A força que vem da alma
A Força que vem da Alma
Os olhos de Harry acompanhavam o descer suave dos flocos de neve que vinham parar sobre o parapeito da janela. Ali já se acumulava tanta neve que era quase impossível ver o que havia lá fora.
Mas Harry não queria olhar para fora, ele queria sim, olhar para dentro, para dentro de si... buscar uma razão, uma desculpa para seu próprio inferno, mas ainda não tinha coragem.
Então olhou para a própria mão repousada ao lado do seu corpo. Ele quis movê-la, mas ela não obedecia a seu comando.
Quis mover também seus pés, mas nem um dedo lhe deu sinal de vida. A única coisa que podia mover era a cabeça e isso... de nada adiantava.
Sua fragilidade havia condenado Hermione durante a batalha e as últimas memórias condenavam-lhe a uma angústia muito maior do que a sina de um tetraplégico...
Algumas horas antes....
Um estrondo fez-se ouvir, enquanto o castelo vibrava com o impacto na porta de entrada.
Por alguns segundos, fez-se silêncio total. De repente, com um rangido metálico nas suas enormes dobradiças, a porta cedeu e tombou como um gigante derrotado.
BUMMM!!!
Os alunos recuaram assustados enquanto uma nuvem de poeira se ergueu, tirando-lhes a visão.
- Não se distraiam, fiquem alertas! – ralhou Harry, gritando alto, ao ver que os alunos pareciam perdidos.
Foi tarde demais. Mesmo por entre a nuvem de poeira os raios irromperam atingindo os alunos da linha de frente.
- MANTENHAM A PORCARIA DA LINHA, DROGA! – gritou Harry, quando um comensal conseguiu passar pela barreira de alunos. Um raio passou zunindo pelo seu ouvido, dando-lhe um susto. Se tivesse tomado a poção, diria que era efeito da sorte não ter sido atingido.
Harry conseguiu derrubar o comensal invasor e reforçou o flanco esquerdo com dois alunos mais “espertinhos”.
- NÃO SAIAM DAQUI! – dizia ele para os alunos, quando um lobo saltou para dentro do castelo, com o intuito de agarrar alguns alunos, mas o grupo estratégico que montara com Rony na liderança conseguiu dar conta do recado.
Harry sorriu, mas apenas por poucos segundos, pois logo a terra tremeu novamente: um gigante entrou, abaixando a cabeça para passar pela bateira da porta. Junto com o gigante vieram dois trols que eram até “pequenos”, comparando com o grandalhão, mas infinitamente mais agressivos, batendo nos alunos com seus cajados.
Harry pensava num modo de combater os trols mas Hermione foi mais rápida, surgiu do meio da multidão, conjurando uma borboleta, tão linda e brilhante que os abobados trols não conseguiam tirar os olhos dela e pulavam em vão, tentando alcança-la no ar.
A borboleta saiu voando rapidamente para fora e com ela, os dois trols.
Hagrid surgiu na porta da frente, com seu irmão, o Growpe, e juntos, conseguiram dominar o grandalhão. Harry viu que um bando de comensais havia entrado e começaram a atacar o flanco direito, onde Hermione havia se posicionado, mas Harry ficou calmo, eles não poderiam acertá-la.
Resolveu atacar os lobos que ainda teimavam em entrar. O grupo de Gina se juntou ao de Hermione, já que a maioria dos companheiros da morena já haviam caído naquele campo sangrento, com exceção de Hermione, que ainda lutava bravamente.
Então, aconteceu.
O primeiro raio de Voldemort surgiu de algum ponto de fora do castelo direto para Hermione, mas Gina, valentemente, empurrou a amiga e recebeu toda a dose do impacto. Gina caiu para trás com estrondo, enquanto Hermione conjurava um campo de força entre elas e o seus atacantes.
Harry gritou. Imaginou que era o fim de Gina, que ele havia se enganado e que a morte que Trelawney previra era para a ruiva e não para Hermione, mas alguma coisa aconteceu. Hermione ajudou Gina a levantar. A ruiva sacudiu a poeira de suas vestes e sem parecer estar ferida continuou a lutar. Hermione que ainda estava parada um pouco atrás de Gina olhou em direção de Harry.
- Hermione... você não fez isso! – disse Harry, baixinho. Ela estava muito distante para escutar o que ele dizia.
Hermione voltou a atacar. Era rápida e ágil, defendia-se dos raios que vinham para ela e atacava ferozmente. Quanto a Gina, não se preocupava em defender-se dos raios que, miraculosamente passam bem longe dela.
Harry, preocupado, começou a andar em direção a Hermione quando o segundo raio veio em sua direção. Quando Harry percebeu, já havia sido atingido por um raio que pareceu esmagar seu peito, levantando-o a alguns metros do chão e jogando-o contra a parede. A batida contra a parede foi tão violenta que Harry sentiu e ouviu um osso se quebrando dentro de si. Ele caiu sentado e teve dificuldades para manter a consciência. Tentou se mover depois, mas nada aconteceu. Tentou mover a mão com a varinha, mas nem mesmo um dedo deu-lhe sinal de vida.
Só então viu Voldemort entrar no castelo, e como uma cobra covarde, o Lord vinha ao seu encontro, quando escutou aquela voz:
- Galvez, Creevey, Rolins, Bernardes!!! ATAQUEM VOLDEMORT! – Era Hermione quem dava a ordem. – Rony, leve todos para a passagem secreta, vamos bater em retirada!
Bastou aquela palavra para todos, exceto o grupo que atacava Voldemort, começarem a subir as escadas em desespero, até mesmo Gina e Rony. Hermione, contudo, aproximou-se de Harry, e brandindo a varinha, apontou para Harry.
Ela tentava levita-lo, mas o feitiço simplesmente não funcionava.
Hermione olhou para trás. Não demoraria muito para Voldemort derrotar a equipe que tentava corajosamente derrotá-lo.
Então, sem outras alternativas, Hermione deu a volta e levantou Harry pelas costas, começando a arrastá-lo em direção às escadas.
- O que pensa que está fazendo, Hermione! – gritou Harry, sem podem se mexer.
- Não havia mais como resistir, Harry, vamos ter que fugir e deixar Hogwarts ou morreremos todos. – respondeu Hermione já ofegante.
- Não me refiro a isso. – disse Harry. – Vá Hermione, deixe-me e vá. Você não vai conseguir me carregar pelo castelo acima. Eu sou bem mais alto e bem mais pesado que você.
- Eu não vou sair daqui sem você. Você faria o mesmo por mim.
- Acontece que você é leve como um garotinho de dez anos e eu... Hermione... desista, você não vai conseguir. Vá., Hermione!!!
- C-cale a boca! – gritou ela, com esforço para arrastá-lo para o primeiro degrau. Quantos degraus afastavam Harry da segurança? A passagem secreta era no terceiro andar, não havia como chegar lá em tempo, mas Hermione continuava, degrau após degrau ela o arrastava para cima com esforço. Quando já iria subir o segundo lance de escadas, viu Colin passando correndo por ela.
- Morreram todos, Hermione, eu não posso fazer mais nada! – disse ele, sem nem mesmo parar.
- Espere, Colin, por favor, ajude-me! – gritou Hermione, mas ele já havia sumido no próximo andar.
Hermione recomeçou a arrastar Harry quando viu um vulto negro no início da escada. Voldemort começou a subir vagarosamente, enquanto Hermione, a beira do desespero, juntou toda a sua força, a que tinha e a que nunca imaginou ter e levantou Harry, apoiando-o num dos ombros.
- Hermione, não faz isso, você não vai conseguir! – dizia Harry que tentava a todo custo fazê-la desistir de salvá-lo.
Hermione, entretanto, com Harry nos braços, continuou a subir as escadas com cuidado, mas rapidamente. Quando chegou ao terceiro degrau, exausta e sem forças, Hermione depositou Harry no chão.
Os últimos alunos esperavam desesperadamente para entrar na passagem secreta, entre eles estava Rony, Gina e Creevey que voltaram para ajudar Hermione, arrastando Harry para junto da passagem.
- Mesmo que consigamos alcançar a Dedos de Mel, Voldemort estará ao nosso encalço. Estamos perdidos! – disse Gina.
- Não, não estão! – disse Hermione que se aproximava, esfregando o braço. – Entrem logo e levem Harry, eu lhes garantirei algum tempo.
- O que você vai fazer? – perguntou Gina, com os olhos cheios de lágrima.
- Vou conjurar uma barreira na entrada e vou lutar com Voldemort! É só o que posso fazer!
- NÃO!!! NÃO HERMIONE, NÃO FAÇA ISSO, NÃO FAÇA ISSO. –gritou Harry, totalmente impotente.
- Vai, Gina, é você! – disse Colin, puxando Gina pelo braço em direção à passagem.
- Hermione! Você é a verdadeira amiga que eu jamais poderia ter...
- Vai, Gina, anda! – disse Hermione, simplesmente, esperando Colin e Gina desaparecem na entrada. – Rony leve Harry! E lembre-se de que ele é mais importante do que a vida de qualquer um, até mesmo a minha ou a sua.
Harry começou a chorar. Gostaria de poder mover sua mão e impedir Hermione, mas não conseguia.
- Mentirosa! – disse Harry, totalmente fora de si. – Você me enganou! Eu disse para você beber a maldita poção e você não a bebeu, não é? Maldita Hermione!
- Foi você quem mentiu primeiro, Harry! Disse que já havia bebido e não a bebeu não é! Agora vá, Rony. Vá depressa!
- NÃO, NÃO!!!! HERMIONE!!!
Harry gritou como pode, enquanto desaparecia na passagem secreta, arrastado por Rony. Quando ficou só, Hermione divisou Voldemort subindo os últimos degraus.
Com rapidez, conjurou a barreira e ficou em posição de ataque.
- Ora, ora, ora... o Potterzinho esqueceu sua namoradinha aqui, não é!
- Cale a boca, canalha e comece a lutar! – disse Hermione, bravamente.
- Você é corajosa! Mas é completamente sem atrativos! – disse Voldemort se aproximando calmamente. – O que será que ele viu em você?
Hermione atacou primeiro com um rápido raio, mas Voldemort se defendeu com destreza.
- Eu, particularmente, escolheria a ruiva, muito mais exótica e exuberante. Mas deve haver algo em você que realmente chamou a atenção. Não se preocupe, garotinha... cedo ou tarde... vou descobrir o que é!
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