Fora de Controle

A guerra, que levara todo o ano anterior, terminara com diversas baixas para ambos os lados. Dentre os mais queridos, Remo Lupin, Hagrid e Percy; este havia sido de grande valia no fim, ajudando a Ordem da Fênix a ter influência sobre o ministro da magia.
Agora, o que todos queriam era recomeçar suas vidas e, para Harry Potter e seus amigos, não havia lugar melhor que Hogwarts.

Estavam ainda na primeira semana de aulas e por isso o sol quente de verão ainda aparecia e fazia os alunos se espalharem pelos jardins de Hogwarts, para aproveitar ao máximo aquele primeiro fim de semana na escola.

Hermione estava sentada com seus livros à sombra de uma árvore. Tentava fazer as lições que haviam sido passadas nas primeiras aulas, quando passos apressados e o som de uma discussão chegaram aos seus ouvidos, anunciando problemas, porque Parvati Patil e Lilá Brown só traziam aborrecimentos à morena nos últimos tempos.

-Hermione, não nos diga que está fazendo lição? - Parvati perguntou assustada, vendo os livros e o pergaminho rabiscado que a morena segurava.

-Qual o problema nisso? Aliás, vocês deviam estar fazendo o mesmo! - retrucou em seu tom severo, deixando, inconscientemente, o distintivo de monitora-chefe mais visível.

-Acorda, Mione! A guerra acabou e levou com ela aqueles tempos sombrios e tristes. Olhe só a sua volta e veja como as pessoas estão rindo e se divertindo! - Lilá falou se sentando em frente à Hermione, sendo acompanhada por Parvati. - Você devia esquecer um pouco os estudos e aproveitar o tempo para rever os amigos, pôr a conversa em dia e, é claro, paquerar bastante.

-Aliás, é justamente sobre isso que viemos falar com você! - Parvati acrescentou ficando novamente ansiosa, fazendo Hermione revirar os olhos, entediada.

-O que é agora? Porque não sei em que posso ajudá-las! – a morena fala tentando se manter paciente.

-É que estamos fazendo uma lista com os mais gatos de Hogwarts, mas surgiu uma discussão entre as garotas que estão fazendo. E por isso viemos falar com você, que é a garota mais imparcial da escola! - Pavarti expõe quase atropelando as palavras.

-Vocês devem ter enlouquecido, mas tudo bem, falem logo que grande dúvida é essa – contrapõe Hermione com um leve tom sarcástico.

-O primeiro lugar está dando uma confusão enorme, porque o mesmo número de garotas defende os dois candidatos e ninguém quer ceder! - Lilá fala passando a mão pela cabeça, como se aquilo já estivesse lhe afetando.

-Falem logo quem são os dois coitados - Hermione pede querendo se livrar logo daquilo.

-O Draco e o Harry! - Pavarti anuncia quase que em tom solene, enquanto Lilá suspirou e, discretamente, se abanou.

-Por Mérlin! Não dá pra comparar o Harry com o Draco! - Hermione diz como se aquilo fosse óbvio.

-Claro que não! Vê se dá pra comparar aqueles olhos azuis acinzentados e aquele sorrisinho cafajeste ou aqueles músculos definidos, com o tipo magricela meio nerd do Harry! - Lilá retruca se derretendo toda, enquanto Parvati faz uma careta de desaprovação.

-Você pirou de vez Lilá?! – critica a amiga. – Onde está o ‘magricela’?! Você não percebeu o que os anos de quadribol fizeram ao nosso capitão? Por Circe! – comenta com um sorriso meia boca. – Além do mais, não tem como comparar aqueles olhos verdes dele! Você já olhou dentro deles? Eu quase me perdi ali dentro... – suspirou. - Ele é tão meigo e ai meu Deus! Aqueles cabelos arrepiados... Ele fica com um ar tão... tão SEXY! - ela deu um gritinho. - Fora o sorriso, de transformar qualquer perna em gelatina – Parvati continuou enumerando enquanto Lilá negava veementemente com a cabeça. - E charmoso... e TUDO de BOM... Quero dizer, você viu aquele tórax dele?! Eu vi - a garota loira a olhou em confusão. “Como você pode ter visto?” Estava escrito em seu olhar, Parvati lhe ofereceu um sorriso malicioso. - Ok, eu confesso... Eu dei uma espiadinha no último treino de quadribol... Mais precisamente no término, quando os jogadores vão ao banheiro, e eu posso lhe garantir que o abdômen do rapaz é uma tábua! E aquela bundinha? Eu fiquei morrendo de vontade de apertar! - Parvati segurou exageradamente o peito, fingindo arfar numa desesperada busca por ar.

Lilá continuou impassível enquanto observava a amiga, ainda que estivesse demasiadamente ofendida por não ter sido comunicada sobre a visita clandestina ao vestiário masculino... Não se daria por vencida tão fácil, era claro que Draco Malfoy era incomparavelmente mais Tudo De Bom que Harry Potter!

Hermione, entretanto - tentando parecer alheia à discussão das colegas. -, há essa hora estava olhando para o chão a procura de um buraquinho, por menor que fosse, numa tentativa frustrada de achar uma escapatória para a vergonha que aquelas duas estavam lhe causando, alguns alunos já as olhavam curiosos.

-Parvy menos! Ok?! O Draco é tudo isso e muito mais... Quero dizer, aquele ar 'Bad Boy' dele é...

Parvati virou os olhos e teimosamente retrucou interrompendo a amiga: - Você não sabe de nada, Lil. Você não estava no banheiro masculino do último treino! E--

Hermione, ao notar que não havia mesmo um buraco onde se esconder, decide acabar com aquilo antes que Lilá resolvesse equilibrar os elogios pro lado do Malfoy. - Já chega, eu entendi a divergência... eu acho - interrompeu a discussão e depois termina a frase com um sussurro. - Porque, exatamente, vocês querem fazer essa lista? - indagou tentando chegar à essência do problema.

-Nós queríamos dividir os garotos em grupos pra que pudéssemos 'atacar' sem criar conflitos entre as garotas - Pavarti explica e a monitora-chefe tem que parar pra tentar processar tal informação absurda.

-Vocês estão tão desesperadas assim? - Hermione perguntou incrédula.

-Só não queremos criar uma guerra, porque é óbvio que está todo mundo querendo um amor pra aproveitar a vida que ganhamos! - Lilá se defende dignamente.

-Por que não fazem de um jeito mais racional? Como um teste desses que vocês vêem nas revistas, para ver qual o cara que mais se encaixa com vocês? - Hermione questiona tentando racionalizar a questão.

-Ok, você arruma os testes e a gente distribui pras garotas e arranja um jeito dos meninos responderem! - Lilá decide ficando empolgada, adorava fazer os testes das revistas.

-Por que eu? Vocês enlouqueceram?! Eu tenho outras coisas a fazer! - replica arrependida de ter dado a idéia.

-Mas precisamos de um juiz imparcial e confiável para julgar os pares! - Parvati contesta como se aquilo fosse uma questão de vida ou morte.

-Eu vou pensar no assunto e amanhã eu falo para vocês, tudo bem? - Hermione fala tentando fugir daquela armadilha em que se jogou.

-Tudo bem, mas que não passe de amanhã! - Parvati aceita e Lilá reforça antes de saírem aos cochichos e risinhos, provavelmente querendo divulgar a grande novidade pra toda a escola.
*****&*****

-Tempo esgotado - Lilá gritou, seguida de perto por Parvati, jogando-se na cama de Hermione; esta abriu os olhos de imediato, aturdida.

-Mas o que...? – a morena sentou-se na cama atordoada e sonolenta, sendo observada, sob risadinhas, pelas outras duas garotas. – O que estão fazendo aqui?

-Hora de acordar bela adormecida!

-Além do mais, seu tempo acabou.

-O que? Que tempo? – Hermione indagou ainda sonolenta.

-Herms, por favor, não diga que esqueceu da nossa conversa de ontem pela tarde?

A morena as encarou. – Ah, aquilo.

Parvati e Lilá se entreolharam sorrindo. – Então... Qual é a resposta?

-Por Mérlin, meninas! Não poderiam esperar até a hora do café? Estive acordada até tarde ontem à noite para – as outras lhe observaram com interesse. – Revisar a nova matéria de feitiços e – Parvati girou os olhos e passou a cantarolar de modo inaudível ainda olhando Hermione, Lilá passou a estudar suas unhas, ambas ignorando completamente o discurso sobre os estudos noturnos que se sucedeu da monitora.

-Ok, Hermi. Nós já entendemos que você pouco dormiu a noite passada, e sinto em lhe informar, mas isso não é um problema nosso. Dissemos para você não ficar de paranóia sobre os estudos, mas você escuta? Bom, pode-se ver que não, não é mesmo? Agora responda de uma vez por todas, irá fazer este serviço por nós?! Por Favor!

-Eu não deveria... Quero dizer, vocês não têm um pingo de considera...— mas Lilá e Parvati já havia pulado sobre ela para abraçá-la, impedindo-a de falar.

-E o que pretende fazer? – Lilá indagou assim que se afastaram de Hermione, sob a ameaça de ficarem de detenção pelo resto do ano letivo.

-Estive pensando... O que acham de, ao invés de utilizarmos um questionário para saber quem é o par ideal de quem, utilizássemos este mesmo questionário para uma espécie de correio em toda Hogwarts? De modo que você escolheria, depois de testar sua afinidade com todos os garotos do colégio, quem lhe conviesse? Bom, mais ou menos isso, quero dizer. A correspondência, a principio, seria anônima. De modo que você poderia estar se correspondendo com qualquer um... O questionário seria utilizado mais para ajudar na busca por pessoas que tenham seu mesmo gosto, estilo, ou que goste de pessoas como você.

-Genial!

-Gostei, mas como faremos? – Lilá indagou. - Quero dizer, não é preciso de autorização para isso?

-De fato – Hermione retrucou pensativa.

-Tenho certeza que Hermione poderá arrumar isso com a diretora - Parvati sorriu triunfante, orgulhosa de sua idéia.

-O que? Mas por que eu?! Não acham que estão querendo demais, não?

–Isso mesmo! – Lilá a ignorou de pronto enquanto dirigia-se a Parvati. - Todo mundo sabe que ela te adora, Herms! – acrescentou, voltando-se para Hermione.

-Eu não vou fazer isso! Não vou! Não mesmo... Não adianta – se negou de imediato sob olhar implorante das colegas.
*****&*****

-Picolé de limão - resmungou a senha e as gárgulas se afastaram. Subiu as escadas e bateu na porta, esperando resposta.

-Senhorita Granger? O que aconteceu, algum problema? – a diretora indagou franzindo o cenho ao abrir a porta.

-Não necessariamente - murmurou para si mesma, sem acreditar que, no final das contas, havia sido ludibriada por aquelas duas desmioladas. Suspirou profundamente. – Não, professora. Nenhum problema. Eu só... Bom...

A expressão de Minerva se suavizou. – Sente-se querida – indicou um lugar de fronte ao qual ela mesma estava, agora, sentada.

Hermione assentiu, obedecendo. – Bem, diretora, serei breve... Não quero lhe tomar tempo.

-Sou toda ouvidos – contrapôs entrelaçando os dedos sobre a mesa, enquanto estudava com curiosidade a aluna.

-Eu... – ela expirou. – Estou aqui para lhe pedir autorização para que possa organizar um evento em Hogwarts.

-Evento? – Minerva ergueu a sobrancelha.

-Sim. Parvati Patil e Lilá Brown me deram à idéia de – Minerva não pôde esconder sua surpresa e Hermione corou furiosamente. Compreendia o choque de sua ex-professora. “Desde quando aceitava conselhos daquelas duas?” Deveria estar a se perguntar. “Será que perdera o juízo completamente?! Estaria eu exigindo demais dos monitores?” Poderia também estar passando por sua cabeça. – Garanto a senhora que não é nada demais – Minerva a encarou com desconfiança. – De todo modo, a idéia é que façamos uma espécie de correio em Hogwarts.

-Senhorita Granger, acho desnecessário lhe lembrar que temos um correio em Hogwarts.

-Estou ciente disto, professora – retrucou calmamente. – Mas estava me referindo a uma outra espécie de correio; este seria apenas entre os alunos – a morena ponderou por um instante antes de acrescentar: - Para uma integração mais visível entre as casas.

A diretora assentiu, a idéia lhe parecia boa. Mas sentia como se sua aluna estivesse lhe escondendo algo. Além do mais, não lhe parecia bom algo que tenha vindo da mente de Lilá Brown e Parvati Patil... - Entre os “alunos”? – indagou erguendo a sobrancelha novamente, Hermione desviou o olhar. A morena, depois de alguns segundos, voltou-se para a senhora e lhe esclareceu tudo.

-E acha que eu devo admitir este correio aqui, Hermione? Responda-me com sinceridade - Hermione a olhou por um minuto interminável, mas optou pelo silêncio. Minerva pareceu satisfeita com o silêncio da morena. – Se encontrar algum adulto que possa se responsabilizar por esse ‘correio’ junto a você, tem minha permissão.

Hermione assentiu e se levantou rapidamente, já não agüentava mais permanecer ali, sob o olhar atento de Minerva. Sentia-se como se tivesse ficado louca repentinamente, como se o que era errado houvesse se tornado certo ao ter entrado naquela sala para defender as idéias de Parvati e Lilá. – Obrigada diretora – disse antes de se retirar às pressas.

-O que ela disse? – perguntou uma ansiosa Lilá.

-Permitiu... – as outras duas deram gritinhos. - Contanto que eu encontre um adulto que se responsabilize pela idéia.

Ao ouvirem isto, Lilá e Parvati murcharam. – Isso nunca vai dar certo! Quem seria suficientemente maluco para aceitar uma responsabilidade tão grande? – indagou uma desanimada Parvati.

Lilá e Hermione se entreolharam. Sim. Havia alguém.
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-Entre! – veio o grito como resposta às batidas na porta. Hermione respirou fundo antes de entrar na sala da diretora de sua casa, já totalmente arrependida da idéia que tivera... – Mione! Que bom vê-la, sente-se – disse alegremente apontando para cadeira de fronte a sua mesa. - Oh Mérlin! Finalmente alguém se compadeceu de mim! Finalmente uma visita... Estava completamente entediada e enfadada nesta reclusão forçada. Não sei de nada que ocorre nesse castelo! Por Deus, como Minerva pode ser tão cruel comigo? – suspirou. - Quando disse que eu deveria me dar ao respeito, não pensei que ela me quisesse como uma morta viva! Estou tão arrependida... Quero dizer... Não de verdade, obviamente – Tonks girou os olhos. – Estou dizendo que é de certo muito desconcertante estar aqui, sempre só... Se não fosse pela companhia do professor Brian. Que, muito compadecido do meu estado, coisa que você, mocinha, deveria estar também, assim como os ingratos Harry, Ronald e Ginevra, vez ou outra me faz companhia. Mas como não quero e, você sabe, nem gosto de atrapalhá-lo ou explorá-lo... - Hermione se esforçou para não rir com a ironia do comentário da metamorfomaga. Seria muito perigoso naquele estado em que se encontrava, Tonks estava simplesmente muito “sensível”. A morena não queria acabar como o último aluno que fora a sua sala (o sonserino passara as últimas duas semanas na ala-hospitalar e, desde então, ninguém mais visitava a querida professora Tonks... Para o desgosto da mesma). De qualquer modo, era fato que a mulher explorava até dizer basta a boa vontade daquele pobre homem. – Não posso afinal sempre dispor de sua companhia, embora realmente agradável, ainda que ele seja por demais calado e tímido... – a aluna ergueu a sobrancelha de modo sarcástico “Calado e tímido apenas com você”, mas Tonks não percebeu. - Às vezes, me parece tão provinciano... Não que seja um defeito, acredito apenas que--

-Er... Professora? – Hermione a interrompeu, pensando que não fora de todo descortês o fazendo. Conhecia de boa data a pré-disposição de Tonks para falar... Se a deixasse livre, a mulher estaria muito satisfeita em prosseguir com seu monólogo.

-Vamos lá Hermione – Tonks gesticulou, rolando os olhos. – Sem formalidades. Diga-me, o que lhe trás aqui? Algum problema? Alguma dúvida sobre o trabalho que passei? Algum boato quente correndo o colégio, de certo arranjou um namorado? – Hermione lhe ofereceu um olhar de censura e a mulher riu com leviandade. – Vamos lá, diga-me.

Hermione olhou além de Tonks um momento, observando os quadros e enfeites da parede atrás da professora, pensando se estaria a ponto de cometer uma loucura. “Por certo” – veio à resposta como um sussurro. – a morena anelou resignada.
Ainda que fosse uma loucura, a única pessoa adulta – ainda que estivesse longe de ‘responsável’. E esse era o ponto que a levara a acreditar que Tonks de pronto aceitaria sua proposta. – que poderia admitir essa idéia – “patética. Demasiadamente patética” ponderou consigo, cheia de amargura por se deixar levar por Parvati e Lilá. – era Tonks. Sabia muito bem disso, havia ponderado horas sobre o assunto, chegando à mesma conclusão: a ex-auror era a única professora daquele castelo que consentiria com tal sandice.

Não é que a idéia fosse ruim – era sua afinal. -, mas só de pensar nas segundas (terceiras e quartas) intenções de Lilá e Parvati, sentia-se que, naquela área, era apenas um joguete. E tinha fortes inclinações para acreditar que aquilo não poderia prestar.

Com um expirar pesado, Hermione finalmente tornou a falar. - Bom, eu preciso de sua ajuda... – Tonks bateu palmas, empolgada. E a incitou a continuar. “Sei que irei me arrepender disso. Sei que irei me arrepender amargamente disso. Sei que irei...” Hermione repetia consigo mentalmente, rezando, ao mesmo tempo, para que a auror não houvesse, de repente, aprendido legimência.

–Bem, é que... Estive, por esses dias, discutindo com Parvati e Lilá – “E como me arrependo de tê-lo feito!” – sobre como as casas ainda estão afastadas... Ainda que sempre a diretora insista na união e confraternização das mesmas... – “Vá direto ao assunto, Hermione! Tonks não precisa ser enrolada, ela certamente se alegrará de tê-la pedido este favor” ela ouviu distintamente, e cheia de horror, a voz de Lilá. Mas admitiu seu conselho. – A questão é, Tonks: Você quer se comprometer a ser responsável pela nossa idéia?

-Que idéia? –perguntou completamente confusa, mas curiosa pela hesitação de Hermione.

E então Hermione relatou o plano sobre uma espécie de correio em Hogwarts onde, às cegas - por tanto, sem distinção alguma. - os alunos se corresponderiam. Se conviesse, poderiam deixar de se corresponder e se conheceriam “a cores”. Contou como pretendia organizar as escolhas das pessoas que iriam se corresponder, para que estas, ao menos, tivessem um pouco de afinidade entre si. E que, por tanto, obtivessem relativo sucesso nas novas e supostas ‘amizades’.
Não foi preciso muito esforço de Hermione para que Tonks se empolgasse com a idéia e, animadamente, se comprometesse de bom grado à responsabilidade.

-Então? Quando começamos? – indagou muito animada. - Pode ser agora mesmo se quiser, o que mais tenho nos fins de semana é tempo – Hermione deu de ombros e Tonks, tomando como um sinal afirmativo, se prestou a pegar pergaminho, penas e tinteiro. – Vamos lá – e então ela escreveu no topo do pergaminho em branco “Questionário de afinidade”, sublinhando a frase logo depois.

Ponderando um pouco, Hermione sugeriu. – ‘Que estilo de livros você mais gosta?’, o que acha? Tendo como opções: Romance, Drama, Suspense, Ficção...

-Ok. Deixe-me acrescentar apenas mais um – Hermione franziu a testa. – “Não gosto de ler” – Tonks disse enquanto escrevia, por isso não pôde reparar na careta que a jovem fizera.

A grifinória franziu a testa enquanto observava o pergaminho. - Para as meninas... O que você mais admira nos rapazes – Tonks assentiu enquanto escrevia com rapidez. – Postura... Olhar...

-Bumbum! – a mulher retrucou com um sorriso malicioso que fez Hermione corar furiosamente. – Músculos.

-Sorriso...

-Tamanho do cofre em gringotes... – a metamorfa arriscou pensativa.

-Por Mérlin! Não, Tonks!

-Por que? Tenho certeza que muitas garotas escolheriam esta opção.

-Certamente não o fariam – Hermione contrapôs secamente. – Isso é tão frívolo e mesquinho! Não o ponha.

-Tudo bem, chefe – a morena lhe ofereceu um olhar duro, Tonks fez questão de ignorá-la. – Então colocaremos a mesma pergunta para os rapazes. Espere um minuto... E colocarei ao invés de “músculos”, “seios” – Hermione cruzou os braços indignada, mas nada disse. – E mais uma coisa: “Qual é o seu forte”, distinguindo rapazes e moças, obviamente.

Hermione deu de ombros. – O que acha de: Qual o programa ideal pra uma noite de verão? Tendo como opções: Boate – “Você freqüenta boates?” Tonks indagou surpresa e, como se não houvesse sido interrompida, continuou. – Festa de amigos, Festa em casa...

-Banho de piscina e afins a dois... – Tonks complementou. – E, o que não pode faltar: - disse com um sorriso torto ainda fitando o pergaminho a sua frente. - “Um armário de vassouras já estaria de bom tamanho”.

-Tonks!

A mulher a encarou sem perder o sorriso. – Vamos Herms! Divirta-se comigo – a morena desviou o olhar, demonstrando enfado. – Colocarei o desdobramento desta pergunta, está bem? “Qual o programa pra uma noite de inverno” – Hermione assentiu. - Que tal: “Que tipo de festa você prefere?”

-Tudo bem, quais opções?

-Festa em família; festa com amigos numa boate ou lugar dançante; Festa com pessoas importantes – a aluna tornou a assentir.

-Acrescente apenas: “Não freqüento/ gosto de festas”

-Que tipo de aberração é essa? ‘Não freqüento festas’? – Tonks indagou olhando escandalizada Hermione, que virou os olhos. – Ok! Entendi – a professora resmungou antes de colocar, por fim, a sugestão da aluna. – Que tal: “Na sua opinião, o que não pode faltar em um bom encontro?”

-Proposições?

-Beijos, obviamente;

Hermione mordeu a língua para não fazer nenhum comentário acerca da resposta da metamorfa. - Um papo legal; um bom roteiro...

-“Seu par ter boa aparência” – a morena bufou, mas Tonks fingiu não ouvi-la. – E, por fim, não menos importante, no entanto: “Outras pessoas que possam te socorrer quando ficar sem jeito ou quiser pular fora”.

-Gostei dessa.

A mulher sorriu. – Mais uma questão: “Quanto tempo o relacionamento deve ter antes de irem pra cama?”, como alternativas: No primeiro encontro se o (a) cara/ garota for gato (a); Depois de uma semana; Depois de estarem namorando firme; Só depois do casamento; e ‘prefiro transas casuais’.

-Por Deus, Tonks! O que você acha que somos? Maníacos sexuais?

Fora a vez de Tonks virar os olhos. – Apenas eu farei o questionário? – Hermione se indignou, mas nada disse.

Um minuto depois, Hermione tornou a falar. - O que acha de: “Qual desses programas (entretenimentos) mais te agrada?” Tendo como respostas: Quadribol, visitar museus e afins; Compras; festas;

-Bom, mas ainda assim deveríamos colocar outra proposição: “Qualquer um em que você possa se exibir”. O que me diz?

-Muito conveniente para certos alunos.

-“Casamento pra você é?” – Tonks disse alto enquanto escrevia. - Prisão perpétua com direito a carrasco (sogra); um acesso de loucura; excesso de álcool no sangue. Deixe-me ver...

-Um ato de amor...

-Que gracinha! – Tonks exclamou quando Hermione disse a proposição. - Você ainda é ligada em contos de fadas... - a morena corou furiosamente, baixando a vista.

Pigarreando, Hermione acrescentou: - Um belo jeito de ficar rico sem fazer esforço.

-Você está chegando lá – comentou a ex-auror. – E tenho mais um a escrever: “Uma forma de exibir o quão poderosa (o) você é com um (a) lindo (a) esposo (a)”

Elas permaneceram um minuto em silêncio, procurando idéias. Tonks estalou os dedos, chamando a atenção de sua aluna. – O que acha de “Geralmente, nos deveres escolares você”, como respostas: Faz de última hora; ameaça um ‘Nerd’ para que ele faça o trabalho por você; copia de um amigo seu; pede ‘ajuda’ àquele (a) monitor gato (a) que você está afim; ou inventa uma desculpa para o professor.

-Mas eu não me encaixo em nenhum dessas opções! – Hermione reclamou.

-Ah! Marca que você ameaça um ‘Nerd’ – Tonks retrucou dando de ombros. – É quase a mesma coisa. Você apenas ameaça a si mesma. Mione, querida, você leva a vida muito a sério... – disse a olhando quase penalizada.

-E é por isso que ainda estou viva – retrucou asperamente.

Tonks girou os olhos. – Continuemos...

Elas se entretiveram por um bom tempo elaborando perguntas. E, no fim, o questionário ficara assim: