Veritaserum
CAPÍTULO IV. VERITASERUM
O tempo passava lentamente desde o incidente na sala de Dumbledore... Snape ainda não tinha falado com ela desde então. E nem ela queria falar com ele. O tempo que ela passou para transformá-lo numa mera sombra em sua vida fora longo e doloroso demais... Não queria sentir que desperdiçou esse tempo, voltando a sofrer. Não queria voltar a sentir nada por ele.
Mesmo assim, estar perto dele era demais. Guinevere evitava qualquer encontro com o Mestre de Poções... Não queria pensar nele. Embora fosse difícil. Para isso, se afundou no trabalho.
O trabalho, aliás, não era tão complicado quanto ela imaginava. Dar aulas não era tão difícil quanto parecia. Tudo bem, a primeira fora péssima: os meninos não paravam de olhar para ela e cochichar com os colegas – ela realmente odiava ter sangue Veela – e as meninas ficavam emburradas por causa da reação dos meninos. Além disso, ela passou a primeira semana inteira recebendo flores e chocolates, o que ela adoraria, se não fosse alérgica.
Mas os alunos logo se acostumaram com a aparência incomum de Guinevere. As aulas estavam sendo maravilhosas. Ela nem desconfiava que soubesse dar aulas tão bem... Todos, nesses últimos tempos, prestavam total atenção à aula dela.
Mas agora, a euforia e a desconcentração tinham voltado. Já estavam a uma semana do natal e Dumbledore, somente então, avisou que uma nova tradição fora criada por ele: um baile comemorativo pela chegada do ano novo – com Voldemort de volta ao poder, ele disse, temos que comemorar o simples fato de que chegamos vivos há mais um ano. Escolham seus pares. – Poucos foram aqueles que conseguiram realmente assistir à sua aula hoje.
Guinevere suspirou.
- Por hoje é só. Amanhã não se esqueçam de trazer o trabalho sobre as maldições imperdoáveis que eu pedi. Estão dispensados.
Levando-se em conta a euforia do dia, até que a aula não tinha sido tão mal. Ela estava ensinando algumas maldições que só poderiam ser desfeitas com o uso de determinadas poções e, como Snape já tinha adiantado a preparação dessas poções, tudo tinha ficado mais fácil, apesar da desatenção generalizada.
Porém, a desatenção teve uma conseqüência desastrosa: Guinevere acabou sem um recipiente de vidro sequer! Entre maldições lançadas e poções preparadas, os alunos quebraram todos.
- Granger? – A menina grifinória já estava na porta com os seus dois amigos quando foi chamada. – Será que você poderia ficar aqui e me ajudar a consertar esses frascos?
A menina olhou para os dois amigos, um tanto relutante. Guinevere sorriu discretamente.
- Não é uma detenção, é apenas um favor! – Olhou para os dois garotos. – Se seus amigos quiserem ajudar, será ótimo!
- Ah, claro, srta. Chatèau-Briant!
Os três adolescentes entraram, já empunhando as suas varinhas e começando a fazer os feitiços que juntavam os vidros despedaçados.
Guinevere se ocupou dos cacos espalhados pelo chão, já que era mais rápida, enquanto os meninos cuidavam daqueles espalhados pelas mesas. Ela comentou.
- O que aconteceu hoje? Acho que nunca vi vocês tão desatentos à aula. Problemas com o baile?
- Mais ou menos isso – Hermione corou. – É que o Rony me chamou e o Harry... – a menina olhou para Potter, censurando-o –... Ficou a aula inteira fazendo piadinhas.
- Hum, você e Weasley, é? – a menina ficou ainda mais corada – Belo par. Mas estudem o assunto depois. Podem ser juntos! – Granger a olhou em choque. Guinevere apenas riu – Srta. Granger, as garrafas!
Os quatro voltaram a concertar os recipientes quebrados enquanto conversavam animadamente, Hermione embaraçada e juntando os vidros rapidamente, querendo apenas sair dali. Poucos minutos depois, a porta da sala de Defesa Contra as Artes das Trevas se abriu violentamente.
O coração de Guinevere deu um pulo quase não acreditou no que viu.
Com as suas esvoaçantes vestes negras, Severo Snape entrou na sala sem pedir licença. Ela, antes ajoelhada no chão, se levantou, respirando fundo para manter o rosto calmo.
- Professor Snape. – ela o cumprimentou com a cabeça. – Em que posso te ajudar?
- Acabei de descobrir que algumas substâncias estão em falta no meu estoque. Imaginei que a senhorita dispusesse de tais.
Ele a tratava como uma desconhecida. E isso não era apenas impressão dela. Os três adolescentes olhavam para o professor imaginando os motivos que o lavaram a tratar uma colega daquela maneira, com aquela frieza excessiva.
- Quais seriam essas substâncias?
- Pelo e saliva de unicórnio.
Guinevere quase sorriu.
- Veritaserum?
Os olhos dele brilharam. Na guerra passada, eles costumavam fazer poções juntos, principalmente o Veritasserum, para o Lorde das Trevas. A poção demorava a ficar pronta... E eles sempre faziam amor enquanto ela cozinhava.
Ele pigarreou, se afastando dos pensamentos.
- Sim. Eu faço questão de pagar. Esses são ingredientes muito caros...
- Eu fico feliz em poder ajudar, professor. – ela interrompeu. – Ficarei ofendida se quiser pagar.
- Tudo bem.
Ela se encaminhou para um armário. Suspirou, seu coração doendo de tanto bater. Abriu. Pegou dois frasquinhos e os entregou para Snape.
- É tudo que eu tenho... É suficiente?
- Sim, professora, obrigado.
Snape se virou para sair, quase se recriminando por ter vindo pedir ajuda logo àquela mulher... Quando ouviu um grito cortar a sala.
Guinevere estava ajoelhada no chão, gritando de dor, apertando a cabeça com as mãos. Os seus joelhos sangravam, dava para ver pedaços de vidro encravados neles. Snape sentiu uma ponta de desespero. Gritou:
- ELIZABETH!
Correu na direção dela, esquecendo até que os grifinórios metidos estavam lá, presenciando tudo. Abaixou-se, tendo cuidado com os vidros. Ela tinha deixado de gritar: agora apenas respirava pesadamente, olhos cheios de agonia. As lágrimas escorriam pela sua bela face. Ele as enxugou, numa carícia tenra.
- Elizabeth, você está bem?
Ela sinalizou um “não” com a cabeça. Ele suspirou. Beijou a testa dela. A ergueu em seus braços. Os joelhos sangraram ainda mais. Guinevere passou os braços em volta do seu pescoço, se aninhando em seu peito.
Snape olhou enfezado para os três grifinórios, que observavam a cena com uma expressão de puro horror.
- Vocês vão ficar aí, parados? Weasley, Granger, tirem esses recipientes de cima da mesa. Potter vá chamar Dumbledore. A senha é “Gases Caramelizados”. RÁPIDO!
Rony e Hermione voltaram a quebrar todas as garrafas. Na pressa de obedecer Snape, eles simplesmente passaram os braços pela mesa e arrastaram tudo que tinha em cima dela. O barulho dos vidros quebrando encheu a sala.
Snape depositou Guinevere na mesa delicadamente. Tentou fazer com que ela se deitasse, mas ela se recusava a deixar de abraçá-lo.
XxXxXxX
Harry quase não consegue chegar à sala de Dumbledore. As escadas não ajudavam em nada: ficavam se mexendo o tempo todo. Além de tudo, teve Pirraça. O fantasma atrasou Harry por vários minutos... Na verdade, só parou de oportuna-lo quando ele disse que estava indo ver Dumbledore por ordens de Snape – e o Barão Sangrento não gostaria de saber que as ordens Snape não estavam sendo prontamente atendidas por culpa de um fantasma brincalhão.
Dumbledore estava tomando chá com McGonagall quando Harry finalmente chegou.
- Dumbledore! – o garoto procurou recobrar o ar. – A professora Chatèau-Briant está passando mal... O professor Snape pediu para te chamar.
Dumbledore se levantou, alarmado.
- O que aconteceu com Guinevere?
- Não sei... Num momento ela estava bem, e no outro ela estava berrando e segurando a cabeça!
O diretor olhou para McGonagall.
- Vamos, Minerva! Pela lareira. Não temos tempo!
- Não podemos usar a lareira, Alvo!
- Esse é um caso especial!
XxXxXxX
Depois de muitas tentativas, Snape finalmente conseguiu fazer com que Guinevere se desencostasse de seu peito e o olhasse. A moça abriu os olhos, ainda encharcados de tanto chorar, e disse, quase que num suspiro.
- Me beije, Severo, por favor, me beije.
E foi como se só tivessem os dois naquela sala, naquele mundo. Esqueceu até que deveria odiar aquela mulher.
Lentamente, os seus lábios desceram para encontrar os dela... Suavemente... Apenas... sentindo. Quase tinha se esquecido... Os lábios dela se partiram... Ele mordiscou. Ela estremeceu. Um tímido gemido, quase inaudível. Ele colocou uma das mãos no rosto dela e acariciou. Olhos nos olhos. O mesmo brilho de anos atrás. Corações acelerados. Respirações entrecortadas. E Somente então Severo voltou a beijá-la. Agora com mais intensidade. As suas línguas travavam uma guerra, da qual ambos saiam vitoriosos. Quinze anos... Quinze anos que ele queria voltar a se sentir assim.
Mas ela estava se sentindo mal... E ele tinha que respeitar isso. Por mais que doesse, ele separou seus lábios.
Falou, com a voz suave.
- Lizzy, Você está bem?
- Ele sabe que eu estou viva... – soluçou – Severo, ele está procurando por mim! E está perto de descobrir! Eu tenho certeza!
- Eu não vou deixar que ele faça nada com você! – beijo leve. – Não mesmo!
Os grifinórios olharam para o casal com certo... nojo, talvez. Ou apenas surpresa, já que jamais esperariam ver Snape beijando alguém.
Um estampido na lareira tirou os olhos dos adolescentes do casal. Lá, Dumbledore aparecia. O velho diretor logo correu para ajudar Guinevere, deixando o jovem Weasley cheio de perguntas em sua cabeça. (“eu não sabia que isso era possível!” ; “É sério, Rony, você precisa ler Hogwarts – Uma História”).
- Severo o que aconteceu?
Quem respondeu foi Guinevere.
- O Lorde das Trevas invadiu a minha mente. – ela soluçou. – Ele me procura, descobriu que eu estou viva... E é tudo culpa desse cargo estúpido! Tudo culpa Dele. Ele me tort...
E um outro grito. Mas esse não durou muito tempo. Guinevere desmaiou em seguida.
O diretor baixou a cabeça.
- Severo, leve Gwen para a minha sala. Cuidaremos dela lá.
Rony resmungou.
- Guinevere ou Elizabeth, afinal?
Os adultos o olharam, censurando. Dumbledore olhou, intrigado, para Snape.
- Severo?
- Eu a chamei de Elizabeth várias vezes. Não pude me conter.
E saiu, acompanhado por Minerva McGonagall, levando Guinevere nos braços.
O diretor se sentou, cansado.
- Eu espero que vocês dois não contem o que aconteceu aqui para ninguém. Especialmente sobre Severo ter chamado a Srta. Chatèau-Briant de Elizabeth!
- Não se preocupe. – respondeu Hermione.
- Podemos falar pelo menos do beijo?
Rony perguntou, Hermione rolou os olhos.
- Isso vocês podem contar!
Dumbledore riu, mas foi apenas para disfarçar a sua preocupação. Tanto que esse sorriso rapidamente morreu quando os grifinórios se viraram – “Nossa, aquela mulher ou é cega, ou tem um gosto muito questionável”.
XxXxXxX
Er... voltei! D
Reviews,
por favor.
Bjus pra Karlinha, q betou esse capítulo!
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