, por isso, mais forte.
O que seria sua vida longe da casa, de Eugênia, Candice, Lizzie? Quem seria Virgínia sem Nova Orleans?
- Não uma fugitiva. Não uma ovelha. – ela repetiu para si mesma. – Preciso encontrar um meio termo.
- Você de novo? - a voz arrastada de Harry a pegou desprevenida. – E falando sozinha... Existem casos de loucura na família, sabia?
A garota rolou os olhos para cima, pensando que daquilo, definitivamente, não sentiria falta. Havia pelo menos uma coisa boa em deixar Nova Orleans.
- Será que vou precisar montar uma escala de uso pra este lugar? – ele falou com ironia, enquanto ela fingia que não escutava nada, apontando com cara de interrogação para os fones de ouvido e virando a cabeça, com desdém, para o outro lado.
- Festa boa, não? – ele continuou, com mal disfarçado sarcasmo. - Você parece ter se divertido muito com o Cedric. Não desgrudaram a noite inteira. Colocando as garrinhas pra fora, priminha?
Ela mordeu os lábios de leve, mas ignorou. Cedric realmente tinha ficado próximo durante o resto da noite, mas não ia dar o gostinho à Harry de provocar outra discussão.
Ao ver que suas palavras não surtiam efeito, ele mudou de tática.
- Aquela sua brincadeira de ontem podia ter me machucado.
- Não sei do que está falando. – ela esqueceu de imediato sua resolução em ignorá-lo, usando um feroz tom defensivo.
- Achei que não estava escutando. – Harry debochou, conseguindo seu intento.
- Infelizmente sua voz irritante tem o dom de invadir lugares restritos.
- Ah, o dom de uma bela voz... – ele soltou o corpo, descontraído, sobre o balanço. – Noite agradável a de ontem. Muitas palavras polidas e risadas por trás das cortinas. Típico evento Morgan.
Ginny suspirou, desistindo de fingir que prestava atenção à música e tirando os fones, fazendo a vontade do rapaz. O observou atentamente. Desde que se conheceram, tinha sentido uma vibração estranha emanando dele, tênue, além do costumeiro deboche e raiva. Sem dar atenção às palavras cáusticas que ele continuava a dizer, sua curiosidade se aguçou e antes de perceber o que fazia, ela se viu usando suas antenas internas.
Harry ria, gracejava, implicava com ela, mas pela primeira vez, a ruiva decidiu observa-lo sem pré-conceitos, apenas usando suas habilidades perceptivas.
É, tinha mesmo algo errado com aquele rapaz. Algo difícil de ver quando se dava atenção ao que primeiro saltava aos olhos, sua beleza física, e também às suas palavras descuidadas e mordazes. Harry tinha algo que cantava amordaçado, algo que sofria. Envenenado. Seu diagnóstico veio de imediato. Envenenado de dentro para fora.
- Deve ser cansativo. – ela falou sem emoção.
Ele apertou os olhos rapidamente para ela.
- Do que está falando?
- Você. Deve ser cansativo aparentar o tempo inteiro que está bem. – Ginny observou que suas palavras haviam atingido uma brecha naquela couraça. - Seus olhos. Eles nunca acompanham seu sorriso.
- Por que acha isso? – Harry cruzou os braços sobre o peito, o sorriso morrendo aos poucos.
- A questão não é sobre eu achar, mas o porque de você fingir.
- Então eu finjo... – um leve escárnio. A barreira protetora estava aumentando.
- Você faz. – ela foi direto ao ponto, resolvida a colocar as cartas na mesa. - E gasta mais energia afastando as pessoas e fingindo que está tudo bem, do que aconteceria se enfrentasse os seus medos.
Como previsto, ele se exaltou:
- Alguém aqui te nomeou minha salvadora? Você nem me conhece, garota. Eu não preciso ser resgatado e muito menos preciso de conselhos de uma menina de quatorze anos.
- Quinze. – ela tentou não sorrir. - Dentro de três meses. Mas se eu tivesse noventa, como a bisa, você não ia escutar, do mesmo jeito.
- Mesmo? Então porque está se dando ao trabalho?
- Você. – ela apertou os olhos de leve. – Não precisa se concentrar pra captar os sinais que manda. Você quer ser salvo. Só não sei do que.
- Você é a pessoa mais insuportável que eu já conheci, Ginny Morgan.
- Verdade? – ela enfim, deixou um pequeno sorriso se insinuar. – Então, porque fica me vigiando? Porque veio até aqui sabendo que ia me encontrar?
- Te encontrar?! Você está surtando ou o quê? Eu venho até aqui desde que usava fraldas. – a voz dele tremeu de exasperação. - E tenho muito mais pra fazer da vida do que escutar essa sua psicologia barata e... e prestar atenção...
- Em mim? – ela o cortou suavemente. – Veja por este lado, se tem tanto o que fazer, então porque ainda está aqui, perdendo seu tempo com essa menina insuportável? Harry, você não me parece um pedófilo.
Ela fitou o rosto estupefato do rapaz. A cutucada fora desnecessária, mas incontrolável.
- Sabe o que eu acho? – continuou, recolhendo os alfinetes e voltando ao que via.– Que você quer ser incomodado. Que isso faz sua vida parecer menos sem sentido. Que você gosta que mexam com você, porque assim se sente vivo. Se olhar por este lado, acho que eu mexo com você.
- Quando você vai embora? – falou baixo e duro.
- Em dois dias.
- Ótimo. Não vejo a hora. Vão ser os dois dias mais longos da minha vida.
Ginny colocou os olhos sobre ele uma ultima vez, devolvendo os fones de ouvido ao lugar. Para ela aquelas palavras finais podiam estar soando até divertidas, mas não fez qualquer menção de rir ou retrucar. Não o brindou nem mesmo com um leve sorriso. Era estranho, mas quando observou o primo a se retirar, com o semblante carregado, sentiu que dizer tudo aquilo tinha aliviado uma parte de si mesma. Uma parte que não tinha nada haver com vingança ou antipatia. De algum modo bizarro, gostou de plantar certas dúvidas nele. Gostou de estar ocupando a mente dele, mesmo que fosse debaixo de camadas e mais camadas de raiva ardente.

xxxxxxx

Harry dirigia distraído pela cidade. Tinha que ter buscado Cho em casa, mas não estava num estado de espírito propício para mais ninguém. Na verdade, desde a tarde anterior, não estava conseguindo ficar nem consigo mesmo. Queria se acalmar, jogar fora certos pensamentos, mas o seu interior, infelizmente, já não era a ilha segura de sempre.
“Ela está indo embora amanhã”. O pensamento o surpreendeu, alimentando uma estranha sensação de deja vu. Não era impressão, a idéia estava rondando seu consciente desde o dia anterior. Aqueles dois dias estavam sendo realmente longos, mas não pela razão que vinha alegando. Ao contrário, ter Virgínia Morgan distante de sua vida não lhe trazia nenhuma felicidade, por isso as horas demoravam tanto a passar.
O que estava pensando? Nem conhecia aquela garota. Até aquele verão, nunca tinha posto os olhos sobre ela, nem mesmo em fotos. Nunca tinha conversado mais de cinco minutos sem que houvesse algum tipo gratuito de agressão verbal. Agressão sempre começada por sua parte, tinha que admitir. E além de tudo, ela era filha de Arthur Morgan, era sua parente direta, era uma garota irritante, era... linda. A jovem de apelo mais verdadeiro, sensual e inocente que já tinha visto na vida. E Harry não tinha uma alma bonita.
O que estava pensando?
Ele bateu com força no volante do carro e praguejou, pisando mais fundo no acelerador. Sem mais se controlar, acabou deixando seus instintos o levarem até um lugar bastante conhecido.
Quando saiu de casa, não tinha imaginado sequer passar pelo Garden District, mas depois de ter rodado pelo que lhe pareceram horas, se via estacionando na porta da Casa Morgan, se via descendo do carro e caminhando diretamente para o “seu lugar”, dizendo a si mesmo que vinha em busca de paz.
Mentindo.
Ele sabia, no mais profundo porão de sua cabeça fervilhante, que vinha fazendo este percurso mentalmente, há dois dias. Sem parar. Não vinha atrás do velho carvalho ou do balanço azul descascado. Não vinha atrás da sua solidão ou das lembranças de um passado mais feliz. Harry vinha em busca de um anjo. Um anjo de asas vermelhas que o atirasse ao inferno ou o resgatasse.
Dessa vez ela estava sobre o balanço, como faria qualquer criança numa tarde quente. Harry ficou muito tempo a vigiando se balançar, os cabelos voando como asas. Uma sensação estranha, exasperante, de gostar do que estava vendo. De querer fazer parte.
Algo em Virgínia Morgan atraía seus olhos, sua atenção, e começava a atrair, a incomodar, seu corpo.
Uma leve contração no rosto dela e Harry percebeu que já tinha sido descoberto.
- Cansada de tentar voltar pro céu?
Ela o olhou rapidamente antes de sair do balanço, sem cerimônia, e sentar-se ao pé da árvore.
- Hoje estou preferindo o chão. – respondeu depressa, relanceando os olhos novamente.– Ou estava...
Harry levantou as mãos em sinal de paz.
- Sem pedras. – ele se aproximou, enfiando as mãos nos bolsos. - Não precisava ter saído do balanço.
- Tudo bem, é seu. – ela deu de ombros, sem saber por que não tinha, simplesmente, ido logo embora. - Eu vi a inscrição na madeira. Lily Morgan. Era da sua mãe, não era?
Ele, que tinha feito menção de se sentar, se afastou do balanço imediatamente, dando um breve aceno em concordância e passando a mão pela cabeça.
- Bom, então agora é seu.
- Não me importo com esse balanço.
“Não”, Ginny pensou, “tanto não se importa, que vem quase todos os dias, para fitar o nada ou remoer suas esfinges”.
Ela se concentrou no chão, nos veios de terra por entre o musgo e a grama, sabendo que ele estava em pé, parado ao lado da árvore, a observando.
Passaram algum tempo assim. Ela fingindo que ele não existia e ele sentindo que o resto não existia.
- Você tem essa mania... de ficar me encarando. – Ginny falou baixo, encabulada, sem levantar a cabeça.
Ele não respondeu, mas também não parou de olhar.
- Você é uma bruxa, Virgínia?
Ela fez que não, seriamente. Se dando conta, chocada, que era a primeira vez que ele dizia o seu nome e que aquilo soava... tão certo.
- Não sei se acredito em você. – ele se encostou ao tronco, bem perto de onde ela estava.- Não dormi muito bem depois do que me falou.
- Lamento. – a ruiva mal levantou os olhos, constrangida pelo olhar, pela revelação. Se ele não tinha vindo com pedras, então o que estava fazendo ali?
Ele observou os cabelos compridos descendo pelos ombros, o rosto delicado, olhos com longos cílios dourados, e não pôde fingir que a visão dela, que tinha tão perto de si, não fosse simplesmente adorável.
Algumas palavras são impossíveis de se conter.
- Não foi bem pelo que me disse, ou nem tanto por isso. – ele chegou um pouco mais perto, meio sem perceber. - Acho que o problema foi por ser você quem disse.
- Posso imaginar. – ela falou baixo, não entendendo o alcance das palavras. - Em todo caso eu não tinha o direito só porque você... nós, não nos gostamos.
Harry balançou a cabeça, sem energia:
- Quem te disse isso?
- Até um cego veria.
- Ao menos de minha parte, não acho que este seja o problema. – ele estava se ajoelhando, ficando ao mesmo nível que ela. - Eu não gostava de você. Ou foi o que eu sempre tive certeza, que não gostava de seu pai e, por conseqüência, de você.
- Você me falaria à respeito disso? Meu pai, porque não gosta dele?
Ele fez que não, ficando tão próximo que finalmente ela percebeu que alguma coisa importante ia acontecer.
- Você vê... acontece que eu falhei. – ele se focou na boca dela, cheia e entreaberta, e engoliu em seco. - O grande problema, Virgínia Morgan, é que eu acho que tem alguma coisa errada no meu jeito de não gostar de você.
- Como o quê? – o som de asas de borboletas seria mais forte que seu murmúrio.
- Eu não devia sentir essa vontade. – ele se aproximou mais, junto demais. - Como uma coisa tremendo por dentro... uma coisa querendo sair.
Conforme Harry falava, Virgínia o via ficar cada vez mais perto, como numa ilusão de ótica, onde você pensa que algo se move, quando na verdade esteve parado por todo o tempo. Foi só quando ele pousou os lábios nos seus, muito de leve, que entendeu ser verdade.
Virgínia estremeceu violentamente, ao mesmo tempo em que a respiração dele se tornou mais pesada. Um estranho poder a paralisou, a fez ir fechando os olhos, aceitando o toque que aumentava, aceitando a súplica muda. “Mas eu não gosto dele”, um fio de raciocínio soprou, “Não gosto”. E sua boca ia sendo entreaberta, seus dentes afastados, algo como eletricidade a percorrendo. Um arrepio frio quando sentiu o gosto de outra boca. O gosto dele. A língua dele, se movendo devagar pela sua. Dentro dela. Foi quando todo o raciocínio foi pulverizado, quando a única coisa importante, a única que fazia sentido, era unir mais, mais e mais as duas bocas.
Ele sentia o coração pulsando forte, as mãos trêmulas, se apoiando sobre a grama. Ela era maciez, era carvalho, calor. Era o gosto de um primeiro beijo, impossível de se recapturar, impossível de se manter. Era mulher e era criança e ele a queria de toda forma que pudesse imaginar. Como podia desejar desse jeito? Com a pele e o coração?
O corpo de Harry foi sacudido por um choque e ele se afastou abalado. Não tinha pretendido, não podia ter feito...
A olhou, ainda de perto, perdido, respirando com dificuldade. Tentando entender onde estava, tentando negar que acontecera, enquanto uma parte de si queria apenas continuar. Ele levantou-se de imediato, chocado com o turbilhão de sentimentos. Não pôde dizer coisa alguma, não havia desculpas e não estava certo do que podia fazer se continuasse ao lado dela.
Virgínia continuou alojada no chão, estupidificada, somente observando o rosto arrebatado do primo, tendo a impressão de que ele estava fora de controle, que se precipitaria sobre ela novamente ou fugiria pelo meio da vegetação.
Harry escolheu a segunda opção.
Mas ela não se importou, era cedo demais para conjecturas e dissecações emocionais. Tinha sido o seu primeiro beijo, com alguém que ela acreditara não gostar e, contudo, tinha sido maravilhoso. Lágrimas assomaram por seus olhos, enquanto ela sorria, ria. A mão tocando a boca quente, atordoada, e os olhos brilhando feito estrelas. Risadas baixas se misturando ao sussurro das folhas do carvalho.
Seu primeiro beijo. Ainda mais perfeito que um filme em preto e branco.

“Heaven, I’m in heaven...”


XXXXXXXXXX


N/A: “Pequena folha que tremia no meu peito...” As coisas começam a acontecer.

Sim, eu sei que estou dando um nó em vocês com a quantidade de mistérios e coisas não explicadas. Ás vezes até eu me acho ruim, mas acreditem que é pelo bem da trama. E sosseguem, alguns mistérios começarão a ser solucionados no próximo capítulo. Como: CandieXSirius, LizzieXDraco e o que aconteceu com nossa ruiva depois daquele beijo. Por falar nisso... gostaram? Espero que sim. (Tenho estado muito romântica)

(1 ) - Cohiba Lanceros: marca poderosa de um dos melhores charutos existentes. É o que Fidel fuma. Nem me perguntem o preço.

Obs:
O constrangimento da Gi, sentindo-se como um objeto em exposição, eu meio que tirei da primeira vez em que fui apresentada à família de um antigo namorado. Foi numa festa e, sinceramente, eu não aconselho. Houve momentos em que só faltavam elogiar meu “trote” e examinar meus dentes. Rsrsrsrsrsrs. Ainda bem que, mesmo na época, já achei que seria uma lembrança hilariante.

E sobre Fred Astaire e Ginger Rogers... Se não souberem, pesquisem, moçada! Detalhe: um dos meus sonhos de criança, e ainda hoje (nada é impossível), seria dançar com ele. Ma-ra-vi-lho-so! (O trechinho em inglês, no final do cap é o início de uma das mais belas músicas do cinema: Cheek to Cheek, à qual eu sempre associo Astaire)

Meus agradecimentos especiais:

Livinha: A Lizzie é deliciosa mesmo. Foi escrita há muito tempo, originalmente para outra fic, mas ela é bem o tom de humor que precisamos. E o Harry é bem complicado, não vá esperando um mocinho. Ele tem dolorosas dúvidas e muitos “esqueletos no armário”. Vamos ver se a Gi vai ter paciência para ajudá-lo.

Sally Owens: Temos um gosto musical bem parecido, heim, maninha? Sorte a nossa. \o/ É difícil dar uma resposta satisfatória ao seu comentário, porque foi simplesmente lindo e também importante em muitos pontos cruciais da estória, mas posso dizer que me deixou com um sorriso bobo e besta por muito tempo. Verdade. Sou uma escritora lenta, no meu estilo as coisas caminham devagar, então preciso tirar partido disso e tentar mostrar o ambiente do lugar, fazer vocês enxergarem através dos meus olhos, principalmente pela fic ser num universo alternativo. E que bom, que bom, que bom, que está dando certo! Tenho só que tentar manter o ritmo e resolver o problema das dezenas de casais e das centenas de mistérios em que me apoiei. Coisinha à toa. Rsrsrsrsrsrsrsrs. Que bom que meu “menino-problema” te agradou. O Harry será ser um tipo de “canalha do bem” (e às vezes do mal, mesmo), mas sempre haverá a chance de redenção. Pode não agradar a todos, mas espero mesmo fazê-lo beeem saboroso. Aprecie com moderação. ;-)Beijo, querida. (Espero que o beijo tenha ficado bom. Estava te devendo esta H/G)

Sil: Delicioso o seu review e, tal como o da Sally, fico me perguntando se está tudo isso. Tinha a intenção de fazer uma simples fic romântica, mas às vezes as coisas crescem mais do que tínhamos imaginado. Gostei da sua observação sobre a Cho (“é pra isso que ela serve”). É preciso ter uma “bitch” pra apimentar as coisas, e ela cumpre o papel, só espero oferecer algumas surpresas sobre ela mais para frente. Sobre o Harry ter o que ele quer... ai... Vai ser uma longa jornada(e ela já começou). Mil beijos, linda, e estou completamente apaixonada pela Ecos do Sudeste (até com medo pela Ginny, se quer saber). Sucesso.

Miaka: Sim, muitas dúvidas. Ciúmes é uma teoria interessante, mas a coisa vai além disso. A raiva do Harry pela Gi, tem mais motivos do que propriamente a morte do Arthur e disputa de amor familiar. As dúvidas serão sanadas a seu tempo, mas continue a especular, isso é muito positivo pra quem escreve. E a Cho, por andar com o Harry, acaba de bicona em todos os sentidos. Vê que abusada... Que bom que está acompanhando, acho que gostou de ver que neste capítulo a tal raiva do Harry deu uma boa diminuída (boa em todos os sentidos, rsrsrsrrs).

Dianna Lunna: Huuumm, sua bolinha de cristal teve muitos acertos e isso é só o começo. Rsrsrs. Sobre o Draco, ainda vai aparecer bem mais sobre ele. Eu também gosto de capítulos longos, mas como escritora eles cansam absurdo. Principalmente as revisões. Super beijo.

Ara Potter: Ahuahuahua! Sempre me fazendo rir. Parece que eu estou na sua frente escutando você dizer: “Odiei a vaca da Cho!”. Mana, esta festa até que foi bem paradinha. Outras virão. Obrigada pelo suporte, mana. Você é ótima (e vai ser melhor ainda quando me der o “meu” amasso da CTTM). Lálálá... *chantagista*. Beijão.

Nani Potter: Maninha, foi uma enorme alegria ler o seu review. Outro dia estávamos brincando que você andava muito quieta. Sei... Igualzinho criança, quando está muito quieta é porque está aprontando. Ahuahuahua! Como uma mulher muuuuito ocupada, mil fics por semana pra escrever, adorei ter roubado um tempinho pra me “visitar”. Beijo, Nana, continue fazendo a festa com suas fics(e fazendo a nossa alegria).

Priscila Louredo: Você é a doida mais sã que eu conheço, e quase me mata de rir naquelas conversas insanas que... ai deixa pra lá *bonequinho ateando fogo*. Hummmmm, sua cota de ruivos tem caminhos interessantes a percorrer. Bem interessantes. Estou amando ter você como irmã e leitora. Mega beijo sis.

Pry: Querida, fico muito feliz. Espero que no final da fic você esteja envolvida como um novelo de lã. *autora cruza os dedos*. Beijo.

Hanna Burnet: Que chato não ter conseguido os livros. Já tentou pela internet? Pode comprar em sites como As Americanas, ou baixar alguns. O site portaldetonando ponto com ponto br, tem alguns da Rice, muito bons. Visite-o. E a Cho não é filha do Sirius, ele era só o padrasto dela, e por ter criado o Harry desde pequeno, a Cho e nosso lindo moreno passaram muito tempo debaixo do mesmo teto. Imagina o estrago. Rsrsrs. Beijão.

MorganaBlack: Querida, A-DO-REI sua definição do Harry. Sacana e amargurado? Você vai ver nos próximos. Rsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrs. Que bom que gostou da ambientação, tudo “a la Rice”. Obrigada pelo apoio, a mim e aos Morgan. Beijão.

Mayana Sodré: Sim, a Gi encontrou seu lugar no mundo e as coisas devem caminhar cada vez mais para o crescimento dela. E o Harry amargurado... é verdade, mas ele ainda promete surpresas, grandes ódios, grandes amores. Os Morgan agradecem ao afeto e eu também. Super beijo, te vejo no Fire.

Sônia Sag: A intenção é essa: fogo. Não que me considere um Nero, mas faíscas sempre são bem vindas, não é? E também estou apaixonada por Eugênia, ela cresceu quase que com vontade própria, talvez porque eu adore mulheres fortes e poderosas, daquelas que por mais duras não perdem a juventude, o senso de humor e a ternura. Che Guevara aprovaria. Rsrsrsrs. Quanto ao Draco, nós o veremos mais, prometo. E muito obrigada mesmo, querida, ter o seu apoio é bárbaro. Beijos, amiga.

Julynha Black: Obrigada pelos elogios, linda. Fiquei muito contente com o que escreveu. E a fic tem que receber a classificação certa, mesmo que teoricamente nem todos possam ler. Super beijo pra você, querida.

Márcia: Respostas rápidas são bem Lizzie mesmo. E o Harry chatinho, é? Aguarde... Rsrsrsrsrsrsrs. Que bom que gostou das descrições e da Lizzie pimentinha. “Morgans Rules!” Quanto aos mistérios... veremos. Um beijo enorme, espere Nova Orleans pegar fogo. ;-*

Paty Black: Patyyyyyyyy... amei seu recado, mana! Espero continuar sendo causadora de sua loucura e de muitos banhos frios. E eu sei exatamente o que é ficar pensando numa fic o dia inteiro. Você também faz isso comigo, danadinha. É chumbo trocado. Te amo, mana. Espero que tenha gostado. Beijossssssssss.

Gina W. Potter: \o/ Que bom que está gostando, Gi. É verdade, adoro escrever, e apesar deste último cap ter saído sofrido (andei achando péssimo e foi uma luta pra melhorar) é muuuuuito prazeroso estar conseguindo postar. Aleluia. Mega beijo, querida.



Beijos para todos vocês, que me apóiam com suas mensagens (esperadas e lidas com muito carinho) ou mesmo só lendo.
Até logo,
Georgea ;-*****

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