Capítulo único



Making it real


O tempo estava escuro e nublado em Londres. As nuvens denunciavam uma forte tempestade se aproximando. Um cenário que se igualava perfeitamente ao estado de Harry. Ele não sabia há quanto tempo estava jogado no sofá da sala, contemplando o teto e procurando, incansavelmente, uma maneira de se distrair, uma maneira de não pensar mais nela.


Os oitos meses que passaram juntos foram repletos de momentos felizes e inesquecíveis. Saber que ele a amava e que era correspondido por completo era uma sensação incomparável e conseguia se sobrepor até mesmo a idéia de ter saído vitorioso na batalha final e ter derrotado Lord Voldemot.


Porém, o que ele havia feito? Porque não procurou ouvir o lado dela? Porque a magôo de tal maneira? Porque jogou fora os melhores meses de sua vida? Por quê?

“Simplesmente por amá-la”!”- respondia-se mentalmente-” Simplesmente por não querer perdê-la e não se imaginar vivendo sem ela”.
“Pois muito bem Harry, você conseguiu! Terminou tudo por ciúmes e agora ela está livre pra se relacionar com quem bem entender...”


E, mais uma vez, naquela tarde o garoto lembrou-se de toda aquela cena ridícula que ele próprio havia armado.

[Flashback]

Dirigia em direção ao apartamento de Hermione pois, combinaram de almoçar juntos.Estava 10 minutos atrasados então decidiu apressar-se, sabia que sua namorada detestava ficar esperando. Não precisou ser anunciado na portaria, uma vez que tinha passagem autorizada sempre que viesse e também não havia necessidade de tocar a campainha (ele possuía uma cópia da chave).

Foi então que o rapaz de 23 anos abriu a porta e entrou na sala...

-Amor, me desculpe pelo atraso, mas Dumbledore insistiu...

Só então reparou que Hermione encontrava-se sentada no sofá abraçada com ninguém mais, ninguém menos que Victor Krum (seu ex-namorado).

- Mas o que significa isso? – perguntou de maneira exaltada aos dois

-Amor não está acontecendo nada...- disse a garota de modo simples

-Não me chame de Amor! Quero saber porque “ele” está aqui, sentado no seu sofá e abraçado com você!?- insistiu Harry

- Harry, eu não estou entendendo esse seu ciúme repentino- comentou Hermione de maneira indignada.

-Pois eu explico o porque Hermione. O que você diria ou melhor, o que pensaria se me visse abraçado com Gina no meio do sofá? Hã?- cada vez mais ele aumentava o tom de voz e ficava vermelho- Certamente não pensaria que não estávamos fazendo nada!!

Hermione abriu e fechou a boca umas três vezes procurando entender o que realmente tinha dado em Harry pra se alterar daquele jeito e como ele pôde pensar que havia alguma coisa entre ela e Victor.

-Her-mi-o-ni-ni e eu só está-va-mos conversando Potter...- Victor até então chocado com a cena resolveu pronunciar-se.

-Então estavam abraçados porque?

-Eu vim procurar Her-mi-o-ni-ni pra pedir um...um...conselho. Foi só- tentou explicar

-Não sabia que Hermione lhe dava conselhos ao pé do ouvido- comento o moreno ironicamente.

-Harry!- surpreendeu-se a garota- O que você está dizendo é um absurdo! Você sabe perfeitamente que Victor e eu mantemos uma relação de respeito e admiração um com o outro.

-Não me venha com histórias! – Harry não sabia mais o que estava fazendo, mas não conseguia impedir que o medo de perde-la pra Victor fosse mais forte que si, embora soubesse o quanto Hermione o amava.

-Es-escute Potter...eu tenho uma...uma namorada e-e-...

-Victor, é melhor você ir!- interrompeu Hermione- Por favor! Este é um assunto entre mim e Harry.

-Pom...se você tem mesmo certeza Her-mi-o-ni-ni- disse búlgaro- Enton eu vou.

-Me desculpe por qualquer coisa, está bem? – Hermione foi acompanha-lo até a porta

-Eu é que peço desculpas e...e...muito obri-obri-gada.

Depois de acompanhar Victor até a porta, Hermione voltou-se para o namorado, que agora estava parado de pé encostado no para peito da janela.

-Harry, nós precisamos conversar!- e embora tentasse controlar, sua voz estava embasada e um pouco fraca.

-Eu realmente não espera por isso Hermione!- começou o rapaz – Pensei que você me amasse.

-E eu amo! Você sabe muito bem disso.
-Pois não é o que parece sabia – desdenhou o moreno.

-Você está sendo um idiota Harry! Não consegue ver que não há nada de errado aqui, tirando o fato de você estar descontrolado.

- Então quer dizer que eu pego a minha namorada abraçada com outro e o errado ainda sou eu? – mais uma vez ele voltou a gritar.

-Talvez se você parasse de gritar nós poderíamos conversar como gente! – aquilo estava ficando realmente desagradável

-Não temos mais nada a conversar Hermione! – ao dizer isso ele virou-se de costas pra que ela não percebesse uma lágrima que teimava em escorrer pelo seu rosto.

-Harry, o que você quer dizer com isso? – e aqui a voz de Hermione ficou ainda mais fraca.

-Eu vou embora e não quero mais falar com você, está entendido Hermione? – o tom que ele usava estava cheio de raiva.

-Pára com essa brincadeira tá? Já chega...Você está realmente me assustando Harry – disse Hermione.

-Não é nenhuma brincadeira – respondeu friamente

-Harry, por Merlim! Olha o que você está fazendo! – ela estava começando a ficar desesperada – Está jogando fora todos os nossos momentos juntos, as nossas juras de amor, os nossos planos...tudo! E por causa de um ciúmes bobo... – agora era impossível conter as lágrimas.

Tarde demais. Mesmo Harry estando com os olhos cheios de lágrimas ele bateu a porta do apartamento e deixou tudo para trás. Deixou Hermione para trás.

[Fim do Flashback]


Um mês e meio depois do fim do namoro. Só agora ele percebera que fora um estúpido. E como pensar em sua atitude para com Hermione doía. Ele desconfiou dela, não deixou que ela se explicasse. Conseguiu machucar a única pessoa que sempre o apoiou, sempre esteve do seu lado, sempre o entendeu, a pessoa com quem dividiu os melhores e os piores momentos de sua vida. É...ele conseguira magoar a menina, a garota e agora a mulher que sempre amou.

Com a mesma velocidade do relâmpago que surgiu no céu de Londres, Harry saiu do sofá, vestiu uma camisa e saiu.

Sabia perfeitamente aonde ia. Sabia perfeitamente o que fazer e o que dizer. Mas não tinha nenhuma certeza se aquilo iria dar certo.

Não ficou surpreso em saber que agora ele precisava ser anunciado antes de passar pela portaria.
Ficou do lado de fora na calçada porém, conseguiu ouvir a voz de Hermione do outro lado do interfone.

-Por favor Jonhson, diga que não quero vê-lo.

-Está bem Senhorita Granger- respondeu o porteiro e virou-se para a figura desarrumada que estava parado em sua frente- O Senhor ouviu. Ela não quer falar com o Sr.

-Será que eu posso tentar convence-la? – e vendo que Jonhson não estava disposto a aceitar ele completou – Eu preciso falar com ela! Esta é minha única chance!

-Tudo bem rapaz, mas pelo menos antes arrume este cabelo e vá lavar o rosto. Você está com um cara horrível. Pode até assustar a Senhorita Granger com essas olheras.

-Muito obrigado Sr. Johnson- agradeceu Harry

-Não se preocupe – respondeu o homem- Eu entendo essas coisas de amor e sei que deve estar sofrendo.

-O Sr. Não faz idéia do quanto... – disse e suspirou pesadamente

-Sabe rapaz, vou deixar você entrar porque acredito que vocês devem se acertar. E aproveite essa oportunidade, enquanto os dois estão vivos – Harry não pôde deixar de perceber a tristeza na voz de Jonhson. – Eu já não tive tanta sorte assim...Laura partiu antes que eu pudesse fazer algo.

-Eu sinto muito Sr Johnson – e só de pensar que Hermione poderia morrer antes que ele pudesse se desculpar parecia horrível.

-Tudo bem, mas agora suba logo.

Harry não sabia se estava demasiadamente ansioso ou se era apenas o elevador que parecia não chegar ao andar certo nunca.

“Finalmente...o décimo andar!”




Ele tocou a campainha e só teve que esperar alguns minutos até alguém vir abrir a porta.

-Pois não...- Hermione ficou petrificada ao ver quem estava do lado de fora

-Hermione, será que...será que eu poderia entrar?- perguntou Harry que nesse momento se perguntava mentalmente como era possível seu coração disparar de tal maneira só em revê-la.

-Como você entrou aqui? Eu disse que não queria falar com você – ela mantinha uma voz firme e decidida.

-Sinto muito mas eu precisava te ver. Eu...eu preciso te dizer algumas coisas sabe- ele estava ficando um pouco nervoso

-Não eu não sei – ele mantinha um tom frio – Mas se veio pra gritar comigo ou pra me acusar de alguma coisa pode sair – e essa fala deixou Harry bastante envergonhado.

-Me desculpe Hermione. Eu não vim te acusar e muito menos gritar com você – disse gentilmente.

-Ótimo! Pode entrar então – e abriu passagem para que ele pudesse entrar

O moreno se acomodou em um sofá duplo e ficou admirando Hermione fechar a porta e sentar-se de frente para ele.

-Bom, se não se importa de começar logo – ela disse – Tenho algumas coisas pra resolver ainda hoje.

- Não se preocupe, eu não vou tomar muito o seu tempo – comentou Harry de uma mandeira cansada, seguido de um suspiro.

-Está tudo bem com você Harry? – como sempre Hermione não deixou de prestar atenção em como ele estava abatido e desarrumado- Está me parecendo um tanto como...

-Arrasado? – completou ele sem deixar de sorrir internamente – Talvez seja só impressão...Ou talvez a idéia de você estar com outro neste exato momento tenha me afetado demais.

-Não seja bobo Harry, eu não estou com ninguém e aposto como não anda se alimentando direito!

Mais uma vez ele sorriu.

-O que foi?- quis saber

-Você é mesmo incrível Hermione – ao ouvir isso ela corou levemente – Depois de tudo que eu fiz com você...mesmo assim...continua preocupada comigo. Eu me comportei como um verdadeiro idiota! Fui um estúpido e imbecil...

-Eu sei que foi...

- Eu consegui machucar você! A pessoa com quem eu mais me importo neste mundo!

Por mais que Hermione sentisse raiva dele nesse tempo todo, tinha que admitir que estava sendo difícil se acostumar a viver sem ele, porque ela sempre o amou e seus sentimentos não iriam mudar de uma hora pra outra ( na visão dela, talvez eles não mudassem nunca).
Ela havia pensado que Harry não a amava mais, que ele não se importava mais com ela.
Porém, agora ele estava ali. Aquele velho Harry doce e gentil que ela conhecia...o “seu” Harry.

-Você poderia ter me ouvido pelo menos! – disse ela – Você agiu como se eu fosse capaz de trair a qualquer momento.


-Mas é claro que eu deveria ter te ouvido Hermione – respondeu ele de maneira sincera- Na verdade eu sabia que você nunca faria uma coisa dessas comigo...- e dizendo isso ele se levantou

-Então porque se comportou daquela maneira Harry?

-Eu não sei bem o porquê. Só sei que eu não suportaria perder você – e começou a se aproximar da mulher – Eu estou arrependido Hermione....arrependido demais! Eu faço qualquer coisa pra você me perdoar.

-Talvez seja um pouco tarde pra isso Harry...- ela agora estava em pé e ambos estavam muito próximo.

-Ou talvez não

Depois de tanto tempo, sentir Hermione tão perto de si era tentador. Parecia incrível , mas era como se ele sentisse necessidade de toca-la, de sentir seu cheior, seu calor...

Ela por sua vez estava começando a ficar embriagada com o perfume de Harry, seu hálito quente e seu sorriso extremamente sedutor fizeram com que uma sensação de arrepio percorresse sua pele.

Foi então que Harry tentou beija-la mas Hermione se afastou.

-Eu...não entendo Hermione. Você não quer me dar uma nova chance? – ele disse

-Não é que eu não quero Harry.

-Então o que foi?

-Eu tenho medo de sair machucada novamente – ela disse num murmúrio.

Eles ficaram por um bom tempo em silêncio, apenas se olhando. Mas Harry em um gesto súbito abraçou Hermione como se estivesse esperando por isso durante um mês e meio e para sua felicidade ela estava correspondendo ao abraço.

-Me perdoa Hermione – Harry disse assim que se separaram - Eu ainda te amo tanto! Não deixei de pensar em você durante um só segundo- ele disse com o olhar fixo no dela.

-Ah Harry...Eu amo você.

-Eu prometo que nunca mais vou duvidar de nada que você me disser....Prometo que...- dessa vez foi Hermione quem o interrompeu, colocando seu dedo indicador nos lábios de Harry.

-Não me prometa mais nada...só me beije.

E sem precisar ouvir mais nada, Harry a beijou. De uma maneira profunda, ardente e cheia de amor.
Nesse exato momento a tempestade começou e a chuva parecia que iria destruir tudo. Mas Harry e Hermione estavam tão “ocupados” em matar a saudade um do outro que o barulho da água parecia distante demais pra ser levando em conta.

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