No Expresso Hogwarts
CAPÍTULO II. - NO EXPRESSO HOGWARTS
A França ainda era, definitivamente, o lugar mais lindo do mundo. E ela não podia, jamais, pensar diferente: aquele é o lugar que carinhosamente a acolhera na pior fase da sua vida... Quando tudo e todos pareciam fechar as portas para ela...
‘Nem todos...’
Ela balançou a cabeça, afastando o pensamento.
Assim que Guinevere, Michael e as crianças puseram os pés na cidade-luz, foram direto a um lugar bem parecido com o beco diagonal, comprar o material escolar. Naturalmente, aquela foi uma tarde desagradável, onde a família acabou por esvaziar os cofres que tinham na sede francesa do Gringotts.
Ainda bem que dinheiro não era problema...
Após comprar os livros, penas, varinhas, vassouras e uma nova coruja, a família finalmente pode se encaminhar para um bom hotel e descansar da viagem.
XxXxXxX
A semana passou como um flash. O que não era nenhuma surpresa, visto que se havia muito para se fazer na França... Claro, nem tudo era bom: o passeio que Michael insistiu em fazer no Museu do Louvre foi um verdadeiro desastre... As crianças – e Guinevere, ela não podia negar – quase dormiram, enquanto ele se deslumbrava com as obras.
O dia em que os três filhos do ex-casal pegariam o trem para a escola de Beauxbatons finalmente chegara.
Eles estavam na estação. Já com as malas dentro do trem, os três se despediam dos pais.
Guinevere pensou que choraria: Nunca tinha ficado longe dos filhos por muito tempo... Pelo menos, não de todos eles. E só de pensar que eles sequer estariam no mesmo país que ela... Isso sim, quebrava o seu coração.
Aliás, ela se lembrou. Ainda não tinha contado a eles sobre o seu novo emprego ou sobre a separação... O que era inadiável no momento.
Ela disse:
- Qualquer coisa que vocês precisem, chamem o seu pai. Ele estará na nossa casa, em Cher. Mas se for algo muito grave, me mandem uma coruja, e eu venho pra cá correndo!
Os três a olharam confusos. Vivianne, a mais velha, perguntou o obvio.
- Vocês estão se separando?
Michael sentiu que deveria tomar o controle da situação. Ele era o homem da casa, afinal.
- A sua mãe e eu estamos nos separando, sim. Mas nada atingirá a nossa relação com vocês.
Igraine mordeu o lábio. Falou com a sua vozinha fina:
- E... Nós vamos ter que escrever duas corujas?
Guinevere não conseguiu conter o riso. Acariciou o rosto da menina.
- Claro! Quero que vocês me mantenham informada de cada passo que derem!
Arthur olhou agressivamente para a mãe.
- Pois eu só vou mandar cartas para o meu pai. – Guinevere olhou-o, assustada – Aposto que isso tudo foi idéia sua!
E saiu, sem sequer se despedir.
Vivianne olhou para o garoto. Murmurou.
- Idiota!
E começou a correr atrás de Arthur, no intuito de chamar a atenção. Odiava quando o irmão desrespeitava a mãe.
Também se retirou sem dizer adeus.
Igraine olhou para a irmã, que saía em disparada. Olhou para os pais.
- Se eu ficar, vou me perder.
E correu atrás da irmã... Sem se despedir.
Guinevere voltou a fitar Michael. Ele deu um sorriso amarelo.
- Acho que Arthur não gostou muito da idéia.
Ela apenas revirou os olhos para o comentário do ex-companheiro.
Voltou imediatamente para Londres.
XxXxXxX
O primeiro dia de solteira e sem filhos tinha se passado, e Guinevere não tinha feito absolutamente nada. Apenas esperava uma comunicação de Hogwarts, a chamando para o castelo... Onde ela o reencontraria.
Como, depois de tanto tempo, ela conseguiria manter a sanidade?
Fechou os olhos.
Começou a se lembrar do corpo... dos gritos roucos nas noites eternas... de...
O barulho das asas de uma coruja interrompeu os seus pensamentos.
Imediatamente, e com o seu coração batendo tão forte que chegava a doer, ela pegou a carta – a coruja deixou a casa.
Rasgou o envelope tão rápido quanto pôde. Pôs-se a ler a carta.
“Prezada Sta. Chatèau-Briant
Gostaríamos de informá-la que o Trem Hogwarts Express deixará a estação King Cross, Londres, amanhã às onze horas da manhã. Anexado a essa carta, estará a sua passagem.
Atenciosamente,
Alvo Dumbledore
Diretor.”
‘Amanhã...’
Amanhã ela finalmente reencontraria Severo. Seu coração ficou apertado. Talvez fosse melhor desistir. Simplesmente desaparecer...
Mas não, ela não conseguiria... Não seria covarde... novamente. Ela deu um demorado suspiro e foi fazer suas malas.
XxXxXxX
O nervosismo tomou conta da alma dela assim que pôs os pés na Estação King Cross. Tremia dos pés à cabeça. Cada parte do seu corpo temia a hora em que ela teria que ver aquele homem novamente.
‘Ele também vai estar aqui?’
Ah... Mas claro que ele estaria! Por que não, se ele também era um professor, como outro qualquer?
Mas ela ainda não estava pronta para vê-lo novamente. Tinha que... se acostumar um pouco mais com a idéia.
Ela entrou no trem e sequer parou na cabina dos professores – a primeira cabina do trem. O reencontro não seria ali.
Passou a procurar uma vazia entre os alunos, mesmo. Não teve muita sorte. Apenas encontrou um lugar, numa cabine já ocupada.
- Olá! Será que posso me sentar neste lugar?
Havia três alunos ali: dois meninos e uma menina. Calaram-se assim que ela abrira a porta.
A menina de cabelos castanhos a reprovou com o olhar.
Os meninos a olharam com o mesmo interesse que todas as pessoas do sexo masculino a olhavam sempre – ás vezes ela odiava ter sangue Veela. O primeiro garoto, o que estava ao lado da menina, era ruivo... Provavelmente um Weasley. O outro...
Ela quase riu.
Aquele rosto, aqueles olhos... E, principalmente, aquela cicatriz.
Estava na cabina de Harry Potter.
O suposto Weasley respondeu à pergunta que ela já tinha até esquecido:
- C-c-claro que p-p-pode! – Ele tomou fôlego, e falou tão rapidamente que Guinevere mal conseguiu entender - Sintaseavontade!
Ela deu um meio-sorriso e sentou-se na cabina. Percebia os olhares dos meninos para ela... Não podia fazer nada, além de se sentir desconfortável.
Hermione Granger, a única pessoa que não estava babando, Perguntou.
- Então, quem é você?
- Ah, desculpe-me, eu não me apresentei! Eu sou Guinevere Chatèau-Briant. Ensinarei Defesa Contra as Artes das Trevas!
O olhar reprovador da garota, de repente, mudou. Ela sorriu brilhantemente.
- Eu sou Hermione Granger, e esses boquiabertos idiotas são Harry Potter e Ronald Weasley.
Um Weasley, de fato. E o outro era realmente Harry Potter...
Estar ao lado do filho de Lílian e Tiago... Nunca tivera muita amizade com eles, mas, mesmo assim... Esse garoto – e os seus pais – era parte de uma época tão boa e, ao mesmo tempo, tão ruim, da sua vida.
- Não os culpe – ela apenas respondeu. – Eu sou parte Veela, logo o encantamento vai passar. Mas, ele é O Harry Potter, certo?
- Sou eu! Sou eu sim! – Harry apressou-se em dizer, para que a mulher não tirasse os olhos dele – Eu sou O Harry Potter, olha: – E levantou a franja para deixar a sua cicatriz ainda mais evidente.
‘Odeio ser veela!’
- Eu fico muito admirada quando lembro de tudo que você fez quando ainda era um bebê. Mas o que você fez, senhor Potter, depois que cresceu, foi ainda mais impressionante.
Harry corou violentamente... e assim permaneceu por mais uns cinco minutos, até que o “efeito-veela” passasse completamente. Nesse meio-tempo, apenas Hermione falou com a professora. Mas logo que ele e Rony conseguiram sair do "transe", a conversa fluiu espontaneamente.
Depois de algumas horas juntos, Harry, Rony e Hermione passaram a considerar Guinevere a melhor professora que a escola já tivera... Depois de Lupin, é claro.
Enfim, a conversa estava tão boa que, bem mais rápido do que Guinevere queria, o tempo passou... Tinha sido uma experiência incrível conhecer "o menino que sobreviveu"; o menino que a libertou do confinamento; o único que pode livrá-la de sua prisão interna; o único capaz de fazê-la voltar a sonhar, viver e, principalmente, amar. Tudo estava nas mãos daquele menino... O pensamento a assustou.
Ela estava tão entretida em saber tudo sobre Harry que acabou se esquecendo do motivo pelo qual ela estava ali: Severo Snape. Ela só se lembrou dele quando o trem começou a perder a força... Agora não tinha mais escapatória: ela teria que se juntar com os professores.
Uma onda de desespero atingiu o seu corpo. Será que ela estava fazendo a coisa certa?
Hesitou muito até sair do trem. Quando finalmente decidiu sair, já não havia uma alma viva sequer para guiá-la.
Chegou ao lado de fora. Todos, ao que parecem, já tinham se acomodado... Exceto umas crianças, que, ao visto, era o primeiro ano. E, com eles, um adulto que ela reconheceu imediatamente... Talvez ele soubesse onde os outros professores estavam. Encaminhou-se para o meio gigante.
- Rúbeo? Oi, er... Você sabe onde estão os outros professores?
Hagrid passou um tempo olhando para aquela mulher. Ele tinha certeza absoluta de que a conhecia de algum lugar. Mas ele não perguntaria isso! Pelo menos não dessa maneiram... ou ela acabaria pensando que ele estava dando em cima dela.
- Desculpe, mas, como a senhorita sabe o meu nome? Eu te conheço?
Só então Guinevere percebeu o que tinha feito. Como ela poderia ter sido tão estúpida a ponto de chamar Hagrid pelo nome? E pelo primeiro nome? Começou a sentir raiva de si mesma.
Nervosa, ela respirou fundo e tentou se acalmar. Já tinha passado por situações piores no passado, e tinha se dado muito bem. Deu o sorriso mais simpático que ela conseguiu dissimular.
- Na verdade, não. Só sei quem você é porque o professor Dumbledore me falou de todos os professores e das suas, hum... peculiaridades. Eu sou Guinevere Chatèau-Briant, a nova professora de Defesa Contra as Artes das Trevas... E estou um pouco perdida; Você poderia me dizer onde os outros professores estão?
- Na primeira carruagem. Não se preocupe. Eles não sairão até você chegar.
Não se preocupe? Isso só fez Guinevere ficar mais preocupada! Ela ainda tinha esperanças de que eles tivessem cansado de esperar e ido embora sem ela!
Mas uma vez, o sorriso falso.
- Obrigada.
XxXxXxX
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